Após toda essa história, meu pai me contou que nunca mais viu a ursa, porem via a jovem Ártemis todos os dias. Ela pareceu a princípio um pouco aborrecida por meu pai ter derrubado a caça dela, mas também impressionada por ele ter "conseguido" fazer isso. Eles caçavam juntos sempre e ela ensinou meu pai técnicas que ele jamais teria imaginado. Algum tempo depois aconteceu o que já era de se esperar: eles se apaixonaram. Bem... mais ou menos. Ártemis sempre dizia que eles nunca poderiam ficar juntos mas nunca explicava o porquê, além de ela parecer constantemente aborrecida por ter se apaixonado.

Depois de algum tempo, Ártemis desapareceu. Bill procurou ela por toda a cidade e nos bosques da região mas nada. Um dia, voltando para casa, meu pai achou uma carta em cima da mesa da sala. A carta dizia que Ártemis não poderia mais voltar e que Bill precisava proteger e esconder a criança.

–Espera um momento... que criança?

E embaixo da mesa estava um pequeno embrulho com um pequeno bebê dentro. Pegando ele do chão, Bill leu a carta novamente. Ela dizia que o bebê era dele. Mas como era possível? Ele e Ártemis nunca tiveram nada assim. "Será que ela já estava grávida quando eles se conheceram?" ele pensou. Mas isso já não importava. Bill amou o bebê no momento em que viu seu rosto. Carregando a criança nos braços, caminhou até a varanda de sua casa no bosque e olhou para a lua, novamente cheia e brilhante.

–Então... que nome eu dou para você? -Bill disse -Nunca fui bom com nomes. Talvez algo simples e legal. Que tal...Connor. -O bebê ficou quieto. -Acho que não... que tal Billy? -Nada - Você é difícil de agradar, ein?! Então que tal... Marshall. -Meu velho tomou um baita susto quando a criança começou a rir.

–Haha. Então está decidido, vai ser Marshall. Marshall Cole.

Bem, essa foi a história de como meu pai conheceu minha mãe. Agora, de volta ao presente, já tenho 13 anos e moro com meu pai em uma casa no bosque de uma cidade chamada Frederiction, Nova Brunswick no Canadá. Eu tenho o cabelo loiro do meu pai (mais ou menos, porque ele pensa que não é "realmente" meu pai), e eu sei que loiro e canadense são palavras perigosas de se usar juntas hoje em dia mas não se confunda, meu cabelo é curto e espetado para cima. Eu frequento o colégio municipal St. John, pelo menos por esse ano, já que sempre sou expulso. Isso porquê, os outros me acham estranho, acham que eu olho para eles como se fossem presas, como seu eu fosse pular em cima de alguém a qualquer momento, e talvez porquê eu realmente faça isso... Brincadeira, eu realmente não percebo se eu faço isso ou não, mas de qualquer forma isso sempre faz com que eu me meta em confusão.

O sinal acabou de tocar. Chamei meus dois melhores (e únicos) amigos para irem até minha casa depois da aula. Eles são as únicas pessoas, tirando meu pai, que parecem ficar a vontade perto de mim. Um deles é um garoto ruivo chamado Drake Simmas, ele também é um garoto problemático (nós três somos mas ele é pior) pois além das brigas, ele tenta cantar quase todas as meninas que se aproximem dele. A outra é uma garota com cabelo moreno curto chamada Sara Clearwater, conheci ela no começo do ano quando eu ajudei ela a fugir de uns garotos chatos que estavam cantando ela mesmo que ela estivesse claramente aborrecida. Nós ficamos amigos logo no começo do ano e andamos juntos desde então. Drake parou de dar em cima da Sara depois de algum tempo e tudo correu bem.

–Ei Marshall.- era o Drake correndo em minha direção com Sara logo atrás.

–Oi galera. prontos para ir? Meu pai deixou a gente explorar o bosque hoje.

–Legal. Mas será que a Sara não vai ficar com medo de se perder? Hahaha.

Ela pareceu indignada com isso.

–Eu aposto que me viro melhor que você naquele bosque, Drake. Além do mais, o Marshall vai estar lá. Sem chance da gente se perder com ele por perto.

Isso era bastante verdade. Tendo crescido em uma casa no bosque próximo ao parque Reading e sendo filho de um caçador, eu podia praticamente dizer que conhecia o bosque como a palma da minha mão. Mas isso não é lá grande coisa, porque eu, por algum motivo, nunca me perco, sempre sei pra onde devo ir como se já tivesse feito isso antes, eu vejo trilhas no bosque feitas por animais pequenos que nem meu pai perceberia.

–Vamos, se não vai ficar muito tarde quando chegarmos lá. Eu sei que nem a sua mãe Drake e nem o seu pai Sara vão querer vocês lá depois que escurecer.- Eles dois também só tinham um dos pais. A Sara vivia com o pai Wilson numa casa na cidade, ele é dono de uma perfumaria. O Drake também mora na cidade, com a mãe Liza que é professora universitária de artes.

Fomos correndo ate minha casa. Meu pai estava na varanda já esperando a gente aparecer.

– Bom dia meninos. Eu preparei um lanche pra vocês comerem antes de irem explorar hoje.

Depois de comer meu pai pediu para que nós tivéssemos cuidado. Se eu percebesse qualquer animal maior por perto, eu tinha que tirar meu amigos de lá rápido e em segurança.

–Tchau meninos e tomem cuidado.

– Tudo bem senhor Cole. -disseram Sara e Drake.

–Até mais tarde pai. Eu vou tomar conta desses dois e volto pro jantar. -Eu não tinha ideia de como estava errado.