Coração Vago escrita por KatherineKissMe


Capítulo 16
Capítulo 15




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"My best friend gave me the best advice
He said each day's a gift and not a given right
Leave no stone unturned
Leave your fears behind
And try to take the path less travelled by
That first step you take is the longest stride"

If Today Was Your Last Day - Nickelback

Fatinha levantou da cama e viu que o relógio marcava cinco horas da manhã, mas não se importou. Ela foi até o armário e pegou o álbum de fotos que estava entre as suas coisas, e logo na segunda página se deparou com o que procurava.

http://s2.glbimg.com/lmkVm58BghBiT1vTM4yvhH9eYLFOr6HmYAh6H2q14IxIoz-HdGixxa_8qOZvMp3w/s.glbimg.com/et/nv/f/original/2012/11/09/ju_paiva_gui_prates.jpg

Na foto ela estava abraçada ao garoto do sonho. Adriano era o nome dele, mas preferia ser chamado de Dinho. Espírito aventureiro de coração imenso, compreensivo e muitas vezes super protetor, ó pegador e o apaixonado. Dentre tantas qualidades e defeitos algo sobressaia: ele foi o primeiro e único amigo que a Fatinha teve durante um bom tempo.

Cadê você Dinho? –A loira se perguntava, com uma saudade incontida no peito. –Foi desbravar o mundo e se esqueceu de mim?

Depois de algumas lágrimas derramadas, ela decidiu que já era hora de se recompor. Estava agradecida por não ter se sentido nauseada ao levantar. Pelo visto o remédio receitado estava fazendo efeito.

Enquanto se banhava, Fatinha se esforçava para ver se algo mais vinha a sua memória. Dinho obviamente não estava na cidade, do contrário ela o teria visto na escola ou ele teria visitado-a. Afinal, onde ele estaria? Porque ele teria ido embora?

De tanto se esforçar para lembrar, Fatinha sentiu a cabeça começar a doer e infelizmente ela não sabia qual remédio poderia tomar. Sendo assim, ela foi fazer a única coisa que a tranquilizava. Cozinhar.

Antes das seis da manhã, Maria de Fátima encontrava-se na cozinha preparando um bolo para o café da manhã. E à medida que os minutos se passavam, a dor de cabeça diminuía consideravelmente.

Por esse motivo, quando Bruno levantou a mesa do café estava assustadoramente farta. Havia bolo, panquecas, pão recém-comprado, sucos, leite quente e frio, e até mesmo frutas fatiadas.

-Uau, assim eu ficarei mal acostumado em uma semana. –Ele disse.

-Eu gosto de cozinhar. –Ela respondeu simplesmente, sentando à mesa.

-Você gosta de cozinhar e não gosta de dormir, só pode. A que horas você se levantou hoje? –Bruno perguntou preocupado.

-Mais ou menos às cinco. Tive um sonho e não consegui dormir depois disso. Na verdade, tenho quase certeza de que era uma lembrança.

A expressão do moreno variava entre curiosidade e temor.

-Do que você se lembrou?

-Eu me lembrei de uma pessoa. Dinho. Nós estávamos conversando. Melhor dizendo, eu desabafando e ele me consolando. –Ela contou.

-Hn. –O rapaz resmungou, seco.

-O que aconteceu com ele, Bruno? Ele está bem?

-O folgadinho deve estar ótimo, viajando pelo mundo como ele sempre quis. –O moreno respondeu irônico.

-Mas ninguém tem notícias dele? –A loira perguntou preocupada.

-Não que eu saiba. Se alguém manteve contato com ele, esse alguém foi provavelmente você.

-Péssima hora para perder a memória. Estou com saudades dele. –Fatinha murmurou.

-Hn, pois eu nem me lembrava da existência dele. –Bruno falou, mal humorado.

-Então vamos mudar de assunto, já que você obviamente não gosta dele.

-Acho uma ótima ideia.

O dia correu sem nenhum imprevisto, mas com algumas surpresas. A primeira delas foi o pedido de desculpas de Juliana.  A irmã de Bruno abordou Fatinha assim que ela chegou na escola. O pedido foi o mais curto e simples possível e a loira logo percebeu que Ju estava sendo obrigada a se desculpar.

Enfim, pelo menos ela está tentando ser agradável. –Fatinha pensou, aceitando o pedido.

A segunda surpresa foi o perfume novo do Pilha. De acordo com a turma o perfume era ótimo, mas para Fatinha ele só servia para causar enjoo. Depois de duas idas ao banheiro, a loira decretou:

-Pilha, enquanto você estiver fazendo uso desse perfume mantenha distância.

E o garoto como o bom súdito que é no outro dia já não estava mais com o perfume.

Foi assim que a primeira semana passou. E a segunda. E a terceira.

Fatinha estava na 15ª semana de gestação e com uma barriguinha que denunciava a gravidez. A bexiga já estava sendo comprimida, exigindo idas frequentes ao banheiro. Os seios estavam doloridos também. E o bebê já era perceptível quando a loira tateava a barriga, logo abaixo do umbigo.

Já era noite e ela estava ao telefone com a mãe, enquanto preparava o lanche da noite.

-Estou ótima mãe. –Ela dizia.

-E os enjoos?

-Já nem sinto mais.

-E você está indo no banheiro sempre que tem vontade, certo?

-Estou, eu já não tenho mais controle sobre a minha bexiga.

-E nem tente ter! Você tem que fazer tudo o que o seu corpo exigir. –Vilma aconselhava.

-Já que é assim vou passar todos os dias em casa comendo e dormindo. –Fatinha disse, irônica.

-Maria de Fátima, você entendeu muito bem o que eu quis dizer.

-É claro que eu entendi mãe, foi só uma brincadeira.

-Bom mesmo. Que dia será o seu próximo exame?

-Me ligaram hoje para confirmar, o exame vai ser amanhã no final da tarde.

-E o Bruno vai com você?

-Não sei. –Fatinha falou baixo para o moreno não ouvir. –Ainda não falei com ele.

-Maria de Fátima vá contar a ele agora! Não há a menor necessidade de você ir sozinha fazer a ultrassonografia. Essa criança tem pai e mãe.

-Mas... –Fatinha tentou argumentar, mas foi cortada pela mãe.

-Mas nada! Amanhã você talvez descubra o sexo dessa criança, e o Bruno deve estar presente.

-Ok mãe, você venceu. –A loira se rendeu.

-Ótimo. Agora eu vou desligar o telefone e você vai contá-lo, entendido Maria de Fátima?

-Entendido dona Vilma. Boa noite.

-Boa noite minha querida, sonhe com os anjos. –Vilma respondeu com outro tom de voz.

Fatinha desligou o telefone, pegou o lanche e se juntou a Bruno que estava assistindo a um filme qualquer na televisão.

-Aceita? –Ela ofereceu o sanduiche natural que tinha em mãos.

-Agradeço, mas nem terminei de digerir o meu jantar. Não sei como você aguenta comer tanto assim.

-Se você me chamar de gorda eu jogo esse prato na sua cara. –Ela ameaçou.

-Eu não falei nada.

-Não falou, mas insinuou. Estou comendo por dois caso você não tenha reparado. –Fatinha indicou a barriga arredondada.

-É, reparei sim.

-Você está dizendo que eu estou gorda?

-Que tal nós mudarmos de assunto? –Bruno pediu, ao ver que a loira estava cismada com a possibilidade de estar acima do peso. –Como está a sua mãe?

-Muito bem, como sempre.

-Bom. –O moreno comentou voltando a atenção para o filme.

Fatinha comia o sanduiche lentamente, pensando em como iniciar a conversa.

-Bruno, –Ela começou antes que perdesse a coragem. –amanhã eu devo chegar mais tarde em casa.

Bruno olhou para a loira, que estava concentrada no sanduiche que comia.

-Por que? Achei que o Michel tivesse te liberado dos plantões no Hostel.

-E liberou. Na verdade, amanhã eu tenho que ir ao hospital fazer um exame.A doutora Raquel me ligou hoje para confirmar.

-Hn, –Bruno também estava desconfortável com o teor da conversa. –exame de que?

-Ultrassonografia. –Ela esclareceu, ainda focada na comida.

-E qual o horário?

-Quatro e meia da tarde, já conversei com o Michel e ele vai me liberar.

-Entendi. –O moreno falou e depois voltou a atenção para o filme.

Fatinha estava decepcionada com o desinteresse do rapaz, mas não teve coragem de falar nada.

-Eu te pego no Hostel às quatro. –Bruno falou depois de alguns segundos.

-Ok.

Era o suficiente.

(...)

No outro dia, Fatinha estava ansiosa. Bruno a acompanharia na ultra.

Não seria constrangedor? –Ela pensava, nervosa.

Ela havia ido ao banheiro pela décima vez. Parecia que a ansiedade deixava a bexiga dela ainda mais descontrolada.

Fatinha já estava saindo da cabine do banheiro quando sentiu uma pontada na barriga.

-Ai. –Ela reclamou segurando a barriga, e sentou no banco que havia no meio do banheiro.

A dor já havia diminuído, mas ela estava preocupada. Por sorte, a porta do banheiro foi aberta. Mas infelizmente, era a Ju.

-Não vai voltar pra aula não, Fatinha? –A morena perguntou, irônica.

-Já estou indo. –Fatinha se levantou, ainda com a mão na barriga.

Juliana que analisava a loira pelo reflexo do espelho, logo percebeu que algo estava errado.

-Está acontecendo alguma coisa? –Ela perguntou.

-Não, só senti uma dor esquisita, mas já passou. –Fatinha respondeu, amenizando o problema.

A morena deu os ombros e se virou para sair do banheiro, foi quando ela viu a mancha de sangue fresco no banco.

-Fatinha, você está sangrando! –Ela disse espantada.

-O que?

A loira olhou em direção ao banco e viu o sangue, e para confirmar olhou no espelho e percebeu que a calça estava suja. As duas entraram em desespero imediatamente.

-O que eu faço? –Fatinha perguntava em pânico.

-Não sei! –Ju também estava assustada. –Quem é o seu médico? Liga pra ele!

-É a doutora Raquel, mas eu deixei o meu telefone na sala. –A essa altura, a futura mamãe já estava chorando descontroladamente. –Eu não quero perder esse bebê.

-Calma Fatinha. –A outra pedia, tentando parecer controlada. –É a mãe da Lia, não é?! Eu ligo para ela do meu celular.

Ju ligou para a médica e explicou a situação. Raquel pediu a garota que levasse Fatinha para o hospital imediatamente.

-Vamos para o hospital! –Ju saiu do banheiro e foi seguida pela loira, que andava lentamente temendo que qualquer movimento brusco pudesse provocar o aborto. –ROBSON! ROBSON!

O inspetor imediatamente apareceu, assustado com a gritaria. Junto a ele estavam Mathias e Cezar.

-Posso saber qual é o motivo de toda essa gritaria, Juliana? –O diretor perguntou.

-A Fatinha. Nós precisamos levá-la para o hospital imediatamente.

A morena tentou explicar e ao ver o desespero da loira, eles perceberam a gravidade da situação.

-Eu vou pegar o meu carro. Cezar, carregue a Maria de Fátima. –Mathias ordenou. –Robson, justifique a saída das alunas para os professores. Enquanto eu estiver fora, a escola é sua responsabilidade.

-Sim, meu diretor.

Mathias saiu apressado agradecendo o fato de ter optado por ir de carro para a escola, do contrário seria impossível levar a garota até o hospital em uma moto.

Fatinha durante todo o percurso segurava a mão da Ju, que tentava acalmar a loira.

Quando chegarem ao hospital, Raquel já os aguardava e logo encaminhou Fatinha para a emergência.

-Juliana, avise o seu irmão. –Mathias instruiu.


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Notas finais do capítulo

Olá! Parei novamente em uma parte tensa, mas por necessidade. Ainda tinha muita coisa para escrever neste capítulo mas preferi deixar para o próximo, assim conseguiria postar hoje.
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