Eu estava tão ansiosa para essa viajem, tinha me preparado o ano inteiro. Um mês o Hawaii fazendo campanha de uma marca de biquíni mundialmente famosa, minha primeira campanha relativamente grande.

Ah, quem sou eu? Meu nome é Bianca Sabatini, tenho 16 anos moro em Nova Iorque com a minha mãe (não conheci meu pai, minha mãe disse “Seu pai era um safado! Só queria me comer.” desculpa gente, palavras da minha mãe). Sou brasileira. Vim para o Estados Unidos quando tinha apenas 6 meses, com a minha mãe e os meus avós, que morreram em um acidente de carro quando eu tinha 6 anos. Desde então somos só eu e minha mãe. Tem meus tios e minha prima Helena, mas eles moram em Los Angeles e a gente só se vê no natal.

Apesar deles morarem longe, Helena era minha melhor melhor amiga, sabia que se houvesse algum problema ela era a primeira pessoa pra quem eu ligaria. Nós nos falávamos todos os dias, nem parecia que ela morava do outro lado do país. Helena era o meu diário vivo, sabia de TUDO exatamente TUDO da minha vida.

–Anda Bianca! O táxi não vai te esperar pra sempre! - minha mãe entrou no quarto me arrastando pra fora.

–To vendo se eu não to esquecendo nada. - falei me livrando dos apertões dela

O caminho até o aeroporto foi tranqüilo. Sem engarrafamento, só com alguns sinais vermelhos.

Descemos do táxi, fomos para o embarque, despachamos as malas fizemos o check-in e meu celular começou a tocar era a Demi, minha “segunda” melhor amiga, ela também era modelo e ia comigo para o Hawaii, ela e mais duas garotas de Los Angeles, atendi o celular meio desengonçada, pois estava pegando a passagem ao mesmo tempo.

“Fala Coisa Chata!”

“Fala Coisa Chata?! Cadê você? O avião já vai decolar! A Vanda a qualquer momento a Vanda vai parir aqui. Já despachou as malas? Já fez o check-in? JÁ SAIU DE CASA?”

“Já sai de casa. Já fiz o check-in. Já despachei as malas. Onde você está?”

“To no portão do embarque.”

“Tchau to indo pra aí.”

Desliguei o telefone e fui me encontrar com ela.

–Ainda bem que chegou! - falou Vanda vindo me abraçar aliviada. A Vanda, é uma moça super legal, compreensiva, uma segunda mãe quando estamos viajando, mas uma coisa que ela não perdoa é atraso. Ela falta morrer comigo, porque eu só ando atrasada. - O avião já vai decolar!

–Oi Tia! - Demi foi abraçar a minha mãe.

–Oi Demi, minha linda! - minha mãe retribuiu o abraço – Oi Vanda! - a Vanda e a minha mãe ficaram ali conversando.

–Oi Coisa Chata. - falei indo em direção a Demi. Eu chamava Demi assim, por que ás vezes ela era muito chata, começa a falar e não parava mais. O pior nem é eu chamar ela assim é que ela atende.- Cadê a sua mãe?

–Tem um almoço importante lá em casa hoje. - ela respondeu fazendo “aspas” em almoço importante – Me largou aqui e voltou pra casa tomar conta do bufê.

A gente ficou ali mais um tempo conversando até que meu celular começou a tocar do novo. Eu o peguei, olhei na tela e vi que era Helena. Hoje a gente já nos falamos três vezes no telefone. Atendi.

“Oi oi.”

“Olha, que horas você vai chegar em LA?” Sim, meu vôo tinha escala.

“Umas dez horas.”

“ Dá manhã?”

“Não dá noite.”

“Você vem de que Bianca? Teco Teco?”

“Isso era pra ser uma piada? Porque não teve graça.”

“Tá bom chega de palhaçada. Que horas é o seu vôo para o Hawaii?”

“Uma hora.”

“Da tarde?”

“Aí! Você que provoca!”

“Ta bom! Ta bom! Vou te ver no aeroporto. Tchau”

E ela desligou o telefone na minha cara, assim sem mais nem menos.

–Quem era? - minha mãe perguntou.

–A doida da Helena. Disse que vai me ver no aeroporto.

–ULTIMA CHAMADA PARA O VÔO 447 COM DESTINO A LOS ANGELES. - falou a mulher da voz sexy.

Olhei para minha mãe e ela já estava chorosa.

–Filha, se cuida, tá? - ela me disse limpando as lágrimas dos olhos.

–Fica tranqüila Tia, eu te prometo que a Bianca não vai voltar grávida não. - Demi falou pra minha mãe. O maior medo da minha mãe é que eu fique grávida na adolescência igual a ela, que o pai da criança me abandone e que eu tenha que cuidar dela sozinha.

–Demétria! - Demi fez uma cara estranha foi para o lado da Vanda.

–Filha, olha só, nada de tomar bebidas que estranhos te oferecem, nada de falar com estranhos, nada de entrar em carros de estranhos, muito menos em casas, quartos de hotéis de estr...

–Mãe, eu já sei de tudo isso, fica tranqüila. - eu a cortei – Como a Demi já disse, grávida eu não volto.

–Fillha, eu te amo mais que tudo nessa vida. Você é tudo o que eu tenho, como eu vou ficar tranqüila? - ela perguntou isso fazendo uma cara de carente.

–Mãe eu também te amo muuito. Procura sair pra se divertir. Vai te fazer bem. Liga pra Alice e marca de sair. - a gente se abraçou mais uma vez e nos separamos, Demi e Vanda se despediram da minha mãe ai a gente embarcou.

Entrei no avião, sentei no meu lugar coloquei o cinto, amarrei meus cabelos longos e cacheados em um rabo de cavalo, peguei o meu iPod coloquei os fones no ouvido dei play e adormeci.