E, subitamente, ele acordou

Acordou da vida monótona

Acordou do transe contínuo

Acordou da concha vazia que ele chamava de “vida”

Acordou da mentira que era o seu dia a dia

Subitamente, ele acordou do que lhe parecia um martelar incessante e monótono

Daquilo que lhe era um dia a dia confortável

Mas carregado de melancolia e solidão

Trabalhando para viver

Mas vivendo para trabalhar

Subitamente, ele resolveu virar outra pessoa

Destruiu sua distopia

Para que pudesse construir um mundo novo e perfeito

Um mundo somente para ele

Onde finalmente pudesse ser feliz

Subitamente, ele saiu de seu trabalho

Foi viajar pelo mundo

Viu monumentos magníficos e coisas que jamais imaginaria que iria ver

Levou sua mulher para jantar toda noite em restaurantes diferentes

Demonstrou seu amor como nunca demonstrara antes

Subitamente, ele deu mais atenção aos próprios filhos

Brincou com eles no parque

Ajudou-os com os deveres de casa

Incentivou seus sonhos

Assistiu-os irem à faculdade, casarem-se e terem filhos

Subitamente, ele percebeu o quanto era feliz

Após ter acordado foi que notou o quanto poderia ser feliz

E ele percebeu que poderia viver o resto da sua vida em paz

Até que a morte venha, e ele possa a acolher como uma amiga

E, subitamente, ele acordou

Acordou de seu maior sonho

Acordou de volta para sua vida infeliz

Levantou-se

E foi trabalhar