O lugar era um pouco longe dali. Uns 25 minutos de carro, se déssemos sorte de não haver trânsito. E, felizmente, não havia. Era um lugar afastado da cidade. Particularmente, eu o achava lindo. Passara algum tempo preparando o lugar para ficar realmente perfeito. Estacionei o carro e ela desceu, olhando em volta com um sorriso no rosto. Dali dava para se ver toda Liverpool, com suas luzes, prédios, carros e pessoas. Diferente da cidade, aquele era um lugar silencioso e calmo. Perfeito para um primeiro encontro. Eu havia colocado pequenas lâmpadas nas árvores em volta do local onde iríamos ficar, o que deixava o local suficientemente iluminado para jantarmos. Arrumei perfeitamente cada coisa para ficar tudo perfeito. Isso me tomou duas horas, mas valeu a pena.

- Nate, isso é lindo! - ela falou, sorrindo para mim.

- Que bom que você gostou - sorri de volta. - Vem, senta aqui.

Nós dois nos sentamos na toalha que estava estendida no chão e eu coloquei as coisas que comprei em um restaurante a caminho da casa dela em frente a nós. Nós jantamos sem conversar muito, apenas admirando a vista perfeita do lugar. Assim que terminamos, guardei tudo e voltei a me sentar ao lado dela.

- Sabe, essa é provavelmente a coisa mais romântica que alguém já fez por mim - ela disse, sorrindo.

- Eu disse que ia te fazer começar a gostar das minhas surpresas - sorri de volta.

- É, você disse. Sabe, eu tenho que confessar uma coisa...

- O quê?

- Aquela hora que eu te liguei, eu ia te chamar pra sair - ela riu fraco. - Foi ideia da Andy, sabe. Eu ia te ligar mais cedo, mas... sei lá, eu só... não achei que fosse dar certo. Sabe, você e eu.

- E por que não daria certo? - perguntei, levantando uma sobrancelha.

- Não sei. Acho que é medo.

- Medo de se apaixonar?

- De me apaixonar e não dar certo no final. De me machucar de novo. De você ser só mais um desses que magoam as pessoas. De me sentir daquele jeito outra vez.

Puxei-a pra mais junto de mim e a abracei de lado, beijando o topo de sua cabeça.

- Eu juro que essa é a última coisa que eu faria. Sabe, eu já estou meio... ligado a você de alguma forma. Te ver triste... isso acaba comigo também. Eu te juro que não vou te magoar. E, se isso acontecer, eu vou fazer o possível pra te ver feliz de novo, mesmo que eu não faça parte do motivo dessa felicidade.

Ela me olhou com um sorriso nos lábios e, em seguida, me beijou. Aquele beijo foi, com certeza, bem melhor do que o primeiro. Puxei-a pro meu colo e ela me abraçou pelo pescoço, e assim ficamos por um tempo que me pareceu curto de mais. Parecíamos um casal de adolescentes apaixonados, sem se preocupar com o mundo ao nosso redor, tudo o que importa é que estamos juntos. Ela quebrou o beijo e sorriu pra mim. O sorriso mais lindo que eu já vi.

- O que nós temos, afinal? - ela perguntou.

- Como assim?

- Nós somos namorados ou amigos?

- Acho que os dois - sorri. - Uma amizade com benefícios.

- Amizade com benefícios - ela repetiu, como se estivesse anotando mentalmente essas palavras.

- Por quê?

- Eu tenho que dizer alguma coisa pra Andy amanhã - ela sorriu. - Ou não terei muito tempo de vida.

- Você é a garota mais boba que eu conheço - ri.

- Então acho que estamos empatados - ela voltou a me beijar.

E assim passamos o resto da noite. Rindo, conversando, nos beijando. Quando percebemos, já era mais de meia noite. Levei-a em casa, embora não quisesse que aquele momento acabasse. Nos despedimos com um beijo. Ela parecia estar considerando a possibilidade de me chamar pra entrar, mas acabou não chamando. Fui para o meu apartamento e me deixei cair na cama, com um sorriso no rosto, encarando o teto sem realmente vê-lo. Aquela foi, com certeza a melhor noite da minha vida.