Uma hora depois, as duas estavam em outro Hotel já com a fita de segurança.

-Você tem razão Lana, que jeito terrível de começar o dia. -Disse Jhenny colocando a fita no VHS do Hotel. - Já localizou o número do namorado dela?

 -Sim... Um tal de Jeremy  Vandoren. Mora na Segunda Avenida e trabalha como analista financeiro na firma Foster em Wall Street. Divorciado... bla bla bla.

 -Hum. -Disse Jhenny concentrada no vídeo que passava na tela da TVzinha do Hotel. - Vamos averiguar se esse cara fez uma visitinha à namorada na noite passada.

Jhenny pôs-se a sorrir e apertou o botão pausar do controle.

-Olha! A Marianna entrou em casa ás cinco e quarenta e cinco da tarde!

 Lana se juntou a Jhenny. Marianna estava com várias sacolas de lojas de grife e uma da locadora Blockbuster. A irmã mais velha apertou play e viram Marianna abrir a bolsa e tirar a chave da casa. Jhenny pôs-se a colocar o vídeo acelerando. Viam vizinhos saindo e entrando.

-Então ela ficou em casa durante a hora do jantar. -Observou Lana

-E ligou a TV para não se sentir tão sozinha.

Marcava na tela agora 11:00. A porta do elevador abriu-se. Suas sombrancelas se arquearam.

 -Ora, ora... O que temos aqui? -Disse Jhenny colocando a fita para rolar normalmente

-Papai Noel? -Disse Lana - E está trazendo um presente.

O homem com roupa vermelha e barba muito branca trazia consigo uma caixa imensa embrulhada em papel prateado e arrematada com um elaborado laço dourado e verde.

Jhenny apertou play e o Papai Noel tocou a campainha de Marianna, esperou um segundo e deu uma gargalhada. Marianna abriu a porta radiante de alegria, ajeitou o cabelo e foi para o lado oferecendo um convite. Papai Noel virou para o lado e olhou diretamente para a câmera de segurança. Lançou um sorriso e piscou um olho. Jhenny pausou.

-Que safado! Ele sabia que assistiríamos a gravação! Está rindo da nossa cara!

-Mas... Ele está vestido como Papai Noel! Está errado!

-O que está errado? Você acha que tudo seria mais apropriado se ele estivesse vestido de Diabo?

-É... Sim... Não... Sei lá! É que é um ato doentio!

-Agora sabemos que não é humano.

Jhenny adiantou bem devagar e os olhos do Papai Noel brilharam em tom de vermelho.

-Ou ele é o próprio Diabo disfarçado. -Disse Lana ironicamente

-Ele é bem esperto. Afinal, quem tem coragem de bater a porta na cara do Papai Noel? -Disse Jhenny apertando o play

 O corredor permaneceu vazio. Então ela acelerou para as 01:00. O homem da fantasia vermelha saiu ainda com a caixa de presente e sorriu mais uma vez para a câmera. Então seguiu dançando até o elevador.

-Vamos fazer uma cópia desta fita. Quantos dias de Natal você disse mesmo que eram Lana? -Perguntou Jhenny

-Doze.

-Então é melhor descobrirmos se Marianna era o único verdadeiro amor desse Papai Noel ou se havia mais 11. Vamos conversar com o namorado dela.

 Jeremy Vandoren morava numa casa nobre de um bairro calmo e com crianças andando de bicicleta com um sorriso no rosto. As duas apertaram a campainha da porta e alguém falou de lá de dentro sem abri-la:

-Quem é? -Perguntou uma voz masculina

-Somos do FBI. -Anunciou Jhenny - Agente Kelly Truthscot e Kerry Stella.

 Jeremy abriu a porta, e estava com o telefone na orelha, deu espaço para as irmãs entrarem e elas o fizeram.

-A Comstat está à 5.8, os colunistas apontam como uma grande aposta.

Vandoren era muito bonito para ser apenas um consultor: tinha olhos azuis e cabelos pretos. Alto e um pouco forte, pelo menos era o que dava para as meninas verem marcar sobre a sua camiseta preta.

-Fechado. -Disse Jeremy - Está definido então. Obrigado.

Aí desligou o telefone.

-Ahn... O que posso fazer pelas senhoras? -Perguntou ele a Jhenny

-Senhoritas. -Corrigiu Jhenny - Você é Jeremy Vandoren?

-Sou. -Seus olhos azuis passaram por ela e pararam em Lana, depois voltou a Jhenny -Estou em apuros?

-O senhor fez algo ilegal, Sr. Vandoren? -Perguntou Lana

-Não que eu lembre. -Respondeu ele com um sorriso formando uma covinha no canto da boca. -Será que aquele chocolate do armazém que eu roubei aos 8 anos voltou para me assombrar?

As duas sorriram. Mas Jhenny foi logo ao assunto:

-O senhor conhece Marianna Hawley?

-Marianna? Claro. Não me diga que foi ela que roubou algum chocolate. -depois, ele compreendeu e o sorriso desapareceu -O que foi? Aconteceu alguma coisa? Ela está bem?

-Sr. Vandoren, eu sinto muito. -Disse Lana com tom de resposta -A Sra. Hawley está morta.

-O quê? -ele disse colocando a mão na cabeça sem acreditar

-Não é engano. -Disse Jhenny - Marianna Hawley foi assassinada na noite passada, no seu apartamento.

-Marianna? Assassinada? Não... É um engano!

-Não, senhor. -Falou Lana

  Jeremy ainda não acreditava, então, as irmãs o levaram até o necrotério aonde o corpo de Marianna estava.

-Não pode ser. - Disse Vandoren impressionado

-Acene com a cabeça para a frente caso seje ela mesma. -Disse Jhenny

Ele acenou e lágrimas caíram de seus olhos.

-Lana, tire ele daqui. -Falou a loira

Lana concordou e o conduziu para fora da sala. 

-Marianna. Por que alguém iria querer matá-la? -Perguntou Jeremy a Lana enquanto ele se apoiava na parede.

-O nosso trabalho é descobrir isto. Há quanto tempo a conhecia?

-Seis meses, quase sete.

-Como vocês se conheceram?

-Através de um clube de stripper. Silverchair.

-Ela era... Stripper?

-Era, mas ela acabou com a "carreira" depois de me conhecer, eu a forcei a terminar com isto.

-O senhor utilizou um clube de Strippers? -Disse Lana surpresa

-Foi um impulso. Passo a maior parte do tempo no trabalho e não tenho muita chance de sair. A conheci na despedida de solteiro do meu irmão, eu a vi e foi como se o mundo tivesse parado, pensei: O que custa tentar? Mal não vai fazer. Tomamos uns drinques, e depois nós...

-Pule esta parte.

-Ok, desculpe.

-E então vocês começaram a sair mais vezes... Isto é, juntos?

-Sim.

-E ela se sentia do mesmo modo que você, ou seja, apaixonada?

-Sim, mas resolvemos ir devagar. Nos víamos todos os dias.

-Então ela não estava saindo com mais ninguém neste período?

-Não. Havíamos feito um trato a respeito disso.

-Sabe dizer se alguém estava irritando-a, um ex-namorado? Ex-marido?

-Não, o ex-marido dela morreu à dois anos.

Lana pôs-se a pensar, mas continuou:

-E onde você estava Jerry? Ontem à meia-noite?

-Em casa, fechando uns tratos.

-Uma última pergunta... Marianna tinha uma tatuagem?

-Tatuagem? Não, ela era conservadora... Não usaria nem mesmo uma temporária.

-Ok. 

 Jhenny saiu da sala e se juntou aos dois.

-Lana, podemos conversar a sós? -Perguntou a loira

Lana seguiu Jhenny até um pouco longe.

-Progressos? -Perguntou Jhenny

-Bem, ele está com o coração quebrado.

-Ótimo... Jhenny Silver está aqui para ajudar.

-Jhenny! Você tem o Dean e ele acabou de perder o amor da vida dele! Dá um tempo!

-Tá, tá... Mas olha para ele! É um gato!

-Tá, mas dá para se concentrar no trabalho?

-Ok.

-Bem, o jeito dele não é dos melhores.

-Ele não se parece nem um pouco com o Papai Noel. Tirando os olhos azuis.

-É melhor verificar a casa dela, talvez achemos algo mais óbvio. Ah! E ela era Stripper. De um clube chamado Silverchair.

-Ha! Engraçado. Silverchair, Cadeira de Prata. E é também um nome de uma banda.

-Ok, voltemos ao trabalho por favor?

-Não... Você não entende? Prata. Não é um demônio... É um vampiro.