Após o banquete, acompanhamos os monitores até as masmorras, onde ficava o salão comunal da Sonserina. Entramos, o salão era escuro, iluminado apenas por pequenas lanternas verdes.

 Lucius, que era monitor-chefe nos indicou onde eram os dormitórios das meninas. Subi e não perguntei o nome das minhas companheiras, estava esgotada. Eu e Sev não nos falamos durante o banquete. Estávamos famintos. Além de que ele não parecia muito confortável. Não tirava os olhos da mesa da Grifinória. Lily tinha ficado bastante incomodada com a presença de Potter. Nem tocou na comida(mas também, quem comeria qualquer coisa com alguém vomitando lesmas do seu lado?!).

Estava deitada, dava pra ver a janela da minha cama. Fiquei observando as estrelas, minha mente vagueava pelo infinito, ora num pensamento, ora em outro, e quando dei por mim, estava acordando de manhã. Fui cuidar da minha higiene e , quando voltei ao quarto, minhas duas companheiras despertavam. Perguntei o nome delas:

—Charlote Cromwell, pode me chamar de Charlie. Era uma garota com cabelos muito pretos e olhos cinza. Sua pele era levemente corada, e tinha uma boca realmente muito grande. Era alta, e andava como se estivesse sempre em um desfile, parecia ser muito inteligente, olhava tudo com muita atenção.

—Narcisa Black, Ciça. É um prazer conhecê-las. - essa era muito mais alta, devia estar no sexto ano, mais ou menos. Loira, magra, olhos azuis. Devia ser uma boa pessoa, mas era muito arrogante, como todo Black. A sua família era muito conhecida no mundo bruxo, não me lembro de por que, mas era. Talvez eu já tivesse a visto em alguma festa da alta sociedade bruxa que eu era obrigada a frequentar. Meu pai havia feito muitas descobertas no campo das poções, e por isso, nossa família sempre era convidada para festas e bailes.

—Prazer, Elizabeth Russel. — Elas sorriram e foram se arrumar. Desci para o salão comunal. Cheguei perto à lareira, e vi Sev. Parecia que estava ali há horas. Me sentei ao lado dele. Sorri, e ele sorriu de volta.

Ficamos um tempo em silêncio, e de repente, ele falou:

—Liza, por que você me salvou ontem? Eu mal te conheço. E você vai acabar com problemas por enfeitiçar Potter.

—Ora, Sev, pensei que fossemos amigos?! Aquilo me deixou furiosa, então lancei o primeiro feitiço que me veio à cabeça. Quando vi que você estava se afogando, não pensei duas vezes e pulei pra te ajudar. Você e Lílian são meus únicos amigos, e eu não vou deixar que qualquer garotinho mimado faça nada a vocês.  Meu pai sempre me disse para colocar os amigos acima de qualquer coisa. Você precisa saber que pode contar comigo sempre que precisar.

Dei um sorriso bobo e ele me abraçou. Quando dei por mim, ele estava soluçando.

                —Eu não sei como te agradecer— Chorava muito e eu não resisti e acabei chorando também. Eu não fazia a menor ideia de por que a gente estava chorando, mas ficamos ali. Quando nos soltamos eu olhei pra cara dele, ele olhou pra minha cara e começamos a rir freneticamente. O rosto dele estava inchado, o nariz e os olhos muito vermelhos, que faziam se destacar ainda mais. Ficamos um bom tempo parados no salão comunal, até nossos olhos votarem ao normal e descemos até o salão principal.

PoV. Severus Snape.

Fui me deitar muito rápido após o banquete. Estava cansado por tudo que havia acontecido naquela noite. Lily tinha ido para a Grifinória, junto com Black e Potter, sendo que o último tinha me jogado no lago. O mais estranho foi Liza ter pulado para me salvar. Eu mal a conhecia, mas pelo visto, íamos ser grandes amigos. Adormeci depressa pensando nessas coisas.

                No outro dia, me levantei bem cedo e fui para o salão comunal, fiquei lá mais ou menos uma hora. Até que ela desceu as escadas e parou na minha frente. Vestia o uniforme e estava com um grande rabo-de-cavalo, extremamente apertado.

—Liza, por que você me salvou ontem? Eu mal te conheço. E você vai acabar com problemas por enfeitiçar Potter. —Aquilo me intrigara a noite inteira.

—Ora, Sev, pensei que fossemos amigos?! —Ela me olhava com perplexidade e ao mesmo tempo serenidade—Aquilo me deixou furiosa—continuava— “Então lancei o primeiro feitiço que me veio à cabeça. Quando vi que você estava se afogando, não pensei duas vezes e pulei pra te ajudar. Você e Lílian são meus únicos amigos, e eu não vou deixar que qualquer garotinho mimado faça nada a vocês. Meu pai sempre me disse para colocar os amigos acima de qualquer coisa. Você precisa saber que pode contar comigo sempre que precisar.”.

Ela me deu um sorriso e eu a abracei. Essa garota que eu só tinha visto duas vezes me salvou. Ela me chamou de amigo. Desde Lílian, ela era a primeira pessoa que parecia realmente se importar comigo. Minha mãe estava sempre muito ocupada, ora cuidando de minha irmã, ora brigando com meu pai. Meu pai... Aquele trouxa ridículo e nojento. Não sei por que minha mãe insistia em ficar com ele. Era normal eu chegar em casa e vê-lo espancando minha mãe enquanto minha irmã ficava jogada num canto qualquer, violentada. Ao me ver, me insultava, me chamava de aberração e de tantas outras coisas, batia em mim também.

Quando vi Liza me dizendo aquelas palavras, me lembrei de tudo que eu já tinha passado, de como Lily me defendia e me abrigava quando fugia de casa. Nem me dei conta e me vi chorando nos ombros dela. Elizabeth me dava conforto e a sensação de finalmente estar em “casa”.

Aquele abraço tinha durado uma eternidade, e mesmo assim, fora tão breve. Quando nos soltamos, nos olhamos e começamos a rir.  Só agora eu reparava que o cabelo e a cor dos olhos dela pareciam mudar com as emoções. Quando estávamos abraçados ele estava mais claro, caminhando para o branco, e agora estava mais vivo do que nunca, as pontas rosa tinham aumentado de tamanho e os olhos violeta estavam num tom muito mais vivo.

Pov. Elizabeth

Fomos até o salão principal para tomarmos o café da manhã. Lily já estava na mesa da Grifinória. Tentava tomar o mingau, mas James já estava a enchendo, falando a respeito de como é bom ser Grifinório e de como os Sonserinos são inferiores.

Nos sentamos ao lado de Lucius e Ciça. Eles eram namorados e ele era monitor-chefe. Ficaram nos falando a respeito dos nossos professores. Nossa primeira aula era Poções, com o professor Slughorn, ele era o diretor da minha casa e os dois falaram muito bem dele.

Depois de satisfeitos fomos até a mesa da Grifinória cumprimentar Lílian, ela também já tinha acabado de comer e veio ao nosso encontro. Parecia muito cansada, deu um abraço em mim e em Sev ao mesmo tempo. Olhou pra nós como se pedisse socorro.

—Potter é um idiota. Não para de falar de “o quão incrível ele é e de quão incríveis são as aventuras e a família dele”.  Disse que vai aprontar todas esse ano. Têm o Sirius, que é um pouco menos idiota, mas muito mais orgulhoso. Tem também o Pedro, que não passa de um covarde imbecil – disse apontando para um menino pequeno, gordo ,com olhos aguados e acovardados – O melhor é o Remus Lupin, aquele ali, ó – Apontou para um menino de olhos cor de âmbar e cabelos castanhos muito desarrumados. Parecia meio frustrado, porém feliz. – Ele é bem divertido e inteligente, mas fica meio fascinado pelas aventuras de Potter.

— E as suas colegas de quarto? – perguntei querendo melhorar o astral.

—Bem, tem a Alice Morgan *, ela é muito legal! E Patrícia Cromwell é uma bruxa metida a sangue-puro que só sabe falar sobre os bruxos mais lindos da “A Feiticeira”.

—A irmã dela parece ser bem diferente. É melhor a gente ir se arrumar para as aulas. Estou ansiosa pra conhecer o professor Slughorn.

Acenamos e ela foi para a torre da Grifinória, enquanto nós descemos para as masmorras. Fui ao meu quarto, apanhei meus livros e desci para esperar Severus. Ele desceu logo em seguida. Fomos juntos à sala de Poções.