Hybrid Of The Hybrids escrita por july_hta66, JulieAlbano, Haverica


Capítulo 11
Capítulo X - The Salvatore Grinch


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal... Como prometido, uma capítulo especial de Natal...
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Confesso que ficou uma Bíblia de tão grande, mas enchi de musiquinhas para descontrair
e não entediar vocês.
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Nele vocês farão uma viagem no tempo, porque esse capítulo também é um flashback, mas não voltaremos tão longe quanto no capítulo do ano passado.
Esse flashback se passa no primeiro ano de Juliana morando em Mystic Falls, ou seja, ela e Damon são apenas AMIGOS, vale lembrar.
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Espero que se divirtam
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*Esse capítulo possui link(s) camuflado(s), podendo ser música(s) ou imagem(ns)*



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Mystic Falls, Residência Salvatore

(Um ano e alguns meses atrás...)

Juliana estava tentando arrastar algumas caixas empoeiradas para a sala da lareira da casa. Estavam todas muito pesadas e bem difíceis de carregar para uma simples garota humana de 17 anos.

– Uuurrr... – Ela puxava uma caixa andando de costas com bastante dificuldade.

Damon estava sentado em uma poltrona, recostado em um dos braços com os pés estirados em cima do sofá. Habitualmente seu copo indispensável de Bourbon o acompanhava.

Ele via a humana ir e voltar do depósito da casa, assistia seu sofrimento ao tentar mover as caixas que se acumulavam, mas tentava ignorá-la ao máximo propositalmente.

– Uuurrr... – Juliana adentrava a sala vagarosamente com uma terceira caixa.

Damon só desviou seu olhar para ela para momentaneamente pousar seus olhos no traseiro empinado da garota, graças a seu andar de costas ao puxar as caixas.

– Seria tão bom se um cavaleiro forte me ajudasse. – Ela insinuou ainda de costas puxando a caixa.

Damon mantinha sua cabeça inclinada observando o traseiro se aproximar.

– O certo é “cavalheiro”, e querida, eu não era um no século dezenove, por que eu seria agora? – Ele parou de olhá-la antes que ela percebesse. -... Eu estou muito bem aqui.

Juliana largou a caixa e se virou para encarar Damon.

– Não é possível que você não esteja animado, vai ser o primeiro Natal que você vai comemorar desde a idade medieval. – Juliana disse indignada.

– Primeiro:1863 não era na Era Medieval, e Segundo: EU não vou comemorar nada de nada. Você apenas convenceu o Stefan e seus amiguinhos a fazerem uma ceia aqui, me inclua fora dessa, acho até que estarei no Mystic Grill para fugir dessa sua pseudofesta familiar – Ele disse decididamente.

Juliana andou até ficar na frente dele no sofá, arrancou o copo de bebida dele colocando-o no centro de madeira e cruzou seus braços fazendo uma cara emburrada para ele.

– Damon Salvatore, para quê toda essa amargura? Dá pra parar com isso?! Cadê seu espírito natalino? Eu não admito um Grinch no meu Natal. Você não quer ser o Grinch que vai estragar o meu Natal, não é? – Juliana o encarava.

Damon revirou os olhos para ela e depois fez uma cara de tédio e não respondeu nada. Juliana o deixou em paz e resolveu ir abrir as caixas dos enfeites natalinos da casa.

– Oh, não! – Ela averiguava os enfeites com tristeza. – Oh, não! Oh, não! Oh, NÃO!

– O que foi? – Damon perguntou curioso. Ele se levantou e foi até ela, que estava atrás do sofá em frente à porta.

– Qual o problema dessa família, só temos Grinchs?! – Ela mexia nas caixas. – Os enfeites...

Damon os analisou de longe, ele não pretendia se meter demais.

– Estão estragados. – Ele concluiu a análise.

Juliana inspirou tristemente.

– Vocês Salvatore da Virgínia não gostam mesmo do Natal? Esse enfeites estão super cheios de bolor e tem cara de que não foram usados há uns três mil anos. – Ela pegava um Papai Noel de pendurar na árvore de natal com a face toda corroída por fungos. – Qual o problema de vocês? Nós os Salvatore da Califórnia amamos o Natal, e olha que lá nem neva...

Ela se sentou nos degraus da sala tristonha, inspirando novamente. Damon apenas a assistia.

– Eu devo ligar para Jenna e avisar que a festa de Natal vai ter que ser lá na Casa Gilbert mesmo... – Ela inspirou fundo pela terceira vez. -... Ela vai ficar uma fera, amanhã já é Véspera de Natal...

O vampiro continuou olhando para a garota decepcionada e quase chorosa.

– O Natal é tão importante assim para você? – Ele perguntou.

– Claro que é! Para mim é a festividade mais importante do ano, mais até do que o meu aniversário... – Ela disse olhando o chão na maior penúria.

Damon olhou para o teto e balançou a cabeça, ele não acreditava no que estava prestes a fazer.

– Okay... Okay... Não precisa ligar para a Jenna, eu te ajudo a conseguir enfeites novos. – Ele disse ainda sem acreditar no que estava fazendo. De alguma forma, vê-la triste o incomodava.

– Sério?! – Juliana levantou a cabeça.

– Sim, é sério. – Ele disse e Juliana pulou indo abraçá-lo. O Salvatore ainda não estava acostumado, mas ela adorava fazer isso, ele meio que até gostava. – Agora se você me soltar eu posso ir pegar o carro... – Damon disse e ela o soltou, ainda com um sorriso contente no rosto.

– E vê se põe um casaco, Cindy Lou Who, mesmo que não esteja nevando, lá fora está bastante frio. – Ele alertou.

A garota o soltou e foi pegar seu casaco que estava pendurado ao lado da porta.

– Entendido, Sr. Grinch. – Ela ainda sorria contente.

[...]

Juliana atravessou todo o estacionamento saltitando como uma menininha contente. Damon precisou puxá-la umas três vezes pelo percurso, antes de chegarem na entrada do shopping, caso contrário seria atropelada pelos carros que transitavam; ele já estava se arrependendo sem nem ter entrado ainda.

Mas ele mal podia esperar, o pesadelo só teria realmente início quando cruzasse a imensa porta de vidro automática do Shopping Plaza de Mystic Falls. Quando os dois atravessaram-na, obviamente as emoções sentidas foram bastante distintas.

Juliana só conseguiu ficar mais maravilhada; todas as luzes coloridas, todo o vermelho e o verde dos enfeites, as árvores em cada esquina, as pessoas felizes fazendo suas compras, e todo o ar repleto do espírito natalino que exalava fora da garota e tilintava com o que exalava de dentro dela.

Damon se sentia dentro de um pesadelo natalino; era tanto vermelho, tantas pessoas abarrotadas pelos corredores tentando comprar os presentes de última hora, era neve falsa daqui, crianças assustadas chorando no colo no Papai Noel de lá... Ele realmente preferiria estar em casa a salvo de toda aquela festa anual que considerava supervalorizada e desnecessária. Damon realmente não entendia porque estava fazendo aquilo.

– Vamos às compras? – Juliana inspirou o ar do salão de entrada satisfeita.

– Mas já? Tão cedo?... Pensei que você ia querer entrar na fila para sentar no colo do Papai Noel e fazer seus pedidos primeiro. – Damon ironizou observando com desprezo as mães e crianças na fila.

Juliana deu uma cotovelada nele e disse:

– Vamos logo!

Damon a olhou revirando os olhos.

– Mas antes de começarmos às compras, preciso saber algo. – Juliana disse receosa.

– O que? – Damon perguntou curioso.

– Qual é o meu teto... Até quanto você pode gastar comigo? – Ela disse timidamente.

Damon riu dela brevemente.

– Querida, o céu é o limite. – Ele disse.

[...]

Os dois seguiram pelos corredores e escadas rolantes abarrotadas de pessoas. Ela seguia felicíssima enquanto ele ficava cada vez menos confortável com essa situação que tinha se metido, e quanto mais o tempo passava mais distante de lembrar o porquê de estar fazendo isso ele estava, até que...

Eles já estavam na terceira loja comprando. Juliana já tinha um carrinho cheio de enfeites, e só DESSA loja. Damon estava abandonado com esse carrinho num corredor, ela tinha desaparecido perseguindo outro enfeite.

Era até um pouco cômico para quem visse essa cena. Um cara vestido toooodo de preto, acompanhado de uma jaqueta de couro e botas igualmente pretas e de couro empurrando sozinho um carrinho de mercadorias repleto de bolas de árvores de natal e papais noel’s; simplesmente não combinava, parecia mais um jogo dos sete erros ambulante.

Damon já estava quase largando o carrinho e indo procurá-la, quando na esquina de um corredor ela surgiu sorrindo, escondia algo nas costas com suas mãos.

Além da surpresa dela reaparecer, algo mais tocou Damon. Ela sorria, e era tão inocente, mesmo parecendo que a qualquer momento ela ia fazer algo que ele não sabia se ia gostar.

– Aí está você! – Ele disse.

– Aqui estou eu... – Ela deu um risinho sapeca e se aproximou do vampiro ainda com as mãos nas costas.

Juliana chegou próximo o bastante e colocou alguma coisa na cabeça de Damon, ele não deixou de tomar um susto sem saber o que era, mas coincidentemente tinha um espelho na pilastra do corredor atrás dele, ele se virou.

E lá estava um gorro vermelho com as bordas brancas e uma bolinha também branca na ponta que caia em cima da orelha esquerda de Damon.

– Perfeito! – Juliana exclamou rindo.

Nesse instante o vampiro teve um segundo que o fez relembrar completamente o motivo dele estar ali, naquele local fazendo o que ele nunca pensou que seria obrigado a fazer. Damon só queria vê-la feliz, sorrindo, era só isso e somente isso.

– Não mesmo! – O vampiro arrancou o gorro de sua cabeça e colocou numa prateleira.

Juliana ria e zombava da cara de Damon de uma forma tão bonitinha, que por um momento ele sentiu uma vontade imensa e inexplicável de pegá-la pelo braço e lascar um beijo bem daqueles, o problema é que ele transpareceu isso com seu rosto o que a fez parar de rir e ficar sem ar por um breve instante.

– Olha!... Bengalinhas de açúcar! – Ela saiu rapidamente de perto dele indo buscar o saco dos doces do outro lado do corredor.

[...]

Juliana tinha pegado o gorrozinho para si, depositando-o em sua cabeça. Ela patinava pela loja “montando” no seu carrinho de compras exalando sua felicidade, Damon ia do lado, revirava os olhos mais que tudo, mas ria também; de certa forma ele até estava se divertindo um pouco.

Entretanto, a felicidade da garota durou até ela ver o tamanho da fila que teria que enfrentar para poder pagar as compras nessa loja. Eles passaram uma hora e meia nessa fila.

Durante esse tempo, em que ambos chegaram ao limiar do tédio, Juliana abriu um pacote dos salgadinhos do “corredor da morte” de guloseimas que propositalmente sempre organizam próximo aos caixas, que claro, Damon pagaria.

Super-entediados, os dois estavam debruçados no corrimão do carrinho, até que o vampiro decidiu quebrar o tédio provocando-a. Ele pegou algo do meio do carrinho sem que ela visse, quando Juliana estava distraída olhando para umas barras de chocolate, ele pigarreou um pouco para chamar a atenção da garota.

Juliana se virou, e com um gesto da cabeça, Damon pigarreou novamente para que ela olhasse para cima. Ela olhou e se assustou, se deparando com um braço dele estendido para o alto segurando um visgo branco/mistletoe de forma que os dois ficassem embaixo dele.

– Você sabe, a regra é clara... – Disse Damon com um sorrisinho safado. -... Nós temos que nos beijar agora.

Juliana foi quem revirou seus olhos agora. A garota fez um movimento com sua cabeça, girando-a e fazendo a bolinha na ponta do gorro atingir a cara de Damon; foi em cheio no nariz.

– Prefiro arriscar a sorte... Mas boa tentativa! – Ela disse.

– Au!... – Ele reclamou rindo e colocando o visgo de volta no carrinho, sabia que ela reagiria de alguma forma assim. -... É isso o que eu ganho te ajudando a arrumar o seu Natal? – Ele fazia drama.

– É NOSSO Natal... – Ela corrigiu, Juliana ainda insistia querendo a presença dele. -... E se você estiver fazendo isso com segundas intenções, podemos devolver tudo isso aproveitando que ainda estamos aqui...

– Calma, esquentadinha, foi só brincadeira. – Damon tentou acalmá-la.

– Não gosto desse tipo de brincadeira infantil. – Ela disse séria.

– E quem fala em brincadeira infantil é a menina que há pouco estava brincando de “Velozes e Furiosos: Missão Natal” com o carrinho de compras do Shopping. – Damon disse. Juliana começou a rir, e o mundo voltou a brilhar para o vampiro de novo. Ele riu também.

[...]

Graças a alguma força miraculosa, sem que Damon necessitasse usar de hipnose. Os dois conseguiram se sentar em uma mesinha para dois na praça de alimentação do Shopping, com as sacolas das compras amontoadas no chão ao lado deles, tomavam milk-shake.

– Huuuuuuummm... De chocolate, com pedaços de chocolate, com calda de chocolate e OVOMALTINE... Oh! O paraíso existe mesmo! – Juliana se derretia com o seu.

– Diabetes mandou lembrança... – Disse Damon com seu milk-shake de pistache e calda de morango.

– Como minha tia sempre diz: “peixe morre pela boca”... Só digo uma coisa: pode me chamar de Nemo. – Juliana disse se deliciando ainda.

– Você está mais para Ariel, sereia do jeito que é... – Ele provocou.

Juliana começou a rir.

– Nossaaaa! Essa foi péssima. Confesse! – Ela disse.

– Tá bem, tá bem... Foi triste! – Ele disse rindo também.

– Okay, Senhor Galante, por que ao invés de soltar cantadas terríveis, não me conta porque odeia o Natal? Pode contar para mim, afinal somos amigos, não somos?! – Ela indagou olhando-o diretamente nos olhos.

– Eu não ODEIO o Natal... Só acho um exagero como as pessoas tratam essa data... – Ele confessou.

– Exagero? – Ela questionou confusa.

– Sim!... Não quero negar a importância da comemoração... Mas eu nasci há um século e meio atrás e assisti uma festa que era um período de reflexão e graças se tornar em algo que se resume a um velho que se veste de vermelho e em lucro para os setores comerciais... Não parece ser a mesma coisa que antes... Muitas pessoas não entendem o significado dela... Alguns dos que dizem entender, fazem doações aos mais necessitados, resolvem “amar” a todos e serem super gentis nessa época, mas é apenas NESSA época... É como se todos esses valores fossem esquecidos durante o ano e apenas relembrados no Natal do próximo ano... O que eu realmente não gosto nessa data, é a hipocrisia desse tipo de pessoa, os que só pensam em presentes são uns pobres alienados pela sociedade do capital, mas não os culpo tanto quanto aos hipócritas... – Damon havia se empolgado na sua explicação cheia de antropologia.

– Uau... São pensamentos bastante profundos... Quando você era humano todas as pessoas valorizavam o Natal dessa forma? – Juliana interrogou mergulhada na história.

– Não... A maioria também não entendia... Para falar a verdade eu só conheci uma pessoa que levava realmente o Natal a sério, e durante todo o ano em todos os dias. – Ele disse.

– Quem? – Ela continuava interrogando, muito curiosa.

– Minha mãe. – Damon respondeu.

– Sua mãe?! – Juliana perguntou surpresa, nunca pensou que entraria numa conversa tão íntima no passado de Damon assim.

– Sim... Era a data favorita do ano dela. – Damon disse e Juliana pôde ver um brilho doce, porém melancólico nos olhos dele. -... Ela sempre foi bondosa, muito bondosa, pense no Stefan e multiplique cem vezes mil por cento... Ela vivia fazendo doações aos pobres e necessitados, orava pelos enfermos e as almas de seus próprios escravos... Ela não gostava de tê-los, queria que nosso pai os libertasse... Acho que é por isso que eu me tornei um abolicionista quando ela morreu e eu cresci...

Damon falava essas coisas com seus olhos brilhando e até sorria ao lembrar, mas seus olhos não brilhavam e seu sorriso não era maior do que o de Juliana, a garota estava encantadíssima com ele.

– Seu pai também levava o Natal a sério? – Juliana perguntou e pode ver a transformação que a pergunta fez ao rosto de Damon.

– Claro que não... Meu pai era um cretino que traía minha pobre mãe com várias mulheres e participava de um conselho de idiotas nas horas vagas... Ele não seria capaz de fazer coisas tão bonitas como a minha mãe... Eu não confesso ao Stefan, mas eu tenho uma ponta de inveja de ter sido ele quem deu fim a vida do nosso querido papai. – Ele confessou.

– Damon! – Juliana o repreendeu ficando um pouco ultrajada. Ela não amava o próprio pai (John) também, mas a ideia de um filho matando o próprio pai, ainda era infinitamente abominável para a menina.

– Desculpe. – Ele disse voltando ao seu milk-shake.

Pelas coisas boas que ele falou, Juliana resolveu perdoar e esquecer as ruins.

– Quem diria? Damon Salvatore com pensamentos tão filosóficos... – Ela disse.

Damon riu brevemente.

– Pois é... Engana-se quem pensar que eu só tenho beleza. – Ele disse.

Juliana ignorou o comentário dele.

– Bem... Se você não é um Grinch de verdade e não odeia o Natal, por que não quer participar da nossa festa de Natal? – Ela questionou mais uma vez.

– Essa resposta é pessoal demais, e eu não quero dá-la. – Damon respondeu.

Depois disso o clima da conversa mudou. Juliana até tentou restaurar novamente o momento de “amigos trocando chaves de diários”, dizendo que adora a história do Quebra-Nozes e que assiste até o filme da Barbie que passa no fim do ano; falou até que estava um pouco decepcionada, porque todos os seus natais passou na Califórnia, sem ver um punhado sequer de neve, pensou que nesse Natal ficando em Mystic Falls veria, mas até agora nada de neve, o que era anormal para a época do ano; mas nada funcionou, o clima realmente morreu.

Os dois terminaram seus milk-shakes e foram embora.

[...]

Chegando à Casa Salvatore, Stefan tinha trago uma árvore de Natal, ele ajudou Juliana a enfeita-la e a todo o resto da residência. Damon não, após ajudá-la a tirar os enfeites de seu carro, ele simplesmente sumiu, ninguém teve sinal nenhum dele durante todo o resto do dia 23 de dezembro.

Com a chegada do dia 24 ninguém soube nade dele também, Stefan falou para Juliana não se preocupar. Damon costumava sumir e reaparecer quando ele bem entendesse. Isso não foi suficiente para acalmá-la, seu coração permaneceu apertado de preocupação, ela também não pode evitar sentir um pouco de culpa também, achava que seu sumiço poderia ter algo a ver com sua pergunta.

Preocupação à parte, ela tentou levar sua Véspera de Natal como o planejado. A noite chegou, e nada dele reaparecer. As festividades haviam começado, e ela já tinha perdido as esperanças, de qualquer jeito ele já tinha dito que ela não deveria contar com a presença dele.

Todos, realmente todos estavam lá. Stefan, Elena, Bonnie, o pai de Bonnie, Matt, Jeremy, Caroline, Tyler, Jenna, Alaric, até a Prefeita Lockwood estava lá, menos Damon, o desaparecido, e a mãe de Caroline, a Sheriff Forbes estava de plantão na delegacia.

O amigo secreto aconteceu, todos tocaram presentes, e cearam. Juliana participou de tudo, mas era o mesmo que não ter participado, ela sentia um vazio, o vazio causado pela ausência dele. Com certeza aquele Natal não estava sendo nada parecido com o que ela esperava, nada como o que ela tinha planejado.

Todos os outros estavam felizes, a ceia que Jenna havia preparado com a ajuda de Elena, Bonnie e Caroline, estava deliciosa, choveram elogios para a árvore de natal gigante e toda iluminada, e para os enfeites espalhados pela casa, mas nada disso parecia importar agora para Juliana.

A noite que prometia ser perfeita, estava mais parecendo com o pior Natal que ela passou. Sua mente estava inquieta, apesar dos sorrisos que dava para os amigos, só pensava em: Onde será que ele está? Será que ele está chateado? Com quem será que ele está? Quando será que ele voltará?

Fingir que estava se divertindo estava cansando-a um pouco, então Juliana resolveu ficar sozinha um pouco. A festa ocorria no térreo da casa, para se isolar ela subiu para o primeiro andar e ficou tomando um pouco de ar na sacada principal da Mansão.

A garota se debruçou no parapeito apoiando-se em seus cotovelos e ficou olhando a mata e a estrada em frente à casa, finalmente só, apenas com os seus pensamentos.

Ela e sua mente ficaram afundadas num silêncio calma e conflitantes por quase meia hora, as pessoas lá embaixo estavam tendo um ótimo Natal, se divertindo bastante e nem se deram conta da ausência dela.

– Bengalinha de açúcar? – Uma mão estendeu o doce vermelho e branco na frente dela.

Juliana se virou para ver a quem pertencia a mão.

– Damon! Onde você tava?... – Ela perguntou ao vê-lo assim como ela, com os cotovelos no parapeito. -... Esquece! Nem precisa responder... O importante é que você veio...

– É, eu vim... – Ele disse meio aéreo, ofereceu novamente a bengala para ela, que a aceitou e ficou segurando.

– Feliz Natal! – Ela disse sem conseguir esconder sua felicidade de tê-lo por perto.

– Feliz Natal. – Ele disse com menos empolgação que ela.

Os dois ficaram fazendo o que ela estava fazendo por uns instantes, apenas olhando o horizonte, num frio e distanciamento maior do que o próprio clima gélido do ar gerava. Mas Damon resolveu quebrá-lo.

– Sim!... O que me fez sumir por pouco mais de 24 horas foi provavelmente é o que você pode ter pensado, eu precisava pensar sobre as suas perguntas... – Ele disse.

– Me desculpe... Não queria te incomodar tanto assim com todas elas. – Juliana disse.

– Eu sei... Não precisa se desculpar, e não foram todas elas... Foram somente duas... Só duas, e eu só tenho resposta para uma delas... – Damon explicou.

– Olha, não preciso saber... Nem quero mais, depois que incomodei tanto... Apenas sinto muito. – Juliana se desculpava.

– Mas eu quero dizer! Quero dizer quais foram às perguntas e qual a resposta que tenho... Numa das perguntas você queria saber o porquê de eu não querer vir aqui comemorar o Natal... – Damon começou a dizer. -... Bem, para essa eu tenho resposta... Desde a morte da nossa mãe no parto do Stefan, meu pai parou de comemorar essa data, como eu disse era a data favorita dela... De algum modo, isso o machucava; mesmo machucando minha mãe com seus adultérios, de certa forma eu acho que ele a amava... E eu não tento entender isso, nem quero... Mas em 1863 ele resolveu comemorar novamente, foi o primeiro Natal decente para o Stefan... Claro que ele com certeza teve outros, principalmente com a amiga dele, a Lexi... Mas o Natal de 63 foi o último que eu celebrei, e por muito tempo, até hoje, queria que tivesse permanecido assim.

– Por quê? – Juliana indagou.

– Porque foi o meu último Natal com ela também... – Ele disse.

– Com ela? Katherine?! – Ela perguntou quase como retoricamente. Os dois não se apoiavam mais no parapeito, conversavam frente a frente.

– Não! Katherine não... Com Giuliana... Foi o último Natal da vida dela... E nós nos divertimos como nunca! Fizemos tudo o que um Natal tem direito, eu, ela e o Stefan... Guerra de bolas de neve, um boneco de neve, cantamos canções natalinas... Foi tudo tão perfeito e bom, eu de alguma forma deveria ter percebido, que para estar tão bom, com certeza seria o último... E depois daquele Natal, eu nunca mais quis ter outro, não sem ela... Se fosse para ter um último, que fosse aquele... – Ele ainda se explicava.

Juliana ficou um pouco abalada, ela via romantismo nele, nunca esperava enxergar isso, não num vampiro durão cheio de sátiras e ironias na ponta da língua, e que se autodenominava um serial killer aposentado.

– Damon Salvatore, você é como uma caixinha de surpresas... – Ela suspirou digerindo as coisas.

Ele não retrucou ironicamente e nem fez nenhuma piadinha

– Não entenda mal, mas... O que fez você mudar de ideia e estar aqui? – Juliana questionou.

– Eu... Não sei bem... Só sei que é você... É por você!... Eu olho para você, e você é idêntica a Giuliana, até os sinais de nascença... Tudo fisicamente igual!... – Damon tentava verbalizar.

– Então é por isso?... Você queria passar mais um Natal com ela? – Ela perguntou um pouco tristonha.

– Não, não é isso... Deixe-me terminar de explicar... – Ele disse. -... O fato de você ser idêntica é justamente o que me faz querer me afastar... O que me fez desaparecer por esse tempo... É muito estranho para mim... Mas vocês são iguais só por fora... Por dentro são distintas, como Elena e Katherine, por exemplo... Quando eu estou com você não é como se eu estivesse com ela...

– Então por que você veio? – Juliana perguntou menos triste do que quando fez a outra pergunta.

– Já disse, é você... Eu olho para você, você é idêntica a ela, mas não é como se estando com você eu esteja com ela, quando eu estou com você, eu estou com você... Entendeu? – Damon disse um pouco aflito com o seu trava-cérebro.

– Eu me perdi nos “você”s... – Juliana disse rindo.

– Deixe-me tentar simplificar. – Damon também disse rindo.

– Eu vim por causa da bolinha do seu gorro de Natal assassina de narizes, por causa do seu racha de carrinhos de compra... Eu vim porque você gosta de assistir Barbie e o Quebra-Nozes todo final de ano... – Damon se aproximou um pouco mais dela. -... Eu vim porque “as pessoas podem te chamar de Nemo”... E eu acho que mereço uma camisa de força...

Juliana riu, estava emocionada e quase transbordando pelos olhos.

–... Eu vim porque eu gosto de ver você sorrindo... O que me leva à outra pergunta. Na verdade, eu acho que você fez essa pergunta sem esperar uma resposta, como se a resposta já estive implícita, simplesmente uma pergunta retórica, mas eu tenho dúvidas quanto a isso... – Damon continuava dizendo.

– Que pergunta? – Ela disse.

– Você disse: “Pode contar para mim, afinal somos amigos, não somos?!”... – Ele respondeu.

– Nós não somos amigos? – Ela perguntou confusa.

– Essa é a pergunta que eu não sei responder... Eu não sei se o motivo que me faz estar aqui seria possível de se simplificar e de ser nomeado secamente como amizade... Eu sei que há algo mais complexo do que isso... Você concorda? – Ele perguntou. Os olhos deles brilhavam como antes, como quando falava de seu passado feliz.

– Eu concordo... E é forte, sinto isso também... – Juliana disse, devia ser por causa desse sentimento que ela estava sufocando na festa sem saber do paradeiro dele.

– Muito forte. – Damon concordava. Um sorriu para o outro brevemente, estavam satisfeitos por contar para o outro e não guardar só para si.

Damon resolveu dedilhar levemente uma das bochechas da garota, inconscientemente ela fechou os olhos e ele sorriu timidamente por isso. Mas logo ela abriu os olhos, havia sentido duas coisas em sua face que não eram os dedos dele. Um pousou em sua testa e outro em sua maçã do rosto.

Ao abrir os olhos ela olhou para cima e pode ver, eram milhares de flocos de neve caindo em direção ao chão, deslizando suavemente pelo vento sem vencer a gravidade.

– Está nevando! – Ela disse contente. -... Vamos avisar aos outros!

Juliana não percebeu na hora, mas ela havia puxado Damon segurando-o pela mão, isso a renderia uma vermelhidão nas bochechas mais tarde.

[...]

A neve demorara bastante de cair, mas quando caiu foi com bastante gosto. Passou alguns poucos minutos caindo gentilmente, para a alegria de quem sonhava com um Natal com neve, mas depois se tornou uma tempestade pesada de gelo.

A Sheriff Forbes ligou para Caroline avisando que era melhor que todos passassem a noite na Casa Salvatore, as estradas estavam interditadas, pois seria perigoso sair de carro já que o nível da neve estava alto.

Todos se acomodaram sem dificuldade nos diversos quartos da Casa Salvatore que um dia abrigou uma pensão. Exceto a pobre Juliana, a californiana estava habituada ao calor de seu estado, então sofria com o frio. Ela se acomodou com uma manta bem grossa e algumas almofadas no chão, na beirada da lareira da sala de estar da casa, e lá adormeceu até chegar o dia 25.

Elena como boa irmã, quis fazer companhia a ela, abandonando Stefan, e pegando no sono no sofá da sala. Quando o relógio apontava 02h 14min da madrugada do dia 25, todos já estavam adormecidos na casa, exceto Damon.

Naquela exata hora, ele estava em pé em frente ao sofá olhando para Elena, o vampiro segurava um caixa de presente verde com um formato quadrado, o laço que envolvia a caixinha era vermelho, e estampando o papel verde tinham várias renas “Rudolph”.

Ele olhava fixadamente para Elena, e pensava. Damon pensava nos seus sentimentos por ela, ele faria tudo o que fosse possível por ela, ele iria para o inferno e voltaria por Elena, Damon buscaria uma estrela no céu se ela pedisse, mas ele sabia que algo estava mudando, não era algo em Elena, era algo dentro dele mesmo.

O vampiro se virou e caminhou cuidadosamente até a garota que estava adormecida quase colada na lareira, e começou a pensar no que ela o fazia sentir. Ele faria o impossível por ela, ele iria para o inferno e nunca mais voltaria por Juliana, Damon arrancaria cada constelação do céu se ele sonhasse que ela quisesse, ele iria ao fim do mundo, ele daria a própria vida pela garota. Ele estava começando a entender o que estava acontecendo, mas não podia e nem queria fugir disso; ela era diferente de todas as garotas que ele já tinha tido em sua vida, até um pouco esquisita e maluquinha, mas ele gostava até disso; Damon estava se apaixonando.

[...]

Juliana acordou no dia seguinte, e como um filhote de gato manhoso se espreguiçou na cama, era manhã de Natal oficialmente e o friozinho nesse instante estava gostoso. Ela abriu seus olhos e se espreguiçou novamente, sentou-se e viu que Elena ainda dormia do seu lado direito, ela ia se levantar, mas pouco antes disso notou uma caixinha repleta de “Rudolph”s na embalagem acompanhada de um cartão.

Involuntariamente ela pegou o cartão para ler, ele também possuía um Rudolph na frente, mas era apenas um; o cartão dizia:

“Talvez se eu realmente usasse uma camisa de força

Não tivesse bagunçado sua festa

Sinto muito pela sua noite.

Ass.: O Grinch que estragou o seu Natal”

A garota sorriu que nem uma boba lendo o cartão, só que ela não entendia o pedido de desculpas, ontem à noite mesmo ela já tinha decidido para si mesma que aquele havia sido o melhor Natal de todos, com certeza tinha algo a ver com certa conversa, em certa sacada.

Após ler o cartão, Juliana partiu para a caixa. Ela tirou o laço e abriu o embrulho, revelando o seu conteúdo. Ela o tirou e avaliou por fora, parecia um porta-joias. Era feito inteiramente de prata maciça, seus detalhes exteriores eram de ouro, no fundo havia algo entalhado a ouro também, revelando a quem pertencera este objeto no passado: “Giuliana Salvatore”. Juliana não ficou enciumada ou triste, pelo contrário, se sentiu honrada. Ela abriu a tampa do objeto de prata, revelando seu interior de camurça vermelha, era uma caixinha de música. Ao abrir, uma bailarina, que parecia ser feita (parecia não! era! Ela só não sabia...) de diamante, foi elevada para um minipalco e começou a dançar com a música que saía da caixa; era a Balada do Quebra-Nozes.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?... Foi melhor que o capítulo de Natal do ano passado? ... Claro que não poderia faltar os meus Backstreet Bofes... Boas Festas pessoal!