Parecia que eu estava presa em um daqueles pesadelos apavorantes em que você precisa correr o mais rápido que pode, mas não consegue fazer com que seu corpo se mexa com rapidez suficiente.

Minhas pernas tremiam, e eu começava a desabar no meio da clareira novamente, me encolhendo num formato de bola, e fechando os olhos,

parecia que quanto mais eu lutava para que nada daquilo fosse real, o fim se aproximava de novo.

E conforme a noite ia caindo eu pude me lembrar da primeira vez , fechei meus olhos o mais forte que pude e então, todas as lembranças pelas quais eu tentei esquecer todos esses meses, me voltaram a cabeça como um filme, eu pude ver o rosto dele tão claramente, eu podia ver seu olhar dourado angustiado e frio, e as palavras eu me lembrei de cada uma delas:

{..}

- Você... não... me quer? - eu falei as palavras, confusa pela forma

como elas soavam colocadas em ordem.

- Não. - eu olhei, sem compreender, dentro dos olhos dele. Ele encarou de

volta sem se arrepender. Seus olhos eram como topázio - duros e claros e muito profundos.

Eu senti como se pudesse ver por dentro deles por milhas e milhas, e

mesmo assim, ainda não conseguia alcançar o lugar onde encontraria

a contradição de suas palavras. 

- Bem, as coisas mudam. - eu fiquei surpresa por como a minha voz

soava calma e razoável. Devia ser porque eu estava tão entorpecida.

Eu não conseguia me dar conta do que ele estava me dizendo. Ainda

não fazia nenhum sentido.

Ele olhou para longe para as árvores enquanto falou de novo.

- É claro que eu sempre amarei você... de certa forma. Mas o que

aconteceu na outra noite me fez perceber que estava na hora de

uma mudança. Porque eu estou... cansado de fingir ser uma pessoa

que eu não sou, Bella. Eu não sou humano. - ele olhou de volta, e as

formas geladas do seu rosto perfeito eram muito inumanas. - Eu

deixei isso ir longe demais, eu lamento por isso.

- Não lamente - minha voz era só um sussurro agora; a consciência

estava começando a correr como ácido pelas minhas veias. - Não faça isso.

Ele só olhou pra mim, e pude ver pelos seus olhos que minhas

palavras estavam atrasadas demais. Ele já tinha feito.

- Você não é boa pra mim, Bella.”[...]

Aquelas palavras me mataram, mas a dor que eu sentia agora não era comparada com nenhuma outra que eu houvesse sentido.

Em meio há lágrimas, abri os olhos devagar e reconheci aquele rosto perfeito, era o rosto de Edward, sereno e perfeito como sempre, mas aquilo não podia ser real, não eu estava sonhando, e de repente um turbilhão de vozes invadiu minha cabeça, foi quando aquilo se confirmou, não ele não era real, não dessa vez.

Voltei a fechar os olhos, enquanto ouvia uma voz extremamente familiar chegar perto, e gritando:

- Ela está aqui!. a voz gritou para um grupo de pessoas que eu podia ver em meio a neblina das lágrimas.

Logo reconheci o dono da voz familiar, era Jake, que agora se aproximava, me pegando no colo, escondi meu rosto em seu peito, molhando sua camisa de algodão, quando ouvi a voz de Renee desesperada em meio a soluços

: - Bells você está bem? ela perguntava

- Sim. eu sussurrei.

- Estavamos te procurando desde de ontem a noite. Phil completou.

Mas como me procuravam desde de ontem a noite, e eu sequer me lembrava do que tinha acontecido, e do que eu fazia aqui. A única coisa que eu me lembrava não podia ser verdade, enquanto Jake me carregava em direção a minha picape, eu crie forças e perguntei

- Jake, é verdade, Charlie está morto?

- Sim Bells. ele confirmou com a voz serena e terna.

- Nãooooooo..... eu gritei.

- Calma, Bella nos vamos superar isso. Jake disse tentando me confortar.

- Mas como ele morreu? eu tentei formular a pergunta que quase não saiu.

- Ele capotou com a viatura durante uma perseguição. Jake falou receoso.

- Mas... eu tentava argumentar que tudo aquilo era um sonho mas não consegui pronunciar nenhuma palavra, apenas voltei a me encolher no colo de Jake, enquanto Phil levantava o banco da picape, Jake entrou no carro comigo, e me cobriu com um cobertor, que estava sobre o banco traseiro, Phil entrou no banco do motorista, e ligou a caminhonete, eu me recusava a acreditar naquilo tudo, fechei os olhos e adormeci no colo de Jake.

No meu sonho eu estava na clareira, e Charlie estava sentado lá comigo, nos conversavamos, enquanto Edward se aproximava e se sentava junto de nós, Charlie, Eu e Edward, não podia existir nada mais perfeito.

Mas de repente, eu estava perdida no meio da floresta e gritava por Charlie e Edward, mas não encontrava nenhum dos dois, eu caminhava buscando por eles, mas não havia nenhum dos dois, apenas eu sozinha e perdida, na floresta escura e molhada.

Acordei gritando por Charlie em meu quarto, quando finalmente abri os olhos me deparei com Renee e Jake na beira da minha cama, esperando que eu despertasse.

Reparei no semblante triste de todos, e então tive receio de perguntar, mas Jake apenas me olhou e disse:

- Não Bella não foi um pesadelo.

Me encolhi sob a coberta e tentei por alguns segundos recuperar o ar, que parecia escapar de meu peito, do buraco que havia nele.

- Vamos Bells, tente trocar de roupa para descermos pro enterro. disse Rennee

- Não eu não quero ir. Me recusei

- Bells você tem que aceitar. Renee me confortava tentando me ver que toda a dor era real.

- Mas .... Charlie guaguejei e cai novamente no choro.

- Vamos Bella Reaja. pediu Jake.

- Me deixem sozinha. eu pedi me enrolando na coberta e escondendo meu rosto.

Quando todos sairam, me levantei peguei minha bolsinha que estava em cima da cabeceira que Charlie havia feito pra mim, aquilo me fez chorar novamente, caminhei até o banheiro, liguei o chuveiro e desabei dentro da banheira, enquanto eu me lembrava dos momentos que passei com Charlie, um rosto familiar me veio a mente também, outro que havia me deixado.