Olhei bem para Nico, que pele pálida, pensei.

- Então, o que um menino tão jovem faz num cassino como esse? - perguntei com curiosidade.

- Talvez eu deveria fazer a mesmo pergunta? - disse Nico, levantando uma sobrancelha.  Me encolhi. O que eu realmente estava fazendo ali? Esperando meu amigo de um olho, com um bebê de colo, como se eu fosse a mãe dela, com um pai desaparecido, com alguns mantimentos na mala, e sem nenhum centavo. Vejo grandes coisas saindo disso...

- Então - eu disse - quem é aquela menina? - apontei para a menina que estava sentada perto dele, olhando para trás, sem perceber que seu irmão estava conversando com alguém.

- Aquela é minha irmã, Bianca, ela está de olho nos meus pais - engoli em seco - para não perdê-los de vista.

A irmã dele subitamente virou-se para nós dois, ao perceber que seu irmão estava falando.

- Quem é você? - disse Bianca.

- Eu sou Reyna, prazer.

Ela não respondeu e voltou a olhar para seus pais. Uma mulher um pouco mais morena que os dois irmãos pálidos, com olhos atentos, olhando no olho de um homem jogando um caça níquel, que deduzi ser o pai deles. 

- Aquele ali é o pai de vocês? 

- Achamos que sim, nossa mãe nunca nos contou dele. Acho que ela nos deixou aqui e foi até lá encontra-lo, só não percebeu que dá para a gente ver ela daqui. Mas ela ainda não falou com ele até agora, mas não para de encara-lo. Quero muito saber quem é nosso pai, se aquele homem realmente é ele. 

- Creio que sim, olha, ele tem o mesmo cabelo escuro, e pele pálida de vocês dois. Deve ser ele.

Bianca virou repentinamente.

- Você realmente acha? - disse Bianca, com lágrimas nos olhos - por que ela nunca nos contou dele? Tudo que eu queria era ter meu pai presente, e...

Roy cessou a conversa dela ao chegar com uma mala barulhenta. Ele estava sem o uniforme de porteiro, arrastando aquela terrível mala vermelha, e estava acompanhado. Ele vinha com um outro amigo, um homem de aparência de 20, 22 anos, com cabelos loiros e olhos bem negros, com os de Nico. Enquanto Roy tinha cabelos e olhos castanhos claros. Forcei minha visão nos olhos de Roy novamente, e para minha surpresa, eu realmente havia visto certo. Roy tinha apenas um olho. Ao olhar de lado para o amigo de Roy, dei um pequeno grito. Ele também tinha um olho. Mas enquanto o olhar de Roy parecia atento e pensativo, o do seu amigo era abobado e lerdo. 

- Hora de ir! - disse Roy para mim. 

- Quem é ele? - perguntei

- Esse é Bukowski, mas apenas chame-o de Buck, ele odeia seu verdadeiro nome.

- Ele vai com a gente? 

- Vai.

- Por que ele vai?

- Por que ele precisa de mim, ele não conseguiria viver sozinho. 

- Mas ele só vai nos atrasar, precisamos encontrar o templo de minha mãe e...

Por esse momento eu havia me esquecido de Nico, ele virou e falou:

- Templo?

- Você não entenderia.

- Não entendi mesmo!

- Precisamos ir Nico, foi bom te conhecer.

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Buck não disse uma palavra enquanto saíamos do hotel, mas Roy começou a me explicar sobre tudo isso, eu já sentia que uma hora eu iria ficar zonza.

- Então Reyna, na Roma antiga, os Ciclopes eram cervos de Vulcano, o deus romano das forjas e tal...

Eu o interrompi:

- Me explique sobre minha mãe!

- Ah, sim, desculpe. Então, Reyna, acalme-se que eu lhe falarei sobre tudo de sua mãe, mas preciso te dizer algumas coisas antes. Na queda de Roma, os deuses, como posso dizer, "se mudaram" para os Estados Unidos, onde é a Potência Mundial no momento. E uma coisa que diz nas lendas é verdade, esses deuses as vezes vem a Terra e tem filhos com mortais, chamados meio-sangue ou semideuses. E esse foi o caso de sua mãe, Belona. Agora, Reyna, peço o seu perdão. Eu já sabia que você era uma semideusa, até já desconfiava que Belona era sua mãe, mas eu não podia te contar, por que é muito perigoso. Ao semideus saber que ele é um semideus, sua aura fica mais forte, atraindo todo tipo de monstro existente nos arredores de onde ele está. E com essa "mudança" dos deuses para cá, seus templos terrenos também vieram pra cá. Agora, nosso maior desafio, é encontrar esse templo, essa vai ser uma tarefa difícil. Se o único jeito de encontrar seu pai, é encontrando o templo de sua mãe, quem a prendeu e prendeu seu pai deve ser realmente poderoso. Não posso imaginar quem tenha tido o poder de fazer isso além de algum deus... 

Então, interrompendo-o, um clarão e uma risada apareceu no meio da calçada.