Era azul, muito azul, claro, e brilhante. Até ardia meus olhos. Eu corria tão rápido que mal podia ver o foco das coisas ao meu redor ou sentir o chão no qual pisava. À frente apenas luz e mais luz, vento nos meus cabelos, e meus olhos, quase fechados. Era maravilhoso. Um sorriso se estampava em meu rosto, apesar de pensar ter abandonado tal expressão. Até que uma escuridão surgiu de algum lugar desconhecido por mim, e tomou conta do espaço, o vento fresco se tornou frio e forte, minhas roupas quase deixavam meu corpo, meus cabelos me batiam, e chacoalhavam para todas as direções, eu permanecia correndo, quase voando. Até que avistei um abismo à minha frente, tentei diminuir a velocidade, mas era incapaz, quando me dei conta estava caindo abismo a baixo, era tudo muito escuro, amedrontador e lindo, além de borboletas, pareciam ter dragões no meu estômago também. Fechei os olhos ainda caindo, e apertei minha barriga bem forte, quanto mais baixo estava, mais frio ficava, comecei a gritar, mas não ouvia minha voz. Da minha boca saia sangue, que com a força do vento, se espalhava rápido pelo meu rosto pálido. Algo claro batia em meus olhos que resolveram se abrir, olhei pra baixo, e uma luz branca me cegava, o abismo acabara e com toda a força cai sobre apenas, neve. Muito sangue saia da minha boca, desenhando rabiscos abstratos sobre a neve branca e perfeita. Eu mal sentia meu corpo, doía demais. Conseguia ouvir o barulho do vento tenebroso batendo em algumas silhuetas que me pareciam ser de prédios. Eu sentia meu coração pulsando em meu peito, quase parando. Olhei ao redor, e não havia ninguém. Dei um sorriso malicioso e um olhar satisfeito, eu já me encontrava quase sem vida. Mas não importava para onde eu iria agora, tinha certeza de que lá as pessoas não me julgariam, e tudo seria perfeito.