Júlia folheava os livros enquanto Gabriela observava a tristeza nos olhos da garota. Ela andava desconcentrada e mal respondia as perguntas da amiga.

– Ju? – perguntou Gabi enquanto tocava nos ombros da amiga.

– Oi. – respondeu Júlia, deprimida e sem ânimo algum para qualquer coisa.

– Você não me parece bem. Aconteceu alguma coisa de novo? – perguntou Gabriela.

Júlia ficou calada por um grande tempo. Então se virou para Gabi e a abraçou. E ali chorou baixinho, no colo da amiga, enquanto soluçava de uma forma que fazia Gabi consolá-la.

– Eu quero ir embora! – sussurrou Júlia.

– Embora pra onde? – perguntou a amiga.

A garota enxugou as lágrimas, e olhou para gabi. Sua respiração estava ofegante, como se chorar ainda não tivesse sido o suficiente.

– Acho que vou trancar a faculdade aqui e voltar pra São Paulo. Lá eu começo em outra turma. – respondeu.

– O que? Você tá louca? Não pode fazer isso Júlia! – exclamou Gabriela.

– Não quero mais ficar perto do Apolo, Gabi. Sempre que estamos bem, acontece alguma coisa e ficamos mal. Brigamos quase o tempo todo! Não somos mais os mesmos. E além do mais, eu fiz algumas besteiras esses dias. Tanto com ele quanto com Lucas. Eu preciso começar de novo, longe dos dois. – disse a garota.

Gabriela parecia não acreditar. Segurou as mãos da amiga e respirou fundo.

– Não pode se abalar, mudar sua vida por causa de nenhum dos dois. Porque você não volta pra casa dos seus tios? – sugeriu ela.

– Não dá! Eu sei que eles vão falar alguma coisa sobre o Apolo. E ainda por cima, vou ver ele todo dia aqui na faculdade, ficando com outras meninas. Eu não vou suportar isso.

– É claro que vai! Você já ta suportando há tanto tempo. Não joga tua vida fora por causa de ninguém não! – disse Gabriela.

– Eu não sei... – Júlia suspirou e encostou a cabeça da parede. Fechou os olhos e pensou. Pensou que talvez ir embora a transformasse em uma mulher fraca. Ela deveria ficar e enfrentar tudo isso. Havia errado com Apolo e com Lucas. Arrependia-se disso, mas não havia mais volta. O jeito seria permanecer e tentar seguir em frente. Sabia que mesmo voltando para São Paulo não conseguiria superar Apolo. Ele estaria presente em todo o lugar.

– Ju? – chamou a amiga. – Porque você não fica uns dias lá em casa pra decidir o que quer? O Lucas tá morando com nosso pai. Só está em casa eu, a mamãe.

Júlia abriu os olhos e sorriu.

– Seria ótima amiga. Pode falar com a sua mãe? – perguntou ela.

– Claro! Aí você pode ir pra lá depois do trabalho, hoje mesmo. – Gabriela sorriu.

Júlia parecia contente, aceitou o convite. Decidiu que deveria deixar as coisas amenizarem, como quando foi passar o feriado na casa dos pais em são Paulo. Mesmo que aquilo não tenha durado muito, ficar distante por duas semanas ou mais a faria pensar sobre ir embora do Rio de Janeiro ou não.

– Se eu ficar bem longe dele, eu fico no Rio de Janeiro e concluo a faculdade aqui mesmo. Se eu precisar dele, se eu não conseguir superá-lo, vou embora. Não o quero. Não quero sentir mais nada por ele. – comentou Júlia.

– É você quem sabe.