O céu desabava em gotas de água fria, nada poderia fazer para impedir que a chuva parasse. Encostou-se em uma cerejeira, talvez agora fosse seguro parar e descansar e chorar um pouco.

Por que estava chorando? Nem mesmo ela sabia direito se era por causa da chuva ou pelas palavras cruéis com as quais todas as outras crianças do orfanato sempre se referiam a ela.

Um grito forte rompeu todo o silêncio que fazia naquela floresta mas, em resposta apenas o eco.

"Sozinha novamente" Pronunciou entre soluços, ela estava tão acostumada não só com a chuva mas, também com a solidão que mesmo a já não conseguia se imaginar em dias de sol com amigos. A abraçou com o máximo de força possível o bonequinho de pano que havia costurado para si e permaneceu chorando na chuva.

Distante de si um menino caminha enfurecido, uma recém-chegada em sua guilda que por ser tão metida não falava com ninguém, nem mesmo os permitia saber seu nome. Quem ela pensa que é para pensar que poderia ignorar ele daquela forma? Socou uma árvore qualquer com força suficiente para quebra-la, ele não se importava em sentir a dor do próprio pulso sendo fraturado só queria descontar em algo a raiva que sentia daquela ruiva sem nome ou identidade não por ter apenas o ignorado mas, também por tê-lo vencido na luta que ele mesmo criou.

“Ruiva estupida, arrogante. Ela vai ver, eu vou derrotar ela e ganhar..." Um gritinho feminino ecoou até seus ouvidos naquele momento tudo que podia pensar era que havia encontrado a criatura perfeita para descontar sua raiva, aquele macaco gigante e branquelo sentiria a fúria do poderoso mago de gelo estilo fairy tail.

Correu o máximo que pode sem perceber que suas roupas estavam perdidas e que a chuva começava a engrossar. O silencio que sucedeu ao grito começava a ser quebrado pelos sons da solitária menininha, e Gray quase passaria sem nota-la se não houvesse em seu caminho uma raiz que o derrubasse.
“O-oi você está bem?” Ela arriscou uma conversa após um longo tempo apenas olhando fixamente os olhos negros do garoto surpresa com seu repentino aparecimento “Seus olhos, eles tem uma cor bonita”
“A Juvia está agradecida” Ela ruboresceu, pela primeira vez em todos seus sete anos de vida alguém a havia elogiado. “Quem é Juvia?” Gray se levantou e limpou a terra molhada que grudou em seus joelhos dando-se conta de que uma única cueca estava em seu corpo.
“Eu ser Juvia, Juvia esta feliz em te conhecer...” Ela ainda não sorria “Por que você gritou e estava chorando?”

“A Juvia, está triste. Juvia não tem nenhum amigo. Nenhuma família, a Juvia está cansada de ficar sozinha” O semblante dela ao dizer aquilo lhe partia o coração, ela era jovem demais para a solidão e mesmo que a diferença de idade entre os dois fosse um ano ele odiava, acima de tudo, crianças chorando solitárias afinal ele mesmo havia perdido seus pais, sua mestra e coisas que lhe eram importantes mas, em sua guilda encontrou pessoas e sentimentos que diminuíssem essa solidão. “Se você praticar magia pode entrar nessa guilda” Ele mostrou seu emblema “É um lugar incrível onde se tem muita diversão e todos são amigos. Alguns idiotas querem duelar o tempo todo mas, se você der uma surra neles fica tudo bem. É um lugar em que você aprende a seguir seu coração, e apenas ele, e não as normas do conselho ou as regras de um mestre, simples assim” Os olhos da pequena brilhavam o brilho de mil sois, ela não acreditava naquilo e estando tão distraída com o rapazinho que pela primeira vez na vida não chovia ao seu redor e tão pouco ele notara isto, eram apenas a lua e as estrelas no céu a iluminar a noite “Vou te contar de uma vez em que eu e o Natsu, ele é um mago de fogo cabeça de fosforo, destruímos metade do balcão e acertamos em cheio a cabeça da Mirajane, a maga take over muito brava, nossa ela queria nos matar...”

Em um determinado ponto da noite ambos acabaram por adormecer abaixo da cerejeira em que se conheceram mas, ele teve de continuar seu caminho deixando sozinha com um pequeno coração de gelo “Talvez nós nos reencontremos pois, eu queria ficar ao seu lado Juvia” e naquela manha ao despertar sem saber se o menino que conheceu era apenas um sonho ou se tudo realmente aconteceu mas todavia, havia ficado em seu coração a esperança de encontrar o lugar do qual Gray lhe falhou anteriormente e aquela pequena esperança fez com que dia após dia a solitária dama de água voltasse aquele bosque e treinasse pacientemente até conseguir dominar sua magia.

Em quatros anos de treinamento ela finalmente saiu daquele lugar e entrou em uma guilda que para sua decepção não era como ela imaginou que fosse. Parthon Lord era um lugar muito calmo e frívolo mas, ao menos ninguém a maltratava pela chuva era como a intocável “filha” do chefe. O tempo levou para o esquecimento as memoria e nem quando voltaram a se encontrar lutando um contra o outro ou quando viraram parceiros de guilda elas voltaram. Aquele dia, naquele bosque, abaixo daquela cerejeira com aquele menino de cueca e aquela menina chorando só voltou a ser lembrado muito após o ocorrido quando pela primeira vez, para felicidade de Juvia, Gray decidiu beija-la. Não foi exatamente o beijo e sim como os olhos dela inundados de lagrimas, naquele momento de alegria, olhavam fixamente o seu. Era impossível não lembrar “Eu... Juvia você se lembra de chorar abaixo de uma cerejeira? Com oito ou sete anos”

Era muita informação para ser proceda de uma forma tão rápida, Gray a beijou e em seguida perguntara sobre algo que aconteceu mais que uma década atrás ignorando o incidente da ilha “Vagamente, um menino apareceu ele me...” Naquele momento sentiu perder o controle do seu próprio corpo e abraçar como máximo de força Gray “Obrigado, Gray-sama deu um motivo para Juvia parar de chorar”

Ele correspondeu o abraso também estava chorando, finalmente ele poderia proteger aquela menininha e salva-la da solidão “Juvia Loxar aceita se casar comigo abaixo daquela cerejeira?”