Doce Ilusão escrita por Nyucarai


Capítulo 2
Capítulo 2




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Laura, já é a terceira vez essa semana, temos que ver o que está acontecendo, seria melhor procurar um psicólogo, isso está te machucando, minha filha. Minha mãe cuidadosamente tentava passar a mão em meus cabelos, dei um tapa na sua mão e a olhei com nojo. Acho que quem devia marcar um psicólogo, é você! Não fale como se eu realmente fizesse alguma diferença na sua vidinha de merda. – Minha mãe suspirou de forma bruta e levantou as mãos fingindo rendição. Sabe de uma coisa? Pra mim já chega! Sei que nunca fui presente na sua vida, nunca lhe dei a devida atenção, fui uma merda de mãe! Mas você não está vendo o esforço que eu estou fazendo. Acordando antes mesmo do amanhecer pra preparar seu café, trabalhar naquela casa, onde o meu patrão passa a mão na minha bunda toda hora, só pra ganhar uns tostões a mais, pra te dar uma porra de vida melhor! E olha como você retribui, olha quem está sendo uma merda agora. Se vire, Laura. Esses cacos vão te lembrar a ter respeito. A dona Cláudia saiu batendo a porta, o barulho que era ensurdecedor, não incomodava. O que me incomodava era o que aquela vadia gorda tinha jogado na minha cara. Os machucados não doíam mais, porém eu me encontrava em meio á uma poça de sangue. Levantei rapidamente e peguei uma toalha pra estancar o ferimento Porra! Urrei de dor quando tentei limpar meu pé, tinha que tirar os cacos de alguma forma. Sentei no chão e peguei a caixa de curativos. Peguei uma pinça e tirei todos os cacos que estavam presos no corte. As lágrimas jorravam, mas não era da dor aguda que eu estava sentindo. Era da raiva de estar naquela casa, de ser obrigada a parecer grata praquela puta miserável. A dor mais insana que eu senti foi na hora em que despejei álcool na ferida. Minha vontade era de socar o chão, espernear, e sei lá, até rolar para o inferno. Mas, não iria dar aquele gosto de vitória pra minha ‘mãe’, pra ela ouvir os meus gritos de dor, teria que esperar por muita coisa ainda. O dia nem tinha começado e já estava fodida. Por que não voltar a dormir? Deixei o chão enlameado de sangue pra minha mãe limpar e me deitei novamente, adormeci.

...Laura, você tem medo do escuro? Abri meus olhos e me vi num cômodo vazio, estava claro. Eu dei de ombros e disse: Não, não tenho. Ouvi risadas, mas eu estava sozinha, parecia até aquelas risadas de programas de tv. Então a voz retornou com humor: Não mesmo? Está certa disso, Laura? Mordi meu lábio e olhei para o piso gasto. Claro que estou certa disso. Na mesma hora, o cômodo ficou á meia luz, como se tivessem acendido velas. Sabe Laura, tem pessoas que enxergam coisas demais quando há sombras. Tem medo de sombras, Laura? Eu não estava entendendo nada, aquilo era alguma piada? Ainda escutava risadas, assovios, como se tivesse uma plateia me observando, como se torcessem por alguém além de mim. O que você vai ganhar com isso se eu responder? A plateia fez um ‘uhhhh’ como se eu tivesse dado um fora, eu dei de ombros e voltei a olhar pros meus pés. Olha, eu não vou ganhar muita coisa, mas você vai, pode até ganhar uma nova vida. Com essa eu dei uma risada irônica e fechei meus olhos. Que vida? Você tá brincando? A voz não parecia estar bem humorada, e a plateia estava em silêncio. Claro que não estou brincando, eu posso te dar o que quiser, uma vida nova, um amor, o que quiser, sei no que está pensando, sei todos os seus desejos, Laura. Vai responder ou não? Senti um arrepio na nuca, eu gostava dos desafios, não iria voltar atrás. Vou responder todas as perguntas então. Alívio pra plateia, eu estava indo ao ponto que a voz queria. Um caminho sem volta. Tem algum amigo? Eu revirei os olhos. Não mais. A plateia fez um ‘awn’ de pena, mas eu continuei concentrada. Além da sua mãe, algum familiar? Se não tiver, quero que explique a razão. Suspirei e entrelacei meus dedos nos outros. Há três semanas, eu tinha uma família, pai, madrasta, irmãs. Mas todos morreram num acidente de trânsito. Não tenho mais ninguém. Outro ‘awn’ estúpido da plateia. Mas quem mandou eu concordar, não foi? Hm, digamos que se sua mãe morresse quando você fizesse seus 18 anos, você iria embora sem olhar pra trás? Sem hesitar por um segundo eu disse: Claro, iria embora antes mesmo dos meus 18, iria agora. ‘Ohh’ A plateia se surpreendeu. Então olhe para frente, Laura. Sentia uma presença no cômodo, meu corpo estava entorpecido. Abri meus olhos e vi uma silhueta, dei um passo pra trás, tentando ter um espaço pra me sentir segura. Quem é você? A silhueta estava se movendo de um lado para o outro, como se estivesse dançando. Por que não vem saber? Eu estava com medo, a energia era pesada, mas eu não ia retroceder, era um desafio. Dei um passo á frente. A silhueta era de um homem. Logo ele disse: Acredito que já descobriu que sou um homem. Dê mais um passo. Dei mais um passo, o homem ficou de costas, não olhava em volta, apenas para ele, não queria ver o que as sombras mostravam. Acabe logo com isso, Laura, venha me sentir.




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Notas finais do capítulo

hmm e.e q



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