Como em uma transmissão de pensamento com sintonia perfeita as amigas trocam mensagens no celular ao mesmo tempo. Após darem risada com a situação marcam de se encontrar. O local escolhido foi a mesma lanchonete que costumavam ir durante a faculdade.

Já havia um tempo que não se viam pessoalmente, o que fez com que ficassem abraçadas por um tempo considerável até que enfim resolveram sentar e começar a conversar. Raquel é a primeira a falar.

– Quanto tempo. Não nos vemos desde o almoço lá em casa né?

– Isso mesmo. Aconteceram tantas coisas nesse tempo... Preciso te contar.

– Comigo também aconteceram muitas coisas, mas antes de falar pra qualquer outra pessoa quis falar com você primeiro.

– Eu te entendo bem. Também não conversei com ninguém ainda. Você receberá as novidades em primeira mão.

– Que ótimo! Então quem começa?

– Pode ser eu.

Dizendo isso Barbara levanta a mão direita mostrando a aliança dourada em seu dedo. Raquel na mesma hora segurou a mão da amiga, o sorriso de ambas ia de orelha a orelha.

– O Renato me pediu em casamento. Você não faz ideia de como estou feliz.

– Claro que faço, sei bem como é essa sensação. Mas como foi? Me conta tudo, com detalhes, obviamente!

Barbara contou tudo, desde o momento que Renato anunciou que pensava em vender o carro até o momento em que assinaram o contrato de compra e venda do apartamento que morariam em breve.

– Nossa Bah, a felicidade é visível em você. Seus olhos até brilham quando fala o nome dele. É muito bom te ver assim.

– O Renato só me faz bem, em todos os sentidos. Ah, nem preciso dizer que você será minha madrinha né? Não é um convite, é uma convocação, esteja ciente desde já.

Raquel sorri emendando uma pergunta em seguida.

– Vai querer uma madrinha gorda no altar, tem certeza?

– Gorda? Como diz o Everton você é magrela de tudo sua doida, de onde tirou isso?

– Bom, talvez no seu casamento eu não esteja tão magrela assim, na verdade o mais provável é que eu esteja com uma barriga imensa já...

Barbara encara a amiga a sua frente que sorri com a expressão que ela agora tinha no rosto.

– Calma, deixa ver se entendi direito: Você está querendo me dizer que vou ser tia?

– Exatamente “tia Bah”.

Barbara estende os braços por cima da mesa e abraça a amiga com um sorriso imenso.

– Que máximo você vai ter um neném! De quanto tempo você está?

– Quase quatro meses já.

– Nossa e porque demorou tanto pra me contar?

– Na verdade nem sabia que estava grávida. Minha menstruação sempre foi doida lembra? Mas dessa vez até eu estranhei o atraso e fiz um teste que deu positivo. Fiquei desesperada e o Everton me levou pra fazer uns exames, só aí tive certeza.

– Nossa, ele nem deve estar bobo né?

– Muito! - diz rindo. - Eu fiquei com muito medo no começo, de acontecer de novo o que aconteceu quando fiquei grávida a primeira vez, mas conversamos já e ele me tranquilizou.

– Dessa vez vai dar tudo certo, com fé em Deus, você vai ver. Ah, antes que pergunte de novo, sim, quero você de madrinha mesmo estando pançudinha. Vai ser a minha madrinha mais linda!

– Bom, já que insiste...

As duas gargalham e começam a conversar sobre outras coisas, exatamente como faziam nos tempos de faculdade.

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Meses depois

Planejamento. Essa passou a ser a palavra chave dos dois casais.

Barbara e Renato com o casamento e Raquel e Everton com a chegada do bebê.

A barriga de Raquel já era bem visível e agora que já sabiam o sexo da criança (seria uma menina) cuidavam da finalização da decoração do quarto em que ela ficaria.

Ela e Everton deram os toques finais e pararam olhando em volta para ver o resultado final.

Prateleiras repletas de ursinhos, o berço e o guarda roupa nas cores branco e rosa, combinando com as paredes. Estava lindo.

– Pronto amor, enfim terminamos.

– Não, ainda falta uma coisa.

– O que? - pergunta Raquel sem entender.

Everton se dirige até a cômoda e da última gaveta retira um embrulho delicado. O entrega a Raquel e pede que ela o abra. Everton falava enquanto ela o fazia.

– Encomendei assim que escolhemos o nome. É um enfeite de porta, pra colocarmos aqui no quartinho dela.

Raquel enfim terminara de abrir o embrulho. O objeto tinha o formato de uma guirlanda de natal, mas no meio havia um ursinho cor de rosa segurando uma plaquinha de madeira com um nome gravado. Olivia.

– Que lindo. Amei!

Raquel dá um beijo em Everton que corresponde, levando-a até o berço. Raquel olha o objeto e sorri.

– Em menos de dois meses ela vai estar aqui. Não vejo a hora de poder ver a carinha dela.

– Aquele medo passou?

– Sim. Agora é só ansiedade de ter ela logo nos meus braços.

Everton ri e vai até a porta, colocando o enfeite na mesma.

– Falando em ansiedade, quem deve estar assim também é a Barbara né?

– Você não faz ideia. Não duvido que nesse exato momento esteja decidindo mais alguma coisa com o Renato.

Raquel estava certa. Dentro de um mês Barbara e Renato estariam oficialmente casados e naquele momento haviam enfim terminado a distribuição dos convites.

Recostado no banco do carro, antes de colocar o cinto e dar a partida Renato suspira.

– Pronto Babi, enfim terminamos.

Ela colocava o cinto de segurança quando o olhou.

– Tem certeza amor? Estou com medo de ter esquecido alguém.

– Revisamos a lista centenas de vezes, não faltou ninguém.

– Tomara. Já pensou se esquecemos alguém? Da minha família e da sua principalmente?

Antes de colocar o cinto Renato ri e dá um selinho na noiva.

– Não esquecemos ninguém amor, relaxa. Você está nervosa ao extremo.

– Você tem toda razão. Estou muito nervosa e ansiosa.

– Somos dois. Não vejo a hora de apresentar você como minha esposa.

Ela sorri timidamente dando um beijo na mão dele.

– Eu também.

Renato sorri e a beija mais uma vez.

– Estou morrendo de fome. Quer ir ao shopping e comer por lá?

– Ótima ideia! Estou ficando azul de fome já.

Enfim Renato liga o carro e dá a partida.

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Um mês depois

Raquel e Everton já estavam posicionados no altar apenas aguardando o momento em que Barbara entraria.

Renato mantinha a pose, mas não era preciso muito para ver o quanto estava ansioso.

Os convidados conversavam entre si, alguns olhando em volta, todos aguardando o momento em que enfim a noiva apareceria.

Everton ria com a ansiedade do noivo.

– O Renato está muito engraçado.

– Não fala muito não, você não ficou muito diferente dele.

– Mas não me lembro de você ter atrasado tanto assim. Já faz um tempão que estamos aqui e nem sinal da Barbara.

– Noivas atrasam.

– Desse jeito? Eu no lugar dele já estaria acreditando que ela fugiu.

– Fica quieto! Lógico que ela não fugiu, esperou esse momento a vida toda.

– Então porque essa demora?

Raquel suspira.

– Ela está preparando uma surpresa pra ele.

– Que tipo de surpresa?

– Quando ela entrar você e todo mundo aqui vai descobrir.

Alguns dias antes do casamento Barbara havia dito a Raquel o que pretendia fazer para Renato.

FLASH BACK ON

– Nossa Bah, que demais!

– Acha que ele vai gostar?

– Não acho, tenho certeza.

– Só estou com medo de acontecer algo errado na hora. Nunca fiz isso antes, pelo menos não na frente de tanta gente.

– Não vai acontecer nada, só relaxe e vai na fé!

FLASH BACK OFF

Enquanto Raquel se lembrava da conversa com a amiga, uma musica suave começa a tocar ao fundo, o que atrai o olhar de todos, especialmente de Renato para a entrada da igreja.

– É ela. - diz Raquel empolgada.

– Com essa música? - pergunta Everton confuso.

– Você já vai entender.

A música continua por mais alguns instantes e a porta principal da igreja se abre, mas nenhum sinal de Barbara. Renato olhou apreensivo para onde Raquel estava e a mesma sorriu, pedindo para que ele tivesse calma enquanto apontava com o queixo na direção da porta.

Renato continua olhando, mas nada acontecia. Aos poucos a musica de fundo começou a ficar mais baixa e um som de violão começou a invadir o ambiente. Mais uma vez ele olhou para Raquel, que pediu para que ele olhasse mais uma vez para a entrada da igreja.

Ao fazer isso Renato congela, parecendo não acreditar no que via. Ela estava linda vestida de noiva, os cabelos soltos modelados em cachos caindo pelos ombros, o rosto emoldurado com um sorriso lindo que sempre fez com que Renato perdesse o chão.

Ele ficou tão encantado com ela que levou um tempo até perceber de onde vinha o som do violão. Era ela que o estava tocando.

Barbara caminhou até o meio da igreja, onde parou e continuou a tocar. Renato não sabia o que fazer e voltou a olhar para Raquel, que naquela noite foi como uma bússola para ele. Ela que disse para que ele fosse até ela.

Foi isso o que ele fez e assim que ficou frente a frente com Barbara pode notar que, apesar do sorriso que ela tinha, seus olhos estavam avermelhados. Ela parou de tocar e entregou o violão para uma das convidadas, que o pegou e lhe entregou um microfone. Barbara respirou profundamente antes de começar a falar.

– Hoje foi minha vez de surpreender você... Essa musica não tem letra, mas em cada nota dela, em cada acorde, eu coloquei tudo o que sinto por você. Minha admiração, meu respeito, minha cumplicidade, minha fidelidade e principalmente todo o meu amor.

Renato segurou a mão livre dela e entrelaçou seus dedos, conseguindo sentir que além de gelada a mão dela estava tremula.

– Você sempre cuidou de mim, desde o dia que nos conhecemos lembra? Sempre me surpreendeu com suas atitudes, suas palavras, fazendo com que eu me apaixonasse por você todos os dias... Por muitas vezes cheguei a acreditar que eu não merecia você.

Ela olha para cima e respira fundo na tentativa de não chorar. Abaixa a cabeça e volta a encará-lo.

– Hoje, aqui, na frente dos nossos familiares, dos nossos amigos, na frente de todo o mundo quero dizer que eu te amo e... - Ela sorri - Vou te amar enquanto houver ar nos meus pulmões.

Renato ri, lembrando que foi a mesma frase que ele disse no dia em que a pediu em casamento.

Ele beija sua mão, sua testa e lábios, fazendo assim com que todos os convidados aplaudissem.

O pai de Barbara então se aproxima, pegando o microfone das mãos da filha e lhe entregando o buquê. Ela o abraça e lhe dá um beijo demorado no rosto. Em seguida o homem também abraça a Renato enquanto lhe falava algumas palavras. Ele então coloca a mão da filha sobre a de Renato e faz um sinal para alguém. Enfim a marcha nupcial começa a tocar e Renato segue com Barbara até o altar.

– Você sabia de tudo né magrela?

– Lógico! Agora fica quieto, o padre já vai começar.

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Após a cerimônia, já no salão de festas os noivos enfrentam a maratona vivida pela grande maioria dos recém casados. Fotos, filmagem e também não poderia faltar a valsa.

Enquanto dançavam Barbara e Renato sequer se importavam com a quantidade de flashs e olhares que se encontravam sobre eles.

– Você gostou da música?

– Lógico.

– Mesmo sem letra?

– Não precisava de letra. Consegui sentir tudo o que você quis me passar com ela.

Ela sorri e o beija.

– Hoje sou a mulher mais feliz do mundo.

– Não só hoje, mas será todos os dias. É uma promessa.

Ela fica corada e baixa um pouco a cabeça na tentativa de desviar o olhar, mas consegue apenas fazer Renato rir.

– É tão legal te deixar vermelhinha.

– Vai me deixar assim todos os dias também?

– Com certeza. Faz parte do pacote.

Ainda vermelha Barbara sorri, sendo beijada por Renato em seguida.