Aloisia ainda não entendia o que a figura alta musculosa e loira fazia no mesmo cavalo que ela. Aparentemente o homem se chamava Frederic, era um caçador e iria acompanhar as irmãs até Perdu Anges atrás do rei caído. Ela com certeza iria matar Clair se não fosse pelo fato de que ele era muito charmoso.

   _ Então, vocês possuem algum plano ou será preciso que eu faça tudo para as damas?

  _ Nós podemos cuidar de tudo muito bem Frederic, se ainda quiser continuar nessa companhia, terá que parar de fazer comentários estúpidos, muito obrigada.- Disse Amelia irritada. A garota não parecia nada feliz com rumo que sua missão havia tomado até agora.-

 _ Sim senhorita, sem comentários estúpidos. Então são só vocês no mundo? Eu sei bem como é isso, na verdade fui criado na igreja, não conheço meus pais. Quando fiz 14 anos comecei a ser treinado.

  _ Já enfrentou um anjo caído antes?-Aloisia perguntou, virando um pouco a cabeça para encarar Frederic.-

 _ Hm, não. Na maioria das vezes sou encarregado de vampiros ou lobisomens. Mas já enfrentei muitos demônios.

 _ Ótimo. Anjos caídos são bem parecidos com demônios, são rebeldes que queriam algo a mais do que podiam ter, queriam poder, e acabaram sendo expulsos do paraíso.- Clair explicou.

_ Água benta não funciona com eles entretanto.- Aloisia remarcou.

_ Fiquem tranquilas, eu dou conta.

_ É o que veremos.- Amelia murmurou. Aloisia havia reparado o quanto a irmã parecia irritada, mas não comentara nada pelo bem de todos.

    Eles ainda caminharam um longo pedaço de chão antes da noite cair. Frederic havia ofendido Amelia três vezes e levado apenas dois tapas na nuca.

   Se podia ver as estrelas quando chegaram ao reino. Homens voltavam para casa, ainda haviam algumas crianças correndo pelas ruas, estavam em Perdu Anges.

 _ As moças me dariam a honra de tomar um cerveja no bar?-Frederic disse indicando um bar na rua oposta.-

 _ Seria uma honra.- Disse Aloisia.

    O bar era completamente diferente do de Pierre. Era melhor iluminado, os músicos possuíam certo talento e os bêbados não caíam pelo chão. Clair arrumara uma mesa no fundo para os quatro se sentarem.

  _ Bem bonito, hã?- Frederic disse cutucando Amelia.-

  _ É, claro.

  _ Qual foi o bichinho que te mordeu?- Quis saber Frederic, mas fora interrompido por um garçom.-

 _ E qual vai ser o pedido do senhor e das suas mulheres?- Perguntou.-

 _ Minhas mulheres? Olha que não é uma ideia de todo mal, o que vocês me dizem?

 _ Cale-se.- Clair disse.- Vamos querer quatro canecos de cerveja.

 _ Senhorita, só posso receber pedidos do homem da mesa.- Clair lançou um olhar furioso para Frederic.-

 _ Ah não, não. Eu devo calar-me, certo belezinha?-Ele riu.- Traga o que a moça disse.- Quando ele voltara com as bebidas, Amelia ia tirar as moedas do bolso para pagá-lo quando o mesmo disse que já haviam sido pagas.

_ Por quem?- Ela indagou.-

_ Aquele cavalheiro ali.- o garçom apontou para um homem sentado a duas mesas de distância. Ele usava uma capa verde que escondia seu rosto, os braços eram demarcados por cicatrizes.

 _ Vamos sair.- Amelia disse.-

 _ Por que?- Aloisia perguntou.-

 _ Porque sim, vamos.- Os quatro se levantaram e começaram a andar em direção a porta. Esperaram pelo homem na porta do bar.

 _ Eu estava com sede Amelia.- Aloisia disse.-

_ É Amelia, a moça estava com sede. Paguei uma bebida de bom grado para vocês, a coisa mais educada a fazer era aceitar.- ele retirou o capuz revelando cabelos ruivos encaracolados e olhos muito verdes.-

 _ Agradecemos a intenção, agora se nos der licença eu minha esposa e minhas cunhadas iremos arrumar um lugar pra dormir.- Disse Frederic passando a mão na cintura de Clair. O corpo da menina se enrijeceu.-

 _ Pois venham comigo, acontece que sou chefe da guarda do rei e seria uma honra tê-los em nosso castelo.

 _ Não acho que seja uma boa ideia, mas obrigada mesmo assim senhor.- Aloisia disse.

 _ Ah não, eu insisto. Tenho certeza de que seu cunhado achará que é a decisão correta a se tomar.

 _ É verdade, daria muito trabalho procurar uma estalagem agora. Iremos com o senhor.

E agora eles estavam indo dormir nos lençóis do inimigo.