Sunshine - a Alma Dourada escrita por Laay


Capítulo 3
Bailarina Melodiosa


Notas iniciais do capítulo

3. BAILARINA MELODIOSA



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O crepúsculo caia delicadamente pelos céus quando descemos da carruagem, apertando nossos casacos e caminhando contra a neve que caia. Agradeci a Will, e, já nos degraus do terraço, acenei animadamente para o cocheiro. Maria abriu a porta rapidamente, e então eu e mamãe entramos na casa confortante.

 

Penduramos os agasalhos no cabide próximo à porta, e logo George e John estavam em nossos calcanhares, contando coisas compreensíveis apenas a crianças. Ri ao lembrar-me de mim mesma na idade de meus irmãos, brincando de bonecas e correndo pelo jardim na primavera.

 

- Crianças, crianças! - A voz tão cálida da minha mãe tirou-me de meus devaneios mais íntimos. Mamãe parecia repreender meus irmãozinhos, por estarem com os dedos melados de chocolate. Entrego-os a Maria, que os arrastou até o banheiro.

 

Estava prestes a subir as escadas, encontrar o conforto acolhedor e quente de meu quarto cor-de-rosa. Nem ao menos conseguia esperar, via apenas a imagem e a lembrança de minha cama aconchegante e meus livros seguros. Suspirei de saudades.

 

- Mocinha. Espere um pouco. – Ouvi mamãe dizer, quando já estava próxima ao fim das escadas. Ela vinha me acompanhar, satisfeita. Olhei confusa para ela, questionando. – É melhor irmos ao seu quarto, para conversar.

 

E lançou-me aquele olhar cheio de segundas intenções – claramente, não estava pensando ultrajes de minha mãe, apenas classificara aquele tipo clássico de brilho nos olhos de ‘segundo sentido’. Confirmei com a cabeça e nós duas continuamos a trajetória até meu quarto.

 

Ao abrir a porta, arranquei rapidamente os sapatos de meus pés, largando-os em algum canto do quarto. Mamãe olhou com aquele ar observador, como se fosse a primeira vez que ela viesse ali. Fui até o espelho, e cuidadosamente, tirei os grampos que prendiam meus cachos loiros.

 

- Rosalie, querida? – Chamou mamãe, e fiz um murmúrio. Estava muitíssimo ocupada atrás da cortina, tirando meu vestido apertado. – O que achou de James Vangor?

 

- Ele é encantador. – Disse eu, jogando aquele traje por cima das cortinas pesadas. E em seguida, capturei o outro vestido mais folgado e leve.

 

- Acha que ele gostou de você? – Ela perguntou novamente. Calcei uma sapatilha baixa e suspirei.

 

- Acho que sim. – Respondi, saindo e voltando ao espelho para arrumar meus cabelos. E percebi como sempre noto, quando estou de frente ao meu reflexo, que sou linda. – E eu realmente gostei dele também.

 

Mamãe sorriu, feliz como nunca. Então subitamente, percebi sua intenção – que eu casasse com o garoto Vangor. Ele era muito doce, e eu certamente já o considerava um amigo bastante próximo. Mas, decididamente, eu não o amava.

 

- Ah, é emocionante. Até mesmo vejo um casamento à vista. – Comemorou mamãe, e virei para ela, ainda ajeitando os cachos loiros para que ficassem presos na cascata perfeita.

 

- Não, mamãe. Não haverá casamento algum. – Falei rígida. – Eu não o amo. Ele é apenas um novo amigo.

 

Mamãe agora pareceu confusa. Levantou-se da poltrona e apoiou as mãos nos braços de couro, apenas para dramatizar mais a cena. Voltei meu rosto ao espelho e encarei meu reflexo, vi minhas próprias mãos hábeis percorrerem os fios dourados.

 

- Rosalie, mas acabou de dizer que gostava do rapaz. – Mamãe falou confusa.

 

- E gosto. Mas não estou preparada para casar-me com ele. – Senti até mesmo algumas náuseas ao dizer estas palavras. – Não gosto dele neste sentido.

 

E imaginei-me vestida de noiva, indo encontrar James Vangor. Dispersei a imagem, em vista que esta não me fazia assim tão bem. Sempre sonhara, desde pequena, em casar com um homem nobre que me amasse, e ter minha própria casa bem decorada. E enchê-la de filhos lindos e encantadores.

 

- Mas querida, ele é realmente um bom homem. – Disse mamãe. – De uma muito boa família.

 

Senti que estava sendo pressionada a fazer algo não muito agradável. Estava prestes a dizer à mamãe que não, não havia chances de existir um relacionamento além da amizade entre mim e James. Mas Maria entrou, anunciando que o jantar estava posto, e que papai chegara do trabalho.

 

Papai trabalha no banco mais famoso da cidade, e tem um cargo consideravelmente importante na sociedade. Ele inicia o trabalho de manhã e chega apenas ao anoitecer, trazendo agrados para mim e meus irmãos. Eu já ouvia os gritos de meus irmãos, e antes de desaparecer atrás da porta para cumprimentar meu pai também, entreguei um ultimo olhar azul a minha mãe. Ao encará-la nos olhos, soube que o assunto não havia acabado ali.

 

Desci as escadas com passos de dama, e ouvi mamãe vindo logo atrás. Avistei papai na porta, sorrindo e entregando o que quer que seja que ele trazia para os meninos. Sorri para ele e o abracei apertado, enquanto ele dava para mim um lindo pacote branco. E agradeci, como a boa moça que sou. Entreguei a empregada mais próxima, para que ela levasse o presente volumoso até meu quarto.

 

- Como foi o dia de trabalho hoje, papai? – Perguntei sorrindo.

 

- Ótimo, como sempre. – Disse ele. – Sinto que os King confiam cada vez mais em mim.

 

Os King – uma família real nas redondezas – eram donos do banco no qual meu querido pai trabalhava, e papai parecia ser o banqueiro preferido da família. Nós, os Hale, nos sentíamos muito orgulhosos disso.

 

- Que maravilhoso. – Apoiei.

 

- Sentamos para jantar, e nos divertimos com as historias contadas por cada um, e mamãe falou um pouco de nosso chá nos Vangor, e como James estava interessado em mim – algo que não surpreendeu os demais presentes na mesa, tendo em vista, que com todo o respeito, todos os rapazes de boa família e também os de não tão boa família, já foram interessados em minha mão um dia.

  

Após o jantar, como de costume, resolvemos nos deitar cedo. No dia seguinte provavelmente teríamos um período cansativo na cidade – iríamos comprar as roupas novas especiais, para a festa de Ano Novo. George e John reclamaram por estar cedo, mas papai e mamãe mantiveram pulso firme e os levaram para a cama. Ri enquanto vi meus irmãozinhos, praticamente serem arrastados pela casa até seus quartos, e subi de boa vontade até o meu, satisfeita por finalmente estar indo para meu porto seguro.

 

Ao chegar cansada a meu quarto – logo depois de tomar um banho de banheira, e já estar vestida com os trajes de dormir – soltei meus cabelos como de hábito e os penteei, não deixando de contemplar meu belíssimo reflexo no espelho. Ao deitar-me na cama, percebi o pacote embrulhado com papel branco que papai havia me trazido, pousado cuidadosamente em minhas cobertas floridas.

 

Desembrulhei-o cuidadosamente, revelando uma caixa fechada. Suspirei ao abrir a caixa e então me deparei com uma caixinha de musica encantadora, enfeitada com flores amareladas e lilases. Sorri encantada.

 

Abri-a e uma bailarina rodopiou no som melodioso e delicado, que soava da caixinha de musica, como uma sinfonia rara. Naquela noite adormeci ao som dessa musica tão mágica a meus ouvidos.

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

terceiro cap. da historia! se não comentare, só continuo quando receber mais cinco reviews! ah, e uma agradecimento especial (novamente) a slytherina. :D COMENTEM



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