Caída escrita por P H Oliver


Capítulo 3
Paradise Não é o Paraíso




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Abro a porta da secretaria e dentro encontro um ambiente agradável e levemente mais frio que o calor de verão do lado de fora. Olho para os lados e vejo pequenas poltronas e divãs de couro, que parecem ser muito confortáveis. E caros. Paro de devanear e me dirijo até a secretária baixinha e bronzeada que se encontra ali:

- Com licença – Disse, com a voz doce de sempre – Meu nome é Courtney. Courtney Greene.

A moça rapidamente tirou seus olhos do computador e me olhou como se eu fosse a nova atração do principal zoológico da cidade. Um elefante siamês, ou uma girafa anã, quem sabe.

- Oh, claro, claro. – Disse a mulher, com um sorriso do tamanho do mundo estampado no rosto. – Você deve estar à procura de seus horários e papéis necessários, imagino.

- Ah, sim, eu gostaria do meu horário. E de um mapa do colégio também. Sabe, me perdi três vezes na cidade, não quero me perder no colégio. – E dou uma pequena e sutil risada.

A mulher estende alguns papéis para mim e recebo-os com um “obrigado”. Vejo que meu primeiro tempo é História, e que eu deveria estar na sala já fazia cinco minutos. Subo a escada que leva para o segundo andar rapidamente, sem ter tempo para apreciar os lindos detalhes dos corredores do colégio.

Entro na sala e o professor, que, segundo o papel dos horários, se chama Harry Jr., lentamente se vira para ver quem ousava entrar atrasado em sua aula, para bruscamente, meio que me admirando e se orgulhando, digamos, de me ter em sua aula. Porém esse sorriso logo passou e um desdém tomou conta do rosto dele completamente.

- Você é...? – Pergunta ele, como se não me conhecesse.

- Meu nome é Courtney Greene, senhor, eu só cheguei atrasada por que...

- Não me interessam suas desculpas – Ele me cortou – Sente-se em uma carteira livre e preste atenção. Não é porque você é filha de um dos homens mais conhecidos do mundo que vai ter um tipo de privilégio em nossa escola.

Observo os outros alunos e percebo pequenos risos e insinuações de gargalhadas. Mexo-me rapidamente a fim de sair da vista de todos e sento na carteira vazia mais próxima. Ao meu lado está sentada uma garota baixinha, com rosto em formato de coração, cabelos longos, ondulados, num tom de cobre lindo. Seus olhos eram verdes escuros, e sua boca era grande, como se ela tivesse acabado de ser picada por uma abelha. Quando me endireito, ela abre a boca para falar comigo:

- Olá – Diz ela, com uma voz que parece quase cantada – Meu nome é Judith. Mas você pode me chamar de Ju.

Ela estendeu a mão para mim e eu a apertei timidamente, quase com medo dela, como se ela fosse me morder ou fazer algum tipo de comentário maldoso. Porém, ela apenas sorriu para mim e me desejou boa sorte no primeiro dia de aula. Eu vou precisar, pensei.

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Descendo as escadas da escola em direção ao meu carro, penso: até que não foi tão ruim. Quer dizer, tirando todos os olhares e risinhos que eu acabava por perceber a cada corredor que eu virava. A única pessoa legal que conheci hoje foi a Judith, que insiste que eu a chame de Ju. Acho que a pior parte foi no almoço. No refeitório é onde ficavam todos os alunos e seus grupos. Até Judith tinha um, e me deixou sentar com ela e seus amigos, mas percebi que eles se sentiam desconfortáveis, assim como eu. Não lembro o nome de todos agora, já que não fizeram nenhuma diferença em minha vida.

Dentro do carro, paro e penso mais um pouco. Será que vai ser sempre assim? Agora eu não estava mais preocupada se eu ia ser ou não a rainha desse inferno, e sim se esse estilo de vida que eu tive hoje irá se repetir, um ciclo, até eu ir embora desse lugar. Encosto minha cabeça no volante e começo a chorar, um choro triste, um que eu raramente tenho. Fico nisso por uns cinco minutos, até que decido me recompor. Enxugo meus olhos, arrumo meu cabelo nem um pouco desarrumado, e ligo o som do carro. Começa a tocar Gods & Monsters e percebo que me sinto como a cantora diz: na terra dos Deuses e dos Monstros eu era um Anjo. Acho que não tive sorte em ligar o som, pois a música faz com que eu recomece meu choro.

Depois de mais ou menos dez minutos, consigo chegar em casa, e, enfurecida, bato a porta de meu carro, e, ao entrar em casa, subo as escadas batendo o pé em direção ao meu quarto. Lá, pelo menos, sei que poderei ter meus ataques de fúria e chorar sossegada, sem que meu pai fique enchendo o saco com perguntas que, de acordo com meu atual humor, com certeza responderei ignorantemente. Tiro minha roupa, vou para o banheiro e me olho pela terceira vez no dia no espelho. Estaria divina, como sempre, se não fosse os olhos inchados e o nariz vermelho. Meu lábio inferior tremia em um beicinho, o que foi aperfeiçoado durante os anos.

Olho para o chuveiro, mas desisto do banho, e apenas visto minha roupa de dormir, faço um lanche rápido na cozinha e volto para meu quarto. Me jogo na cama, e meus olhos se fecham lentamente. Cedo mais um pouco e percebo que meu pai chegou em casa. Não consigo mais aguentar o pesar de meus olhos, e durmo em um sono profundo e sem pesadelos.


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Notas finais do capítulo

Está um pouco confuso ja que no lugar do primeiro capitulo eu botei o prologo =D espero que gostem amem e recomendem =D



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