Dead Love escrita por Anny Taisho


Capítulo 2
Parte II de II


Notas iniciais do capítulo

Gente depois de muita demora aqui está, espero que gostem!!! Foi um trabalho e tanto terminar isso aqui!!! Espero que gostem minhas linda e louca história!!! Um grande Kisskiss para todas minhas leitoras e fico muito feliz de ter convertido um monte de gente em fans de laxana!!!
Boa leitura



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Parte II de II

Depois de algum tempo, a amizade dos dois voltou a ser como antes. Conseguiam conversar tranquilamente e beber juntos. Ambos com um pesar no coração e guardando um segredo. Tudo estava sob controle. Pelo menos até aquele momento. A Raijinshuu se preparava para fazer uma missão e estavam a espera de Evergreen que já estava quinze minutos atrasada. Fried estava impaciente e prestes a ir a procura dela quando a loira apareceu, inusitadamente carregada por Elfman e com uma bota ortopédica no pé esquerdo? Os três franziram o cenho.

O mago take over colocou a namorada, apesar de nenhum dos dois sumirem isso oficialmente, na cadeira e pegar uma outra para apoiar a perna avariada.

- Tudo bem, Ever? Não está sentindo dor? Quer alguma coisa? Ajudar é coisa de homem!

- Tsk... Tudo ótimo, Elfman, obrigada...

- Vou trazer um suco para você!! – e ele saiu correndo –

Os amigos a encararam surpresos com a falta de gritos e discussão do casal.

- O que aconteceu, Ever? – indagou Laxus –

- Eu estava na hills esculpindo quando um bicho horrível entrou no meu quarto, eu sai correndo e acabei batendo o pé com força numa de minhas outras estátuas. Estou com o pé imobilizado até o mês que vem...

- E como o grandão ali entra na história? – perguntou bixlow sarcasticamente –

- Elfman finalmente agiu como homem e me ajudou... Acabamos de chegar do hospital!

Ela abanou-se com o leque tentando fingir que aquilo não era estranho.

- Hum... pensei que não eram permitidos homens na Hills...

- Er... – ela corou – Não pense besteiras, Fried, Mirajane pediu para ele fazer uns consertos lá hoje. Estávamos com torneiras quebradas, portas rangendo e o carpete do quarto de Lisanna precisava ser trocado!

- Hum... – os três fingiram que acreditaram –

O grande homem voltou com uma bandeja com um copo longo cheio de uma bebida rosa com guarda-chuvinha. Ela tomou um gole e depois pôs-se a brigar com ele falando que não tomava suco com açúcar, acertando-o com seu leque. Os dois tinham realmente uma relação muito bizarra, para dizer o simples.

Depois do pequeno teatro eles tinham um problema, o plano para missão estava traçado para quatro pessoas e agora eles eram somente três. Tudo parecia ir por água abaixo até a loura propor o óbvio:

- Por que não chamam alguém para me substituir... Tudo bem que ninguém será como a grande rainha das fadas Evergreen, mas quebra o galho e não será necessário fazer um novo plano.

Era uma ideia boa, mas quem chamar? Laxus e a Tribo do trovão tinham uma sincronia muito boa, por isso colocar outra pessoa assim não era tão simples. Estavam mais que acostumados com as manias e magias um do outro. Pensaram em Erza, mas ela já tinha seu próprio grupo. Lucy também não iria. Levar Levy seria redundante, o conhecimento de runas dela Fried possuía. Mirajane não fazia mais missões. Lisanna ainda não estava preparada para enfrentar algo daquele cacife. Wendy não estava na guilda.

- Por que não um dos garotos? – perguntou a mulher se abanando –

- O plano foi traçado para três homens e uma mulher. – Fried disse –

- Sem dizer que viajar com mais um cara seria meio estranho, mesmo você sendo maluca, é reconfortante ter uma presença feminina. – Bixlow completou –

- Er... Seu porco! Bem, já que fazem questão de uma garota, levem a Cana. Ela é Class S, está mais que habilitada, sem contar que ela e Laxus são amigos, o que facilita o entrosamento.

- Hum... Cana se encaixa bem nos planos. A magia dela é ofensiva e a distância como a da Ever, o que nos deixa em nossa zona de conforto.

- Bem, então boa missão para vocês... Eu vou voltar para Hills, tenho que descansar!

Quando ela estava se levantando, Elfman apareceu não-se-sabe-de-onde para carrega-la gritando alguns de seus discursos sobre virilidade e os dois desapareceram pelas portas do salão. Os três homens correram o olhar pelo salão a procura da morena e a avistaram sentada no balcão rindo com Makarov enquanto Juvia e Levy ficavam vermelhas.

O mago verde se levantou e foi até ela com toda sua pose educada. Pediu licença e trocou algumas palavras com a morena que se surpreendeu para depois sorrir e acenar com a cabeça.

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Viajaram um percurso de um dia de trem em três com caminhada devido a doença de movimento de Laxus. Realmente era um saco viajar a pé. Cana estava de jeans, uma bota preta sem salto, um top roxo e uma jaqueta de couro. Carregava sua bolsa de cartas e uma mochila com itens básicos para uma viagem longa.

Os outros dois raijinshuus estranharam o quão fácil era lidar com ela. Sem contar que a moça ali era muito menos intempestiva do que Ever, então já acostumados com uma mulher irracível, era fácil lidar com uma mais tranquila. Ela e Laxus conversavam bastante e os dois parceiros notaram a química entre o casal.

Chegaram a cidade do trabalho quando já era muito tarde para falar com o contratante, por isso seguiram para uma pousada. Infelizmente só haviam dois quartos, em situações normais, Ou os três homens ficariam com o quarto maior e Ever no menor, ou dividiam-se dois a dois, sendo que a moça sempre ficava com Fried, a loura afirmava que ele era o que mais se aproximava de uma companhia feminina, seja lá o que isso quisesse dizer. Entretanto, desta vez Cana e Laxus ficaram em um quarto, e os outros dois em outro.

A morena mal esperou a porta ser aberta e já logo correu para o banheiro se trancando lá. O loiro rolou os olhos, Evergreen fazia a mesma coisa, ninguém tomava banho antes dela. Coisas de mulher. Tranquilamente caminhou até uma poltrona onde deixou sua mochila e casaco. Retirou os sapatos e  meias, arrancou a camisa e por fim sentou-se na cama, escorado na cabeceira utilizando o controle remoto para ligar o lacrima vision do recinto.

Foram longos minutos até que a porta se abriu, revelando uma Alberona de top azul e short jeans com os cabelos molhados. Uma verdadeira visão de ninfa. Ela sorriu e espreguiçou-se.

- Ahhhh... Como eu precisava de um banho decente! Laxus, é um saco esse seu enjoo que faz a gente ficar andando!

- Tsk... – o mago se resignou a continuar assistindo o jornal –

A garota jogou-se na cama de casal e abraçou o travesseiro contra o peito sentindo a maciez do lençol.

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Depois de um banho merecido, Laxus desceu para jantar. Encontrou o trio sentado em uma mesa com a morena bebendo algo em uma caneca que ele imaginou sendo cerveja. Sentou-se na mesa redonda, fizeram o pedido e ficaram conversando enquanto não chegava e trocando algumas informações a respeito da missão. Tudo estava uma maravilha até que uma figura apareceu.

Bacchus era um homem que raramente passa despercebido onde quer que apareça e quando o mago bêbado entrou no restaurante do hotel imediatamente ele notou os cabelos castanhos que haviam se espalhado por suas cobertas durante quase um ano inteiro.

Sem pensar muito, caminhou até onde ela estava conversando tranquila.

- Olha quem eu não acho perdida de novo? Nee-chan!!

Os três homens da mesa olharam com expressões de surpresa e a Alberona virou para em seguida se levantar sendo aprisionada em um abraço colossal do mago da Quatro Cerberus. Um braço dele estava no alto das costas e o outro bem abaixo da linha do bumbum dela a tirando do chão. Bixlow teve a leve impressão de ouvir ossos estralando.

- Bacchus!

- Nee-chan malvada, foi embora e nunca mais voltou! Você disse que ia nos visitar!

Os demais homens foram ignorados totalmente. Uma peça de mobília com certeza tinha mais importância do que qualquer um deles.

- Oh... Não seja dramático, eu agora sou uma maga Classe S muito ocupada!

- Conseguiu sua promoção então? Que bom, nee-chan!

Outro abraço estralador de ossos. Laxus a essa altura já estava rangendo os dentes de tanta raiva.

- Pois é... E justo com a Erza como examinadora! – ela deu uma risadinha –

- Hum... Então você usou alguns dos truques que te ensinei para lutar com a senhora selvagem?

- Humm... – a morena fez bico – Talvez... Digamos que saber os pontos onde ela abria a guarda sem ver me ajudaram um pouco...

- Me deve um favor e tanto, em nee-chan!

Disse com um tom pra lá de duvidoso.

- Não te devo nada, seu salafrario, paguei todas as minhas dívidas e você sabe muito bem disso...

- Oh sim, eu me lembro dona selvagem... Como me lembro... Não tem álcool nesse planeta que me faça esquecer!

Fried e Bixlow se entreolharam suspeitamente com sorrisinhos no rosto. Já o  loiro mantinha as mãos fechadas em punhos usando toda sua força de vontade para não lançar meia dúzia de raios com carga suficiente para explodir aquele lugar. Então era Bacchus o amigo do qual ela falou em Tenrou? Como diabos um bêbado debochado podia tê-la ajudado?

- Então, Bacchus... – a morena ficou meio sem graça – Vou jantar agora, e você vai fazer o quê?

- Achar um bar para beber... Esse lugar é muito familiar para mim...

Os dois se olharam e ela ficou corada para piorar o mau-humor do loiro.

- Então a gente se vê, mande um oi para os rapazes e pro mestre Goldmine!

- Pode deixar, estamos esperando você... E qualquer coisa, sabe onde me achar, vai ser um prazer beber com você de novo, Cana.

O homem deu uma piscadinha e foi embora, ele estava sentindo uma pressão mágica muito suspeita vindo da mesa. O homem deveria ser aquele. O que possuía o coração da sua nee-chan... Não seria nada ruim arrumar uma briguinha com ele, mas isso não faria com que ela mudasse de ideia. Pelo menos podia ficar com a lembrança dos momentos selvagens que viveram juntos pelos quatro cantos do país.

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Laxus Dreyar estava tenso. Seus músculos estavam tão tensionados que a qualquer momento não conseguiria mais se mexer. O jantar todo desceu com um gosto amargo, odiava pensar em Cana com aquele bêbado depravado. E o que queria dizer que tinha pagado todas suas contas com ele e aquela maldita coisa de selvagem!

Entrou no quarto e jogou a camisa num canto, os sapatos também e se jogou do lado direito para dormir antes que fizesse alguma besteira. Então era isso que ela tinha feito naquele ano? Viajado por Fiore bebendo de transando com aquele idiota retardado? Por quê? Ela não tinha se declarado? Ela tinha dito que o amava!

Obviamente que o estresse do Dreyar não passou despercebido a mulher e sinceramente ela não compreendeu o motivo. Entrou no quarto atrás dele e ficou quieta vendo-o deitar-se violentamente lhe dando as costas.

Calmamente tirou a blusa que havia jogado sobre seu top para depois cair no espaço que restou na cama. Ligou o lacrima vision e se enfiou debaixo das cobertas, ficou quieta durante quase uma hora e quando finalmente sentiu que a tensão no corpo do homem diminuiu se atreveu a comentar.

- Laxus... – chamou incerta –

- Hn? – resmungou ele –

- Algum problema?

- Não, por que eu teria algum problema? – respondeu ríspido –

- Não sei, você ficou nervoso de repente.

- É impressão sua.

Foi tudo o que respondeu e a mulher decidiu ficar quieta, ele não queria conversar, mas ela o conhecia o suficiente para ter certeza de que aquele assunto voltaria a tona.

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A missão foi realizada sem maiores problemas, na verdade, para uma Classe S era até muito simples: pegar uma quadrilha de bandidos que roubava as minas de prata da região. Nisso já haviam passado cinco dias desde a chegada e Laxus ainda não estava em seu melhor humor. A história de Cana ter passado um ano viajando com aquele mago beberrão depravado o estava enlouquecendo. Estavam juntos, tudo bem que a priori era uma amizade com benefícios, mas e a declaração de amor dela? Não era mentira, o mago a conhecia a tempo demais para saber que ela não falaria algo daquele tipo sem ser verdade, o que não entrava em sua cabeça era o fato desse caso com Bacchus.

Estava com tanto ciúme que se o visse pelos próximos vinte anos ainda o surraria. Cana era sua garota, sua maga, sua amiga, sua amante, sua mulher! Não conseguiria terminar aquela viagem sem colocar os pingos nos ‘is’. Toda vez que olhava para morena ficava entre a raiva extrema e o carinho. Não sabia mais se queria abraça-la ou nunca mais vê-la.

Não definitiva não a queria distante, entretanto, estava com o orgulho ferido.

Quando pararam para almoçar em uma cidade e a Alberona se afastou para fazer algo, mais que rapidamente o Dreyar mandou seus dois amigos embora, estavam próximos de uma estação de trem, os dois poderiam voltar para Magnólia assim. Bixlow e Fried estranharam a ação, mas não discutiram e se foram.

Obviamente que Cana estranhou a ação e depois de algumas horas de caminhada pela estrada sozinhos, estava quase tendo uma crise de ansiedade. Era óbvio que a dupla não teria ido embora sem que o chefe mandasse, e se ele os mandou embora era porque queria ficar sozinho com ela, provavelmente para conversarem. Aquele encontro com Bacchus tinha deixado bem claro o tipo de relacionamento que mantiveram. Céus, por que ele não começava logo?

- Vamos para um lugar mais alto, vai chover logo... Eu sei de uma rede de cavernas aqui nessa área.

- Okay.

Aquele clima estava matando a dupla. O problema é que Laxus não sabia como começar a falar, tinha medo de que sua raiva terminasse falando mais alto e com isso acabasse ofendendo a morena e assim causasse mais problemas. Precisavam tratar disso como dois adultos.

Foram mais duas horas de silêncio sepulcral.

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A chuva estava muito forte do lado de fora da caverna, provavelmente estariam em apuros se ainda estivessem na estrada, sem dizer que molhados até os ossos. Uma fogueira estava acesa mais ao fundo e o mago do trovão sentado encostado na parede da caverna ouvindo música em seus fones.

Kami... Se não resolvessem esse assunto ela acabaria se matando até o final daquela chuva torrencial. Caminhou de volta para o fundo sentando-se encolhida junto com sua manta para proteger-se do frio. Estava a beira da loucura. Definitivamente precisava que ele começasse logo!

- Já chega, Laxus, dá para começar a falar logo? Eu não sou burra, o Fried não iria te deixar a não ser que fosse mandado embora! Seu silêncio está me enlouquecendo!

Um par de olhos cinza a fitou e a Alberona necessitou de um esforço sobre-humano para não desviar o rosto em resposta, suspirou profundamente e colocou os fones no pescoço desligando a música.

- Eu passei um ano com seu silêncio, não parece tão divertido quando se está do outro lado, não é?

Quantos quilos de ironia e sarcasmo cabiam em uma só frase?

- Eu já pedi desculpas... – sussurrou –

- Já passamos desse nível... Vamos falar claramente, Cana, qual foi sua história com aquele... – o loiro mordeu os dentes – Bacchus?

- Eu não preciso falar, somos adultos e ele não fez questão nenhuma de esconder. Foi exatamente o que você e os rapazes entenderam.

- Okay, era só para ter certeza. Agora chegamos a parte do por quê.  Por que, Cana?

- Por quê? – a morena suspirou – Porque eu estava terrivelmente deprimida e sem o menor amor próprio, o encontrei depois de uma missão, ele sentou sem permissão na minha mesa e depois terminamos fazendo uma missão juntos.

- E muitas outras, porque o velhote encheu a boca para falar que você foi a candidata mais bem colocada.

O Dreyar estava realmente tendo que se segurar para conseguir manter uma conversa racional.

- Eu não queria voltar e encontrar você. Estava tão dolorida, com tanta raiva, tão deprimida... O Bacchus meio que apareceu me oferecendo uma chance de não ter que lidar com tudo isso. Sem perguntas, sem complicações...

- Sei que não agi da maneira que você esperava, mas precisava ter se jogado nos braços do primeiro idiota que encontrou? Qual é, se tivesse voltado antes poderíamos ter resolvido nossa história!

- Do jeito que eu estava frustrada, não estava preparada para conversar com ninguém, nada do que me dissesse eu ouviria! Nada que não fosse o que eu quisesse ouvir ou esperasse ouvir... Eu ouviria! Eu estava com tanta raiva de você!

- Estava? Por que não está mais? Por acaso se apaixonou por aquele bêbado idiota?

- Não, Laxus! Infelizmente pro Bacchus foi só ele que se apaixonou! Eu parei de ficar com raiva porque descobri que você não era obrigado a retribuir o que eu sentia! Eu estava sentindo, era uma coisa minha que eu queria estender a você! Os relacionamentos são tão complicados porque necessitam de duas partes, quando só uma delas sente, não adianta.

- E quem falou para você que era só da sua parte? Só porque eu não respondi quando você falou não queria dizer que eu não sentia nada!

- Eu não posso saber de coisas que não me falam!

- Você não ficou tempo suficiente para que eu pudesse falar!

Um silêncio sepulcral reinou até que um raio iluminou a caverna, seguido de um trovão ensurdecedor.

- O que você quer no final das contas? O que quer de mim? Você mesmo disse que somos só amigos! Por que está tão irritado?

A grande figura masculina levantou-se fazendo o coração da mulher disparar. Não era como se tivesse medo dele, não acreditava que Laxus pudesse ter alguma atitude agressiva, não era do feitio dele, mas é que a situação estava tão tensa que não sabia bem como reagir. Ele ajoelhou-se a sua frente, colocando o rosto na mesma altura do seu, a encarando profundamente.

- E quando foi que eu disse isso? – a voz era gravemente profunda –

- Naquela noite antes da minha missão e depois em Tenrou.

- Não, dessas duas vezes eu disse que erámos amigos em primeiro lugar. Estou com tanta raiva porque me enlouquece pensar que você passou uma droga de ano inteiro com aquele... Bacchus! Você disse que me amava, Cana e eu realmente não quero pensar que isso foi uma mentira!

O mago fechou os olhos.

- Não foi mentira... – sussurrou –

- Não? – os olhos cinza a fitaram –

- Não, eu não estava mentindo...

Laxus encostou sua testa com a dela fazendo sua respiração bater contra o rosto feminino, realmente aliviado. Por mais irritado que estivesse com o fato dela ter passado um ano tórrido com aquela criatura bêbada, estava muito aliviado pelos sentimentos dela não terem mudado.

- Eu realmente preciso de um tempo para digerir isso...

- Tudo bem, eu espero...

- Pelo menos dois quilômetros de distancia daquele desgraçado ou serei obrigado a aniquilar a existência dele desse planeta.

- Já acabou, Laxus... Acabou com certeza no dia que cheguei em Magnólia e te vi depois de um ano inteiro... E descobri que nada mudou.

- Não me interessa, não gosto dele.

O loiro apoiou o queixo sobre a cabeça da morena inalando o perfume que vinha dos cabelos castanhos e o rosto da mulher se afundou contra a camisa preta que ele usava. Um relâmpago iluminou a caverna seguido de um trovão e os dedos finos de Cana se travaram contra a roupa dele.

- É só água, eletricidade e ruído... – sussurrou acima da cabeça dela –

- Não tenho medo. – replicou pesarosamente mentindo –

Outro raio seguido do som de um trovão fez a morena apertar mais os dedos se encolhendo levemente.

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Quase um mês havia se passado desde a volta daquela missão. Ainda não estavam completamente recuperados a respeito dos acontecimentos, mas já bebiam juntos e conversavam tranquilamente. Nas últimas duas semanas Cana não estava frequentando a guilda tão assiduamente, aparecia somente pouco depois do almoço ia embora sempre lá pelas oito horas.

A Alberona estava numa fase de aproveitamento de seu apartamento. Era um lugar pequeno num prédio de cinco andares no centro antigo de magnólia com uma vista linda. Os lugares por ali eram todos muito caros, mas a maga encontrou sua senhoria em uma missão uma vez e lhe salvou o pescoço, em agradecimento a senhora lhe alugava o apartamento por um preço quase irrisório. Fazer boas ações às vezes pode ser melhor do que o esperado.

Todo o lugar era muito vintage, a vista da janela de seu quarto era simplesmente adorável de tardezinha e a noite. Seu banheiro era um mimo todo feito em azulejos azuis claros com uma banheira de porcelana branca onde costumava passar horas para curar as ressacas. Nesse instante, estava em pé em sua cama retirando as fotos do mural que mantinha acima da mesma, tinha pegado algumas fotos novas com Mirajane para atualizar seu quadro.

Jogou as fotos retiradas em uma caixa que estava sobre a cama e foi organizando as novas. Pelo menos para alguma coisa servia a mania irritante de tirar fotos nos momentos mais inoportunos possíveis. Riu ao prender a foto de Jet, Droy e Gajeel abraçados com sorrisos forçados porque Erza exigiu que ficassem amiguinhos. Estava segurando uma foto que Mira tinha tirado na última festa, alguns dias atrás, estava sentada na mesa com a Raijinshuu, ajudava Ever e Bixlow a embebedar Fried, Laxus estava do seu lado direito com o braço esticado atrás de suas costas. O ângulo da foto só pegava a si mesma e o Dreyar...

Resolveu colocar essa foto meio que encoberta entre outras.

Desceu da cama, tampou e guardou a caixa debaixo da cama. Já não havia mais claridade natural, saiu do quarto e foi até a cozinha onde preparou um bom chocolate quente. Encheu uma caneca grande com o doce e uma dose generosa de rum, levou até perto do nariz e inalou o cheiro maravilhoso de álcool e chocolate.

Caminhou de volta a seu quarto desligando todas as luzes no processo. Sentou-se aos pés da cama, escorando nas grades que formavam uma espécie de arranjo de flores de metal, a cabeceira era ainda mais linda, havia comprado num brechó de móveis uma vez. Colocou a caneca sobre o batente da veneziana e apoiou a testa no vidro para ficar olhando a vista noturna.

O centro antigo da cidade era tão bonito, quanto mais a noite com as luzes acesas. Muitos casais passeavam por ali e turistas tiravam fotos. Suspirou e tomou um pouco de seu chocolate alcoolico sentindo-se mais aquecida. Se já estava fazendo frio assim no final do outono, não queria nem imaginar como seria o inverno daquele ano.

Puxou as cobertas de maneira a cobrir as pernas e ficou ali, contemplando a vista perdida em pensamentos aleatórios. Até que uma pessoa que caminhava pela margem do rio lhe chamou atenção por ser muito alta, loura e usar um casaco com plumagens. Parecia indeciso sobre qual rumo tomar, ia e vinha algumas vezes, andando em círculos.

A janela de seu quarto ficava nas costas do prédio, o que provavelmente queria dizer que ele estava decidindo se ia para a portaria. Sorriu e deu uma soprada de ar quente no vidro da janela para que ele embaçasse e depois desenhou alguns símbolos liberando um pouco de magia, era um feitiço de contato, iria chamar na superfície refletiva mais próxima que no caso era a vitrine de uma loja de chocolates do outro lado da rua.

Viu Laxus olhar para o lado ao ouvir o som que parecia um telefone, da distancia que estava não podia ver a expressão dele, mas tinha certeza de que era uma bem engraçada. Ele caminhou tranquilamente até a vitrine e tocou no vidro ativando a chamada. Via Cana do busto para cima.

- Então garotão, vai ficar cercando meu apartamento até quando? – disse e depois tomou um gole de sua caneca –

- Onde está?

- No meu quarto, minha janela tem vista para essa rua...

O Loiro sorriu presunçoso apesar da situação constrangedora.

- Abra a janela.

- Nani? Nem morta... Está um frio horrendo! – riu –

- Anda logo, Cana... É só um minuto!

- Tsk... Se eu ficar congelada por sua causa, vai ter sérios problemas!

Cana abriu sua veneziana e no minuto seguinte um raio se projetou em sua direção, seguido da figura robusta de Laxus se materializando o meio de seu quarto. Fechou a janela em seguida num baque surdo. Um vento frio lhe arrepiou.

- Você podia ser uma pessoa normal e entrar pela porta... – resmungou a morena tomando seu chocolate alcoolico –

A risada grutal do Dreyar só fez o bico da mulher aumentar. O loiro olhou em volta, nunca tinha estado no quarto dela, na verdade, só esteve no apartamento da garota duas vezes e nunca passou da sala. Cana não gostava de receber visitas, ou melhor, ela resguardava seu apartamento de qualquer um de seus casos. Segundo ela, levar uma pessoa para casa deixava marcas e impressão, assim quando os relacionamentos terminavam, ela não queria ter seu mundinho maculado por lembranças.

Seu apartamento era um mundo secreto, sendo que até poucas das garotas conheciam onde morava. O homem olhou ao redor analisando o lugar. Muito aconchegante e bem cuidado, revelava bastante coisas a respeito da dona. Cana era muito observadora, conseguia ver detalhes que algumas pessoas não notavam e também era gostava de coisas que para alguns poderiam passar despercebido.

Tirou o casaco jogando-o numa poltrona, ali estava bem aquecido.

- Vamos lá para sala...

A morena ia se levantando quando displicentemente o mago sentou-se em seu colchão.

- Não, vou ficar por aqui mesmo... – tirou os sapatos e se recostou na cabeceira colocando dois travesseiros nas costas –

- Laxus, não seja folgado, essa cama é minha!

- Toda vez que você vai lá em casa você se instala na minha cama... A gente sempre fica conversando no meu quarto.

- Exatamente, na sua cama, essa é a minha! Meu quarto!

O neto de Makarov simplesmente ignorou todas as tentativas dela de tirá-lo dali, não tinha pretensão nenhuma de se retirar. Por fim, cansada de suas tentativas inúteis, a morena bufou arrancando uma expressão divertida dele.

- Tsk... – terminou de beber seu chocolate e antes de deitar do lado da cama que ficava encostado na parede tomou os travesseiros – Meus travesseiros, pegue outros no armário!

- Okay, Cana...

- E tire o cinto, essa droga sempre me machuca quando a gente fica conversando lá na sua casa.

O mago não tirou só o cinto, a camisa dele também saiu de questão, afinal, se ficasse deitado com ela iria embora todo amassado depois. Colocou o travesseiro sobre os lençóis lilases e deitou-se virado para ela que estava abraçada com um dos travesseiros.

- Você é muito folgado, além de invadir meu quarto, roubar meus travesseiros, ocupar metade da minha cama, ainda fica semi-nu?

- Qual seu problema com visitas, em?

- Nenhum, desde que fiquem fora da minha cama! – bufou –

Depois de alguns minutos, Cana finalmente se rendeu e começou a conversar com ele, sem deixar de alfinetar uma vez ou outra.

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Já era bem tarde e o casal ainda estava conversando. A essa altura, o rapaz já havia se cobrido também e estavam de rostos bem juntos, conversando algumas amenidades baixinho. O sono já estava dominando e Cana se perguntava quando é que ele iria embora. Não era como se não gostasse de dormir de Laxus, muito pelo contrário, mas era sua casa, seu ninho, não queria estragar aquele lugar que tanto gostava.

- Estou com sono...

Disse mal conseguindo manter-se acordada e recebendo um carinho na bochecha dele.

- Então dorme. – a voz do Dreyar também estava arrastada –

- Hum... Você vai ficar?

- Está que mandando embora?

- Hum... Não, é só para saber mesmo... – mentiu –

- De qualquer jeito eu não iria mesmo. – ele riu sobre o fôlego –

A morena bufou e deu as costas ficando de rosto para a parede para dormir. Aquela era a primeira vez que alguém, quanto mais um cara, dormia em seu apartamento, em sua cama. Sempre conseguiu manter as pessoas longe de seu mundo e agora ele estava sendo vilmente maculado pelo espaçoso Laxus Dreyar. Isso não era nada bom, nada bom. Para onde correria quando o mundo lá fora desabasse? Seu apartamento era seu pedacinho de paraíso, onde podia ficar tranquila e a salvo. Protegida de tudo!

Ficou acordada pensando nisso até que percebeu que não podia dormir com Laxus em sua cama. Isso estragaria seu lugar especial, não seria mais seu refúgio imparcial, sempre acabaria se lembrando dele ali. Iria trocar os lençóis assim que ele fosse embora e tacaria fogo. Quando deu por si, já ouvia o loiro ressonando tranquilamente. Com cuidado girou o corpo e visualizou a expressão tranquila... Nem parecia o mesmo homem sempre bancando o durão.

Gostava tanto daquele homem que chegava a doer, não deveria ser normal ou saudável isso. Foi algo tão estranho, porque não foi amor a primeira vista, foi bastante tempo de conversas, bebidas, troca de confidências... Conheceu o homem por detrás da imagem que ele pregava. Sabia dos defeitos dele e mesmo assim não queria deixa-lo. Passou a ponta dos dedos de leve no rosto masculino.

Definitivamente, dividir seu lugar especial com ele não era uma boa ideia.

Esgueirou-se para fora da cama e na ponta dos pés seguiu para dormir na sala. Certas coisas não deveriam mudar. Precisava manter seu espaço.

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Laxus acordou pouco antes do sol nascer ao ser mexer e notar que deveria ter acertado alguém. Abriu um olho e notou a cama vazia e pela temperatura ela já não deveria estar ali a algum tempo. Imaginou que talvez estivesse tomando água ou algo do gênero, mas com sua audição privilegiada não notou nenhum som de movimentação. Estranhando o fato acabou levantando.

Espreguiçou-se como um urso e saiu andando descalço atrás da morena e a encontrou dormindo embaixo de um monte de cobertores no sofá da sala. Ela tinha saído da cama quando? E por quê? Pelo que se recordava, a Alberona sempre gostou de dormir com ele. Suspirou e foi até ela, ajoelhando-se perto do sofá passou a mão pelo cabelo castanho o que resultou num ronronado. Sorriu. Cana gostava muito de carinho assim, principalmente na parte de trás da cabeça onde começava o cabelo no limite da nuca.

- Oe... Acorde...

Chamou e ela abriu os olhos preguiçosamente.

- Hum... Laxus...

- O que aconteceu com a cama?

- Hum? – ainda estava meio zonza –

- Por que a senhorita me largou sozinho?

A morena piscou algumas vezes, se encolheu mais em suas cobertas.

- Você me amassou dormindo... – foi a mentira mais plausível que conseguiu encontrar de madrugada –

- Sério? A gente nunca teve desses problemas... E você não faz o tipo que sai, faz o tipo que me chutaria para fora da cama.

- Eu estava com sono demais para isso.

- Você mente muito mal, quanto mais a essa hora da manhã... – ele deu uma risada fraca e cutucou com o indicador a ruguinha que se formou entre as sobrancelhas dela – Que tal falar a verdade?

- Você quer mesmo ter uma DR antes de amanhecer?  - resmungou se aninhando mais nas cobertas –

- Eu só estou fazendo uma pergunta.

- A resposta é simples: você+eu+minha cama= não rola.

- Por que não?

- Porque esse tipo de coisa deixam marcas e lembranças... E minha casa tem que ser completamente livre disso porque é meu lugar neutro.

- E desde quando lembranças boas são ruins?

- Desde que vão se voltar contra mim no futuro!

- Certo...

- Você vai embora?

- Não, vamos voltar a dormir, ainda é muito cedo.

- Espero que não pretenda ser nesse sofá...

- Você está aqui, não está?

- Não cabemos nós dois aqui!

- Sem as almofadas e pelo menos duas dessas cobertas, cabe sim.

- Estou com frio!!

- Eu dou jeito nisso...

Um sorriso torto quase fez Cana ter uma hemorragia nasal antes de amanhecer.

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 Cana estava deitada de bruços em sua cama ouvindo música e pensando em abobrinhas quando ouviu seu celular (uma versão de lácrima de comunicação que passava só voz) se esguelar sobre o criado-mudo. Ficou olhando para aquilo. Estava com tanta preguiça que seria capaz de morrer se respirar não fosse controlado involuntariamente.

Tinha voltado de uma missão que apesar de não ser difícil, a deixou cansada em níveis cavalares. Chegou em casa, tomou banho, comeu e se prostrou na cama por período indeterminado. Estava curtindo uma preguiça na moral, com a mente voando a quilômetros de distância, num estado de semi-consciência muito gostoso e confortável...

- Caralho!! – ralhou esticando a mão e pegando o objeto –

Pikachu-espaçoso. Era o que dizia na identificação.

- Tinha que ser...

[- Qual a razão de ter um celular e não atender, Alberona...

- Tsk... Fica de boa, Pi... Laxus!!

[- E ai? Por que não apareceu na guilda ainda? O velhote está reclamando que a venda de bebidas está fraca hoje... – a risada debochada dele causou uma careta nela –

- Tô moída, quando minha alma voltar para o corpo eu apareço por aí...

[- Kami, como é dramática... Anda logo, levanta e vem para cá, Mira está com aquela cara de quem vai aprontar, alguma coisa me diz que teremos um belo show para assistir.

- Laxus... Sua voz está longe... Longe...

Desligou antes dele falar mais alguma coisa e arrancou a bateria  do aparelho. Fechou os olhos, deixou a música leva-la de volta ao torpor inicial entrando de novo na semi-consciência adorável...

Em algum momento a semi, tornou-se nenhuma consciência e a maga dormiu seu sono merecido.

***

Cana estava sentada com as pernas para fora da cama coçando o olho esquerdo ainda meio zonza. Tinha sido acordada pelo senhor Pikachu que estava olhando-a divertido.

- Você não deveria estar dando escândalo como qualquer garota normal, não? Eu entrei na sua casa e você está semi-nua... Cadê os gritinhos histéricos de hentai, travesseiradas, rubor... Não vai se esconder?

Nesse instante, ela usava um short que não tinha comprimento para ser chamado de tal e uma blusinha de malha verde de alcinhas finas. Ela se virou e olhou com um olhar de total descaso.

- A gente já passou dessa fase...

- Alberona, você é uma mulher estranha.

- A gente já deitou e rolou, você tem dormindo fungando na minha nuca pelo menos três vezes na semana e por algum motivo bizarro tem a chave da minha casa... Definitivamente já passamos dessa fase, mas se quiser eu posso bater em você com o travesseiro.

- Não, não precisa e agora também já não teria graça... Então, já está pronta para voltar para o mundo dos vivos?

- Eu pareço preparada? – ergueu uma sobrancelha –

- Na verdade você parece um panda com olheiras, mas sei lá...

- Olha, se eu não estivesse tão cansada e morta, bateria em você.

- Bem, não importa... – ele se levantou – Trate de estar viva às oito, com um vestido e sem parecer um panda. Vai ser uma noite temática na guilda e aparecer sozinho é carimbo de encalhado.

- Teoricamente estou encalhada, mas okay, te faço esse favor já que se importa tanto com a opinião alheia.

Ela ouviu pequeno rosnado vindo do mago que estava se encaminhando para a saída.

- Oe, Pikachu...

Acreditem se quiser, mas ele olhou.

- O que foi?

- Nada, só queria saber se atendia!

E começou a rir ignorando os impropérios que ele soltou.

***

Cana apareceu na guilda por volta das oito e meia. Tinha custado a achar alguma coisa para aparecer na guilda. Apesar de não ser masculinizada, nunca foi como uma Lady e raramente usava roupas diferentes das habituais, tinha algumas saias e vestidos, mas nada parecia ficar bom o suficiente.

Optou por um vestido de seda soltinho de alças com estamparia de onça, presente de Mira, junto com uma jaqueta curtinha de couro e botas cano curto com alguns spikes. Ficou alguns minutos se fitando no espelho, aquela não era uma imagem a qual estava acostumada, mas até que não ficava ruim. De qualquer modo não era como se importasse tanto com estar bem vestida ou não... Passou um pouco de seu perfume, que era presente de um certo loiro, aparentemente ele gostava do adocicado em sua pele... Também não que estivesse querendo agradar.

Saiu de casa e foi caminhando até a guilda.

***

Todos estavam mais arrumadinhos e uma música agradável tocava ao fundo. Mirajane tinha organizado algo mais chique, com um clima para namorar, meia luz, mesas de sinuca, junkbox. Foi até o balcão e sentiu-se sendo servida pela garçonete.

- Nossa Cana, nunca tinha visto você usando meu presente! Ficou linda!!

- Oh... Eu perdi o hábito de usar vestidos, tenho que ficar me policiando... Prefiro meus tops e capris... Mas de vez em quando é bom dar uma variada.

- Hum... Acho que mais alguém gostou da sua variada... – disse a garçonete rindo e enchendo uma caneca com cerveja – Olá Laxus, sua cerveja... Viu como a Cana está bonita hoje?

A Alberona quase cuspiu sua bebida fora, odiava quando Mira fazia dessas coisas. Ouviu a risada do Dreyar ao seu lado que tomou um gole de seu álcool antes de falar alguma coisa.

- Eu notei, Mira... Nem parece mais o panda de hoje a tarde!

Lançou um olhar mortal para o loiro que riu ainda mais, a albina saiu para servir algumas pessoas e um silêncio normal se formou entre os dois.

- Você fica bem de vestido...

- Hum... Obrigada!

Olhou de soslaio para ele vendo que usava uma calça preta, sapatos inusitadamente brancos, camisa vermelha com dois primeiros botões abertos e um colete. Uma corrente dourada aparecia sob a camisa dando-lhe uma pegada de cafetão. Riu com o pensamento.

- Está rindo do que?

- Nada... Só estava pensando! Mas então... Acha que perderemos o título de encalhados?

- Eu acho que vai ficar para a Ever e o Elfman... Os dois passaram tanto tempo infernizando um ao outro para que não fossem com mais ninguém que acabaram sem par e não assumem que estão juntos.

- Que ótimo! É dose acabar no mural dos encalhados da Mira! Vamos para uma mesa... Esses bancos não são feitos para garotas com vestidos!

Quando se levantaram, Laxus visualizou quão bem ela ficava de vestido, instintivamente jogou um dos braços ao redor da cintura feminina com a mão caindo levemente sobre o quadril, numa figura de linguagem masculina clara de aviso para os demais portadores de testosterona manterem distância.

Sentaram mais ao fundo, longe dos olhos de todos e começaram a conversar tranquilamente. O loiro aproximou o rosto do dela e passou parte do cabelo castanho para detrás da orelha da dona. Ela estava cheirando catastroficamente bem... A ponta do nariz masculino foi escorregando até perto do ouvido dela.

- L-laxus...

- O que foi? – perguntou com sua voz fazendo cócegas –

- As pessoas vão entender isso errado... Parece que a gente está flertando...

- Mas a gente está... – ele riu encostando o nariz no pescoço bem embaixo do ouvido – Que cheiro bom... Assim vai acabar comigo!

- Por Mavis... Se afaste do meu pescoço.

Tentou empurrá-lo para se afastar e manter uma distância segura, mas não deu certo. O mago a puxou de volta e segurou perto. Tudo estaria indo para brejo quando graças a kami Evergreen recalcada com Elfman conversando com uma maga qualquer da guilda se colocou na mesa atrapalhando o clima.

- Algum problema, Ever? – o Dreyar perguntou quase rosnando –

- Não, nenhum... A festa está boa neah? – a loira tentava ignorar que tinha acabado com o clima dos dois –

- E podia estar consideravelmente melhor! – rosnou levando uma cotovelada na costela da Alberona – O que foi? A gente estava conversando aqui e resolvendo nossa vida, não é minha culpa se ela e o Elfman não saem desse chove e não molha!

- Laxus?! – Cana arregalou os olhos  -

- Argh já entendi, era só ter pedido para eu sair!

Evergreen saiu bufando e pisando pesado.

- Pelo amor de Kami, quanta falta de sensibilidade, ela não é sua amiga não?

- Cana, o único problema da Ever é ter tenacidade demais! Se ela estalar os dedos o Elfman faz o que quiser por ela... Eu tenho mais problemas do que ela e você não parece comovida com isso!

- Como assim?

- Estou apaixonado por uma mulher que mesmo assumindo que sente o mesmo desistiu de tentar ter qualquer tipo de relacionamento amoroso comigo, eu não consigo que ela me aceite se quer na casa dela, quanto mais na sua vida! Eu sim tenho problemas!

- Eu tenho que lembrar que me ferrei primeiro nessa história?

- Você já disse ‘eu te amo’ esperando ser rejeitada, isso com certeza não ajudou muito nossa situação!

- Meu histórico amoroso não é dos melhores!

- Com certeza você tem um histórico desastroso, sem dizer que o relacionamento dos seus pais não foi lá um modelo... Só que vou te contar uma coisa, nosso relacionamento não é nenhum daqueles auto-destrutivos que você teve e nós não somos uma versão mais nova dos seus pais! Nunca fui o tipo de pessoa que acredita em amor romântico e meloso... E sinceramente continuo não acreditando, mas com certeza eu creio que duas pessoas podem sim se envolver para dividir uma vida juntos, que se preocupam uma com a outra, e que podem ser o motivo para se voltar para casa. Você passou um ano longe e eu descobri que não consigo, não quero e não posso ficar sem te ter comigo. Não sei se para outras pessoas isso é amor, mas é a conclusão que cheguei depois de tudo é: Eu te amo e por mais puto que eu esteja com esse seu ano perdido pelo mundo notei que tudo o que eu queria ao ver o quanto tinha mudado ao voltar era que o que disse sentir por mim não tivesse mudado também!

Se Laxus não estivesse tão preocupado em finalmente dizer tudo o que tinha demorado milênios para descobrir como expressar, teria notado que o tom de sua voz subiu durante o discurso chamando atenção das pessoas ao redor, sendo que da metade para frente o salão todo tornou-se silencioso para ouvi-lo. E nesse instante estavam todos de olhos arregalados, Mira estava com coraçõezinhos nos olhos e o mestre quase chorando de emoção.

- Todo mundo ouviu o que eu acabei de dizer? – sussurrou sentindo o ar faltar –

- Provavelmente. – respondeu a morena sem reação –

- Isso eu necessariamente nos torna a fofoca dos próximos anos.

- Na verdade eu ainda não sou o alvo da fofoca... Foi você que resolveu ter uma DR no meio do salão...

- Então quer dizer que eu acabei de comprometer minha reputação para o resto da vida e você não vai me corresponder?

Cana ficou alguns segundos sem saber o que fazer, mas terminou fazendo a única coisa que seus instintos lhe diziam para não fazer. Tinha passado por tanta coisa, seus pensamentos haviam mudado tanto nos últimos meses que por mais que tivesse medo, não estava disposta a não ariscar.

- Dane-se essa droga!

E puxou o loiro lhe dando um beijo!

***

E na guilda foi uma sequência de comemorações e afobação depois do beijo! Obviamente que uma festa para comemorar começou, e depois de conseguir fugir dos olhos maliciosos de Mira que queria a todo custo um interrogatório a dupla estava caminhando pelas ruas vazias de Magnólia. Já era relativamente tarde e a maioria das pessoas não ficava na rua depois das nove.

Um dos braços masculinos estava em volta da cintura feminina lhe trazendo para bem perto. Virou o rosto para cima e na ponta dos pés beijou a parte lateral do queixo do namorado que teve que se abaixar para poder beijá-la. Sabe todas aquelas coisas piegas que dizem sobre o amor...

Do tipo que beijar a pessoa que se ama é completamente diferente do que qualquer outro beijo?

Bem a dupla tinha que admitir que havia uma certa realidade nisso. Já haviam se beijado incontáveis vezes, mas com certeza nunca foi tão bom. Era quente, macio, cuidadoso, de tirar o fôlego...

Conseguiram chegar até o apartamento dela mediante algum milagre, afinal, não estavam prestando muita atenção no caminho. As costas de Cana bateram contra a porta fechada enquanto recebia outro beijo arrebatador e foi prensada contra a madeira. Os braços femininos estavam ao redor do pescoço dele e uma das mãos grandes escorregava pela coxa direta, estava tentando erguê-la porque assim ele não necessitava ficar curvado.

Soltou os lábios femininos e foi até o pescoço beijando, mordendo, arrancando suspiros da mulher que num lapso de sanidade o empurrou, ou pelo menos fez as vezes de empurrar colocando as mãos sobre o peitoral dele.

- Laxus...

- Hum... – resmungou sem nenhum problema para ignorar a tentativa de empurrá-lo –

- Dei-deixe eu abrir a porta!

O loiro ponderou alguns segundos e depois apoiando ambos os braços na porta empurrou o próprio corpo para trás. Cana deu as costas para ele e pegou as chaves na bolsa só que não estava conseguindo acertar o buraco da fechadura. Sentiu Laxus bufando as suas costas e tomando a chave e acertando a fechadura de primeira.

Entraram e a porta foi fechada com um chute de Laxus e de repente o clima ficou estranho. A Alberona nunca tinha levado um homem assim para casa e principalmente com as intenções que ela e o mago tinham. Não era como se fosse alguma mocinha, mas aquela era sua casa e...

Não teve tempo de completar o pensamento pois foi envolvida num abraço seguida um beijo, teve o corpo prensado contra o encosto do sofá e com um braço só Laxus a ergueu pondo-a sentada. As mãos brincaram com os botões do colete abrindo e se livrando dele, indo em seguida para os botões da camisa... Enquanto isso sentiu o parceiro alisando suas pernas e arrancando o par de botas, seguindo as mãos para sua jaqueta.

Finalmente as mãos encontraram a pele do torço bem trabalhado indo para costas, Laxus puxou uma das alças do vestido juntamente com a do sutiã para beijar o ombro arrancando arrepios e suspiros da garota. Tinha que tomar cuidado para que ela não caísse para trás. Puxou a outra alça mordendo a pele exposta e deixando a roupa frouxa, puxou mais as pernas dela fazendo-a prender em seus quadris e a tirou do sofá.

Chegaram ao quarto e finalmente a cama da Alberona, colocou-a na cama, tirou a própria camisa e aproveitando que as alças do vestido abaixadas puxou o vestido pela barra jogando-o em um canto qualquer. Acariciando com a ponta dos dedos a lateral das pernas dela foi curvando o tronco encontrando pele com pele.

Alguma coisa estava diferente daquela vez, será que aquela história de que sexo com amor fazia diferença? Estava agora em sua cama, mais especificamente em sua casa, ou seja, estava com outra pessoa ali e não estava com medo de perder seu lugar. Talvez porque se sentisse mais deslocada sem ele do que com ele.

***

Cana acordou e ainda estava escuro. Dormia de lado e tinha um braço pesado sobre sua cintura, mexeu um pouco e o braço se apertou puxando-a para mais perto. Sentiu o rosto de Laxus se afundando em seu cabelos e um leve resmungo. Ficou quieta durante alguns minutos até que ouviu um bom dia rouco e suspiro.

- Bom dia... – respondeu de volta –

- Ainda está muito cedo... – ele disse meio que dormindo –

- Laxus.

- Hum... – foi apertada mais contra ele e o colchão –

- Sabe aquele dia em Tenrou, quando estávamos conversando?

- O que tem?

- Você fez um pedido para estrela cadente?

Silêncio.

Depois de algum dia achou que ele tinha dormido de novo.

- Sim.

Com algum esforço conseguiu girar o corpo no próprio eixo e assim poder olhá-lo.

- O que foi que pediu?

Ainda com o rosto inchado de sono o loiro fez uma careta e fechou os olhos.

- Eu realmente preciso dizer?

- Você não quer que eu adivinhe, não é? – riu da careta que ele refez –

- O que você pediu?

- Se eu responder  você vai me contar?

- Sim.

Silêncio.

- Eu pedi para não te amar mais.

O mago que estava relaxado de olhos fechados abriu os dois olhos de uma vez e a encarou com ambas as sobrancelhas franzidas.

- Okay,,,, Agora me conte!

Disse corada tentando desviar do olhar inquisidor dele.

- Ainda bem que nem todos os pedidos se realizam!

Puxou-a para mais perto fazendo com que a cabeça dela ficasse abaixo do queixo e a respiração batesse contra seu peito.

- Hey... Você não me respondeu...

Estava amanhecendo e estava frio, Laxus puxou o edredom de maneira a acomodá-los melhor e sorriu acima da cabeça dela.

- Volte a dormir, ainda está cedo.

Owari...


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Notas finais do capítulo

Ahhhhhhhhhhhhhhh Finalmente acabei isso aqui!!! Então meninas, qual a opinião de você, foi bom, ruim, péssimo ou querem minha cabeça numa bandeja de prata???

Esperando as opiniões de vocÊs!!!

Kisskiss, Anny!!!