Blessed With A Curse escrita por Mari Bonaldo, WaalPomps


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

O lance é: eu to de bom humor, meu novo corte de cabelo ficou bom, e isso me deixa feliz para caralho.
Então, de presente, um capítulozinho de Blessed para vocês.



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Mattia olhou fixamente para Rachel. Era uma tarde em que ele conseguira uma pequena despensa do trabalho e ligara para a morena ir até sua casa. Os dois estavam deitados em seu sofá, com as pernas entrelaçadas.

Mas algo estava errado. Aliás, não só algo. Muitas coisas pareciam erradas ali. Ele sabia. A razão?

Porque ele a olhava como se ela fosse única e tudo o que Rachel fazia era olhar para as próprias mãos entrelaçadas em seu colo. Porque os sorrisos dela eram frios e os seus beijos nunca foram tão superficiais. Porque sua boca rosada estava sempre dura e os seus olhos estavam inchados.

O coração dele batia forte contra o peito, e dessa vez não era de felicidade. Mattia deixou que suas mãos corressem pelas pernas de Rachel. Ele queria sugar tudo o que pudesse daquele momento, daquele último momento. De alguma forma, ele sabia que tudo acabaria ali.

- Me beija. – ele pediu com a voz mais equilibrada que pôde forjar. Como ele poderia ter se apaixonado tão fácil e em tão pouco tempo assim?

Os lábios de Rachel eram doces e sua língua surpreendentemente macia quando entraram em contato com a boca dele. Mattia imediatamente passou os seus braços ao redor do corpo dela, puxando-a para cima de si, enquanto tentava aproveitar todas as sensações de tê-la por perto enquanto ainda podia.

Rachel deixou que Mattia a beijasse. Ele fazia ela sentir-se confortável. Mas faltava algo em tudo isso. Faltava a mistura de paz e desajuízo; faltavam as pernas tremulas e principalmente a sensação de que aquele era o seu lugar. Coisas que Mattia não conseguia faze-la sentir. Coisas que ela só encontrava em Finn.

Sem poder se conter, ela deixou que as lágrimas caíssem de seus olhos. Mattia separou os lábios dos dela, e depois de alguns segundos de hesitação puxou a cabeça morena para a volta em seu pescoço. Ele segurou o corpo tremulo de Rachel até que as lágrimas finalmente fossem embora.

- O que aconteceu? – ele perguntou, com a voz suave. Uma voz que escondia a bagunça que sua mente estava.

- Eu preciso te contar uma coisa. – Rachel disse. Mattia assentiu com a cabeça. Ela respirou fundo e soltou a noticia diretamente, antes que perdesse a coragem. – Ontem eu estava passando mal, e o Finn cuidou de mim e então nós...

- Não fala mais. Por favor. – Mattia pediu, ainda com a voz controlada.

Rachel segurou a cabeça com as mãos, sentindo o peso da vergonha em sua cabeça. Um soluço seco escapou de seus lábios. Mattia não merecia aquilo.

- Me perdoa. Foi um erro estúpido.

Ele balançou a cabeça e depois deu um breve sorriso triste.

- O erro foi tanto meu quanto seu, Rach. O tempo todo eu sabia que você amava o Hudson. De alguma forma muito idiota, eu pensei que poderia mudar isso porque eu te amava. Mas você é dele; e apesar disso ser difícil demais de aceitar, eu sei que não posso mais ficar negando. Nem você pode. – ele engoliu em seco, criando coragem para o que falaria a seguir. – Eu não posso mais te prender. Isso que nós temos nem deveria ter começado, mas agora está na hora de acabar. Você está livre agora, pequena.

Rachel o olhou por alguns segundos, e depois caiu em seus braços, tentando conter as lágrimas que invadiam seus olhos novamente.

- Você sabe, a mulher que te encontrar vai ser a mais sortuda desse mundo. – ela disse com a voz embargada. Mattia deu um riso rouco.

- E o homem que colocar um anel de ouro no seu dedo vai ser sempre o cara mais invejado da face da Terra. – ele deu um beijo suave no topo da cabeça de Rachel.

- Você está com raiva de mim? – ela perguntou, o encarando com os olhos castanhos brilhantes.

Mattia pensou por um minuto. Surpreendentemente, não estava com raiva. Ele sabia, todo o tempo, que estava no lugar errado. Rachel era a mulher perfeita, mas não era para ele. Ela pertencia a Finn, de alguma forma ele sempre soube disso. O intruso naquela história era ele próprio.

- Nunca, pequena. – ele sorriu.

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As lágrimas haviam embaçado-lhe a visão todo o caminho de volta para casa. Elas haviam a acompanhado no banho e molhado o seu travesseiro, indo e voltando periodicamente. Porque fins tinham que ser tão dolorosos?

A verdade é que Rachel não amava Mattia. Ela sabia que continuar ao lado dele sem dar-lhe todo o sentimento que ele merecia era um erro. Fazia bem para o seu ego ter Mattia ao seu lado, tratando-a como se ela fosse realmente única, especialmente depois de Finn ter destruído a sua auto-estima. Mas ele merecia mais do que isso. Mattia merecia uma mulher que pudesse amá-lo completamente, sem barreiras. E Rachel invejava demais a sortuda que havia sido designada para esse papel.

Porque ela, Rachel, pertencia à Finn. E com ele tudo era sempre complicado, doloroso e confuso. Dessa forma, ela própria havia adquirido aquelas características e odiava isso.

De repente o seu estomago reclamou e, rapidamente, ela dirigiu-se ao banheiro.

Depois de ter lavado a boca, ela olhou-se no espelho, observando sua própria confusão. Que diabos estava acontecendo?

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- Santana, eu só estou estressada. – Rachel repetiu durante todo o trajeto até o pronto socorro.

- Se for estresse eles vão te dizer. Se for mais do que isso, também vão.

Rachel bufou e jogou a cabeça no banco do carro prata de Santana.

A amiga tinha ido fazê-la uma visita, precisava desabafar sobre seus futuros planos. Pediria Brittany em casamento. Ela informou a Rachel que estivera pensando sobre isso durante os últimos dois anos, e havia finalmente se decidido. Tudo o que queria era oficializar o seu amor e ter uma vida normal. Filhos. Cinema aos sábados a noite. Atividades domésticas ao lado dela. O fato de estarem compartilhando uma mesma casa no meio dessa missão fora decisivo para que Santana tomasse sua decisão. Ela queria compartilhar mais do que uma casa, queria ter um lar com Brittany. E precisava da ajuda de Rachel para que o pedido fosse perfeito.

E enquanto Santana dissertava sobre o pedido – que seria realmente romântico – o enjôo voltara com força total, obrigando Rachel a correr até o banheiro e soltar as tripas e o coração no vaso sanitário.

Quando ela voltou, pálida e zonza, os olhos de Santana se arregalaram. Em dez minutos já estavam dentro do carro dela, com uma Rachel protestando e uma Santana agindo como mãe.

- Eu realmente não preciso de um médico.

- Qual é, Rach? Pare de agir como uma criança. – respondeu a latina, revirando os olhos.

Rachel não apreciava muito os hospitais. Fato. Mas não era entrar em um que a estava assustando. O que a fazia pirar era o diagnóstico. Ela fechou os olhos, fazendo uma oração silenciosa para que não fosse o que ela pensava.

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- Alô?

Finn respirou aliviado quando ouviu a voz de Santana do outro lado da linha.

- Onde você e a Rachel estão? – ele perguntou, alterado. Santana e Rachel haviam saído há mais ou menos duas horas, para uma consulta no pronto socorro. Rachel estava passando mal novamente. Ele insistira para ir, mas quando uma Rachel vulnerável implorou para que ele ficasse, Finn não protestou. Mas agora já faziam duas horas e ele não conseguia relaxar, tamanha era sua preocupação.

- Nós ainda estamos no pronto socorro. – Santana respondeu, com a voz fraca.

O estomago de Finn imediatamente gelou.

- Me diz que ela está bem.

- Os médicos não sabem, Finn. Ela fez um exame de sangue há uma hora e o resultado vai sair daqui há trinta minutos. Rachel está no soro, mas não lhe deram nenhum medicamento.

Finn passou as mãos no cabelo. Ela tinha que ficar bem. Silenciosamente, pediu a Deus por sua saúde.

- Por favor, me liga imediatamente quando descobrirem o quê ela tem.

Santana, do outro lado da linha, concordou. Quando o celular foi desligado, ele deixou-se cair na poltrona macia da sala de estar, arrasado.

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Santana abraçou a amiga, que chorava descontroladamente.

- Como eu deixei as coisas saírem do controle dessa forma? – ela disse, entre as lágrimas. – Justo eu, que sempre planejei cada passo.

- Meu amor, vai ficar tudo bem. – a latina sussurrou, delicada.

Rachel só fez chorar ainda mais. Ela tinha tanto medo que o diagnóstico fosse ser aquele, que pensava estar preparada. Mas quando o médico entrou em seu quarto de hospital com um sorriso de um lado a outro, ela desmoronou.

Grávida de quatro semanas.

Grávida de um filho de Finn.

- Você precisa me prometer que não vai dizer nada para ele. – disse Rachel, quando finalmente conseguiu se acalmar.

- Rachel, o Finn pode ser tudo: teimoso, orgulhoso, frio e idiota. Mas o bebê que você ta carregando não foi feito sozinho. Ele é o pai, tem todo o direito de saber.

- Eu... Eu só tenho medo da reação dele, ta legal? Não estou pronta para contar. Não ainda.

Contrariada, Santana aceitou.

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Rachel colocou uma das pernas desnudas sobre o colchão, espalhando seu hidratante predileto sobre ela. Havia acabado de sair de um banho regozijante, e seus pensamentos estavam um pouco menos bagunçados agora. Com tranqüilidade, espalhou o hidratante sobre a outra perna e lentamente subiu as mãos até a barriga.

Ao colocar a mão melada de hidratante sobre o ventre ainda reto, parou.

Seu filho repousava ali. Aquilo era tão assustador. Em oito meses, ela seria mãe.

A verdade é que Rachel sempre adorara crianças. Mas não pensava em ter os seus próprios filhos, não em um momento em que sua carreira estava sendo reconhecida e muito menos com um homem que não a amava. Ela não sabia se estava pronta, e tinha tanto medo de ser uma mãe ruim!

Além disso, era um pouco assustador saber que estava gerando uma pessoa em seu ventre. A saúde e o bem estar de seu filho dependiam somente dela.

O médico havia dito que nesse estágio de gravidez, seu bebê não era mais do que um embrião. Mas um coração rudimentar já batia dentro dele, que media 4,5 mm.

Ela não pôde deixar de sorrir, enquanto espalhava o hidratante sobre sua própria barriga. De alguma forma, aquele ser – que nem podia ser considerado um ser vivo ainda – já tinha ganhado o seu coração. 


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Notas finais do capítulo

NHHHHHHHHHHHHHHHHOOOOOMMMM, VEM BABY LINDO, VEM PRA EU TE MORDER E ETC.
Sim, sou surtada. ADIOS MATTIA, NÃO VOLTE MAIS.
E não quero os próximos capítulos, que vem tristeza para Quick ~spoiler~
Adios u.u