EMILY POV

- Claire, você tem certeza que precisa me maquiar só pra assistir uma aula? – perguntei para Claire. Já fazia horas que ele estava no meu quarto. Me dizendo como me vestir, como dar tonalidade as roupas e faze-las ficarem bonitas juntas. Por mais que eu amasse estudar, era muita informação pra minha cabeça e eu não conseguia absorver tudo. Agora, eu usava uma calça jeans super colada que me fazia duvidar se eu tia pulmões. E uma blusa da hollister rosa, que sinceramente? Era muito bonita. Ela colocou algumas pulseiras em mim e uma sapatilha dourada e as malditas lentes de contato, eu odiava usa-las. Eu odeio aquela lente.

Claire já estava totalmente solta. Ela ria comigo, fazia piadinhas e dizia que meu cabelo era a coisa mais bonita que ela já tinha visto. Mesmo sendo moreno, longo e ondulado no final, ela disse que combinava muito bem com meus olhos azuis.

Era muita informação pra minha cabeça.

- Sim, é necessário – ela disse, com um tom imperativo. Como se estivesse “mandando” em mim – Menina, você é maravilhosa. Mas me deixe terminar o seu delineado, e estará pronta. Já disse que sou profissional?

- To duvidando – falei, coçando o nariz, depois de sentir aquele cheio de base liquida insuportável – por favor, ande rápido. A próxima aula é de matemática e eu não quero perder.

- Uma vez nerd, sempre nerd! – ela afirmou, enquanto fazia minha sobrancelha – Mas pare de reclamar, já acabei.

Levantei da cadeira e dei uma jogada de cabelo e me olhei no espelho. Aquela não era eu. Eu estava... Maravilhosa. Sem querer me gabar, eu estava muito bonita e aquela garota no espelho definitivamente não era eu. A maquiagem que Claire tinha feito, agora estava leve. Meus olhos tinham uma tonalidade preta, o que realçava meus olhos.

- Uma nova Emily – disse Claire, sorrindo, atrás de mim – Você vai destruir corações! Só não destrua o do Larry, porque ele é meu.

- Eu adorei – foi a única coisa que consegui dizer. Aquela não era eu.

Eu estava bonita e me sentia com valor, pela primeira vez.

- Ei amorzão – disse Claire, beijando os lábios do idiota do Larry, o namorado dela e meu ex parceiro de psicologia – Conhece a minha amiga?

- Quem é a novata? – ele perguntou, sorrindo enquanto segurava a cintura da Claire.

- Que novata que nada! – falou Claire sorrindo meio atordoada – É a Emily, Emily Turner.

- A nerd? – me senti meio ofendida – Não pode ser, ela está muito diferente, caramba!

- Minhas obras – disse Claire – Vamos? Faltam dois minutos pro terceiro sinal e eu não quero pegar detenção, de novo.

Fomos andando até o prédio de aulas e parei quando vi o olhar de Jackson sobre mim. Ele estava na diretoria. Com uma família. A única que percebeu fui eu. Ele apenas sorriu. Continuei quieta. Apenas parada atrás de Claire enquanto ela falava com alguns amigos dela e de Larry. Mas ainda sentia o olhar de Jackson sobre mim. Sorrindo.

- Ei, Jackson, porque você está sorrindo pra aquela menina? – perguntou um pentelho, alto bastante para que eu e a família que estava junto a ele, escutasse.

JACKSON POV

Não podia ser a Emily. Não a Emydiota que eu tinha conhecido a dois dias atrás. Ela estava muito gata, como naquele dia na biblioteca. Eu não conseguia parar de olhar pra ela. Mesmo ela estando brava comigo, era inevitável. Ela estava mais bonita do que qualquer garota naquela escola. Eu não conseguia parar de encara-la.

Minha família estava conversando com tia Katie sobre meu desempenho escolar. Claro, nada bom. Ela tinha contado sobre o episodio do teste de química, o que me fez olhar mais ainda para a Emily.

- Ei, Jackson, porque você está sorrindo pra aquela menina? – perguntou Hills, o idiota do meu irmão. Emily tinha percebido e agora, olhava para a diretoria, que era aonde eu e minha família estávamos conversando. Tenho certeza que fiquei vermelho de vergonha na hora.

- Ah! – disse tia Katie – É a nossa aluna, Emily Turner. Ela é um amor de menina! Ela e Jackson estão se tornando amigos. Não é, Jackson? Mas ela está muito mudada, esse não costuma ser o estilo dela.

- Ela tá linda – falei, sem pensar se minha família estava perto, ou não. Ela estava linda mesmo e tive que reconhecer. Eu não podia mentir.

- Chama ela aqui? – Já disse que o Hills e eu nos odiamos? Ele só vive pra me ferrar, só pra isso. Tudo que eu fazia, ele contava pra minha mãe. Na verdade, ele queria muito viver aqui, mas não pode. Então, ele faz essas coisas – Quero conhecer.

- Srta Turner – disse tia Katie, chamando Emily, que pareceu aliviada e se dirigiu até aonde estávamos na diretoria – Esses são os pais do Jackson.

Gelei por um segundo e olhei para Emily, que parecia feliz. Ela sorria (ela estava perfeita) e cumprimentava todos. Enquanto eu estava lá, parado, gelado, cheio de vergonha e ainda olhando para Emily que no momento, era a coisa mais linda que eu já tinha visto antes. Porque ela estava fazendo aquilo? Cumprimentando minha família? Porque ela estava vestida daquele jeito? Porque ela sorria, e se socializava com todos os membros da minha família?

- Jackson, diga algo há sua amiga – disse minha mãe, que agora sorria sem parar para Emily.

- Oi Emily – foi a única coisa que eu consegui dizer. Seu rosto agora estava sereno e ao mesmo tempo um pouco fechado. E raivoso. Ela apenas soltou um riso de canto como se estivesse indiretamente, me chamando de patético. – Tudo bem?

- Sim – ela disse, como se não fizesse diferença pra mim se ela estivesse bem ou não. E fazia, fazia muita diferença. Ela apenas continuou a fitar o chão de um jeito meio tímido. Mas ainda rindo das piadas idiotas do meu pai. Enquanto eu (com cara de lesado) continuava a fita-la.

- Filho, estamos voltando para o hotel – disse minha mãe, indiferente a toda a conversa – podemos combinar de jantar um dia. Vamos? Leve sua amiga. – ela sorriu para Emily, que retribuiu um sorriso – Gostei muito dela.

- Obrigada Sra. Luck, eu também gostei muito de você – disse Emily, a abraçando – Com certeza seria muito bom revê-la antes de voltar para casa!

- Ótimo! – exclamou minha mãe. Então, me chame de Martha, por favor – disse minha mãe, sorrindo fraco, e agora, super entretida em sua conversa com Emily, que também parecia interessada – Bom, sexta a noite fica bom pra você? Ou tem algo para fazer?

- Não, eu definitivamente não tenho nada para fazer, e mesmo se tivesse, sair com vocês seria muito mais divertido, afinal, não sou chegada a festas – disse Emily.

- Como você pode ser amiga do nosso filho? – perguntou meu pai, com os olhos arregalados. – Jackson adora uma farra. Quando era pequeno, fez questão de fazer festas em todos seus aniversários...

- Pai! – o repreendi. Se estivéssemos lidando com a Emy nerd, talvez eu nem ligasse. Mas era a Emy gata. Eu não poderia deixar de me sentir envergonhado em sua presença totalmente avulsa.

- Oh, ele tem vergonha, desculpe – disse meu pai, provocando risadas em todos, inclusive na Emily. Ela não parecia tão chateada como antes. Seria uma boa hora para pedir desculpas – Então, vamos indo? Até sexta Emily.

Emily abraçou todos os membros da minha família e combinou de sair conosco na sexta. Aquilo me deu medo e felicidade ao mesmo tempo. Emily estava tão, “mulher” como Hannah, Claire, Libby e as outras meninas do meu grupo. Ela estava perfeita, ela sabia disso. Ela não se sentia desconfortável, se sentia maravilhosa. Eu sabia disso. Emily parecia tão mais confiante dentro daquelas roupas.

Parecia tão mais ela.

- Emily – falei, ao ver minha família ir embora – me desculpe por tudo, e pela minha família, você deve se sentir constrangida e eu... – comecei a falar, mas fui interrompido por ela.

- Sabe Jackson, você poderia ser mais como a sua família.

Ela saiu andando depois dessa fala me deixando totalmente confuso. Eu não era bom? Eu não era bom pra ela? Eu não era bom o bastante pra ninguém?