The Neuro-SHAMY-cal Equation Of Love escrita por Fabs


Capítulo 3
The Quantum Disappointment


Notas iniciais do capítulo

E lá vamos nós ao terceiro capítulo! Ele está enorme pois não consegui dividi-lo sem que ficasse estranho. Espero que meus poucos (e queridos) leitores não percam a paciência com isso e parem de acompanhar a fic. O gatinho macio morreria de aborrecimento se isso acontecesse.
Prometo fortes emoções!
Live long and prosper.



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— E assim, assumindo que uma xícara de chá branco possui aproximadamente 10 vezes mais substratos antioxidantes do que uma maçã, eu lhe faço o seguinte questionamento: em uma feira onde só são comercializados insumos alimentícios orgânicos, qual seria matéria-prima de escolha para a bebida do Wolverine? — indagou Sheldon, com um olhar astuto.

— Bem... — disse Leonard, pego de surpresa com o disparate do amigo — o próprio chá branco, suponho.

— Não. Ele compraria lúpulo e cevada e produziria sua própria cerveja artesanal — tornou o outro, categórico — creio que alguém com tal capacidade de regeneração tecidual não se preocuparia com as taxas de radicais livres associados à sua dieta.

— Certo, mas isso ainda não responde à minha pergunta, Sheldon.

— Que era...?

— Se você não vai se arrumar para o seu encontro de aniversário com a Amy.

Embora faltassem apenas quinze minutos para o horário estipulado no acordo entre o casal, Sheldon não parecia muito inclinado em abandonar a boa e velha camiseta do Flash e suas calças cáqui a favor do terno, gravata e todos os monótonos protocolos sociais que os encontros compreendiam em sua essência.

— Mas que ingenuidade a minha — resmungou Sheldon, virando-se para o quadro onde rascunhava um complexo cálculo de física quântica — imaginar que o meu colega de quarto se interessaria mais em um educativo colóquio sobre as propriedades nutricionais, e como elas afetam os organismos mutantes fictícios em vez de assuntos desinteressantes como encontros e outras tolices do convívio social.

— Não fale assim, Sheldon — censurou Leonard, com um olhar severo — sei que a data é muito importante para a Amy. Penny me contou como ela tem aguardado ansiosa por essa noite, me parece que até recusou uma maratona de Friends na casa da Bernadette só para acordar bem para hoje.

— Amy aguarda ansiosa pelo dia de hoje — murmurou Sheldon para si mesmo, dando as costas para o amigo — Amy aguarda ansiosa pelo dia de hoje e eu...

O cientista deu alguns passos com a mão estendida em direção à maçaneta da porta, depois retornou aos próprios estudos em silêncio, parecendo realmente incomodado. Era mais um dos clássicos comportamentos que só podiam ser desvendados por alguém que se habilitasse a dissecar o cérebro de Sheldon utilizando tecnologia alienígena.

Mas Leonard foi tomado por uma intuição repentina.

— Sheldon, quer dividir alguma coisa comigo?

— Talvez uma porção de frango imperial do Xiang-Tso, mas com pouco curry. Estou pressentindo um desarranjo intestinal.

— E eu estou pressentindo um desarranjo emocional — bufou Leonard, tentando não perder a paciência — você está agindo de modo estranho todas as vezes que esse encontro ou Amy são mencionados, muito embora alguns dias atrás você tenha anunciado no refeitório que tinha a solução perfeita para esse caso.

— E tenho. Howard me deu uma ótima dica em relação a isso.

— Entendo, então você e a Amy realmente vão... — questionou Leonard, interessado. Se este era um assunto comum entre os homens, por que era tão difícil falar sobre aquilo com o melhor amigo? — você precisa de algum conselho Sheldon? É normal se sentir inseguro em relação a isso, mas saiba que tudo é novo para Amy também, e se vocês dois se gostam, então não há motivos para não fazerem... o que tem que ser feito.

— Concordo — assentiu sério, tampando a caneta-pincel que usava para escrever no quadro ao mesmo tempo que a campanhia soava à porta — e agradeço seu oferecimento, mas sugiro que guarde essa disposição para me fazer favores para a próxima segunda-feira, já que você vai me levar para uma consulta de rotina ao pneumologista.

— É isso aí, Leonard “boca-grande” Hofstadter, esse é o seu preço por tentar ajudar — resmungou enquanto desativava o acesso de segurança ao apartamento — Já vai... só um momen... nossa!

— Boa noite Leonard — disse uma irreconhecível Amy Farrah Fowler à porta — quando colocar seus olhos de volta às órbitas, poderia me deixar entrar?


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Era como olhar para a mesma pessoa, mas através de um véu que tornava tudo diferente. Amy estava absolutamente fantástica em seu novo vestido. Os cabelos que geralmente escorriam lisos e indefinidos sobre os ombros, hoje assumiam um bonito ondulado que emoldurava as feições bem maquiadas da moça, lhe dando um aspecto elegante e saudável. Tinha até mesmo renunciado aos óculos, a favor das lentes de contato, de modo que o verde dos seus olhos destacava-se belamente em seu rosto.

— Parabéns, Amy. Você está muito bonita — elogiou Leonard, dando espaço para ela entrar tenho certeza que C3PO, digo, Sheldon, concorda. Não é, Sheldon?

— E eu tenho certeza que você combinou se encontrar com a Penny na fábrica do cheesecake hoje. Não é, Leonard? — indagou Sheldon, erguendo as sobrancelhas — Boa noite, Amy.

—Sim, sim... é claro. — disse o físico, parecendo muito relutante ao pegar seu casaco e atravessar a soleira — vou deixar os pombinhos se entenderem. — E saiu.

— Finalmente, pensei que ele não fosse embora nunca — comentou Sheldon com desgosto, indicando o sofá para a namorada — antes de começarmos, posso lhe oferecer uma bebida?

— Talvez depois — falou Amy, decidida a impedir que ele a tirasse do assunto que surgira em sua mente no momento em que entrou no apartamento — notei que não está arrumado para sair, Sheldon. Sei que o itinerário para hoje ficou em aberto, mas você parece ter mudado de idéia quanto ao passeio. Prefere que fiquemos em casa? Dois adultos sozinhos... entre quatro paredes?

— Amy, por favor — começou Sheldon, erguendo uma mão para silenciar o falatório interminável da namorada e começar o próprio — você já vai compreender o motivo, agora deixe-me começar.

“Amy, hoje, como nós dois sabemos é uma data notável em nosso relacionamento”

Amy concordou com um meneio de cabeça, sentando-se mais reta no sofá. Talvez ele não tivesse se preocupado como ela com a questão da vestimenta, mas ainda sim era absolutamente adorável em suas camisetas nerds costumeiras e seu cabelo penteado com precisão milimétrica. Enquanto mirava o azul de seus olhos, a neurobióloga achou-o um tanto pálido e cansado, mas concluiu que talvez fosse impressão sua. Talvez ele estivesse tão ansioso quanto eu para hoje e tenha dormido pouco, pensou.

— Naturalmente, eu gostaria de honrar meu compromisso com você e levá-la a lugares fantásticos, como a nova loja de ferromodelismo de Pasadena ou ainda o Empório das Castanhas, mas eu não estaria sendo justo com você, pois minha mente estaria aqui, irremediavelmente presa à física. Portando eu gostaria de estabelecer nosso programa para hoje aqui mesmo.

— Então você não quer sair comigo no dia do nosso aniversário de namoro? — interpelou Amy, tentando impedir que o desapontamento se sobrepujasse ao tom de voz tranquilo que mantinha.

— Por favor, eu ainda não terminei.

E então ele a encarou, fixando profundamente seus olhos como jamais fizera antes. Uma inquietude sem precedentes tomou conta de seu corpo quando o namorado estendeu a própria mão e apertou a dela devagar. O gesto não foi muito diferente de quando Howard foi lançado ao espaço e Sheldon buscou conforto no contato físico, porém na atual circunstância, Amy sabia que entre essas duas situações residia toda a diferença do mundo.

— Há três anos, quando Wolowitz e Koothrappali registraram um perfil fictício com meu nome em um site, cuja premissa era a de encontrar a companheira ideal, admito que considerei a hipótese abominável, julgando que tal ser amplamente evoluído e capaz de ajustar-se às minhas perspectivas de compatibilidade social efetivamente não existisse.

“Mas então eu a conheci, Amy.”

Ela simplesmente assentiu, pendurada em cada palavra dita por ele, sem acreditar que estavam tendo uma conversa daquele nível. Era como se seus ouvidos e cérebro não estivessem trabalhando em sintonia para captar e processar aquelas informações.

— Eu a conheci, e iniciamos uma próspera amizade, onde, devo ressaltar, sua perspicácia para a criação de jogos intelectuais e aversão à meias sujas, contribuiu fortemente para a minha acertada escolha de tê-la por perto — vangloriou-se, orgulhoso antes de continuar — então a nossa relação mental estreitou-se, e neste momento, vi-me na necessidade de assumir formalmente um compromisso com você, propondo que nos tornássemos namorado e namorada.

“Então baseado na confiança e sentimentos de estima que tenho nutrido durante esse longo período por você, esta noite, irei lhe propor um novo avanço no paradigma do nosso relacionamento.”

E inclinando levemente o tronco, o físico alcançou uma pequena sacola de papel enfeitada com um laço que estava sobre a mesinha de centro. Seria um anel de compromisso? Amy absolutamente não era materialista, na realidade, sempre julgou intimamente que todos os momentos que passava com Sheldon constituía-se no melhor presente que ele poderia lhe dar, mas não podia negar que toda a simbologia emocional que envolvia o ato de trocar alianças lhe causava uma sensação única e irreprimível. Chegou a prender a respiração quando ele soltou gentilmente a sua mão e rompeu o lacre da embalagem.

— Amy Farrah Fowler — começou Sheldon Cooper com a intensidade de um homem apaixonado — precisamos nos afastar um do outro.

O QUE? A incompreensão repercutiu em cada neurônio de Amy.

— Nos últimos dias me dediquei a uma profunda análise dos meus – por favor, não me confunda com um hippie — sentimentos, e cheguei a conclusão de que sua presença em minha rotina a tornou-se imprescindível para a manutenção da minha qualidade de vida.

— Então... então... — começou Amy, completamente incapaz de articular uma frase concisa — por que...?

— Você, como neurobióloga, deveria melhor do que ninguém perceber a ligação Amy — disse Sheldon, voltando sua atenção para o pequeno pacote em sua mão que revelou agora ser uma bonita caneta — sua companhia que, por algumas horas semanais me pareciam suficiente, atualmente me fazem querer mais e mais estar na sua presença.

— E isso não é bom? — ela questionou com a voz cava.

— Se isso é bom? É um vício Amy! — afirmou Sheldon com veemência — eu estou potencialmente viciado no convívio social com você, o que acaba nublando as minhas faculdades mentais necessárias para a dedicação exclusiva a física, que me é estritamente necessária para a resolução de um impasse equacional a que cheguei na contemplação da teoria das cordas.

— O que você propõe, então?

— Ah, que bom que perguntou — disse, agora se dirigindo à gaveta da sua mesa de trabalho onde Amy sabia que encontrava-se o fatídico acordo de relacionamento — escute com atenção: eu proponho que você continue sendo a minha namorada, o que implica na sua não-relação com outros homens —Por um momento Sheldon pensou em Stuart da loja de quadrinhos e sentiu um arrepio desagradável percorrer-lhe a espinha antes de continuar — entretanto, devemos manter o nosso convívio social restrito ao mínimo necessário, de modo que você continua, por exemplo, sendo meu contato emergencial na Caltech, função essa que eu não delegaria a mais ninguém.

Amy inspirou profundamente, com os olhos fechados. Parecia que havia sido há anos que tinha dedicado uma tarde inteira a arrumar-se em frente ao espelho sonhando com uma noite romântica com Sheldon.

— Então é isso? — questionou com a voz dura de fúria, encarando com extrema dificuldade o rosto odiosamente sereno de Sheldon — esse é o avanço que você propõe no paradigma atual do nosso relacionamento?

— Acredite, eu não daria um passo tão importante se não acreditasse que estivéssemos mutuamente prontos para isso. — disse Sheldon estendendo-lhe a pasta que continha o contrato, imune à ironia contida no tom de voz da namorada.

— Muito bem — disse Amy, agora recebendo a caneta ornamentada que minutos atrás acreditava tolamente ser um anel de compromisso, e rabiscando seu nome com a mão trêmula — aqui está. Feliz aniversário de namoro, Sheldon.

— Feliz aniversário de namoro, Amy — disse-lhe Sheldon aproximando-se dela e concedendo-lhe um raro e desajeitado abraço.

Enquanto estava envolvida pelos braços de Sheldon, Amy julgou que a incomoda ardência que sentiu nos olhos, acompanhada por uma solitária lágrima que rolou pelas suas bochechas nada tinham a ver com a adaptação às lentes de contato.


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Notas finais do capítulo

Shamy é amor mas Shamy também é angústia, meu povo! Hahaha, coração de fangirl sofre, e MUITO!
Quem vem comigo roer as unhas no próximo capítulo? ;)