Cuidado e Carinho escrita por AnyBnight


Capítulo 1
OneShot


Notas iniciais do capítulo

Entaaaao... Primeira fic de HxH que eu faço... Confesso que acho ela bem bobinha e detesto minha narrativa... Tentarei melhorar no futuro.



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Ao fim de mais uma tarde de treinos com mestre Wing, Gon e Killua voltavam para a Torre do Paraíso onde tinham morada provisória debaixo de uma fina chuva que tendia a engrossar.

A dupla vinha caminhando praticamente lado a lado, tranquilamente sem se importar com a chuva, mas apenas Gon vinha protegido.

- Ei, Killua, tem certeza que não quer vir pro guarda-chuva?

- Não se preocupe com isso, eu não fico doente - o albino vestia uma camisa sem mangas, então sentiu um forte arrepio ao soprar de uma brisa gélida - brr.

- Se quiser, te dou meu casaco.

 - Não precisa - Virou o rosto, com uma criança contrariada.

- Se você diz... - Levantando um pouco o guarda-chuva, Gon podia ver que a chuva piorava.


Desse jeito, seguiram para a Torre conversando descontraidamente. Falavam sobre o treino do dia e sobre o quão estavam ansiosos para mais e para suas lutas futuras. Em algum momento, pararam numa lanchonete, comeram alguma coisa e então foram para a morada.

Chegando na torre, no andar de seus dormitórios estavam a se despedir. Gon notou um estranho rubor no rosto quase sempre incolor do amigo antes de deixá-lo na porta de seu quarto e seguir para o próprio. Perguntou se Killua estava passando mal ou algo assim, notara que ele já estava meio lento quando chegaram à torre, mas o albino apenas negou com a mão na maçaneta de sua porta.

Mal teve a chance de girá-la, e cedeu enfraquecido. Gon foi rápido e o pegou antes que chegasse ao chão. A pele de Killua estava absurdamente quente.

- Então, o que você disse sobre "não ficar doente"...?

Gon disse brincando, sentado numa cadeira ao lado da cama onde Killua repousava quase totalmente escondido sob grossos cobertores. Estava constrangido pelo estado frágil, tendo o rosto rosado não só por causa da febre.

- F... faz muito tempo que eu não fico doente... - Segurava um dos cobertores acima do nariz, queria esconder as bochechas coradas - Pensei que o treinamento tivesse funcionado...

- Como era esse treinamento?

- Resumindo, minha família me deixava adoecer de propósito e então, quando acontecia, os treinos de combate e torturas eram ainda mais rigorosos.

Fez-se silêncio. Com o olhar abaixado, Gon apertava forte as mãos em punho sobre as coxas. Não era de agora que detestava a maneira com a família de Killua o criara.

- Gon?

- Ah, desculpe, me distrai - forçou um sorriso. Killua tinha uma ideia de em que Gon estava pensando, mas preferiu não falar nada. - Então, você quer que eu te traga algum remédio?

- Não mesmo - empinou o nariz - Drogas não funcionam comigo - suspirou - Vai passar logo, eu acho.

- Hm... mas sabe, é engraçado te ver assim, Killua. Você é sempre tão pálido e agora tá parecendo um tomate - riu inocente.

Killua escondeu o rosto e murmurou alguma coisa.

Houve então algum tempo de silêncio entre os meninos. Killua respirava tão leve que quase não se movia sob a coberta que expunha apenas o topo da cabeleira alva.

- Acho melhor deixar você descansar - apoiou a mão direita na beira da cama para se levantar - até aman... hã?

Parou de repente. Por baixo dos cobertores, Killua esticara o braço e então alcançara e agarrara a mão de Gon ainda sem revelar o rosto.

- Killu...a?

- Por que...

- Ham?

- Por que nós pegamos quartos separados? - falava em voz trêmula, sua mão suava um pouco mais não o soltava - F-ficar longe do Gon me deixa com medo... Medo do meu irmão aparecer e te matar quando eu não estiver por perto... Ou medo de você ir embora. - com cuidado, Gon puxou o cobertor com a mão livre. Killua estava meio curvado de costas, mas dava pra ver como sua testa suava - Quero ficar perto do Gon o tempo todo... - apertou a mão do outro com certa força.

Gon sentia por aquele toque o quão Killua estava quente. "Ele está delirando de febre?" o moreno pensava consigo mesmo.

- Killua... não se preocupe com isso, eu vou ficar mais forte e então - inclinou-se sobre a cama, fazendo Killua se virar. Tinha o rosto bem rosado, como se chorasse mas sem nenhum sinal de lágrimas ali, apenas o suor que escorria da testa para os olhos - eu não vou perder pro Illumi, pro Hisoka ou pra qualquer outro - Falava com tanta determinação que seus olhos chegavam a brilhar.

- G-Gon... - Chamou baixinho - Mas...

- Confia em mim, Killua, eu não vou sair do seu lado nunca.

Devagar, Gon foi se aproximando do amigo em repouso. Passou a mão pela testa branca, secando um pouco do suor e afastando a franja rebelde, terminando por dar ali um leve beijo.

Killua ficou surpreso de inicio, mas não reagiu. Apenas insistia em não soltar a mão de Gon. Esperou que Gon se afastasse , ao voltar para a cadeira, para então levar a mão livre à área beijada.

- O que foi isso? - Virou, deitado de barriga para cima, de olhar abaixado

- Você disse que sua família não cuidava de você direito, certo? Quando eu ficava doente, a tia Mito falava que isso era pra cuidar, um beijo de cuidado, e então depois eu melhorava.

- Que estranho - suspirou fechando os olhos.

- Você acha mesmo? Não se sente nem um pouco melhor?

- Bom... - Abriu os olhos, ainda fugindo o olhar - Sim...

- heheh, viu só?  - Sorriu realizado.

De olhar perdido, Killua voltou a esconder o rosto sob os cobertores. - Eu quero água... - Pediu tímido.

- Tá, eu vou buscar pra você. - Gon levantou, mas ainda tinha a mão segurada - Tudo bem, Killua, eu já volto. Eu sempre vou voltar pro seu lado.

O tom de voz expressava tamanha convicção que, mesmo hesitante, fez com que Killua o soltasse. Gon sorriu mais uma vez antes de partir em direção a cozinha.

Killua o seguiu com o olhar até onde pode, até ver Gon entrando na cozinha.

- Ele vai voltar, não vai? - olhou receoso a mão estirada  na cama, e pouco depois, caiu adormecido.

Despertou em algum tempo, sentindo a testa fria. Custou a abrir os olhos, franzindo bastante o rosto, e quando enfim os abriu, estava deitado virado para o teto, mas com o rosto tombado para o lado encarando bem de perto aquele debruçado sobre sua cama. Gon.

- Gon? Ei, Gon - Ao se levantar um pouco, parou. Algo havia caído de sua testa, uma toalha meio molhada. E olhando bem, sobre o criado mudo que ladeava Gon havia uma bacia com água. - Ele... Cuidou mesmo de mim?

- Hm... - Gemeu preguiçoso, despertando - Ah, Killua - Ergueu-se sentado alongando os braços para cima - você acordou, que bom.

- Sim... E você parece cansado. Ficou cuidando de mim todo esse tempo?

- É, quando eu voltei com a sua água, você tinha desmaiado. Sua febre tinha piorado, aí eu fiquei mantendo sua testa fria e tal. Já se sente melhor?

- Hm, não sei dizer...

De súbito, Gon se levantou, pondo um joelho sobre a cama. Pôs então as costas de uma das mãos na testa do amigo e a outra na própria testa. Killua estava um pouco quente, mas já não era febre.

- Que bom, Killua! Sua febre passou! - comemorou - Mas ainda tá meio quente, por que será?

- Gon...

Killua estava emocionado com as atitudes do amigo, embora fosse incapaz de demonstrá-lo. Era a primeira vez que era tratado com tanto carinho. Queria agradecer do fundo do coração, mas era impossível e não entendia porquê.

Cabisbaixo, deixou que Gon recolhesse a mão que lhe tocava e então cedesse ambas sobre a cama. O albino queria levantar o rosto e dizer algo, mas só pode mesmo se manter quieto, mordendo o lábio inferior.

- Já tá de madrugada né - o moreno rompeu o silêncio, virando o rosto rapidamente para a janela às suas costas; estava bem escuro - não vale mais a pena a gente ficar acordado. Vamos voltar a dormir pra termos energia pra treinar mais amanhã!

- Você... - sem levantar o rosto ou focava o olhar em algum lugar. À voz baixa, deslizou as mãos timidamente sob o colchão até tocar a ponta dos dedos das mãos do amigo moreno - passaria o resto da noite comigo?

- Killua?

Gon o olhou confuso, logo olhando também a área do contato. Killua, que sempre fora tão cheio de si e prepotente, agora parecia tão inseguro e hesitante.

Ainda vendo as mãos encostadas, Gon sorriu sereno. Tratou de encaixar seus dedos nos espaços entre os de Killua e segurá-lo firme.

Tal feito surpreendera Killua. Ele enfim levantou o rosto, encontrando assim, bem de perto, o olhar castanho.

- Claro!  Eu posso até devolver meu quarto pra ficar aqui com você!

- Gon... - emocionou-se de inicio, mas logo sacudiu a cabela espantando pensamentos estranhos que vieram a seguir - S-seu idiota, não é pra tanto!

- Eeeh... Mas você disse que não queria que tivéssemos quartos diferentes...

- Eu nunca disse isso! - Virou o rosto.

Sem que Killua visse, Gon se aproximou mais e lhe deu um beijo na bochecha bem rápido. Ao recuar com o corpo, soltaram as mãos. O albino corou forte, levando a palma da mão respectiva à bochecha beijada. Olhava Gon apenas de canto de olho.

- Você é bem estranho mesmo.

- E você não é nada honesto - se levantou - Bom, eu vou me trocar e já volto.

- Tch - continuou com o rosto virado, bem infantil.

Esperou que Gon saísse para se mover. Olhou intrigado a palma que cobriu o beijo inocente. Não entendia o que ele significava. Ouviu Gon dizer que o beijo na testa significava "cuidado", mas nada foi dito sobre o da bochecha.

Cansou de pensar naquilo e cedeu as costas, voltando a estar deitado se aconchegando em sua cama. Fechou os olhos entre suspiros.

Gon voltou pouco depois, já com a roupa leve que costumava usar para dormir. Olhando Killua, parecia que o albino já tinha pego no sono outra vez. Imaginava se teria que dormir no sofá ou dividir a cama com o amigo.

- Err...

- Hey. - Virou-se, agora deitado dando as costas à Gon

- Ahm? Que susto, pensei que já tava dormindo.

- O que "beijo na bochecha" significa?

Gon riu baixinho, escondendo parcialmente a boca com uma mão fechada, e caminhou até a cama. Sentou-se na beirada dela, e com o braço direto esticado, fez um leve cafuné nos cabelos brancos.

- Significa "carinho".

- Carinho... - Sentiu um calor no peito, uma felicidade quase tão grande quanto a que sentiu quando soube Gon viera lhe buscar em casa - Era só o que eu queria saber - puxou o cobertor - boa noite.

- Espera, onde eu durmo?

- Dorme aí mesmo. E se me chutar da cama, vai acordar pendurado na janela.

- Ui, que medo - Debochou. Killua bufou.

Gon então se acomodou bem na beirinha da cama, não queria correr o risco de provocar ainda mais Killua. Sabia muito bem do que o albino era capaz

"Certo, se eu não consigo agradecer direito, esse jeito deve funcionar" pensava o albino de batimentos desregulares "Isso mesmo, eu vou me virar pra ele e..." Girou o corpo, dando de cara com Gon rindo.

- O que está planejando, hein?

- D-D-D-Deixa pra lá! - envergonhado, voltou a dar-lhe as costas. O plano frustrado o fez desistir. Ficou praguejando baixo.

Gon então se aproximou mais até poder segurar nos ombros de Killua por trás e sussurrar em seu ouvido um "de nada" em riso.

Killua não respondeu, mas seus batimentos cardíacos rápidos o denunciavam. o albino fora derrotado outra vez, mas agora também sorria. Tocou a mão que tocava seu ombro, sentindo toda a segurança do mundo e então pode dormir em paz.

Mal sabia ele que fora o "nen" reforçador de Gon o quê o curou...


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Notas finais do capítulo

Simplesmente tosco. Só deixando uma curiosidade que me foi ensinada aqui: Um beijo tem significados diferentes dependendo de onde foi dado.
testa - cuidado
bochecha - carinho
boca - amor
orelha - provocação
pescoço - tesão
Foi o que me ensinaram, não sei se é verdade =w=)/