Era uma manhã de sexta quando o noticiário da capital nos desperta com um aviso: O Dia da colheira será antecipado em cada distrito. E os três primeiros serão no sábado. Dois aerodeslizadores sobrevoam minha casa solicitando a entrada de Ryan e de Gwen, para seus devidos distritos.

— Estou apavorado. Mesmo com as poucas chances para eu ser convocado, ainda assim , não restam muitos garotos entre 12 e 21 anos no distrito 3 — Exclama Ryan, em tom de choro.

— Calma, vai ficar tudo bem amigão. Mesmo que você entre, você é carreirista, você foi treinado pra isso. E você domina bem o uso de espadas, e sabe lutar. Provavelmente irá vencer! — Respondo tentando confortá-lo. Gwen e Kathlen se despedem dele, e dois pacificadores o levam até a escada do aerodeslizador que o levará ao distrito 3. Nos despedimos da Gwen, que como sempre, não consegue falar nada, apenas chorar. E ficamos apenas eu e Kathlen, para assistir a colheita deles.

Tanto eu, quanto Kathlen, não conseguimos dormir naquela noite, então, ela começa a puxar assunto:

— Mas me diz, quem é aquela garota bonita que falou com você quando a gente nadava? — Pergunta Kathlen.

— Ah, é a Grace — Respondo. — Ela é filha dos meus vizinhos, e trabalha na empresa de controle de qualidade de pescados para a capital.

— E é completamente apaixonada por você — Kathlen ri.— Percebi desde a hora que coloquei os olhos nela.

— Sério? Ela mal fala comigo — Explico

— Mesmo assim, os olhos dela brilham quando olha pra você — Rebate Kathlen em tom de riso.

— Chega, vamos parar com esse assunto e vamos dormir. Já basta de piadinhas comigo por hoje!

Na manhã seguinte, ligamos a televisão. Está passando a colheita do distrito 1. Elfie Trinket está lá, radiante, com sua peruca rosada, e sua maquiagem estranha. Ela está lendo o nome do garoto sorteado.

John Klaus. Era um colega de escola dela. Dizem que ela já o namorou, mas não passou de boatos. Só então, quando Elfie lê o nome da garota sorteada, temos o choque.

Gwen Bellamark.

A Gwen é um tributo agora.

— Ah meu Deus, isso não pode estar acontecendo, Peter! — Grita Kathlen — Mesmo sendo carreirista, ela não tem coragem de matar ninguém!

— Mas não podemos fazer nada. Só espero que ela consiga sobreviver ao máximo que puder — Falo, e as lágrimas já começam a descer do meu rosto.