Imbranato escrita por Mari Bonaldo


Capítulo 1
Eu não sou Karen Richards.


Notas iniciais do capítulo

Gente, talvez alguns de vocês se lembrem de mim. Eu escrevi "Blessed With A Curse" mas resolvi abandonar aqui por uns tempos, por motivos pessoais. Agora estou voltando com mais uma fic e pretendo respostar a Blessed, caso vocês queiram. Um beijo e boa leitura!



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Beberiquei um gole do cheiroso capuccino fumegante que a garçonete do Cavallieri’s – um Café ótimo e cheio de hypsters escondidinho no Tribeca - colocara a minha frente apenas um segundo atrás. Deixei que a fumaça quente trouxesse um pouco de conforto e a momentânea sensação de que tudo estava bem, enquanto observava a bonita garçonete se afastar. Uns dezenove anos, os cabelos loiros e cacheados presos propositalmente de forma desmazelada, as coxas e o bumbum minúsculos por baixo da calça reta que ela veste. Eu posso apostar que ela entra em um tamanho infantil sem precisar parar de respirar para isso – ao contrário de mim. Mesmo com um uniforme sem graça – calça de cambraia preta, blusa branca de malha e por cima um avental comprido bege – aquela garota me humilha totalmente com sua beleza inocente típica da juventude. Me peguei sentindo falta dos meus dezenove anos (mesmo que, naquela época, eu não pudesse bancar esse maravilhoso vestido ladylike amarelo, Gucci vintage, que estou usando hoje). Que aconteceram, exatamente, dez anos atrás. Dez. A sensação de conforto foi embora tão rapidamente quanto veio.

Quando eu imaginava o meu futuro, na adolescência (a época em que minha auto estima era maior e o meu bumbum menor), as expectativas eram exatamente assim: Eu vivia em Nova Iorque, trabalhando na redação de uma grande revista ou jornal. Eu era linda, tinha pelo menos vinte centímetros a mais de altura e cinco quilos a menos. Morava no Upper East Side, em um apartamento moderninho e com uma decoração retro digna da Elle Décor. Tinha um marido maravilhoso, que ficava bonito em jeans escuros e camisa social, e dois filhos. 

Isso, nem de longe, é o que a minha vida se tornou. Eu trabalho sim na redação de uma revista – mas não é a Vogue e muito menos a Time. Trabalho na redação da Sweet, uma revista para adolescentes que ainda não decolou, se é que me entende. Ganho o suficiente para comprar roupas lindas (e, ocasionalmente, de grifes cobiçadas) e me sustentar, mas definitivamente não moro no Upper East Side. Moro em um apartamento funcional – justo eu, que sempre odiei essa palavra – no Chelsea. Tenho 29 anos, e não tenho nem um namorado fixo, quem dirá um marido e filhos. Meu bumbum e minhas coxas são maiores do que eu gostaria. Honestamente, são deselegantes. E, desde a adolescência, eu não ganhei um misero centímetro a mais em minha triste constituição física.

Encaro o meu reflexo no vidro da janela enorme, em estilo colonial, bem ao meu lado. A criatura ali refletida me encara de volta. Seus olhos são castanhos, e estão um pouco inchados. Os seus lábios são cheios, e ela agradece à MAC por isso. A pele branca já foi mais brilhante, mas ainda está livre de rugas. Os seus cabelos são do mesmo tom de castanho escuro sem graça que sempre foram, levemente ondulados, caindo sobre os ombros e o tronco.

Ouço barulho de alguém brigando com a porta do Cavallieri’s, o que me arranca abruptamente de meus pensamentos. Viro a cabeça para a frente, somente para encontrar Quinn, com sua bolsa de couro presa na porta, praguejando baixinho, alheia ao olhar lascivo que recebe do atendente.

Com 1,75m de altura, coxas magras e definidas como a de uma bailarina, e longos e esvoaçantes cabelos loiros, Quinn é o tipo de mulher que você odiaria se fosse possível não ama-la.

Ela consegue, finalmente, soltar sua bolsa que fora engolida pela porta do Cavallieri’s, e se vira em minha direção, abrindo um enorme sorriso com covinhas e dentes brilhantes. Eu, imediatamente, me levanto, e quando ela me alcança damos um longo e reconfortante abraço (e eu agradeço por estar usando meu sapato de bico arredondado e salto monstruoso, que comprei ontem por uma pechincha em um outlet da Valetino). Se você nos visse, assim abraçadas, pensaria que não nos vimos por dezenas de dias. Talvez até meses. Mas nos vimos a três dias atrás. A verdade é que Quinn é verdadeiramente efusiva: ela abraça com muito mais freqüência do que as outras pessoas, porém de forma muito mais sincera.

Nós nos conhecemos há oito anos em um pub escocês, no meu primeiro ano em Manhattan, quando ainda estava na universidade. Quinn estava linda, com um cardigã de cashmere Michael Kors que eu cobiçava havia tempos. Sorrateiramente, me aproximei dela, e quando ela me notou, torci para que não me achasse louca por pedir para que eu tocasse na peça. Ela não achou. Não só me deixou tocar seu cardigã, como também abriu o jogo pra mim e disse que havia adquirido em um leilão de uma garota falida, senão nunca poderia pagar por tamanho luxo. E, naquele momento, descobrimos uma mesma paixão e uma mesma necessidade: a paixão era a moda e a necessidade era se vestir bem sem gastar muito. Daquele dia em diante, descobri muito mais coisas sobre Quinn. Por exemplo, descobri que eu e ela não éramos nada parecidas. Quinn é efusiva, desencanada com a opinião alheia, anti-romântica, divertida sem nem ao menos se esforçar para isso... Basicamente uma versão feminina de um canalha. E deve ser por isso – além da beleza clássica de modelo que Quinn possui – que ela atrai tantos homens. Mas, você sabe, apesar de todas as diferenças, eu descobri uma coisa ainda mais importante: Todos deveriam ter uma Quinn Fabray em suas vidas.

Quinn sentou-se à minha frente na mesinha redonda, e me observou atentamente, franzindo o cenho a medida em que seus olhos claros passeavam pelas pequenas bolsinhas inchadas abaixo de meus olhos e minhas bochechas avermelhadas.

- Rach, por favor, não me diga que você não esperava por isso!

Eu desviei meu olhar de seus olhos incrédulos, mordendo o canto da boca enquanto apertava com um pouco de força a alça da caneca quente. Ah, não. Lá vinham elas de novo. As lágrimas. Tentei refrêa-las. Em vão. Explodi em um soluço que eu esperava que não houvesse sido tão escandaloso quanto pareceu. Quinn suspirou, enfiando a mão em sua bolsa gigantesca e retirando de lá um pacote de Kleenex.

- Eu vim preparada. – diz ela, com um mover de ombros, ante ao meu olhar indagador.

Aceitei de bom grado os lenços de papel, agradecendo mentalmente por estar usando rímel a prova d’água, caso contrário, eu me assemelharia àquela garota que fora jogada no poço, naquele filme de terror velho. Pensando melhor, eu já era aquele garota. Pelo menos no estado de espírito totalmente morta-viva.

- Amor, o Ted não vale nem metade desse rio que você está chorando. Sério Rach. Por favor, – a voz dela ficou levemente debochada – ele era modelo de pasta de dentes. Você não quer um modelo de pasta de dentes como seu futuro marido. Primeiro, porque essa nem é uma profissão de verdade, e segundo porque os dentes dele são tão brancos que me assustam.

Eu assimilei suas palavras, deixando de chorar. Realmente, os dentes de Ted eram absurdamente brancos. Ou talvez fosse só o contraste com sua pele bronzeada. Pensando melhor, o arranjo todo era um pouco estranho... Perfeito demais. Sim, tentei convencer a mim mesma, perfeição demais é irritante.

- Além disso, - ela continuou – ele roubava seus hidratantes da Benefit. E era totalmente auto centrado, menos quando se tratava de outras mulheres. E também se importava mais com aquele cabelo ridículo cheio de luzes do que com você. O conjunto todo berrava cafajeste.

Fazia sentido. Mas eu acho que a doce e jovem Kate, sua amantezinha, não pensa assim, já que não hesitou nem um minuto em dormir com um cafajeste comprometido.

- Eu achei que era ele, Quinn. Eu juro que podia vê-lo abaixado sobre um joelho, e meses depois me esperando no altar, usando um terno com corte italiano. – eu confidenciei à minha amiga, esperando um pouco de solidariedade de sua parte. Mas tudo o que ouvi foi:

- Você acha que todo cara é o amor da sua vida.

- Eu não... – comecei a argumentar mas logo fui rudemente, em minha humilde opinião, interrompida.

- Sim, você acha sim. O problema com você Rach, é que é capaz de transformar qualquer defeito em qualidade. Você se recusa a aceitar os defeitos dos homens, projetando neles todas as qualidades que espera do marido ideal. E, honestamente, você tem que parar com isso.

- Bear tem que parar com o quê? – disse uma voz afetada, logo acima de minha cabeça. Eu não precisava olhar para saber que era Blaine. Afinal só ele me chamava de Bear, um péssimo trocadilho com meu sobrenome, Berry. Mas, mesmo assim, eu olhei. E devo dizer que a beleza exótica de Blaine me atinge com força total, da mesma forma que me atingiu a seis anos atrás, quando o vi entrando, absolutamente lindo em jeans modernos e uma camiseta Abercrombie & Fitch de gola V, no campus de jornalismo da NYU. Os cabelos, agora em corte retrô, antes exibiam lindas ondas escuras. Aquele detalhe, misturado aos olhos cor de castanhos e ao rosto liso e infantil, me conquistaram na hora. E então, nós saímos juntos por três meses.

Até Blaine admitir que era gay.

Eu acho que sua fascinação em me maquiar devia ter me alertado de que aquilo, cedo ou tarde, aconteceria. Sua inveja por meu cabelo também. Entretanto, decidimos levar a amizade adiante, e aquela fora provavelmente minha melhor decisão. Blaine é o amigo gay que toda garota quer: jornalista de moda; imã de gente rica e bonita; talento nato para a maquiagem e, ainda por cima, divertidíssimo. Mas, na época em que saiu do armário, a confissão de Blaine me pegou de surpresa e atingiu com força total. Afinal, ele fora o meu primeiro marido em potencial, como Quinn e Blaine tão carinhosamente gostavam de chamar os homens com os quais eu saía e pelos quais, cedo ou tarde, (na maioria das vezes cedo) eu me apaixonava. Como se estivesse lendo meus pensamentos, Quinn respondeu:

- Tem que parar de achar que vai se casar com qualquer um que saia com ela por mais de uma semana.

Blaine prontamente balança a cabeça, concordando. Em um gesto exagerado, joga-se no espaço livre do banco onde estou sentada, e segura minhas mãos.

- Você sabe muito bem o que aconteceu à Karen Richards!

Todos nós estremecemos simultaneamente. Ninguém quer acabar igual à Karen Richards.

- Em um momento, ela tinha tudo. – começa Blaine, recontando-nos a história a qual já havíamos ouvido um milhão de vezes. – Era a mente brilhante da turma de jornalismo da NYU, a garota prodígio. Em outro, estava apaixonada por Gabriel. – Blaine recosta o corpo musculoso no encosto macio do banco, jogando a cabeça para trás, e voltando o olhar para a rua molhada e caótica pela chuva que começara a cair, que podia ser vista através da janela gigantesca ao meu lado. – E o resto, meus amores, é tão deprimente que não posso dizer tais palavras em um dia tão triste.

Nós fazemos um minuto de silêncio, tensos, pensando em Karen Richards. Ela foi nossa colega, minha e de Blaine, na universidade. A garota mais bonita e inteligente que você já conheceu. Ela poderia mudar o mundo, se quisesse. E ela queria. Mas resolveu deixar os planos de lado, por uns tempos, ao conhecer Gabriel, um cara magrelo que escrevia poemas esfarrapados para convencer as mulheres de que ele tinha uma alma inquieta. E, bem, ele tinha um certo magnetismo, tenho de admitir. E Karen achou que ele era o cara perfeito. Eles começaram a sair, depois a namorar, e antes que você possa dizer “absurdo”, já estavam casados. Acontece que, depois de um tempo, a máscara de artista perturbado de Gabe começou a cair, e todos nós descobrimos que ele não passava de um Cafajeste. Com C maiúsculo. Todos nós... Menos Karen. A Karen que continuou casada com Gabe, e depois abandonou a faculdade porque ele sentia-se diminuído pelo brilho dela. E todos nós vimos como Gabriel fazia mal à ela. Menos Karen. Karen, que teve filhos com ele, e a longo prazo, perdeu sua beleza. Mas o pior de toda essa história é que Karen estava miserável – sem seu brilho, sua beleza, inteligência e os grandes sonhos, além de carregar bons chifres na testa – e, mesmo assim, ela preferia viver essa vida a ficar sem Gabriel. Porque a verdade é que para ela, ele sempre seria o artista inquieto e sensível. Karen se negava a enxergar os defeitos de Gabriel.

- Eu não sou Karen Richards. – eu disse, um pouco rude demais, quando percebi o motivo pelo qual havíamos entrado naquele assunto, afinal.

- Não, não é.- disse Blaine, com convicção. – Mas está a um passo de tornar-se.

- Não, eu não estou! – teimei.

- Você está sentada em um café, em uma tarde chuvosa de segunda, com os olhos inchados por um cara com o qual passou um mês. – diz Quinn, com delicadeza. – Rach, você está a alguns passos de se tornar Karen Richards.

Blaine concorda, colocando uma de suas mãos manicuradas sobre o meu ombro.

Será mesmo que a minha situação era assim tão grave?

- Meu bem, quantas vezes nós estivemos na mesma situação nesse ano? –perguntou Quinn.

Tentando criar tempo, coloquei a xícara de capuccino em meus lábios, fingindo estar impossibilitada de responder mas, na realidade, pensando por algum tempo. Houveram sim alguns maridos em potencial. Dois no máximo. Teve o cara de Wall Street, Jhon; o escocês com sotaque bonitinho, Damian; Dylan, o personal trainer; Paul, o músico folk; e também Jamie, o londrino. E também Ted, o cafajeste. Ok. Isso aqui é um pouco mais que dois caras.

- Pare de fingir que está tomando esse capuccino, Srta. Romântica Incorrigível. – diz Blaine, divertido.

- Meu Deus... – eu digo, finalmente. – Eu sou Karen Richards.

A onda de compreensão me atinge com tanta força que, por um tempo, eu mal me movo. E quando consigo me mover, é pra agarrar o braço de Blaine, horrorizada com a súbita certeza de que as palavras de Quinn mais cedo eram verdade. Eu projeto meus desejos e expectativas nos homens. Eu nego defeitos. Eu sou tão inocente que, se minhas coxas diminuíssem e me dessem uma saia xadrez, eu poderia me passar por uma colegial.

- Você não é Karen. – diz Quinn, enquanto retira a minha mão do braço de Blaine, já avermelhado pela força do aperto – Mas, o que estamos querendo te dizer, é que você tem grandes chances de se tornar.

- Obviamente uma versão mais glamurosa de Karen. – diz Blaine, rapidamente. Oh, obrigada Blaine. Isso me deixou mesmo bem melhor.

- Eu não quero terminar a minha vida com dois filhos que me batem e berram comigo, um marido idiota e obcecada por limpeza e programas do Discovery Home & Health. – me peguei dizendo, enquanto sentia o desespero crescer dentro de mim.

- E você não vai. – diz Quinn, com convicção. – Porque você tem a mim e a Blaine.

- Exatamente. E, Bear, você precisa parar de chorar. E de se apaixonar tão facilmente.

- Eu... eu não consigo! – respondo, com uma voz um pouco esganiçada. – Como vocês conseguem?

Quinn e Blaine saem com tantos caras quanto eu saio. Mas os dois colecionam corações partidos, ao contrário de mim. E eles nunca se apaixonam.

- Todos os caras são idiotas. – Quinn dá de ombros, como se aquela fosse uma explicação plausível. Me peguei invejando a frieza com que Quinn lidava com seus namorados. Eu sabia que os pais dela, ao contrário dos meus que haviam completado vinte e cinco anos de um casamento bonito e feliz, eram divorciados, e que o Sr. Fabray já estava no terceiro casamento. Talvez isso explicasse porque Quinn sempre se colocava a uma distância segura dos homens: não longe a ponto de ser colocada na zona de amizade, mas não perto a ponto de assumir uma posição vulnerável.

Olhei para Blaine, pedindo socorro.

- Olha, eu não me envolvo por que sempre acho algum defeito. – Ele tirou a xícara de minha mãos, dando um grande gole em meu capuccino. Fez uma expressão de deleite, e em seguida, continuou. – Todas as vezes em que me envolvi com alguém, até hoje, encontrei defeitos na pessoa...

- Blaine, todos tem defeitos. O príncipe não existe. Sai da Disney, homem. – interrompeu-o Quinn, revirando os lindos olhos verdes.

- Como eu estava dizendo antes de ser interrompido por essa senhorita indelicada... – ele continuou, mexendo as mãos como uma diva. – Até os meus vinte e um anos, eu estava preso em Nárnia, então os defeitos de meus conjugues eram óbvios: tinham uma racha. Depois, eu passei a enxergar pequenos ou grandes defeitos que me tiravam do sério, mas eu os ignorava. Até tornarem-se grandes problemas. Os defeitos de outra pessoa não devem te incomodar. Eu vou saber que encontrei o cara certo quando seus defeitos fugirem aos meus olhos. Enquanto não encontro, me divirto com os errados.

- Faz sentido. – eu disse. – O problema, Blaine, é que segundo vocês eu projeto qualidades em cima dos defeitos alheios. Então, acho que isso não dá muito certo pra mim. – apoiei minha cabeça nas mãos. – Eu estou ferrada. O meu destino é ficar presa nesse ciclo doloroso, em busca de um relacionamento sério, mesmo que com a pessoa errada.

- Para de procurar, Rach.

Olhei para Quinn, em dúvida.

- Se eu parar, nunca vou achar.

- Na realidade, é o contrário. Já foi comprovado que, ao procurar por relacionamentos, você se torna menos aberta a eles. Se a procura é obsessiva, como claramente é a sua, causa estresse, ansiosidade. Isso te afasta das chances de conhecer caras legais.

Blaine revirou os olhos para a mini tese de Quinn e tomou minhas mãos.

- O que a Quinn ta querendo dizer com toda essa pompa, é que os homens fogem de mulheres loucas. Então pare de agir como uma. Distraia-se, crie novos hobbys, tire de sua mente a ideia velha de que para ser feliz você precisa de um marido. Você é uma mulher moderna, sexy e forte por si só. Nós, que estamos tão próximos de você, enxergamos isso. Está na hora de começar a mostrar essa atitude para o mundo, Rachel Berry.

Eu e Quinn olhamos para Blaine, embasbacadas. Ele soltou minhas mãos e tomou mais um pouco de meu capuccino.

- Que foi, bonitas? Posso ser profundo quando quero. – disse com um dar de ombros.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, observando a chuva que só fazia aumentar o típico caos de Manhattan.

- Rach precisa de uma intervenção. – soltou Blaine, de repente, batendo as mãos como uma criança. – Meninas, vamos fazer compras!

- Blaine, nem tudo é sobre aparência. A Rach precisa mudar de atitude, e nenhuma bolsa Chanel pode lhe trazer isso.

- Mas a bolsa Chanel pode me deixar bem feliz. – eu respondi prontamente, já pegando meu casaco que despencava inerte no minúsculo espaço vago ao meu lado. Se eu ia ter que mudar de atitude, precisava me dar um pequeno presente por isso.

Meu pequeno presente custou boa parte do meu salário, e nem foi uma bolsa Chanel. Eu precisaria vender meus órgãos no mercado negro para pagar pela bolsa Chanel. Meu presente foi um vestido maravilhoso: preto, colado ao corpo, com um corte sexy que evidenciava meus seios e me deixava gostosa sem parecer vulgar. Era lindo, e eu estava morrendo para usá-lo. Mas haviam dois pequenos problemas: Blaine me fez prometer que eu só usaria esse vestido quando estivesse saindo com um homem real – com defeitos que eu reconhecesse e aceitasse. O vestido seria a minha recompensa por ser uma boa menina. O segundo problema é que, por ter comprado o vestido, eu não poderia gastar mais nem um centavo do meu suado salário em minhas amadas coisinhas supérfluas.

Após um banho quente na minha velha banheira, me sentei na cama com o meu caderno de finanças na mão observando interessada um pequeno padrão em minhas compras: eu comprava enlouquecidamente toda vez que terminava com alguém. Me sentindo o próprio Freud, conclui que eu comprava com a intenção de preencher o vazio que os homens deixavam em minha vida toda vez que iam embora.

Me joguei na cama, bufando. Eu realmente precisava aprender a viver sem os homens. Ou ficaria pobre.


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Notas finais do capítulo

Guys, logo a história dá sua reviravolta ok? Só queria apresentar vocês para a Rachel e a situação dela. E sabem, review é amor *-* haha