Ficamos algum tempo lanchando enquanto contava á ele tudo que acontecera a noite passada, deixando de fora os detalhes da minha intimidade. Lee me olhava e eu podia sentir que tinha muito á dizer, mas que não revelaria uma só de suas palavras. Lee gostava de mim eu não sabia desde quando, mas eu nunca seria capaz de retribuir àquele tipo de sentimento. Eu já estava cansada de todos me olhando como se eu fosse uma vítima.

– Então quer dizer que aquele filho da puta ... - bateu com força na mesa

– Eu não preciso que repita o que eu te disse - não que quisesse ser sem educação, mas relembrar o que eu vi não me agradava.

– Já nos entendemos. - Dei a última mordida no sanduíche

– Claro, só existe uma maneira de se entenderem, afinal - sua voz se alterou - Mas até quando?! Até ele ficar com alguma outra vadia e começar tudo de novo? Ele só te usa!

Senti a raiva subir pelas minhas veias e borbulhar. O que acontecia entre mim e Neji era algo que eu queria. Mesmo que eu fosse cega de amor por ele e soubesse disso, sabia que ele era igual comigo. Terminei o suco e me levantei com pressa, ele tentou segurar meu braço, mas sabia que precisava respirar.

– Ele vai te destruir ...

– Se algum dia eu precisar dos seus conselhos, eu te ligo - tirei o celular do bolso e o balancei em sua frente , querendo que aquilo soasse como uma ofensa, e mesmo que fosse bobo, funcionou.

Não adiantou me apressar para a aula quando já estava atrasada. Resolvi cortar o caminho por outra parte da faculdade que estava um pouco vazia. Meus passos eram silenciosos mas ao mesmo tempo o barulho ecoava pela minha cabeça. Todas as cenas vinham á minha cabeça ao mesmo tempo e aquilo me fazia explodir de raiva. Como foi que me tornei tão dependente daquilo? Era como uma droga viciante.

– Merda - passei a mão pelo braço, que também doía muito. Era como se uma manada de animais selvagens passasse pelo meu corpo, quando o único que fez qualquer percurso por ele fora um único animal, denominado Neji.

Senti um impulso vindo de uma das salas e sem nem ter tempo de fazer qualquer movimento, fui puxada para dentro. Os olhos cinzentos me fitavam e eu podia sentir a raiva com que ele estava. Tentei resistir, batê-lo, mas ele me segurou tão forte que tive medo de ficar ainda mais machucada.

– O que você quer? - falei, fria.

– Que você fique bem longe do seu amiguinho. - falou, como s tudo fosse simples

– E desde quando você opina sobre isso, Neji?! Que eu saiba quem estava se pegando com alguma puta qualquer era você - com força consegui me soltar, mas ele voltou á me segurar, e tendo como única defesa cuspi em sua cara.

Seus olhos pareciam vibrar ainda mais com o ódio, e eu queria que ele soubesse o quanto eu o odiava, e cada vez mais queria que ele me odiasse. Ficamos nos encarando por um certo tempo, até eu decidir dizer o que tinha para dizer, o que decidi dizer em um impulso.

– Eu vou embora daquela casa! Aí você poder ter mais privacidade com suas vadias - falei em tom sarcástico, o que pareceu irritá-lo de verdade e levantar a mão contra mim.

– Vai! Já vi que hoje está disposto á me deixar com marcas roxas! - o desafiei.

Me surpreendendo, ele abaixou a mão e a desceu até meus quadris, fazendo com que uma onda de arrepios tomasse conta de mim. Aquele era o alerta vermelho.

– Mas aquelas não foram marcas de surra - um sorriso se formou em seu rosto e senti que aquilo iria terminar da mesma forma que sempre terminava.

– Chega , Neji! - retirei suas mãos de lá com violência - Estou cansada dessa loucura!

– Não está não - ele insistiu, chegando mais perto de mim.

Eu sabia que um centímetro a mais e tudo iria por água abaixo. Tomando um impulso o empurrei para trás com violência e saí da sala. Podia ouvir enquanto ele descontava sua raiva e me controlei para não derramar uma só lágrima. Agora eu iria mesmo embora. Não iria?