Thriller escrita por Isa


Capítulo 2
Capítulo 2 - Bons Sonhos




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        Enquanto Sean e Harvey começavam a se preocupar com um provável encontro com um lobisomem, Fred, April e Jess haviam conseguido escapar de Jason. Os três o despistaram e, sem que ele os visse, entraram num lago na floresta, submergindo em seguida.

        Os jovens mantinham-se com os olhos abertos com esforço, e também tinham os ouvidos atentos para qualquer movimento do lado de fora, para saber quando Jason passaria e poderiam emergir.

        Passou-se um minuto e os três quase não agüentaram quando finalmente ouviram os passos pesados da criatura do lado de fora, eles esperaram cinco segundos antes de emergir novamente, e assim que o fizeram foram para a margem inferior do lago, que era escondida pela grama da margem.

        - Eu quase morri afogada. – sussurrou April.

        - Não foi a única. – Fred respirou fundo.

        - Que seja gente, mas agora que o grandão foi embora temos que encontrar os outros. – disse Jess.

        - Se é que estão vivos, né.

        - Fred! – exclamaram as garotas.

        - Está bem, foi mau. É só que eu sou realista. Segundo a lenda isso vai ficar cheio de monstros em pouco tempo pela quantidade de filmes de terror que assistimos.

        - Ainda bem que não assisti Horror em Silent Hill quando meu primo me emprestou. – comentou Jess.

        - Ok, agora vamos sair daqui. A água não é exatamente quente, podemos pegar um resfriado brabo. – disse April, segurando-se nas gramas e saindo do lago, os outros dois fizeram o mesmo.

        - E aí, Fred. Podemos pedir ajuda ou essa maldição nos impede de sair daqui ou coisa assim? – Jess perguntou, depois de eles acharem uma caverna para descansarem e quem sabe dormir um pouco.

        - Bem, se nós chegarmos à estrada talvez os monstros possam nos seguir, sei lá, mas pelo menos teremos o carro. – explicou Fred. – E também há o detalhe de que as outras pessoas que não estavam aqui à meia noite não poderão ver os seres, então não há como pedir ajuda.

        - Isso tudo é o que diz a lenda, certo? Até agora não há confirmação. – disse April. 

        - Ah, claro que não. Só Jason Voorhees nos perseguindo por metade da floresta, mas tudo bem é normal, certo? – falou ele, sarcástico.

        - Tá, fica calmo.

        - Calmo? A gente pode morrer aqui e você quer que eu fique calmo?! Eu vou dormir!

        - Nesse chão frio? – perguntou Jess.

        - É, estou com sono. – Fred foi mais para o fundo da caverna, se ajeitou com umas folhas que ele e as amigas tinham trazido do lado de fora justamente caso resolvessem se arriscar a dormir e se deitou.

        - Dá até vontade de deixar o Jason entrar e pegar esse marrento. – comentou Jess.

        - Eu ouvi! – falou o rapaz no fundo da caverna, ainda de olhos fechados.

        - Ai, que medo! Vê se dorme, qualquer coisa a gente te chama.

 

Diga suas preces pequenino
Não esqueça, meu filho
De incluir todo mundo

 

        Enquanto isso Harvey e Sean estavam numa clareira bem afastada da outra onde Jen fora morta. Harvey já estava com sono, Sean que não dormia – ele acordara uma hora da tarde no dia em que foram acampar justamente para não ficar com sono depois da meia-noite.

        - Cara, vou dormir. – anunciou Harv, deitando-se na grama.

        - Não! – Sean o sacudiu.

        - O que, qual o problema? – perguntou o outro, esfregando os olhos.

        - Freddy, Freddy Krueger. Se você não viu A Hora do Pesadelo lamento informar que eu vi. – falou Sean

        - Ah, é. O Freddy ataca quando...

        - Quando estamos dormindo, isso aí. – os dois ouviram então outro uivo, dessa vez mais próximo.

 


Cubra-se, mantenha-se aquecido
Mantenha-se livre do pecado
Até que o Homem de Areia venha

 

        April e Jess falavam sobre quais seres ainda deveriam aparecer, considerando que deviam contar também com os livros de terror.

        - Já viu Horror em Amityville? – perguntou Jess.

        - Hum... Não.

        - Ufa, nem eu, quando me emprestaram fiquei com medo de ver. Apesar de o Ryan Reynolds valer a pena.

        - Não vale isso tudo que estamos passando não, disso não há dúvida. – afirmou April.

        - Ah, isso lá é verdade. Ih, eu já vi A Hora do Pesadelo. Aquele que tem o... – ela parou no meio da frase e olhou para o amigo adormecido no fundo da caverna.

 

Durma com um olho aberto
Apertando seu travesseiro com força

 

        Fred estava em casa. Pelo menos no seu “sonho”. Só havia um problema: a casa estava deserta, não havia uma alma viva. Ele então saiu e foi para o quintal, olhou em volta e viu a rua igualmente deserta e envolta em névoa. Então ele notou uma garotinha loura usando um vestido branco pulando corda no seu jardim. Ela cantava, a canção dizia o seguinte:

Um dois, Freddy vem te pegar.
Três, quatro, é melhor trancar o quarto!
Cinco, Seis, Agarre seu crucifixo.
Sete, oito, Fique acordado até tarde!
Nove, dez, não durma nunca mais
."

        - Ah, não. – falou o garoto para si mesmo.

 

Sai a luz
Entra a noite
Pegue minha mão
Vamos para a terra do nunca

 

 

 

- Acho que eu não sou o Fred à quem ela se refere. – o rapaz falou e ia voltar para dentro de casa, mas assim que se virou recebeu um soco no rosto, que quebrou seu nariz

- Olá, xará. – falou Freddy Krueger para o Fred caído no chão com o nariz ensangüentado. Antes que Freddy lhe enviasse uma de suas garras em seu rosto, Fred desviou do ser e conseguiu sair correndo apesar da dor.

O rapaz corria o mais rápido que conseguia, parecia que mesmo estando dormindo ele não se recuperara da fadiga da corrida anterior fugindo de Jason. Ele se esforçava tentando lembrar em como se livrar de Freddy.

 

Algo está errado, apague a luz
        Pensamentos pesados esta noite
         E eles não são com a neve branca

 

Fred correu até o final da rua. Cansado, ele parou e apoiou-se nos joelhos. Ao levantar a cabeça viu ninguém menos que Freddy Krueger.

- A, tá brincando comigo! – exclamou o garoto, enquanto Freddy se aproximava. Pensa Fred, pensa, você já viu A Hora do Pesadelo 1 e também o... cinco, que ajuda, pensava ele. Então se lembrou de como Freddy fora derrotado no primeiro.

 

Sonhos com guerras, sonhos com mentirosos
Sonhos com o fogo do dragão
E com coisas que mordem

 

Bravura. Assim fora derrotado Freddy Krueger no primeiro filme. Ha, falar é fácil, filmar também, na prática é difícil, pensou ele, vendo o outro se aproximar. Sua única saída era tentar ser bravo e rezar para as garotas perceberem que ele não devia ter dormido antes que seja tarde demais. Talvez sendo bravo ele até pudesse diminuir o “peso” no sono que Freddy causava.

- Invejoso você, né? – falou Fred.

- Inveja do que? Quem vai morrer aqui é você. – Krueger disse, parando no meio do caminho.

- Eu tenho amigos, tenho uma casa para onde posso voltar e ficar sossegado e mais ainda, eu tenho uma família de verdade, minha mãe não morreu quando eu nasci, sabe? Nunca fui um assassino.

 

Agora eu me deito para dormir
        Peço ao senhor para guardar minha alma
         Se eu morrer antes de acordar
       Peço ao senhor que leve minha alma

 

        Rápidas meninas, notem a besteira que eu fiz, notem, Fred torcia, enquanto a face queimada de Freddy se retorcia de raiva.

        - Então, não sabe nenhuma resposta para isso, Fredinho? – atiçou Fred.

        - Cale a boca! Talvez assim eu resolva te matar mais rapidamente! – falou Freddy.

        - É, você não tem uma resposta. – falou Fred, mas por dentro ele gritava os nomes de April e Jess. E Krueger se aproximava com raiva porém aparentemente hesitante, enfraquecido. Fred sentiu uma sacudidela.


Silêncio, bebezinho, não diga uma palavra
E não se incomode com o barulho que ouviu
É apenas o demônio embaixo de sua cama
No seu armário, na sua cabeça

 

        A sacudidela se tornou mais forte. E a imagem parecia retorcida, Freddy não estava tão visível quanto antes. Ele percebeu que havia funcionado, neste momento as garotas estavam tentando acordá-lo.

        Fred tirou Freddy Krueger da mente e visualizou as amigas na caverna, imaginando-as o sacudindo para que acordasse. E quanto mais pensava nisso mais embaçado ficava Freddy e mais visível ficava a caverna. Quando o ser estava à meio metro dele, Fred acordou na caverna.

        - Fred, você se livrou do Freddy! – exclamou Jess, o abraçando quando Fred acordou.

        - ‘Cê tá bem, Fred? – perguntou April. – Quando a gente ouviu você gritando nossos nomes achou que queria dizer que estava finalmente acordando.

        - É... Na verdade foi mais por causa do filme, eu lembrei que ser bravo enfraquecia o Freddy, foi só o que tive de fazer.

        - Só? Está dizendo que é fácil ser corajoso perto do Freddy Krueger, seu metido? – perguntou Jess.

        - Ele é meu xará, né. Freds se entendem. – Fred deu um meio sorriso e as duas garotas também sorriram e o abraçaram, felizes pela sobrevivência do amigo.

 

Sai a luz
Entra a noite
Grão de areia

       

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Música: Enter Sandman - Metallica