Ficar sem notícias da Thaíz não é uma coisa legal. Tudo bem que pra ela seria até aceitável, assim pelo ao menos não sentiria nossa falta. Mas, eu me sinto um pouco culpada sobre isso, ela gostava de mim e eu fui atropelando todo esse sentimento. Enfim, eu queria poder vê-la e dizer que eu prefiro ela do meu lado, conversando comigo como no dia que nos conhecemos, do que fricar triste imaginando que ela esteja sofrendo amor platônico.

Juliana é outra que me faz tanta. Nosso namoro era quase perfeito, e sinto falta de suas brincadeiras que me irritavam. Ela tinha um jeito fácil de me deixar mau humorada, mas eu gostava de tudo isso. O que eu posso fazer agora?

Como pode uma garota mudar totalmente a minha vida amorosa que antes, era um lixo?

Foi ela quem me fez enxergar que Lucas não era um idiota, mas sim, eu. Então, sinto falta e saudades dela, minha loirinha baixinha de pele cor de papel.

Mais uma semana de aula, odeio as segundas, terças, quartas, quintas e sextas. Odeio a semana de aula. Entrei na escola e dei de cara com Juliana. Ela havia chegado cedo? Era o que parecia. Estava toda quieta sentada em um banco vazio, e o frio que estava fazendo, só pude lembrar de quando ficávamos abraçadas na sala de aula.

Fiquei entre "passo ou não passo", e quando fui perceber, já estava sentada ao seu lado.

—Annie, desculpe ser tão grosseira com você. -Já sabia que ela iria vir com essa história. Acontece que, nem tudo que ela fala, é sério ou verdadeiro. Mas pensando bem, será que eu mexi mesmo com os sentimentos dela? —Sabe que me sinto muito chata sem ter que perturbar você? -Eu sorri por dentro. —Annie, você é a única pessoa que me fez mudar. Sabia que eu era uma "galinha" antes de te conhecer? -Já sabia que ela era galinha, mas não sabia que havia mudado sua vida. —Não precisa dizer nada. Silêncio é uma chata, mas responde tudo o que eu preciso saber. -Ela estava se levantando quando eu segurei sua mão e a puxei de volta para o banco. Fiquei encarando o cinza do chão. —Eu não me sinto mais a mesma depois que terminei com você. Mas também não me arrependo. Eu sei que esse é o seu jeito, e não precisa mudá-lo porque eu amo ele, eu amo tudo o que você faz. —Mas ent... —Deixa eu terminar de falar. -Interrompi. —Juliana, e amo você! -Beijei ela. Já estava com saudades disso. Nem fiquei me importanto se alguém da escola iria aparecer e brigar com a gente, me importei mais em sentir seus lábios úmidos novamente. —Eu também te amo. -Ela sorriu.

É bom estar de "volta". O sinal tocou e os alunos começaram a aparecer, Juliana e eu subimos de mãos dadas. Acho uma coisa legal sobre nosso namoro, ninguém fica fazendo piadas, só aquela patricinha encubada da sala.

Voltamos a sentar juntas, e pelo ao menos hoje, a aula foi aturável. Depois descemos para o intervalo juntas pela primeira vez, já que sempre ficavamos dentro de sala se pegando.

Ela me comprou um salgado, mas eu recusei. —Ah, tá de sacanagem? -Eu ri. —Não, somente não quero. -Meu azul do cabelo já estava desbotando, assim ficando verde. —Nossa, seu cabelo está show, sabia? —Sabia. —Nossa, como você é muito convencida. —Nem sou. -Ri. Depois ficamos assistindo ao vôlei, e o Lucas estava jogando. Tentei ignorar quado ele ficava me encarando. Acredita que ele errava passes por ficar olhando pra mim?

—Por que aquele idiota está olhando pra cá? —Quem? -Fingi não saber de quem ela estava falando. —Lucas. Ele chega errar passes. —Ah, sei lá. -Aquilo me incomodava tanto que resolvi sair dali.

Depois que o intervalo acabou, voltamos pra sala, e fui cutucada nas costas.

—Podemos conversar? -Olhei pra Juliana, que ignorou. Deixei a sala e fiquei no corredor. —O que está rolando entre você e a Juliana? —Nada que você precise saber. —Como nada? Você está namorando com uma garota. —E desde quando isso te interessa? —O que deu em você, Annie? —O que deu em você! Nunca se importou com o que eu sentia por você, nem se que imaginava que eu gostava de tu.. —Annie, iso não é motivo pra ficar se esfregando com qualquer garota por aí.

Não acredito que ele disse isso. Já estava preparada pra levar minha mão na cara dele.

—Você é um idiota completo. Mais idiota ainda por ter ficado com a garota mais puta da turma. —Annie, eu digo isso porque gosto de você, sempre gostei. —Pena. Tudo o que eu sentia por você, foi embora faz anos. -Juliana saiu da sala quando Lucas tentou me agarrar, e como tinha dito antes, cumpri minha promessa de dar na cara dele. —Nunca mais faça isso novamente!

Juliana que já não gostava de Lucas, deu outro tapa na cara dele, o que foi super legal.

Hora de ir pra casa, uma das partes que eu curto muito. Eu tinha um relacionamento diferente com Juliana. Na hora da saída era cada uma para seu lado, nada dessa palhaçada de levar a namorada até o ponto de ônibus, ela até queria isso, mas preferi assim.

Cheguei em casa e mandei um sms pra Marie, contando como foi meu dia.