O Filho Do Sol escrita por acciowinterfell


Capítulo 10
Capítulo 10




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P.O.V   IZZIE

Sentia-se em segurança quando ele segurava minha mão. Seus dedos entrelaçados nos meus me levavam para fora da caverna, mas era como se ele estivesse sustentando meu corpo inteiro, cada grama dele. Só não podia deixar se mostrar esse sentimento para ninguém, não sou fraca e mais do que agora tenho que mostrar isso. Sei que Arys só queria ajudar carregando nossos pertences, mas me fazia parecer um peso morto nessa missão, um peso rasgado, queimado e aberto, e que quase seria morto.

- Eu posso carregar. – Falei, soltando sua mão e pegando a mochila que ele carregava.

Arys não objetou, meus olhos demoraram a se acostumar com a luminescência do dia, como se toda a luz que eu não vi nessas últimas 24 horas, estivessem invadindo minha cabeça pelos olhos. As paisagens que vieram depois do grande branco me fizeram sorrir de tão belas, o grande jardim e o horizonte onde o mar se encontrava com o céu, as cavernas alinhadas de frente com a ilha, e as arvores altas pelos lados. Avistei a grande caverna em que Perséfone teria sido levada para o submundo, era a do meio, como Calypso tinha dito.

Procurei por Chris, e vi-o com Calypso conversando na beira da praia minúsculos pela distância, fui muito dura com Chris, falando todas aquelas verdades que precisavam ser faladas, poderia ter omitido algumas, mas tinha medo de ele escolher ficar a ir completar a missão. Virei-me para Arys que olhava para os dois na beira da praia também, ele ficou do meu lado e em silêncio. Mas seus dedos ajeitaram meus cabelos que voavam descontroladamente com o vento, passando-os pela minha orelha.

- Não. – Pedi. – Deixe que eles voem. - Ele me olhou confuso.

- Por quê?

- Porque eu os quero voando. – Respondi rispidamente.

- Você quer esconder o rosto. – Ele descobriu.

- É Arys, eu quero esconder meu rosto deformado – Expliquei um pouco magoada. – eu só tenho que me acostumar a ter um rosto em carne viva.

- Seu rosto nunca ficaria deformado. – Ele beijou o meu rosto, no lugar das queimaduras, me afastei assustada e não pude evitar sorrir. Não consigo evitar sorrir com ele.

- Não beije, que nojo. – Implorei. Mas ele veio em minha direção, tentando me beijar na parte queimada, eu o afastando, ele me segurou com força nos seus braços e tudo que pude fazer foi rir enquanto ele me enchia de beijos, ainda tentava o fazer parar, mas não queria isso, queria seus beijos.

- Quando estiverem prontos. - Chris disse, parado a nossa frente, sério.


- Ah, claro. - Concordei, me soltei de Arys que me segurava sem reação. - Vamos.


Chris deu uma última olhadela para Calypso que estava andando a beira da praia, e entrou na caverna sem esperar por mim nem Arys. Mandei Arys ir atrás dele empurrando em sua costa, ele foi atrás de Chris, peguei a bolsa e me adiantei. Tentaria falar com Chris depois, mesmo eu estando com a razão. Ele nem devia ter olhado para Calypso para início de discussão.


A caverna parecia segura, estava clara ainda, mas não era o sol que a clareava, na verdade não sabia o que era. Na minha frente, onde Arys e Chris me esperavam, o chão era úmido e escuro e nossos pés se enterravam se demorássemos a dar o próximo passo, o cheiro era de carne apodrecida, de rato, pensei logo. Cheguei onde os dois esperavam e percebi que Chris não me olhava. Ótimo, estou em uma missão com uma criança.


- Chris, não seja idiota, me desculpa tá por ter falado a verdade tão duramente. - Pedi com sinceridade.


- Nós vamos continuar ou não? - Ele perguntou a Arys,  quando ele riu, Chris se virou e continuou a andar.


- Parece que você feriu os sentimentos de alguém. - Brincou Arys.
- Va atrás dele, parece que a criança so se da com a criança. - Retruquei, ele parou se rir e imitou Chris enquanto andava. Tive que rir.


Andamos, andamos e andamos mais pela caverna até encontrarmos a saída, era em uma gruta com águas paradas, cristalinas e dava para avistar alguns peixes, no topo da caverna os reflexos da água dançavam perfeitos e maravilhosos como se estivessem sendo guiados por uma coreógrafa olimpiana. Foi ai que percebi que não existia mais caminho, precisávamos atravessar a rocha se quiséssemos continuar, esse foi meu ultimo estúpido pensamento até avistar a claridade no fundo da água, e percebi logo o que iríamos fazer.


- Vamos nadar até o outro lado. - Afirmei.


- Que outro lado? - Arys perguntou, mas continuou - Não tem outro lado.


- Sim, tem. - Chris falou, mas não olhava para mim ainda. Ele apontou para baixo na água, a mesma claridade que avistei. - Vamos passar por baixo da rocha.


Afirmei com a cabeça para um Arys duvidoso e assustado, acho que Arys está com medo de nadar, nunca imaginei, fiquei o encarando enquanto ele me olhava tentando falar algo que não escapava de seu corpo, escutei o barulho de algo entrando na água e vi que Chris tinha pulado e já estava a caminho para atravessar.


- Chris! - Gritei. - Chris! Droga... Idiota! - Isso tinha sido demais, estamos juntos em uma missão, ele não podia ficar agindo como uma criança sem chupeta... Falando nisso.
- Você está com medo,  Arys? - Perguntei. Ele negou com a cabeça.


- Eu não.


- Então vamos... - Fingi que ia pular na água.


- Espere! - Ele gritou, parei o encarando, perguntando a ele com o olhar, qual era o problema.


- Eu vou me afogar. - Ele afirmou.


- O quê? Claro que não, espera você não sabe nadar? - Perguntei surpresa.
- Eu sei - Ele respondeu rápido. - Mas é que... Eu não quero me afogar. - Ele fechou a sentença, mas eu sabia que faltavam mais palavras ali, "de novo" ele queria dizer. " Eu não quero me afogar de novo".


- Você não estava se afogando, Ary. - Falei gentilmente. Aproximei-me e segurei suas mãos, ele me olhava, pedindo para que eu continuasse. - Foi tudo culpa daquela mulher-piranha que te enfeitiçou, você não teve chance. - Ele riu, apertando minhas mãos.


- Mulher-piranha? - Ele perguntou, fiz que sim com a cabeça. - Isso é porque ela me beijou? - Ele falou, senti uma fúria se ligar dentro de mim, me solteicde suas mãos e apontei para água.


- Agora vá, seu medroso. - Ele estava na dúvida se ia ou não, o medo em seus olhos. Aproximei-me de novo, bem perto dessa vez, rostos quase colados. - Imagine o seguinte,  Ary - Disse - você não vai se afogar, e quando chegar do outro lado, vai ganhar mais disso. - Então o beijei. Ele me abraçou, me apertando em seu corpo não me deixando se afastar, eu não queria se afastar, mas era o jeito. Então eu parei e o empurrei, rindo. - Agora vá.


Ele foi, pulou na água, com a mochila, e mergulhou fundo, e quando eu não pude mais vê-lo, foi ai que o acompanhei, a água era muito gelada. Do outro lado, era outra cópia exata da outra caverna, porém como se fosse refletida por um espelho, e ao invés de outra abertura cavernosa, tinha uma porta grande e vermelha, como se fosse feita de ferro enferrujado, ela estava aberta.


- Por que demorou Izzie? - A voz de Arys perguntou, ele me ajudou a sair da água, e quando estava livre do grande volume de umidade, ele continuou - Chris achou uma coisa.


Chris estava parado na borda da gruta, olhando para o chão, quando Arys me levou até lá, pude ver que a coisa era uma estátua de bronze, sentada e com os pés na água, era de um homem musculoso e cabelos cacheados, ele passava um dedo na água, pensativo. Fiz barulho com a garganta para chamar sua atenção.


- Olá! - Ele falou.


- Olá, quem é você? - Perguntei.


- Eu sou Servus, mas a pergunta é, quem são vocês?


- Nós somos, hã... Semideuses, Servus. Estamos em uma missão.


- Os semideuses, sim... Ela espera, ela acerta, ela espera.


- O quê? - Arys perguntou o que todos estávamos pensando.


- Minha deusa espera, para lá do portão. Para lá da porta ela espera por aqueles por qual sabia que chegariam. Vão, a porta irá se fechar. – Ele falou, e voltou a olhar para a água. – VÃO! – Ele gritou.

Então nós fomos, atravessamos a porta vermelha...


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