–Então quer dizer que o seu ex está na casa dos seus tios, hospedado?– perguntou Lucas perplexo pelo telefone.

– Ele não é meu ex. – respondeu Júlia.

– Hum. – Lucas não gostou de saber do ocorrido. Estava se aproximando de Júlia e achava que ela estivesse começando a interessar-se por ele. Apolo ali atrapalharia seus planos. – o que pretende fazer sobre isso?

– Não sei, estou confusa...

– Confusa sobre o que? – indagou.

Júlia pensou que com Apolo ali, os planos que os dois fizeram antes pudessem vir à tona. Mesmo assim lhe restava a incerteza de que talvez ele continuasse iludindo a garota.

– Sobre os meus sentimentos por ele... – O tom de voz dela soou triste. Lucas percebeu isso. Percebeu também que ela gostava do tal Apolo, e que investir em algo agora faria com que ambos perdessem a amizade.

– Acho que vocês precisam conversar. – disse Lucas. Nesse momento Apolo bateu na porta do quarto de Júlia.

– Preciso desligar, falo com você depois!– Júlia desligou o telefone e abriu a porta do quarto. Apolo estava ali, com aquele sorriso torto e um jeito estranho de olhar pra ela.

Ele entrou no quarto sem ao menos pedir. Começou a mexer nas coisas dela. Livros, fotografias. Ela incomodou-se com essa ação e exclamou:

– Não pode mexer nas minhas coisas!

Ele virou o rosto. Parecia assustado com a reação dela,

– Calma! O quê que há? Eu sempre pude mexer nas suas coisas. – disse ele.

– Mas agora não pode.

– Por quê? – questionou chateado.

Ela o encarou antes de responder. Pensava nas palavras certas pra usar.

– Apolo, não pode simplesmente entrar e sair da minha vida quando você bem entender. Que absurdo foi aquele de me ligar dias antes de viajar, desligar o telefone sem esperar uma resposta e aparecer aqui, na casa dos meus tios e se hospedar e agir como se nós ainda tivéssemos alguma coisa?! Você tem merda na cabeça? – perguntou eufórica e com raiva.

– Por que tá me tratando mal Júlia? Quando eu cheguei e vi você, não me pareceu que vir pra cá fosse ruim. Você me abraçou e agiu como se eu... – ele fez uma pausa. – como se eu fosse importante pra você! E agora me diz que eu estou incomodando a sua vida?

Eles se encararam.

– Apolo, eu não sei sobre nada de nós dois há muito tempo. Não sei se nossos planos estão de pé, se você ainda vale apena, se devo acreditar no que diz.

Ele aproximou-se dela.

– Eu estou aqui, não estou. – disse ele enquanto suas mãos estavam sobre o rosto de Júlia. – E a partir de agora tudo será mais fácil pra nós dois. Então, porque não me dá uma chance? – sussurrou ele enquanto tentava beijá-la de novo.

Ela hesitou.

– Você tem que dar uma chance a si mesmo. – respondeu. – eu vou morar com você porque realmente é necessário economizar tanto pra mim quanto pra você, mas não espere nada de mim além de NADA! – disse ela dando ênfase ao último nada.

Ele deu alguns passos para trás. Tentou compreender o que estava acontecendo. Parecia não acreditar. Seus olhos encontraram os de Júlia novamente e ela parecia chorar. Ele aproximou-se novamente e quando parecia que iria tentar beijá-la novamente, tirou o cordão com a medalha do pescoço de Júlia.

– Porque fez isso? – perguntou entre lágrimas.

– Não precisa mais. – respondeu ele friamente. Parecia que não se importava com ela.

Enquanto ele saia do quarto, ela mencionou em um tom que o fizesse escutar.

– De melhores amigos a ambos estranhos.

– É. – sussurrou ele.