Amy abriu os olhos. Alguém acariciava devagar seus cabelos.

- Bom dia. – Ian disse. Sem dúvidas tinha passado em casa. Os cabelos estavam recém-lavados e vestia roupas diferentes.

Amy sentou na cama, sorrindo. Aquele garoto a deixava feliz. Olhando para o lado, a menina viu um buquê de rosas vermelhas em um belíssimo jarro pousado ao lado de sua cama.

Seguindo o olhar de Amy, Ian respondeu à pergunta silenciosa.

- Achei que esse quarto precisava de um pouco mais de cor. – Ele disse, sorrindo. – Uma flor tem que ter a companhia de outras flores.

Amy ficou vermelha como as rosas quando percebeu que Ian estava dizendo que ela era uma flor.

- Lembrou-se de alguma coisa? – O moreno pergunta, os olhos com um brilho travesso que Amy adorava, mesmo não tendo nenhuma lembrança passada daquele garoto.

Como ele adivinhou? Amy se perguntou ao mesmo tempo em que agitava a cabeça de um lado para o outro, negando que tinha lembrado alguma coisa.

Na verdade, a ruiva não entendia o seu sonho. Ela não sabia se aquilo era uma lembrança que voltou ou apenas um desejo que ela preferia manter escondido. Um desejo que a dominava, mesmo que ela sem saber de onde ele vinha, afinal, não se lembrava de ter conhecido aquele lindo garoto.

De repente a porta do quarto se abre.

- Bom dia, senhorita Cahill. – Uma enfermeira entrou. A mulher era seguida de outros dois enfermeiros e empurrava um carrinho relativamente grande, coberto por um tecido branco que ia quase até o chão. A mulher era musculosa, os cabelos curtos não passavam das orelhas. Os dois enfermeiros que a seguiam também eram musculosos. Musculosos demais para serem apenas enfermeiros...

Um calafrio percorreu o corpo de Amy e ela procurou os olhos de Ian.

Eles se entreolharam, quase pensando juntos.

Ele também sentiu o perigo!

A mulher sorriu e pegou uma seringa que estava pousada sobre o carrinho.

- É um remédio contra as dores de cabeça que a senhorita estava reclamando. – Ela abre um sorriso ainda maior e se aproxima da cama de Amy.

A ruiva não tinha reclamado de dor de cabeça...

Amy se levantou da cama no momento que Ian acertava um soco no rosto da mulher. Os outros dois homens tiraram os jalecos e todos puderam ver a roupa totalmente preta que usavam.

Um homem e uma mulher saíram do carrinho onde estavam escondidos. Ambos estavam vestidos de preto.

- Peguem-na!

Ian se colocou na frente de Amy enquanto todos atacavam ao mesmo tempo. A ruiva passou por cima da cama e caiu com um baque forte do outro lado.

Ian enfrentava dois homens e uma mulher ao mesmo tempo. O garoto recebeu dois socos seguidos. Mas um Lucian era bem treinado... Ele acertou um chute no peito de um dos homens, que caiu por cima do carrinho.

A mulher puxou o cabelo de Amy, a obrigando a se levantar.

Aquilo era o que o ruiva queria que acontecesse!

Com um giro se desvinculou da mulher e acertou um soco no rosto dela, depois girou no ar e deu um belo chute no rosto do homem. Ele caiu sobre a cama, o rosto sangrando.

Amy correu até o banheiro.

Preciso de uma arma!

Ela ainda estava impressionada com os golpes que tinha dado antes. Onde ela aprendera aquilo?

O homem acertou uma tapa pesada no rosto de Amy. Esta caiu dentro do box do chuveiro e bateu a perna no chão com uma força que deixou o membro dormente.

O homem avançou, mas Amy se pôs de pé e ligou o chuveiro. A água quente caiu sobre seu corpo, o molhando totalmente, mas aquilo também serviu para desequilibrar o homem de preto, que caiu e bateu a cabeça na porta de vidro que separava a área do chuveiro do restante do banheiro.

Amy arrancou uma prateleira de vidro, onde um vidrinho de xampu repousava, e acertou com toda a sua força na cabeça do brutamonte desorientado.

Ele desmaiou imediatamente.

Amy fechou o chuveiro e saiu do banheiro. A mulher que a atacara antes estava ocupada com Ian. O lindo Lucian resistia, driblando os golpes e acertando seus agressores, mas Amy pode ver que ele já estava cansado.

A outra mulher atacou a menina Cahill.

As duas caíram no chão. Amy conseguiu sentar na barriga da brutamonte e atacá-la com socos seguidos, mas a mulher era forte e a empurrou a Cahill para longe, levantou em seguida, pronta para atacar Amy com chutes para se vingar do rosto que sangrava.

Amy foi tomada por uma força sobrenatural. Inclinou o corpo para trás e com um pulo se levantou. A mulher deu o primeiro golpe, mas a ruiva conseguiu para-lo com a mão. Segurou o braço da mulher com força e o girou.

A mulher de preto urrou de dor e Amy ouviu um plec forte.

Ela tinha quebrado o braço da brutamonte!

Ao ouvir o grito da companheira, um dos homens de preto desistiu de Ian, que lutava apenas com uma das mulheres, pois o outro homem estava no chão, morto. O Lucian tinha quebrado o pescoço do homem com um golpe que os Tomas usavam em lutas corpo a corpo.

O homem pegou Amy pelo pescoço e a encostou na parede, levantou-a apenas com uma das mãos.

Ian, ao ver aquilo, empurrou a mulher que o atacava contra o carrinho e este deslizou, passando direto pela janela de vidro do quarto e despencando três andares, com a mulher gritando.

Ian correu até o homem que enforcava Amy, mas outro homem – aquele que Amy tinha nocauteado no banheiro – o derrubou com força no chão.

Foi a deixa perfeita para Ian! O menino rasgou o casaco do homem e, como esperava, encontrou armas escondidas. Levou um soco no rosto, mas conseguiu soltar uma pistola de dardos da roupas.

Atirou e o dardo acertou o coração do homem, que desmaiou instantaneamente pela segunda vez naquele dia.

Amy estava ficando roxa. O homem queria realmente mata-la.

De repente a mão se afrouxou e o homem caiu no chão, levando Amy consigo.

Um dardo estava plantado em suas costas.

- Amy! – Ian correu até a ruiva e a puxou dos braços do brutamonte desmaiado. Virou o rosto de Amy. Um corte descia do lábio inferior até o queixo e deixava o sangue escorrer. A menina estava totalmente molhada, os cabelos pingando, colados no rosto. – Está doendo muito?

A garota fez que “sim” com a cabeça.

Ian também estava massacrado. As mãos estavam sangrando muito e ele sentia uma dor inexplicável no pulso direito, provavelmente estava quebrado. A blusa de marca estava rasgada, deixando à mostra os cortes nos braços.

A mulher que Amy tinha quebrado o braço ainda gemia no chão e Ian, sem aquentar mais aqueles gritos, atirou um dardo tranquilizante na mulher.

- Quem eram eles? – A voz de Amy saiu em um sussurro. Um sussurro com poder suficiente para fazer Ian perder o chão.

- É o que eu vou saber agora. – Ele respondeu e andou até um dos homens desmaiados, puxou a manga da roupa preta, deixando o pulso do homem visível.

Um brasão estava tatuado do pulso dele. Um V com as pontas desenhadas como cabeças de cobras.

Ian soltou o braço do homem e caminhou até o próximo. O mesmo símbolo também estava tatuado no pulso deste.

A confirmação do maior medo do moreno o deixou com o estômago embrulhado. Eles estavam atrás de Amy, aquilo era claro. Precisava mantê-la a salvo daqueles monstros.

Um ideia de repente o deixou ainda mais nervoso:

E se Dan estiver com eles?

Ele levantou os olhos e encontrou as bolas verdes de Amy.

- Vesper. – Ele disse.

O corpo de Amy começou a estremecer e lágrimas quentes escorregaram pela suas bochechas. Ao ver aquilo Ian se levantou e a puxou para seus braços.

- O que eles são? – Amy sussurrou. Aquela simples menção daquele simples nome a fez perder as forças e todo o controle emocional.

Ian segurou o rosto dela entre as mãos e falou:

- Eu vou te contar tudo, mas antes precisamos sair daqui. Não podemos explicar para as autoridades o que aconteceu aqui!

Amy apenas assentiu de leve com a cabeça, vendo o moreno caminhar até seu casaco, que tinha se salvado da confusão por não estar no corpo de Ian. Ele pegou o comprido casaco e passou pelos ombro de Amy.

A menina tremia de frio com o vento gelado do outono que entrava pela janela quebrada.

De repente, a porta se abre novamente.

Lucian e Madrigal se colocam em posição de combate, mas era apenas uma enfermeira... Talvez Vesper...

A jovem mulher parou todo e qualquer movimento. A travessa de metal que carregava se soltou de suas mãos e caiu no chão com um barulho surdo.

Ela gritou.

Droga, era uma enfermeira de verdade!

A mulher saiu correndo pelo corredor, apavorada e gritando socorro.

- A gente tem que sair daqui agora! – Amy gritou, feliz por sua voz ter voltado totalmente.

Ian andou até um dos Vesper e pegou um aparelho quadrado. O moreno aperta um botão e garras surgem no objeto. Ele anda até o vidro quebrado e se dependura para o lado de fora, cravando as garras do aparelho na parede.

Ele aperta outro botão e um fio se desenrola do aparelho, descendo quase até o chão.

O som de passos de várias pessoa correndo os atinge.

- Vamos. – Ian grita, passando para o lado de fora e se segurando na corda.

Amy, que sempre teve medo de altura, não sentiu nenhum medo ao passar as pernas para fora da janela e escorregar pela corda como Ian fez. A única coisa que fez sua barriga se contorcer foi o corpo da Vesper esparramado no chão. Sem vida.

Ian segura sua mão.

Por um segundo, Amy hesita.

E se Ian fosse um Vesper disfarçado?

Mas aquela dúvida logo se foi. Ela sentia que podia confiar naquele garoto do olhos cor de âmbar.

Ele a puxou e ambos saíram correndo pelo pátio do hospital, ouviram ao fundo o grito das pessoas ao verem o corpo despedaçado da mulher...

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Natalie Kabra estava em casa, ou melhor, estava em seu apartamento.

Um maravilhoso prédio que tinha uma vista maravilhosa da cidade de Londres.

A menina estava preocupada. Ainda não tinha ido visitar Amy depois que ela acordou. Tinha ido antes, mas agora estava com medo de ir.

Natalie ligou a enorme televisão de tela plana da sala e resmungou quando viu um jogo de futebol americano passando.

Ian nunca deixa no meu canal!

Ela foi passando os canais.

Documentário sobre a África... Notícias... Um filme chato... Previsão do tempo... Notícia de uma garota encontrada morta...

Espera!

Natalie voltou para o canal onde a notícia que o corpo de uma moça americana tinha sido descoberto na Espanha. A repórter falava:

-... Exatamente. O corpo foi encontrado em uma viela. Não há indícios de estupro ou qualquer tipo de violência. A linha de investigação da polícia se baseia na probabilidade da morte ser devido à overdose...

O coração de Natalie quase parou quando ouviu as próximas palavras da repórter:

-... O corpo foi identificado. Segundo ás informações da polícia a moça se chamava Nellie Gomes...