— O que ele ainda  faz aqui? — perguntou aflita quando as sobrancelhas de Harry  se arquearam. Ele abriu um tímido sorriso para a garota. Usava suas vestes tradicionais que não revelava que era um caçador ,parecia mais um duque ou um conde.

       Harry sempre tivera o mesmo ar que Lucca , quando parava de tentar ser o engraçado do grupo. Aquele ar sedutor que fazia as garotas perderem o ar, embora que harry, fosse muito diferente de Lucca. Ele era  desligado o suficiente para não perceber o que provocava sobre elas.

        Ele sempre estava junto de Lucca. Ambos dividiam a casa com Cameron.

— Bem... — Rebecca  suspirou. — Isso importa? — ela deu de ombros olhando Katrine com desdém.

— Claro que importa. — Katrine pigarreou. —Ele é um caçador — sussurrou em seu ouvido enquanto revezava os olhares entre Harry e Rebecca. O garoto por um minuto chegou a pensar que Katrine  tivera medo que ele fizesse algo imprudente e riu de seus pensamentos abrindo um amplo sorriso zombeteiro para a garota.

— Eu não mordo, Condesa. — Harry disse em provocação dando um gole na bebida  e olhando por sobre os ombros o salão. Katrine  pode jurar que tinha visto uma pequena adaga  entre os dedos .

         Lucca apareceu logo depois a encarando com uma expressão de quem não se importava com sua presença e a olhou com desdém logo de primeira.

— Que raio é isso? — Katrine  perguntou intrigada enquanto Rebecca se levantava rindo.

— Sua mãe explicou a meia hora  não se lembra — ela deu de ombros lançando um olhar de apelo para Katrine que soltou um longo suspiro.

      Os orbes de Harry desviaram-se para Katrine observando as maças do rosto da garota e depois o decote do vestido que usava. Ela corou percebendo que Harry  a encarava.

      Infelizmente Katrine tinha seios grandes o suficiente para atrair olhares, mas, não era como se seu vestido  estivesse escrito um   “Olhe diretamente aqui e perca os orbes”. — Ela soltou um longo suspiro cruzando os braços fazendo Harry  acordar do transe e corar logo depois percebendo o que tinha acabado de fazer.

      Puxou um  pergaminho  do bolso e começou a ler em um falso interesse tentando quebrar o clima tenso.

Katrine engoliu em seco observando os olhos castanhos a penetrarem divertidamente. O cheiro do perfume de Lucca  a fez ficar tonta. A blusa aberta em V fazia a clavícula de Lucca aparecer e ela não conseguiu evitar pousar os olhos ali desejando roçar os lábios no local.

       Cristo! Tire esse garoto de perto de mim! — pediu mentalmente soltando um suspiro de agonia enquanto Lucca se divertia com a situação.

— Condessa! — ele se inclinou para frente fazendo Katrine ficar séria. — Vamos, é só uma noite. — sorriu zombeteiro e com malicia enquanto Katrine  perdia o ar.

      Não, nem uma noite! Nem meia! Nem um século! Muito menos um segundo!

       Ele fazia com que ela ficasse fora de si, sem nem mesmo encostar suas mãos nela e, ela não queria esperar para ver o que aconteceria se ele a tocasse.

Ela se virou e subiu as escadas.

.— Katrine! — ele chamou em um grito enquanto ela o ignorava.

— Boa noite Lucca! — disse por fim entrando no quarto .

                                                                             [...]

      Ela nunca tinha visto nenhum homem dormindo, não até aquele dia e, ele parecia tão calmo enquanto dormia.

       As pálpebras fechadas, a respiração controlada quase que ensaiada enquanto o peito subia e descia lentamente. Os cabelos desgrenhados e a nuca a mostra. — Ela desviou os olhos para observar melhor a nuca de Lucca. Ela estava nua, vulnerável e os lábios de Katrine formigaram pela tentação de se aproximar da pele de Lucca para talvez beijar o local.

       Assustou-se quando o garoto piscou os olhos a encarando severamente e se sentando na cama  enquanto ela se afastava dele saindo do transe e voltando para si.

— Condessa... — ele resmungou baixinho enquanto ela se distanciava. — Não me veja dormir, isso é irritante. — disse com a voz rouca e sonolenta o que deixava Luccal ainda mais atraente.

- Céus! — ela revirou os olhos. Não tem nada nele que não seja menos atraente? — pensou se dirigindo até a porta .

— Você deveria ser mais gentil. — ela resmungou de volta para ele que a seguiu.

— Com você? — ele gargalhou baixo. — E desde quando sou gentil com alguém? — perguntou em provocação fazendo Katrine  se irritar.

— Lembre-se que você está no castelo desse alguém! — respondeu juntando as sobrancelhas em raiva enquanto Lucca  a observava sério. Os lábios eram uma linha reta e as sobrancelhas estavam um tanto juntas enquanto ele mantinha a postura severa.

        Aquela postura de caçador sempre quebrava Katrine. Vezes com medo, vezes com desejo.Ela saiu do aposento e começou a caminhar pelo castelo,Lucca a seguiu.

— Na verdade... — ele pigarreou arqueando o canto dos lábios em diversão. — Foi sua mãe  quem me deixou ficar aqui, então, tecnicamente falando... Isso não é problema seu. –entraram na imensa cozinha Lucca duvidava que Katrine tivesse pisado no local alguma vez na vida.

        Katrine  desviou os olhos para ele suspirando e pegando uma maçã do imenso cesto a um canto,usando tanta força que as esparramou por toda a cozinha.

— Menos força Condesa.. — ele comentou zombeteiro se afastando dela e caminhando até a porta.

— O que você tem contra mim? — perguntou sem pensar no sentindo de suas palavras e corando logo depois quando ele se surpreendeu com a pergunta virando-se para ela. Se aproximando o suficiente para fazer Katrine arfar.

— Tudo. — ele riu. — Você me irrita. É fraca, frágil, irritante, mimada e uma perfeita garota estúpida. — ele deu de ombros enquanto Katrine engolia tudo que ele tinha dito de uma vez.

— Olha quem fala, é um ignorante, Helsing! Rude! Estúpido e acha que tem o mundo na palma das mãos! — o que tecnicamente era verdade já que Lucca  tinha tudo o que queria quando queria .

— O mundo? — negou com a cabeça aproximando os lábios quentes e macios do ouvido da garota sussurrando ao ouvido dela. — Não. — a pele de Katrine se arrepiou com a aproximação e os pelos de seus braços se levantaram. — Mas talvez eu saiba como te controlar. — sorriu maliciosamente para ela que o empurrou para trás fazendo o garoto bater as costas contra a mesa  da cozinha. As bochechas de Katrine coraram imediatamente enquanto ele gargalhava alto.

— É você quem fica me seguindo pelos lugares! Vai negar que fica me olhando quando vou na taverna ? — Lucca deu de ombros.

— Gosto de ver seu decote. — ele mordeu o lábio inferior fazendo as bochechas de Katrine corarem ainda mais.

— Idiota! — murmuroudando uma dentada na maçã e caminhando em direção ao salão— Confesse Condessa! — Lucca  gritou ainda gargalhando. — Sou o sonho de consumo de qualquer uma e logo serei o seu! — disse triunfante observando a garota sair da cozinha, mas, logo os lábios se tornaram uma linha reta em uma cara triste. Ele estremeceu ao olhar para a janela e perceber que já  era dia.

                                                                             [...]

      Quando Katrine  adentrou o salão  aquela manha sentia-se aliviada. Provavelmente Lucca já teria ido embora .

       Ela andou até a grande porta levando o pergaminho em seus braços. Não tinha conseguido dormir direito aquela noite. Mais uma vez ela teve a estranha sensação de que alguém a olhava pela janela, como se estivesse a vigiando o tempo todo.

       Isso era normal de se acontecer, mas, aquele dia parecia que algo estava errado e que a pessoa que a vigiava estava mais perto, como se ela corresse perigo.

      Ela saiu de seus devaneios quando chegou a escadas que a conduziam ao jardim. Girou o corpo para caminhar, mas, foi repreendida quando um corpo  musculoso que bateu contra o dela.

     Katrine  desviou os enormes olhos dourados para cima. Kyu arqueou as sobrancelhas ao nota-la parecendo assustado.

— Perdoe-me..  Não te vi.

— Todo bem. — Katrine murmurou de volta suspirando e desviando os olhos para o garoto que parecia aflito.

—Está bem , não é? — perguntou tentando acalmar-se passando as mãos na nuca  e suspirando.

— Sim... — respondeu timidamente enquanto ele sorria mudamente aproximando-se dela. — E você? — ele arqueou as sobrancelhas rindo da pergunta.

— Acho que isso não importa. — ele deu de ombros levando as mãos até o bolso da calça.

— Não? — perguntou curiosa e Kyu sorriu para ela inclinando-se para frente.

-O que faz aqui Kyu?-perguntou

-Sua mãe mandou me chamar.Disse que era urgente.Estão marcando uma reunião do conselho dos anciãos .

-Mas o que isso tem haver com você?

-Não sei é isso que vamos descobrir-disse ele subindo os degraus que levavam ao interior do castelo.