Caroline e Klaus caminhavam lado a lado pelo corredor vazio, o silêncio sendo quebrado apenas pelos sons dos passos de ambos. Como estava mesmo curioso, o rapaz resolveu externar a dúvida que o estava corroendo.

- Care.. bem... você nunca usou o armário do zelador?

- Isso não é da sua conta, seu enxerido! – ela responde, fazendo bico.

- Ei, eu não conto pra ninguém. Prometo! – diz Klaus, cruzando os indicadores em “x” em frente aos lábios, como se estivesse fazendo um juramento.

- Você não vai desistir enquanto eu não disser, não é?

- Ah... não!

- Bem... eu e o... Tyler... – ela começa, tentando encontrar as palavras certas.

- Já imaginava que tinha um dedo desse sem noção na história! – ele comenta, bufando.

- Se sabia, por que insistiu para que eu lhe contasse? – Caroline pergunta, indignada, cruzando os braços e parando para encará-lo.

- Porque queria ouvir de você. E bem... esperava que estivesse enganado, sabe? Ele não parece o tipo certo pra você.

- E qual seria o meu tipo, Sr. Mikaelson? Alguém como você? – ela o desafia.

- Se significasse que te faria feliz, que iria te respeitar e cuidar de você, sim, um cara como eu seria o ideal! – Klaus responde, aproximando-se dela – Eu preferiria ser essa pessoa, mas... se não for possível, torço para que seja alguém que goste mesmo de você.

- Eu... bem... – ela tenta retrucar, mas o choque pela declaração dele a deixa sem palavras.

- Mas vocês não estão mais juntos, não é? Você e Tyler? – o rapaz recomeça a andar, mudando de assunto.

- Não, não estamos mais juntos há algum tempo. – a garota responde, acompanhando-o – Ele me traiu com a pessoa que achava ser a minha melhor amiga.

- Jura? Que vadia! – ele exclama, realmente surpreso – E o que você fez? Espancou os dois e os expulsou da cidade?

- O que? Não, não é nada disso! Essa é a imagem que tem de mim? – diz ela, levando as mãos à cintura.

- Bem... ah...

- Quer saber? Deixa pra lá!

- Ei, desculpe! Era só brincadeira, Care! Não quis magoar você. – diz Klaus, segurando o braço dela levemente.

- Tudo bem... é que esse assunto ainda é delicado pra mim, entende? – Caroline responde, após um suspiro – E bem, as pessoas não comentam muito mas... Tyler se envolveu com drogas e com gente da pesada. Pelo que eu sei, os pais o internaram numa clínica de reabilitação do outro lado do estado.

- O playboyzinho era drogado?

- Já foi. Mas deve estar recuperado agora, ou não teria sido liberado pra voltar pra Mystic Falls, não é?

- Vamos torcer pra que ele não tenha fugido, certo? – ele comenta, tentando aliviar a tensão – E bem... o que houve com a sua amiga?

- Com a Bonnie? – mais um suspiro de frustração – Fiquei uns dias sem falar com ela, e quando pensei em chamá-la pra conversar, descobri que ela tinha saído da cidade. Se mudou para estudar em Paris.

- Ah... e isso foi bom, pelo menos?

- Acredito que para ela, tenha sido sim! Já para a nossa amizade...

- Ei, não fique triste com isso, ok? – diz ele, ao chegarem ao carro – E agora, vamos fazer o que temos de fazer, ok? – completa, abrindo o porta-malas.

- Sim senhor, capitão! – a garota responde, batendo continência.

Após abrir o porta-malas, Klaus pegou a menor das caixas e a entregou para Caroline, pegando as outras caixas maiores em seguida, e depois de fechar o carro novamente, puseram-se à caminho do ginásio.

Ao cruzarem as portas, puderam ver Elijah enrolado num grande pedaço de tecido azul, enquanto Kol auxiliava Sophie com as imagens que formariam o painel que serviria de fundo para as fotos oficiais do baile. Mais ao longe, Tyler varria o chão com uma má vontade enorme, e parecia realmente insatisfeito em estar ali executando aquela tarefa. Caroline não conseguiu conter os risos ao observar a cena, sendo acompanhada por Klaus.

- Posso saber do que estão rindo? – o moreno pergunta, com a cara amarrada.

- Estamos apenas apreciando o quão prendado você é, Lockwood! – Klaus responde, debochado.

- O que você disse?

- Ei você! – era Sophie, atenta ao que estava acontecendo – Continue varrendo! E sem bufar! – diz ela, autoritária, arrancando gargalhadas dos demais.

**********

Horas depois...

Caroline terminava de se arrumar em seu quarto, ajeitando as luvas brancas que usaria nessa noite, enquanto ouvia a irmã mais nova andando de um lado para outro.

Acabara de vestir a roupa que Sophie havia escolhido para ela: um vestido vermelho com detalhe de franjas brancas e vermelhas na saia, acompanhado de um longo colar de pérolas e uma pulseira.

Olhou-se no espelho uma última vez, aproveitando para ajeitar a presilha no cabelo, e após um suspiro, dirigiu-se às escadas, de onde pode ouvir a irmã e o pai discutindo.

- Eu já falei que você não vai, Sophie! – era Bill, um tanto exaltado – E não adianta dizer que você e sua irmã organizaram, isso não lhe garante o direito de participar.

- Mas você disse que eu poderia ir se a Care fosse, pai!

- Não estou vendo sua irmã vestida para o baile, mocinha!

- Bem, se é disso que precisa... aqui estou eu. – diz Caroline, colocando-se ao lado da irmã.

- O que é isso? Onde você acha que vai? – o homem pergunta, olhando-a desconfiado.

- Ao baile, aonde mais eu iria? – ela pergunta, dando de ombros.

- Está vendo, papai? Eu disse que a Care também ia, o que significa que tenho todo direito de ir também. – Sophie comenta, fazendo biquinho.

- Isso só pode ser um complô! – diz Bill, sacudindo a cabeça – Minhas duas menininhas armando para me deixarem aqui, sozinho... – completa, sentando-se no sofá.

- Papai, por favor... Sem drama! – a mais velha diz, girando os olhos – É só um baile, estaremos de volta em algumas horas.

- Só um baile, só um baile... Eu já tive a idade de vocês, sabia? Sei muito bem o que certos garotos esperam de uma noite como essa!

- Papai! – era a mais nova, fazendo cara de nojo – Por favor, não faça esse tipo de insinuação. É constrangedor!

- Mas é a mais pura verdade, querida! Sei o quanto os hormônios afetam os rapazes.

- Certo, já chega dessa conversinha ok? Ficaremos bem pai, cuidarei da pirralha! – Caroline responde, dirigindo-se para a cozinha.

Nesse momento, puderam ouvir alguém batendo à porta, e Sophie logo se prontificou a atender quem estava chegando, na esperança de que fosse Damon parado no lado de fora.

- Olá Sophie! – diz o rapaz, sorridente.

- Klaus! - a garota responde, simpática – Entre... – completa, dando passagem para ele.

- Boa noite, Sr. Forbes! – ele cumprimenta, educadamente.

- Boa noite meu rapaz! Que mal lhe pergunte... o que faz aqui? – Bill pergunta, estreitando os olhos.

- Vou acompanhar Caroline ao baile.

- Como conseguiu convencê-la disso?

- Não dê ouvidos a esse senhor, Klaus! Ele deve estar querendo te testar de alguma forma. – diz Sophie, aos risos – Bem, mas deixe-me dizer o quanto está PER-FEI-TO nesse terno na cor marfim! E esse colete? Que charme, Sr Mikaelson! Que bom gosto, hein?

- Muito obrigado! – o rapaz responde, levemente corado – E se me permite, também está muito bonita Srta Sophie! – completa, analisando a garota.

- Obrigada! – diz ela, saltitando pela sala com seu vestido rosa claro, com detalhes em renda na saia, decote e alças, acompanhado por um delicado colar de brilhantes e brincos e pulseira combinando, além de uma delicada faixa de renda nos cabelos, na mesma cor do vestido.

- Klaus? – era Caroline, que voltava com um copo d’água nas mãos – Não está um pouco... adiantado, não?

- Na verdade, sim! Mas isso tem um propósito, sabe? – ele responde, em tom conspiratório.

- Que seria? – ela se obriga a perguntar, ao perceber que ele não diria mais nada.

- Garantir que você não ia desistir de me acompanhar!

- Afffssss... seu sem graça!

-Vamos Care, não vá ficar emburrada agora! Dá rugas, sabia? – diz Sophie, aos risos – Eu atendo! – completa, ao ouvir alguém bater à porta outra vez.

- Oi gatinha! – era Damon, com seu tão característico sorriso torto.

- Olá! – ela responde, com um sorriso – Quer entrar?

- Não, acho melhor a gente ir logo.

- Tudo bem, se prefere assim. Vou só me despedir do meu pai, ok? – diz Sophie, dando-lhe as costas em seguida.

- Quem era, meu bem? – Bill pergunta, curioso.

- Damon Salvatore, meu acompanhante para o baile.

- E nem o convidou para entrar? – diz ele, levantando-se do sofá - Onde está a educação que sua mãe lhe deu, menina? – completa, em tom de brincadeira, arrependendo-se no segundo seguinte ao ver as expressões de espanto no rosto das filhas.

- É... bem... eu convidei pai... Mas ele preferiu ficar lá fora. – Sophie responde, atordoada.

- Meninas, por favor! Estava apenas brincando, ok? – um longo suspiro – Vamos pessoal, - diz ele, fazendo sinal para que se dirigissem à porta – vão aproveitar o baile! E você rapaz... – encarando Damon – Nem pense em se meter a engraçadinho com minha princesinha, entendeu? Conheço o pessoal da delegacia! Divirtam-se meninas, e juízo, ok? – completa, beijando a testa das filhas e observando-as caminhar em direção aos respectivos carros de seus acompanhantes.