Coração Vago escrita por KatherineKissMe


Capítulo 41
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

EU NÃO TENHO EXPERIÊNCIA COM PARTOS, ENTÃO RELEVEM!



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"Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida"

Beatriz - Chico Buarque


–Ai meu Deus, minha filha vai nascer! –Ele disse em pânico.



–Vai sim. –Fatinha disse alegre.

–O que eu devo fazer? Ligar para o hospital? Pedir uma ambulância? –Ele se perguntava andando de um lado para o outro.

–Moreno, eu preciso que você foque em mim, ok?! –A loira pediu. –Eu já liguei para o hospital, e a doutora Raquel está lá. Não precisamos de ambulância porque a dor ainda está suportável. Eu vou tomar banho agora, você vai vestir roupa e depois descer com as malas.

–Vestir roupa e descer com as malas, certo. –Ele repetiu ainda atordoado.

Fatinha só entrou no banho quando teve certeza de que Bruno tinha compreendido o que ele deveria fazer. Dez minutos depois ela já estava encarando o guarda roupa à procura da roupa perfeita para o parto – como se a roupa fosse o mais importante.

–As malas já estão no carro. –Bruno apareceu.

A loira optou por um vestido solto e confortável, nos pés calçou uma rasterinha. Ela prendeu o cabelo, e passou uma maquiagem básica e à prova d’água.

–Amor, você está se maquiando para dar à luz? –O moreno perguntou incrédulo.

–Estou. Esse vai ser o momento mais importante da minha vida, e eu quero estar bem para as fotos. –Ela disse.

Bruno riu do raciocínio da namorada, mas não comentou mais nada. Cinco minutos depois eles já estavam no carro a caminho do hospital.

–Meu Deus! Nós precisamos avisar a família! –Ele lembrou de repente.

–Não, lembra-se do que a Katarina disse sobre o primeiro parto? Que mesmo tendo as primeiras contrações, é provável que a Bia vá nascer só horas depois? Não quero que todos fiquem horas na sala de espera, isso vai me incomodar. –Ela disse.

–Tudo bem. –Ele concordou.

Quando eles chegaram ao hospital, Fatinha já estava resmungando. A contração que tinha vindo estava mais forte. Eles conversaram com a recepcionista, e logo Raquel apareceu.

–E então, será que a Bia já está preparada para nascer? –Ela perguntou. –Vamos olhar a posição dessa gatinha, e como anda a dilatação, ok?!

O casal acompanhou a médica até a sala de ultrassonografia. O procedimento já era conhecido por eles, então rapidamente a imagem de já estava na tela.

–A Bia está na posição ideal. Só nos resta se o seu corpo também está se preparando. –A médica disse.

Raquel fez o exame de toque e constatou que a loira estava com um centímetro de dilatação. Seria necessário esperar mais um pouco. O intervalo entre as contrações era de oito minutos, e elas eram cada vez mais forte. A médica sugeriu que Fatinha caminhasse pelo hospital –enquanto conseguisse – para aumentar a dilatação.

Acompanhada do namorado, a loira começou a caminhada pelo hospital. A cada contração que vinha, ela precisava parar para recuperar o fôlego. Bruno, além de acompanhar a namorada, estava encarregado de preencher o formulário do hospital.

Duas horas depois, Bruno ainda não tinha terminado e Fatinha estava cada vez mais nervosa.

–Eu vou ligar para os meus pais. –Ele anunciou.

–Não! –Ela gritou. –Não quero ninguém aqui me pressionando! Já está doendo pra caralho, não preciso ficar mais tensa.

–Mas Fatinha... –Ele tentou argumentar.

–Eu não quero mais ninguém aqui, entendeu? –Ela disse lentamente.

–Tudo bem. –Ele concordou cada vez mais nervoso.

Logo uma enfermeira apareceu e os encaminhou a uma sala, onde Raquel checaria a dilatação da paciente. Antes de deixá-los, a mulher lembrou a Bruno que precisava do formulário o mais rápido possível.

A médica logo apareceu, e constatou que a loira estava com três centímetros e meio de dilatação.

–Vou encaminhar vocês para o quarto. Está quase na hora. –Ela disse. –Vocês já preencheram o formulário, certo?

–O Bruno está tentando fazer isso há horas. Raquel, que horas eu vou poder tomar a anestesia? –Fatinha perguntou.

–Eu preciso que você aguente só mais um pouquinho Fatinha. O intervalo entre as contrações está de seis em seis minutos certo?

–É, de seis em seis minutos uma parte de mim morre. –Ela disse.

–Bruno, o que falta ser preenchido no formulário? –Raquel perguntou ao moreno.

–Tudo. Eu não sei se dou atenção para a Fatinha, que parece estar bipolar, ou se preencho esse formulário. –Ele desabafou extremamente nervoso.

–Onde está a família para dar o apoio necessário? –A médica perguntou confusa.

–A Fatinha me proibiu de chamar alguém. –Bruno disse desesperado.

–Eu não preciso de mais gente me pressionando! –Ela disse emburrada.

–Bruno, você vai ligar para os seus pais imediatamente, e para os pais da Fatinha também. –A mulher ordenou.

–Raquel! –Protestou Fatinha.

–Fatinha, você precisa entender que esse é um momento único! A sua família quer estar aqui, não para te pressionar, e sim para te dar o apoio necessário. –Raquel disse. –Eu sei é você quem está carregando a Bia, mas você não é a única que está aguardando há meses. Seus pais sequer moram na cidade, eles precisam ser avisados agora caso eles queiram estar aqui quando a neta deles nascer.

A loira não respondeu.

–Bem, eu vou atrás do doutor César, o anestesista. Bruno, você já sabe o que fazer. –A médica disse deixando a sala.

Foi só a porta fechar para que Fatinha começasse a chorar.

–Eu não vou conseguir. –Ela disse desesperada.

Bruno se aproximou e a abraçou.

–Ei, minha loira, é claro que você vai conseguir. Eu estou aqui com você. –Ele disse. –Lembra-se de todas as aulas de parto que nós tivemos?

Ela balançou a cabeça concordando.

–Pois bem, então agora vamos fazer um daqueles exercícios de respiração da Katarina para nos acalmar?

Fatinha focou o olhar no namorado, e começou a respirar profundamente. Ela inspirava pelo nariz e exalava pela boca. Uma contração forte veio, fazendo com que ela perdesse o ritmo.

–Está doendo muito. –Ela choramingou.

–Eu sei que está doendo amor, mas é pela Bia. –Ele disse.

Ela respirou fundo.

–Tudo bem. Pela Bia. –Ela disse voltando a concentrar o olhar nele.

Ela ficou respirando lentamente por alguns minutos, e depois já estava mais relaxada.

–A nossa menininha vai nascer. –Ela disse com os olhos carregados de lágrimas, e um sorriso no rosto.

Bruno abraçou a namorada e riu.

–Agora vamos ligar para a nossa família? Tenho certeza que todos eles vão querer estar aqui quando a nossa princesa chegar ao mundo. –Ele disse.

–Me dá o meu telefone. Eu ligo pros meus pais, e você liga pros seus. –Ela disse.

Bruno entregou o celular para a loira, e se afastou para ligar para os pais. Ju atendeu no terceiro toque.

–Quem é você, e por que me liga tão cedo em um domingo? –Ela disse.

–Nossa Ju, isso é jeito de tratar o seu irmão? –Bruno riu.

–Bruno, que merda! O que você está fazendo acordado tão cedo? Não deve ter nem duas horas que nós saímos da festa. –Ela reclamou.

–Na verdade, já faz quase cinco horas que nós deixamos a festa. –Ele disse.

–Foda-se, espero que tenha um bom motivo para me acordar.

–Bom, não sei se você considera isso um bom motivo, mas a sua afilhada vai nascer. –Ele brincou.

–An? Oi? Acho que eu não ouvi direito. Repete, por favor?

–Maninha, eu e a minha loira saímos da festa para o hospital. A Beatriz pode nascer a qualquer momento.

A it-girl deu um berro do outro lado da linha, e ele teve que afastar o telefone do ouvido.

–Ai meu Deus! Ai meu Deus! –Ela estava surtada.

–Ju! –Bruno precisou gritar para que a sua irmã ouvisse. –Avisa os nossos pais, por favor? A Fatinha está conversando com os pais dela.

–Aviso sim. Vou aproveitar e mandar uma mensagem para toda a minha agenda telefônica. –Ela disse empolgada.

–Beleza. Eu e a Fatinha avisamos o Nélio e a Marcela, ok?!

–Certo. Daqui a pouco eu chego aí. –Ela disse.

Ele desligou o telefone escutando a irmã cantarolar “a Bia vai nascer”.

–Pronto, já falei com a Ju. –Ele disse.

–Meus pais já estão a caminho. Minha mãe quase me bateu quando eu disse que já estava no hospital há horas. –Ela riu.

–Bom, agora só faltam os outros padrinhos. –Ele disse.

–Liga pro Nélio, que eu ligo para a Marcela. –Ela pediu.

E assim foi feito. Logo Fatinha foi transferida para o quarto onde ela ficaria após o parto, e Bruno foi para a recepção terminar o formulário.

Felizmente Olavo e Marta apareceram. Atrás deles vinha Ju, saltitando.

–Onde está a Fatinha? –A it-girl perguntou.

–No quarto.

–E por que você não está com ela? –Foi a vez de Marta perguntar.

–Preciso preencher esse formulário.

–E por que diabos vocês não ligaram logo que vieram para cá? –A it-girl perguntou, brava.

–Longa história, depois eu conto para vocês, pode ser? –Ele pediu.

–Filho, só assina o final do formulário e deixa os seus documentos e o da Fatinha comigo. Eu preencho essa papelada. –Olavo se pronunciou finalmente. –Agora vai lá porque a Fatinha deve estar precisando de você.

Quando ele chegou ao quarto, acompanhado da mãe e da irmã, Fatinha conversava com Raquel e o doutor César.

–Ou você faz essa dor passar logo, ou a Beatriz vai continuar aqui dentro. –Ela ameaçou o anestesista.

–Está tudo bem, amor? –Bruno perguntou.

–Vai ficar tudo ótimo quando essa dor passar. –Ela disse.

–Eu preciso que você aguente mais um pouquinho Maria. –O anestesista disse. –O ideal é que você já esteja na sala de parto quando eu ministrar a anestesia.

–Então vamos para lá agora. –Ela disse decidida.

–Fatinha, mais dez minutos, por favor? –Raquel pediu.

–Tudo bem. –Ela cedeu. –É o tempo que os meus pais precisam para chegar aqui.

Logo outra contração veio, e ela barra da cama com força.

Os médicos saíram para os preparativos finais, deixando a paciente com a família.

–Está doendo muito? –Ju perguntou.

–Nada, só parece que tem alguém te esfaqueando várias vezes em um curto intervalo de tempo. A cada contração, um órgão meu vai à falência. –A loira exagerou.

–Nem é pra tanto Fatinha. Duas horas depois de dar a luz ao Bruno, eu já nem me lembrava da dor. O parto da Ju foi mais tranquilo ainda. –Marta disse.

–O que você disse só seria confortante caso já tivesse passado duas horas do parto, ou se eu estivesse no meu segundo filho... –Ela parou de falar para mais uma contração. –Porra!

Enfermeiros apareceram para levá-la até a sala de parto, o que a fez com que ela ficasse nervosa. Bruno a ajudou a se acalmar, usando a técnica da respiração novamente.

Quando eles já estavam no corredor, Adolfo e Vilma apareceram. Eles conseguiram fazer um percurso de uma hora em trinta minutos. Fatinha não queria pensar nas multas que eles provavelmente receberiam.

–A Bia vai nascer. –Ela disse nervosa.

–Não se preocupe filha, você vai conseguir. –A mãe disse.

–Nós estamos aqui com você. –Disse o pai.

Além deles, estavam no corredor os padrinhos, e alguns amigos. Eles souberam que os outros foram obrigados a esperar do lado de fora do hospital.

–Torçam por nós. –Fatinha pediu, sendo levada para a sala de parto com o namorado.

Lá dentro estava uma equipe. Ela foi transferida para a maca, e ligada a vários aparelhos.

–A dilatação aumentou muito nesses últimos minutos. Vamos precisar usar a anestesia raquidiana.-O doutor César disse.

Fatinha precisou ficar em uma posição desconfortável por alguns minutos enquanto a anestesia era aplicada, mas ela não se incomodou muito porque já não sentia mais dores.

–Está tudo bem, minha loira? –Bruno perguntou.

–Agora sim. –Ela respondeu e apertou a mão dele.

–Fatinha, eu preciso da sua total atenção agora. –Raquel pediu. –Com a anestesia você não vai sentir as contrações, então eu preciso que você empurre quanto eu mandar, ok?!

–Ok. –Ela concordou.

–Ótimo, a dilatação já é o suficiente. Vamos trazer a Beatriz ao mundo. –A médica disse. –Um, dois, três: empurra!

A loira obedeceu fazendo força.

–Mais uma vez. –A médica disse. –Um, dois, três: empurra!

Fatinha obedeceu, apertando a mão de Bruno também.

–Já estou vendo boa parte da cebecinha dela. Pelo visto os cabelos ela puxou do pai. –A médica disse. –De novo. Um, dois, três: empurra!

Ela empurrou com mais força.

–A cabecinha já saiu. Estamos quase lá. –Raquel falou. –Um, dois, três: empurra!

A loira usou o máximo de força que conseguiu, urrando.

Raquel ajudou, e a logo um choro forte invadiu o ambiente. A pediatra pegou a menina, para os procedimentos de retirada do líquido dos orifícios nasais, e da boca.

O cordão umbilical foi cortado, e a menina que ainda chorava foi levada até os pais.

A pediatra colocou a recém-nascida no colo da mãe, que a essa altura chorava loucamente, assim como o pai.

Beatriz se acalmou com o calor da mãe e parou de chorar.

–Ela é a sua cara. –Fatinha disse para o moreno.

Os traços de Bia eram uma versão mais delicada dos traços do pai, e a menina tinha cabelos negros abundantes. Ela só parecia com a mãe no tom de pele branquinho, que no momento estava rosado.

A placenta foi retirada, mas a loira praticamente não percebeu, de tão maravilhada que ela estava com a filha.

Bruno fez carinho na menina, que abriu os olhos claros e segurou o seu dedo mindinho.

–Bem vinda ao mundo Beatriz. –O moreno disse.

–Você não sabe o quanto nós esperamos por você. –Fatinha completou.

Ambos estavam com os olhos cheios de lágrimas, e carregavam um sorriso bobo nos lábios.

Eles eram pais.


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Notas finais do capítulo

Então amores, o que acharam?
Preparem o psicológico porque a fic está nos últimos suspiros. Mas vou postar o primeiro capítulo do anexo em seguida, então não é preciso desespero.
COMENTEEEEEEEEEEEEEEM!