Eram quatro horas da tarde. A hora em que eu saia para ler e pensar na vida, que ultimamente estava boa sem muitas brigas, e chateações entre minha própria família que por coincidência era vista como modelo. Para os outro que não conheciam nos muito bem, como eu mesma conhecia e sabia que esse modelo era só fachada, pois não éramos uma família desde que o meu pai foi embora. Mas quando eu estou aqui, neste lugar nada nisso importava, nem a minha família, ou os problemas. Esse é um refugio que eu criara para mim mesma. Mas na verdade não era um refugio, ou um lugar onde só eu conhecia, mas na verdade um lugar onde todos os casais da cidade conheciam, mas não vinham ali às quatro horas da tarde nos domingos, eles preferem há noite. É um lugar lindo, parece um campo de futebol, mas com arvores, e espaços entre elas suficiente para caber um carro, era como um parque a beira de um penhasco, onde era lindo ver as estrela a noite ou ate mesmo o amanhecer ou o pôr-do-sol. Aonde só eu ia. Ate esse dia.

Quando cheguei atrasada, percebi que tinha companhia, um carro estava estacionado justo onde eu deixava a minha bicicleta, mas não iria me intimidar, encostei a bicicleta perto do carro não sei o porquê, mas resolvi deixar ali. E fui para o lugar aonde sempre ia; de baixo da ultima arvore do campo. Quando estava quase chegando parei para colocar os fones de ouvidos, e pegar um livro na bolsa para ler, quando bati em alguma coisa.

—Opa não... Não olha por onde anda moça?

Era um rapaz, com olhos escuros e profundos, não era muito forte e musculoso, mas alto e que me deixou muito perturbada.

—Eu... Hum e que é você?

Ele teve que me segurar para que eu não caísse o que me deixou ainda mais, perturbada e nervosa. 

—Me larga!  — ele era mais forte do que aparentava e tinha um perfume muito bom. E a pele macia e quente, essa era sensação que tinha na minha pele fria. Senti o sangue correr nas minhas veias e tive a leve sensação de ter ficado vermelha, a que não era novidade para mim, pois era muito tímida.

— Desculpe não foi a minha intenção te deixar assustada — ele disse com um sorriso que me fez esquecer o porquê de eu estar ali. —Você esta bem moça?

— Sim estou e quem é você?

—Hum, o cara que impediu de você cair. —ele disse isso com um sorriso cínico no rosto, oque me deixou zangada.

Ele ainda me segurava, eu já estava ficando perturbada com o jeito daquele garoto, tinha que sair de perto dele o mais rápido possível. Eu me soltei do abraço desajeitado que me mantinha nos braços dele. Ele apenas olhou para mim. Mas não consegui identificar sua expressão, ele parecia desapontado.

—Bom er... Obrigado, mas agora eu tenho que ir.

—Ei espera! Você não vai me dizer nem o seu nome?— ele insistiu em querer ter uma conversa, mas eu só queria ficar um pouco sozinha.

Afinal, ninguém nunca vem nesse lugar, há essa hora, bom. Ninguém vinha nesse lugar além de mim ate agora.

—Não.

Eu apenas queria ficar sozinha, era por isso que eu estava ali.

Mas não, por que ele veio aqui? Oque ele queria? E o principal, por que eu estava me importando com isso? Ele só era mais um garoto que eu não conhecia.

Continuei andando até chegar a ultima arvore, a minha arvore. Ela era a ultima, a que separava o campo do bosque ela era a mais velha daquele lugar. Meu pai costumava dizer que era nela que as fadas os duendes, as criaturas magicas ficavam para ver e aprender com os humanos, por que ali era até onde eles podiam ir, e ali podia se ver a cidade toda, por causa do penhasco, sem que os humanos os vissem.

Um carvalho enorme e velho, que parecia com a aquela salgueiro lutador da escola do Harry Potter. E eu sabia que se passasse a mão naquela casca de arvore escura que machucada, bem na altura do meu pescoço eu sentiria um coração entalhado com duas letras e um sinal de mais no meio delas. A inicial de dois nomes, duas pessoas que a muito tempo se amavam, e que agora se odeiam. Meus pais.

“ a vida é como um livro, você deve ler uma palavra por vez, uma pagina e grava-la, ou ao contrario ela sumira entre o livro todo.”

Joguei meu livro da jane austin no chão e pequei meu caderno antes que a frase sumisse como as outras, então as escrevi.

“a vida é como um livro, você deve ler uma palavra por vez, uma pagina e grava-la, ou ao contrario ela sumira entre o livro todo.”

É claro que minha letra é linda.