Coração Vago escrita por KatherineKissMe


Capítulo 28
Capítulo 27




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"Love is patient, love is kind
It does not envy, it does not boast
It is not proud
Love is not rude, it is not self-seeking
It is not easily angered, it keeps no record of wrongs
You see love does not delight in evil
But rejoices with the truth
It always protects, always trusts,
Always hopes, it always perseveres
Love never fails
Love is everlasting
It's eternal, it goes on and on, it goes beyond time
Love is the only thing that will last when you die
But ask the question why?
Do you have love?"

Love - Bruno Mars

Novembro de 2010

–Oi Maria.

Era Francisco que cumprimentava a irmã. Ele havia chegado em casa mais cedo que o normal, o que deixou a garota preocupada.

–Oi Franz, aconteceu alguma coisa na escola? Por que você voltou mais cedo?

–Eu não estava me sentindo muito bem, aí ligaram para a mamãe me buscar. –Ele respondeu dando os ombros.

–O que você está sentindo? –A garota perguntou preocupada, colocando a mão na testa de Francisco para sentir a temperatura.

–Eu estou cansado.

–Mas é só cansaço mesmo? Você não está sentindo nada além disso? –Ela insistiu.

–É só isso mesmo. –Ele respondeu indo para o quarto.

Duas semanas depois Francisco voltou da escola mais cedo novamente. Dessa vez o nariz dele havia sangrado. Maria de Fátima ficou preocupada, mas a mãe garantiu que era somente um vaso que havia rompido.

Dezembro de 2010

–Oi mãe! –A garota a cumprimentou assim que chegou em casa. –Estou oficialmente de férias, e com muita fome.

–Oi querida, o almoço já está servido. –Vilma respondeu sorrindo.

A garota se sentou a mesa e logo estava comendo. No meio da refeição ela reparou na mochila do Coringa jogada no sofá da sala.

–O Franz não foi para a aula? –Ela perguntou intrigada.

–Não. –Vilma disse simplesmente.

–Por que ele não foi à aula? Hoje é o último dia, o melhor de todos. –A loira perguntou preocupada. –Ele está passando mal não é?

Antes que a mãe pudesse responder, Maria de Fátima deixou o prato de comida de lado e foi para o quarto do irmão.

–Ele só está um pouco febril minha filha. Logo passa, não há necessidade de ficar preocupada.

Ignorando o que a mãe falava, a garota entrou no quarto do irmão e o encontrou dormindo enrolado em um cobertor. Ela se aproximou lentamente da cama, e percebeu que ele suava. Inicialmente ela ficou aliviada, pois o suor geralmente ocorre quando a febre está cedendo, no entanto ao tocá-lo ela sentiu o quão quente ele estava.

–Maria? –O garoto havia acordado com o toque.

–Oi Franz, está se sentindo melhor? –Ela perguntou fazendo carinho no cabelo dele.

–Você sabe que eu odeio esse apelido. –O garoto resmungou. –Estou com sede.

–Eu vou buscar um copo d’água para você, e quando eu voltar você vai me contar direitinho o que está sentindo, tá?

A garota saiu do quarto e foi até a cozinha, seguida pela mãe.

–É só uma febre passageira, eu já dei o remédio a ele. –Vilma disse.

–Mãe, essa não é a primeira e nem a segunda vez que ele passa mal. Nós temos que levá-lo a um médico, ele está ardendo em febre e transpirando muito.

–É exagero ir ao médico só por causa da febre.

–Será que a senhora pode por um segundo parar de ignorar a realidade? –Maria disse, assustando a mãe pelo tom de voz. –O Franz precisa de um médico e é agora.

–Eu vou ligar para o seu pai. –Vilma resmungou saindo do cômodo.

Maria voltou para o quarto do irmão levando o copo de água. Era a primeira vez que ela se impunha diante da mãe, e se fosse por Francisco ela repetiria o ato quantas vezes fossem necessárias. Era mais do que proteção de irmã, chegava quase a proteção materna.

Na semana seguinte eles estavam no Hospital Infantil do Rio de Janeiro. O médico que os havia atendido em Carambolas havia pedido um hemograma, depois que o resultado foi entregue a ele Francisco foi encaminhado para o outro hospital.

–Ele tem leucemia. –A médica disse aos pais.

–Você tem certeza? –Adolfo perguntou.

Embora a médica, Dra. Karine, fosse muito simpática, ela parecia ser nova demais para estar em um cargo de tamanha importância.

–Infelizmente é o que todos os sintomas indicam. O hemograma mostra uma quantidade excessiva de células aparentemente maduras, o que é um dos principais indicativos da leucemia. No entanto, para a confirmação e para saber qual o tipo de leucemia o Francisco tem, vou pedir um mielograma.

Enquanto a médica explicava mais sobre o exame, Maria foi até a brinquedoteca onde o irmão estava.

–Maria! Vem aqui e diz de quem é o desenho mais bonito. –Francisco a chamou assim que a viu.

–Eu sou o Matheus, quem é você? –O menino que estava ao lado do irmão dela perguntou.

–Meu nome é Maria de Fátima, e eu sou irmã do Francisco. –Ela se apresentou, sentando ao lado deles.

–Ah, então não vale! Ela é sua irmã e vai dar preferência para você! –Matheus acusou.

–Na verdade, eu não vou dar preferência para ninguém, porque eu vou fazer um desenho mais bonito ainda. –A garota disse começando a colorir.

Os três ficaram colorindo por algum tempo até que os pais deles chegaram acompanhados da médica.

–Francisco, será que nós podemos conversar com você? –A doutora perguntou.

O menino olhou inseguro para a irmã, e ela pegou a mão dele dando apoio.

–Pode. –Ele respondeu baixinho.

Maria foi com o irmão até o consultório da médica, sendo seguida pelos pais.

–Nós não fomos oficialmente apresentados, meu nome é Karine, e eu sou uma das médicas desse hospital. –A mulher disse sorrindo.

Francisco achou graça no comportamento da médica, de maneira nenhuma ela encaixava no perfil que ele havia traçado para doutores.

–Meu nome é Francisco, mas disso você já sabe. Eu sou o segundo melhor aluno do quinto ano do Colégio Jesuíta de Carambolas.

–O menino que está em primeiro lugar é filho do diretor, então não conta. –Maria disse, em favor do irmão.

–Nossa! Tenho um gênio na minha sala e não sabia. Eu não fiquei em primeiro lugar no quinto ano.

–Segundo. –O garoto a corrigiu.

–Eu também não considero o filho do diretor. –A médica cochichou.

Francisco riu.

–Então, o que eu tenho? –Perguntou o menino adquirindo uma maturidade repentina.

–Era exatamente sobre isso que eu queria falar com você pequeno gênio. Eu preciso que você faça outro exame.

–Tudo bem. –Ele concordou.

–Só que esse exame é um pouco diferente. Nós vamos tirar um pouquinho de uma coisa que você tem na coluna, chamada de medula óssea.

–E isso vai doer?

–Nem um pouquinho. Nós vamos te dar um remedinho e você não vai sentir nada.

Francisco olhou para a irmã buscando apoio, e ela respondeu apertando um pouco mais a mão dele.

–Vai dar tudo certo Franz. –Ela disse.

–Tudo bem. Eu tenho que fazer o exame agora? –Ele perguntou.

–Não, nós vamos marcá-lo para amanhã, tudo bem para você?

Ele confirmou com um aceno.

–Então nos vemos amanhã. –A doutora disse estendendo a mão para o garoto.

–Até amanhã.

Maria de Fátima saiu com o irmão, deixando os pais resolvendo os detalhes do exame.

–Maria? –Francisco a chamou.

–Diga pequeno gênio. –Ela brincou usando o apelido dado pela médica.

O menino fez uma careta, mas logo ficou sério.

–Você vai vir comigo amanhã, não é? –Ele perguntou.

–É claro Franz, você sabe como eu sou uma irmã chata, superprotetora e grudenta. –Ela respondeu apertando as bochechas do garoto.

–Bom mesmo. –Ele respondeu a abraçando de lado.

Quatro dias depois o resultado do exame havia saído. Francisco tinha leucemia aguda e o tratamento deveria começar imediatamente.

–Francisco você está doente, mas não precisa se preocupar porque no final tudo vai dar certo. –Maria disse ao irmão, contendo todas as lágrimas que ela tinha vontade de derramar.

–Não! –Fatinha sussurrou torturada.

Ela não conseguia controlar as lágrimas. Todas as memórias daqueles meses terríveis no hospital haviam voltado. A descoberta da doença, a quimioterapia, a piora, a doação da medula e no fim... Nada pode salvá-lo.

Os soluços foram aos poucos ficando mais baixos, e o choro parecia diminuir. Assim Fatinha adormeceu.

(...)

Bruno chegou em casa um pouco mais tarde que o normal graças a um acidente que havia parado o trânsito por quase uma hora.

Foi com surpresa que ele encontrou o apartamento silencioso. Não havia barulho da TV, ou de uma música tocando, e nem o cheio do jantar sendo preparado. Nenhuma luz estava acesa, mas não havia nenhum bilhete avisando sobre uma possível saída de Fatinha.

Bruno foi até o quarto da loira para ver se lá encontrava alguma pista de onde ela poderia estar. O cômodo estava todo escuro, mas quando ele ia acender a luz viu a silhueta da garota, toda enrolada na cama. O rapaz já estava saindo do quarto quando ouviu um barulho.

–Fatinha? –Ele sussurrou querendo confirmar se ela estava dormindo.

A única resposta que ele teve foi um gemido baixo.

Bruno se aproximou da cama e percebeu que a loira estava dormindo. No entanto, grossas lágrimas escapavam dos olhos fechados.

Maria abraçou o irmão com força, implorando a Deus que trocasse a saúde de Francisco pela dela.

–Maria, promete que você não vai se esquecer de mim? –O menino perguntou com a voz fraca, tentando retribuir o abraço da irmã com a mesma intensidade.

–Nunca, nunca, nunca. Franz, o que eu vou fazer sem você? –Ela perguntou aos prantos.

–Você vai ficar bem. Você é mais forte do que pensa.

–Mas eu não quero... –Ela começou a dizer, mas foi interrompida pelo irmão.

–Eu vou ficar bem. Você me disse isso há alguns meses e é a mais pura verdade. Eu vou ficar bem.

–Você vai. Nós vamos sair desse hospital, e ir até um parque de diversões. Dessa vez nós vamos andar em todos os brinquedos, inclusive os de terror, eu prometo. Depois nós vamos a uma livraria comprar todos os livros que a mamãe nos proibiu de ler, e tomar muito sorvete. –Maria disse tentando manter a esperança.

–Eu te amo muito. Nunca se esqueça disso. –Francisco disse. –Maria?

–Oi.

–Você se importa se eu dormir um pouquinho? Estou com muito sono. –Ele falou.

–É claro que não. Bons sonhos, Franz. –Ela desejou tentando controlar o choro.

–Acho que eu posso me acostumar com esse apelido. –Francisco murmurou antes de dormir.

Logo depois Adolfo e Vilma chegaram. Duas horas mais tarde foi anunciado que o garoto não havia resistido.

–Fatinha. –Bruno chamava a loira, que não acordava. –Fatinha!

Quando o moreno estava a ponto de ligar para Raquel, a garota acordou.

–Fatinha, o que aconteceu? –Ele perguntou.

Fatinha abraçou o rapaz e continuou a chorar. Bruno fazia carinhos no cabelo dela em uma tentativa de acalmá-la. O moreno estava realmente preocupado.

–Me diz que não é verdade. –A loira pediu.

–O que está acontecendo Fatinha?

A garota não conseguiu responder. Tudo o que ela fazia era chorar. Fatinha apenas pegou o caderno azul e entregou para Bruno.

–O que é isso? –Ele perguntou.

–Eu me lembrei. –A loira disse entre soluços.

–Você se lembrou de quê? De tudo? –Perguntou o moreno preocupado.

–Não. –Fatinha fez uma pausa para limpar algumas lágrimas que insistiam em descer. –Eu me lembrei de... Eu queria que essas memórias ficassem para sempre enterradas.

Bruno abriu o caderno e viu a foto na primeira página.

–É você e o seu irmão? –Ele perguntou.

Fatinha assentiu tentando controlar as lágrimas.

O moreno mudou de página e logo encontrou o texto do Francisco. Depois de uma leitura rápida ele entendeu o que havia acontecido.

–Ele... Ele morreu. –Declarou a garota voltando a chorar com tudo.

Bruno a abraçou com força, tentando confortá-la. Ele nunca havia passado por uma situação como essa e não sabia muito bem o que fazer.

Depois de vários minutos com ela chorando, o rapaz resolveu tomar uma atitude.

–Fatinha, você comeu alguma coisa?

–Mais cedo eu comi, antes de... –Ela respondeu tentando se controlar.

–Vamos fazer o seguinte: eu vou preparar o jantar, enquanto você toma banho. Tenho certeza que alguns minutos no chuveiro fará bem para você. Pense na Bia, não é nada bom para ela que você fique assim.

Fatinha concordou e juntou todas as forças que tinha para ir até o banheiro. Ao se olhar no espelho, ela encontrou os olhos inchados e os cabelos desgrenhados. Ela estava péssima.

Tentando não pensar no que ela havia lembrado, a garota tomou banho. Algumas lágrimas ocasionais escapavam, mas ela tentava se controlar pela Bia.

Já na cozinha Bruno fazia a macarronada dele. Ele esperava que a comida abrisse o apetite da loira. Enquanto o macarrão escorria, e o tomate refogava, Bruno pegou o telefone e decidiu ligar para Raquel.

–Alô? –Quem atendeu o telefone foi Tatá.

–Tatá, aqui é o Bruno. A sua mãe está?

–Está sim Bruno. Só me dê um segundo para chamá-la. –A menina pediu.

Depois de alguns instantes a médica estava na linha.

–Oi Bruno, aconteceu alguma coisa?

–Na verdade aconteceu sim. A Fatinha encontrou um caderno que a fez lembrar-se de umas memórias ruins, já faz horas que ela está chorando sem parar. Só agora eu consegui que ela se controlasse um pouco e fosse tomar um banho.

–Do que ela se lembrou?

–Do Francisco. Acho que você sabe o que aconteceu com ele.

–É, eu já sabia. Eu vou dar uma passada aí para conversar com a Fatinha.

–Raquel, eu acho melhor não. Tenho certeza de que ela não vai querer ver ninguém hoje.

–Eu entendo.

–Tem algum remédio ou chá que ela possa tomar? Do contrário, eu tenho certeza que ela não vai conseguir dormir.

Na verdade tem sim. Procura na caixinha de remédios dela um remédio que eu receitei para enjoos, você sabe qual é?

–Sei sim.

A função original dele não é a de calmante, mas um dos efeitos colaterais é o sono. É mais fácil do que ir até a farmácia comprar o medicamento adequado.

–Certo.

Bruno, por favor, não a deixe sozinha enquanto ela estiver mal. Qualquer coisa me ligue, ok?

–Ok. Raquel, obrigado por tudo.

Por nada. Boa noite Bruno.

–Boa noite.

Enquanto Bruno conversava com a médica, ele havia continuado a preparar o molho do macarrão. Agora só faltavam os toques finais.

Quando Fatinha saiu do banho, ela ainda parecia mal, mas pelo menos não chorava mais.

–Hm, acabei de perceber que eu estou morrendo de fome. –Ela disse.

–Eu já imaginava. A macarronada está pronta.

Fatinha serviu o seu prato e comeu com gosto. Ela estava realmente com fome, chegando a repetir. Nenhum dos dois falou nada, eles apenas comiam.

Depois de terem jantado, os dois lavaram a louça. Bruno foi tomar um banho rápido enquanto Fatinha se preparava para dormir.

Quando o moreno entrou no quarto dela, a loira estava deitada olhando para o teto.

–Fatinha, eu acho que você deveria tomar aquele remédio para enjoo. –Ele disse.

A garota se levantou e tomou o remédio sem protestar. Logo depois ela foi ao banheiro escovar os dentes, e voltou para a cama.

–Eu vou avisar a Ju que você não vai à aula amanhã. –O moreno disse se deitando ao lado dela.

–Tudo bem.

–Maninha, a Fatinha não vai à aula amanhã. Depois eu te explico o que está acontecendo, mas, por favor, evite qualquer visita. Beijos. –Ele enviou a mensagem para a irmã.

A resposta veio depois de alguns segundos.

–Estou ficando preocupada, mas vou respeitar o que você disse. Depois me liga para explicar o que está acontecendo. Beijos!

Bruno apagou a luz do quarto e puxou Fatinha para perto dele. A loira descansou a cabeça sobre o peitoral dele e logo dormiu.

No entanto a noite foi longa e não tão produtiva. Embora Fatinha tivesse tomado o remédio, ela acordou assustada várias vezes durante a noite.

Pela manhã Bruno acordou primeiro, e foi tomar banho enquanto a loira dormia. Ele também preparou o café da manhã, e ela logo acordou.

–Você está se sentindo melhor? –O moreno perguntou.

–Eu vou ficar bem. –Ela respondeu simplesmente.

Eles tomaram o café da manhã juntos e depois Fatinha foi tomar banho. Bruno aproveitou a ida da garota até o chuveiro para esconder o caderno azul. Não seria nem um pouco saudável para ela ficar encarando aquele caderno todos os dias.

A manhã passou rapidamente, e quando eles almoçavam Fatinha disse que iria para o Hostel. Bruno insistiu que se ela não estivesse bem para ir, era só ligar para o Michel, mas ela respondeu que estava tudo bem.

O rapaz não podia fazer nada, então concordou. Assim que a loira saiu para o trabalho, ele ligou para Ju explicando tudo o que havia acontecido. A menina ficou arrasada, mas concordou que Fatinha precisava de um tempo para colocar as ideias em ordem.

Depois disso, Bruno foi para o estágio. Havia muita coisa a ser feita, e como ele estava no final do período e prestes a ser efetivado, não havia tempo a ser desperdiçado.

Fatinha se esforçou para trabalhar como se nada houvesse acontecido, mas os hóspedes perceberam que a loira estava para baixo. Michel chegou a perguntar se ela estava se sentindo bem, mas ela disse que não era nada demais.

Antes de voltar para casa ela passou no mercado. Havia decidido fazer bobó de camarão na abóbora moranga e precisava dos ingredientes. Nada melhor do que a cozinha para esvaziar a mente.

Ela colocou a abóbora para assar, e foi tomar banho. Quando voltou começou a preparar o bobó.

Bruno chegou em casa e sentiu o cheiro delicioso que havia no ambiente.

–Hm, camarão. –Ele disse.

Ele encontrou Fatinha na cozinha e foi logo a enchendo de beijos.

–Que delícia, camarão na moranga? Hm, quer casar comigo?

Fatinha bateu nele com o pano de prato.

–Para de ser bobo e vai tomar banho. O jantar está quase pronto e eu estou com muita fome.

O rapaz obedeceu sem pestanejar. Fatinha então começou a preparar a sobremesa: churros. Não combina nem um pouco com o bobó de camarão, mas ela estava com vontade de comer.

–Nossa, mudei de ideia Fatinha. Casa comigo agora? Agora não, depois do jantar. –Disse Bruno quando voltou à cozinha de banho tomado.

–Engraçadinho você ein?! Faz o favor de arrumar a mesa, enquanto eu termino os churros.

–Sim senhora.

Quando Fatinha estava recheando o churros percebeu uma coisa.

–Bruno, eu acho que fiz muita comida. –Ela disse.

–Você acha? Eu tenho certeza.

–Vou resolver esse problema agora mesmo. –A loira disse pegando o telefone.

–Bobó de camarão na abóbora moranga sendo servido na minha casa agora. Em dez minutos estarei comendo, então andem rápido! –Fatinha enviou a mensagem para Ju, Lia, Vitor, Gil, Nélio e Rasta.

–Problema resolvido. –Ela disse. –Me ajuda a pegar mais seis pratos.

Bruno obedeceu sem questionar. Ele estava feliz por Fatinha querer se rodear dos amigos agora.

Os quatro alunos do Quadrante foram os primeiros a chegar.

–Nossa, vocês combinaram de chegarem juntos? –Bruno perguntou.

–Na verdade nós estávamos na casa do Gil. A Marcela saiu com o Lorenzo e a gente estava brigando para decidir o sabor da pizza que nós íamos comer. –Lia explicou.

–Bobó de camarão? Cunhada e maninho: quero morar com vocês! –Ju disse.

–Ih, nem vem. O apartamento é pequeno demais para quatro pessoas. –Bruno disse.

–Você está contando com um bebê que ainda nem nasceu? Chato. –A it-girl resmungou.

–Que tal pararmos com a discussão e comer logo? Eu estou morrendo de fome e sou apaixonada por camarão. –Lia interrompeu a briga.

–Calma aí, falta o Rasta e o Nélio. –Bruno falou.

–Ainda não deu dez minutos? –Gil perguntou, também sendo seduzido pelo cheiro que impregnava o ar.

–Não, faltam três minutos. –Fatinha disse. –Que tal todos vocês irem lavar as mãos então?

–Tudo bem mamãe. –Vitor disse.

Enquanto os quatro brigavam no banheiro como crianças, Nélio chegou esbaforido.

–Nossa, corri demais! –Ele disse arfando.

–Isso é que é fome. –Bruno riu do amigo.

–Cadê o Rasta? –A loira questionou.

–Ah, ficou lá embaixo esperando o elevador. –Nélio respondeu indo até a geladeira pegar um copo de água.

–Mas é folgado mesmo! Já chega abrindo a geladeira. –Bruno fingiu indignação.

–Ah, eu estou em casa. –O rapaz respondeu sorrindo.

–Cheguei! –Rasta anunciou com um sorriso.

–Nélio e Rasta, agora no banheiro lavando as mãos. Rápido porque eu estou com fome. –Ju ordenou saindo do banheiro.

Os dois correram para o banheiro e quando voltaram todos já estavam na mesa.

–Atacar! –Fatinha gritou e foi exatamente o que eles fizeram.

A confusão foi enorme, mas todos conseguiram se servir.

–Fatinha, não sabia que você cozinhava tão bem assim. Um ponto a menos pra você Lia. –Vitor disse.

–Ei! Desde quando existe uma competição entre eu e a Fatinha? –Lia perguntou indignada, entrando na brincadeira.

–Desde sempre, você que não havia percebido. –Vitor sorriu.

–Eu tenho que concordar com você Vitor. Ju, a Fatinha saiu ganhando nessa. –Gil também brincou.

–Eu também concordo Gil. Fatinha, larga o Bruno e fica comigo? –Ju pediu fazendo todos rirem.

–Ei parou com a palhaçada. A namorada é minha, e ninguém tasca. –Bruno disse. –Onde já se viu isso?! Minha própria irmã tentando roubar a minha namorada! Assim fica difícil.

–Brunão, Fatinha é Fatinha, um dia você vai ter que se acostumar com isso. –Rasta disse.

–Para gente, eu estou ficando constrangida. –Fatinha pediu com as bochechas avermelhadas.

Eles riram e zuaram mais um pouco. Estava um clima ótimo de descontração na casa, e Fatinha estava amando. Aquele jantar havia salvado a sexta-feira dela.

–Bom, já que todos terminaram de jantar eu vou buscar a sobremesa. –A loira anunciou recolhendo os pratos.

Ju se levantou para ajudar a garota. Quando chegou à cozinha deu um grito e voltou para a sala correndo.

–A Fatinha fez churros! Churros!!! –A it-girl berrou empolgada. –Eu simplesmente AMO churros!

–Mentira! Estou no céu! –Nélio declarou.

Fatinha voltou à sala com uma bandeja cheia de churros, uns com recheio de chocolate e outros com doce de leite. Todos se fartaram, e depois ficaram conversando por horas na sala.

–O papo estava ótimo e a comida deliciosa, mas eu tenho que ir. Meu pai já está me ligando. –Lia disse.

–Ih, eu vou com você Lia, não avisamos que íamos sair. –Gil se pronunciou.

Por fim, todos foram embora, ficando apenas Ju que ajudava Bruno com a louça. Fatinha havia ido tomar banho.

–Como a Fatinha está lidando com tudo? –A garota perguntou.

–Ah Ju, não sei muito bem. Em alguns momentos ela está sorrindo e feliz, já em outros ela está distante e pensativa. Durante o jantar isso aconteceu várias vezes.

–Fiquei surpresa com o convite para o jantar. Imaginei que ela fosse querer se isolar por um tempo.

–Eu também fiquei surpreso, a iniciativa partiu dela. Eu fico feliz que ela tenha resolvido chamar os amigos, é sempre bom estar rodeado de pessoas queridas.

–Ela vai conseguir superar, tenho certeza. –Disse Ju com firmeza.

–É, a Bia vai ajudá-la. –Ele concordou.

Quando eles terminaram com a louça, Fatinha ainda não havia saído do banho. Ju bateu na porta do banheiro.

–Fatinha, estou indo para casa.

–Tchau Ju! –A loira gritou.

–Adorei o jantar. Beijo!

Ju se despediu do irmão e foi para casa.

Quando Fatinha saiu do banho, Bruno já estava deitado na cama. Ela havia esquecido de pegar uma camisola, então vestiu uma blusa no moreno que estava dependurada no banheiro. Os olhos vermelhos denunciavam que ela havia chorado novamente.

–Hn, essa blusa ficou melhor em você. –Ele disse assim que a viu, preferindo não comentar sobre as lágrimas.

–Eu sou linda, pode falar. –Ela se gabou.

–Olha, não posso discordar.

Bruno a puxou pela cintura para um beijo longo e calmo que ela retribuiu imediatamente. Depois de algum tempo eles pararam para respirar.

–No meio dessa confusão toda eu percebi uma coisa. –Fatinha disse.

–O que? –Bruno perguntou receoso.

–Eu acho que eu te amo.

Bruno ficou surpreso com a maneira displicente que a declaração foi feita.

–Você acha? –Ele perguntou sorrindo.

–Talvez eu já tenha certeza, mas não quero assustar você. –Ela brincou.

Bruno a beijou novamente, dessa vez com mais intensidade. Ela retribuiu com a mesma vontade, emaranhando os dedos no cabelo dele. Logo ela estava sentada no colo dele com as pernas envolvendo-o pela cintura. O moreno passava a mão pela coxa dela, em uma tortura silenciosa. Fatinha se apressou e puxou a camisa que ele usava, até despir o abdômen musculoso.

O rapaz inverteu as posições, deitando-a na cama, enquanto enchia o pescoço dela de beijos e chupões. Ele foi com a mão até a ponta da camiseta que ela usava, mas parou antes de levantá-la.

–Você tem certeza disso? –Ele perguntou sem fôlego.

–Eu nunca estive tão certa de algo na minha vida.

A resposta dela foi o que ele precisava para tirar a camiseta verde do corpo dela. Pela primeira vez em muito tempo eles se entregaram de verdade. Por mais que Fatinha não se lembrasse das outras noites, era óbvio que os corpos se reconheciam. Juntos eles chegaram ao ápice, em uma das noites mais perfeitas que eles haviam vivido.

Cansados, eles caíram no sono logo depois. Mas antes Fatinha murmurou deitada no peitoral do moreno:

–Eu te amo Bruno.


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Notas finais do capítulo

Demorei para postar, mas esse capítulo foi longo.
Quero comentários seus lindos!
Ps: Bruno pedindo a Fatinha em casamento, Marta surtando. Estou amando essa semana!!!