Amy Cahill corria o mais rápido possível nas condições em que se encontrava.

Seus cabelos ruivos, compridos e cacheados voavam enquanto ela desviava das pessoas que, antes, passeavam tranquilas pelas ruas de Londres.

O que Amy fazia em Londres? Bom, ela e Dan partiram para a mais famosa cidade da Inglaterra em uma missão Madrigal. Eles receberam uma mensagem codificada, poucos meses antes, que contava sobre ataques Vesper pela cidade.

Quem eram os Vesper? Amy tinha que admitir que não os conhecia direito. Há pouco mais de quatro horas, ela e Dan tinham sido pegos em uma armadilha. Ao que parecia, os membros daquela organização não eram parentes. Um Vesper original, descendente de Damien Vesper, aquele que um dia fora amigo de Gideon Cahill, cuidava para que só os melhores agentes do mundo fossem contratados.

O objetivo: roubar as 39 pistas. 

Amy continuou a correr, olhando para trás algumas vezes para ver se ainda era perseguida. Para sua tristeza, os dois homens, totalmente vestidos de preto, ainda corriam atrás dela. 

A ruiva pressionava o braço esquerdo, que latejava loucamente onde os Vesper tinham enfiado uma agulha e injetado um líquido azul – e desconhecido – na corrente sanguínea de Amy.

Sem querer ela bateu o ombro em uma pobre senhora que caminhava com seu cachorro. A mulher caiu no chão e todas as compras que ela carregava se espalharam por terra. 

Algumas pessoas olharam para Amy de cara feia, enquanto ajudavam a mulher. Aquilo atrapalhou os Vesper, que empurraram mais pessoas para o chão, tentando passar.

Amy continuou a correr até ver o que queria: uma antiga construção, ainda com os tijolos medievais, surgiu imponente. Hoje usada como escola, o pátio da construção estava repleto de jovens, todos de uniformes, conversando tranquilamente.

Faltam só alguns metros! Amy disse a si mesma.

Porém, seja lá o que os Vesper tinham injetado nela, estava começando a dar efeito: os olhos já não viam com clareza, o corpo tremia a cada lufada de vento e as pernas, treinadas durante os anos para correrem maratonas, bambeavam fracas.

Sem querer, Amy tropeçou em uma grande árvore, que rachava a calçada com suas raízes, e caiu no chão, ralando os joelhos.

Ela tentou se levantar e conseguiu, mas quase caiu novamente. Foi nesse segundo que ela o viu.

O moreno dos olhos cor de âmbar estava no pátio do colégio, conversando animadamente com alguns amigos.

Amy estava preste a gritar seu nome quando alguém a puxa para trás pelos cabelos.

- Achou que ia fugir, Cahill? – ronronou um dos Vesper. Alto e musculoso, porém burro. Com um gesto rápido, Amy acertou uma cotovelada no estomago do homem e depois deu um chute na canela dele. O Vesper caiu no chão, segurando a perna.

O outro homem, que tinha ficado para trás durante a confusão com as compras da velha senhora, os alcançou, mas a Cahill usou todas as forças que lhe restavam e deu um soco de direita no rosto do homem.

Ela teve sorte porque, com a sua visão embaçada como estava, podia muito bem ter socado o nada.

Amy voltou a correr, deixando o homem machucado tentando desesperadamente conter o sangramento no nariz, urrando de raiva:

- Isso ainda não acabou! Nós ainda vamos pegá-la, Cahill!

Mas a menina já não ouvia mais. Tudo que queria era atravessar a rua e ir falar com o menino que estava do outro lado. Ele a protegeria. Ou, pelo menos, era o que ela achava.

- IAN! – Ela grita em plenos pulmões, atravessando a rua sem olhar.

Amy só tem tempo de ver o rosto do menino virar em sua direção antes que o carro a atinja.

A cabeça da menina roda, entorpecida pela droga dos Vesper e pele choque com o chão. 

Tudo escurece.