Dean Winchester, o homem que não chorava nunca e por nada estava ali, sentado em uma cadeira enquanto via o corpo do seu irmão morto em uma cama na sua frente. Mais do que nunca, ele procuraria por vingança, mas está certo de que não seria forte o suficiente para isso agora.

Deixou que algumas lágrimas caíssem do seu rosto e tratou-se na mesma hora de secá-las, por mais que tentasse ser forte, sabia que estava quebrado em muitos pedaços naquele momento.

A pele de Sam já começava a ficar mais clara, bem pálida. Mas Dean não queria sair dali, não agora. Não deixar o seu irmão morto sozinho, não sem fazer algo.

Ele esperaria o tempo que fosse para Sam acordar, ele não queria de forma alguma imaginar que aquilo não aconteceria, que aquilo não poderia acontecer.

Aproximou a cadeira ainda mais perto do corpo estático de Sam, enquanto o olhava e lembrava de algumas vezes que eles se divertiram quando era criança, ou ainda das vezes que Sammy, quando era pequeno, chegava com aquelas perguntas de "onde o papai está?" ou "por que não temos mãe?".

Dean tratou de secar suas lágrimas mais uma vez, era difícil tentar não deixar que elas caíssem pelo seu rosto mas ele tentava ser forte naquele momento, e achar... de alguma maneira, tentar consertar isso.

E por mais que fosse difícil, o choro de Elena ainda estava mais evidente e cada vez mais alto, o que o deixava com ainda mais raiva, já que foi tudo culpa dela.

[...]

Caroline abraçava a amiga no sofá da sua sala, que se derramava em lágrimas pelo o que havia acontecido com seu namorado.

Ela estaria dividida agora, não sabia quem consolar. Mesmo depois que Dean a mandasse o deixar em paz, Caroline sabia o quanto ele estaria sofrendo, mas não o deixaria em paz. Não agora, e muito menos nessa situação.

– Caroline, diga pro Dean... – disse Elena, enquanto soluçava. – Eu não tive culpa, Car. – ela disse, abraçando a amiga enquanto chorava ainda mais alto.

– Está tudo bem, vai ficar tudo bem. – disse Caroline, tentando consolá-la.

– Não, não vai... Ele está morto agora Caroline, e foi tudo culpa minha. Se ele não...

– Elena, olhe para mim. – disse Caroline, a interrompendo e a olhando fixamente. – Você não teve culpa de nada. Ele foi, porque ele quis. E nós sabemos disso.

– Mas Dean não sabe. – Elena disse, respirando fundo. – Ele acha que eu sou a culpada de tudo.

– Elena, tente entender. Sam era a coisa mais preciosa que Dean tinha.

– Car, Sam também era a coisa mais preciosa para mim. Eu nunca o quis ver nessa situação, ainda mais por minha culpa. Fala com ele... por favor. – disse Elena, soluçando entre seu choro.

– Está bem, eu prometo que vou tentar falar com ele. – Caroline disse, por fim.

A vampira loira se levantou, deixando sua amiga humana chorando no sofá enquanto caminhava até o porão, onde estava o namorado e seu cunhado morto.

[...]

– Sabe, a minha vida inteira eu planejei te proteger, manter você seguro. Eu sempre achei que foi minha responsabilidade, entende Sammy? Era só uma função, mas eu consegui acabar com isso. – disse Dean, em meio de lágrimas.

Caroline havia chegado, mas como não queria interromper Dean, a loira se escondeu atrás da porta, enquanto ouvia o que seu amado falava.

– Eu fiz besteira, eu sei... E eu sinto muito por isso. – disse Dean, chorando. – Sempre faço isso não é? Desaponto as pessoas que eu mais amo. Desapontei o papai, e agora eu te desapontei não é? – Dean tentava secar suas lágrimas.

Mesmo tentando ser forte por fora, ele sabia que uma hora iria acabar desabando.

– Como posso? Como posso conviver com isso? O que devo fazer? O que devo fazer? – falou com o irmão sem vida, enquanto segurava sua cabeça e a deixava abaixada. – O que eu devo fazer? – gritou, jogando a cadeira em quem estava sentado na parede.

– Dean? – chamou a voz de sua namorada, atrás dele.

Ele se virou para Caroline, a encarando.

– O que é? – perguntou, secamente e extremamente nervoso.

– Vamos sair, dar uma volta. – ela disse, docemente enquanto segurava as mãos do amado com cautela.

– Não! – ele disse, a soltando bruscamente. – Eu não vou sair daqui, eu não vou sair de perto do meu irmão Caroline!

– Dean, por favor. Você não deveria ficar sozinho, me deixe ficar com você.

– Não, Caroline.

– Dean, eu sei que vai ser difícil, mas você precisa sair daqui. Tem um mundo inteiro lá fora que não vai se resumir apenas a morte de Sam. – disse Caroline, tentando dar um choque de realidade em Dean.

– Que o mundo se exploda! – ele gritou, extremamente nervoso.

– Dean, eu posso sentir... – ela disse sem ter certeza de que conseguiria terminar a frase mas o Winchester mais velho a encarou, esperando que ela terminasse de falar. – Eu posso sentir, o cheiro do corpo do Sam se decompondo.

– Você está mentindo. – Dean disse, se afastando dela e olhando para seu irmão.

– Não Dean, eu não estou. Eu odeio falar sobre isso mas, você não acha que está na hora de enterrá-lo ou...

– Ou cremá-lo? – Caroline foi interrompida por ele.

– É. – disse a vampira, cabisbaixa enquanto encarava o corpo de seu cunhado.

– Não. – disse Dean, seco. – Ainda não. – disse, ao perceber o quanto estava sendo rude com Caroline. – Apenas saia daqui. – ele disse, mas ela continuou no mesmo lugar, o encarando. – Vai! – gritou, a empurrando.

Caroline engoliu seco ao ver o quão nervoso Dean estava, ela nunca havia visto ele daquela maneira. Mas tinha certeza do quanto ele teria motivos para estar assim.

Apesar de tudo, ela continuou ali. Parada, olhando para ele com aquele olhar de assustada. Caroline apenas queria continuar ali com Dean, abraçá-lo e dizer que tudo iria ficar bem. Mas ambos sabiam o quanto aquela situação seria horrível.

– Desculpe. – ele disse, abaixando a cabeça. – Por favor, apenas vá embora. Sei que é a sua casa, sei que você poderia tirar o corpo do Sam a qualquer hora que quisesse, mas por favor, apenas me deixe sozinho com meu irmão.

– Você sabe onde me encontrar. – ela disse, virando as costas para ele e saindo do porão de sua casa.

Dean respirou fundo, deixando que algumas lágrimas teimosas caíssem do seu rosto enquanto encarava o corpo de Sam.

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