" Coréia do Sul,

– Você é um monge, certo? - Beija-Flor peguntou com um grande sorriso branco.

Ela não sabia porquê, mas já gostava desse provável monge. O homem em sua frente devolve o sozinho com discrição, e se prepara para responder cordialmente. Ele é notavelmente mais velho que William, mas seus traços possuíam uma beleza maior do que o humano dela.

– Realmente, sou quase um monge. Até mais que isso. - O homem de traços orientais falou, ainda com um leve sorriso nos lábios. Ele parecia encantado ao vê-la, e mais que isso, adorava intensamente a visão que tinha. O ambiente neste momento para ele, está para fantasias.

Os olhos dele passavam sobre o corpo nu da garota em sua frente. O nível do rio, do lugar que ela permanece em pé, está um pouco acima de seus joelhos. Os raios solares a iluminava muito bem, e ele podia ver claramente cada pequena característica do corpo dela. O ambiente para ele é de fantasias que ele sabe que pode acontecer, caso ela já tenha matado sua fraqueza em forma de uma humana. O homem a olhava com curiosidade, e se perguntou o quanto essa Gumiho seria inocente.

– Eu não o vejo no templo. - Ela comenta enquanto tenta pentear os cabelos com os dedos. Beija-Flor não vê problema algum em estar nua na frente de outro homem. Em um momento, ela olha para cima e detecta as características dele. Os cabelos dele são levemente ondulados, o nariz é fino e longo, os olhos são levemente puxados, os lábios finos e tem obviamente, mais de trinta anos. Beija-Flor verificou o semblante dele, e concluiu que o homem parecia cansado. Parecia que havia andando pelo mundo durante séculos a fio, e ela sentiu de imediato uma afeição a ele. Os dedos dela pararam de pentear os cabelos, e assim, ela deu maior atenção a simplicidade desse homem.

Um humano que chamou sua atenção. Um humano que não é o William...

– Eu fico bem escondido. É verdade, mas nós já conversamos antes...- Ele fala com calma e hesita em perguntar algo.

Beija-Flor umedeci os lábios, e dá um sorriso descarado. Ela percebe que ele quer falar algo.

– O que foi? - A voz dela parece animada.

O homem pensa por alguns segundos.

– Você está com o tal...

– William. - Ela falou de imediato, e sabia que seus sentimentos estão se apurando. Katherine se sente feliz em afirmar que está com o William. Seu humano.

– Isso. William. - Ele concordou. - Faz dias que me pergunto quando você vai me procurar... Já tem o humano...

A conversa passou para um nível confuso muito rapidamente, questão de poucos segundos.

– Eu não... - A voz meiga começou a ser pronunciada, mas a frase não foi concluída.

– Como você se tornara humana? - Ele perguntou sem hesitação.

Beija-Flor ficou quieta. Torceu os lábios. Fez careta. Então decidiu mergulhar. Ela submergiu o corpo todo na parte mais profunda do lago, e ficou por ali por longos minutos. Ela amava essa sensação, que as águas lhe davam. Podiam enfraquecê-la, mas lhe deixam mais forte todas as vezes. Ela tinha a gota de raposa, portanto toda fraqueza possível a deixava mais forte. Não, essa fraqueza - das águas - a deixava dessa forma. A outra estava em poder do William, e certamente é uma fraqueza mortal para uma imortal.

Ela voltou na superfície e se assustou brevemente ao ver o homem, somente com a parte debaixo da roupa, dentro da água. Em segundos ele estava perto dela, e isso a irritou. Beija-Flor se afastou e o homem riu gozadamente.

– Como se tornara humana? - Ele perguntou novamente e passou a mão pelos cabelos molhados.

– Não sei o que quer dizer...

– Sabe sim. Lembra o que disseram a você sobre esse assunto? - Ele perguntou basicamente.

Beija-Flor pensou e a resposta a deixou confusa.

– Quem foi a idiota que sacrificou a gota de raposa para você? - Ela perguntou com os olhos arregalados. Depois de alguns segundos, voltou a falar em um sussurro: - Não. É beleza e caça.

– Nenhuma. - Ele sorriu orgulhoso. - Eu não "comi" a gota de ninguém. Abri o corpo de uma Gumiho tão bonita quanto você, e comi o coração dela, enquanto batia. Isso fez a minha posição se elevar.

A loira riu nervosamente. Ele estava tentando dizer o que?!

– Impossível terem colocado um caçador de temporada como o guardião, o mago, bruxo, ou sei lá como você é rotulado por aí. - Ela comenta como se fosse brincadeira. Nem ao menos percebe que está radiante.

– Você não sabia, querida? - Ele perguntou, e não fez sentido até que ele continuou. - A pessoa que fará o trabalho sujo para te transformar em humana obrigatoriamente deve ser caçador.

– Como?

– Eu poderia matá-la, mas minha querida arma foi roubada do meu esconderijo. Hoje faz sessenta dias desde esse fato. - Ele comentou casualmente. - Então vou ter que usar outra coisa para atingi-la... Sabe, eu gosto de brincar antes de ajudar. Eu te falei isso antes, eu realmente gosto de brincar com a caça.

– Eu não tenho outra fraqueza. - Ela comentou. - Claro, só se você for capaz de viajar até o litoral comigo.

O homem gargalhou e observou os olhos dela. Ela realmente é mais bonita que a última.

– Eu me chamo Bob Gibson. - Ele falou com orgulho. - Uma deliciosa fraqueza adicional para você.

Bob se aproximou dela, e segurou a sua nuca com força. Normalmente quando homens forçam a barra ou tenta beijá-la ou realmente a beija, não há nada o que sentir. É tão simplório que não faz diferença, e o tédio se instala. Por isso, Katherine nunca ficou com outro humano. As poucos vezes que deu a chance, se arrependeu e tornou-se mais selvagem. Ela matou os poucos humanos que chegaram a beijá-la.

Foi diferente com William, pois ela sentiu o interior agitar, as palmas das mãos se tornarem estranhas e a sua gota ser mais ativa. Ela gostou terrivelmente de ficar com o William, seu primeiro humano e ainda, o humano prometido. Literalmente, nunca ninguém havia mexido com ela tanto assim... Até naquele momento.

Beija-Flor não sabia se era influência da humanidade da estrangeira dentro dela, ou se realmente tinha ficado louca, mas as pontas dos dedos de Bob em sua nuca fizeram com que ela se arrepiasse toda. O homem estava tão próximo que ela sentiu-se tentada. Aquelas reações de momento fizeram-na ficar extremamente confusa e desarmada. Ela olhou nos olhos negros de Bob, e entendeu o que ele quis dizer.

– Beleza e caça. - Ela repetiu em um mero sussurro, e se lembrou exatamente do que avisaram a ela.

Beija-Flor só se tornara humana através da magia de uma pessoa vestida de beleza e caça. No caso dela, este é Bob. Avisaram-na, muito antes, que essa pessoa poderia ser capaz de ganhar o seu coração.

William só fazia parte de uma metade da sua vida. A outra parte pertencia a um caçador, pois sem ele nunca será capaz de tornar-se humana. O caçador... Seu salvador... Ou seu assassino."

Seattle,

O cartão nas mãos de Sam cintilava com a luz do sol, dependendo da inclinação do material de alta qualidade, e essa posição de inclinação é mudada a cada segundo. Sam está andando devagar, quase como uma tartaruga, e a cada passo que dá se sente mais desolada. Ela deixou de pensar em William faz bons minutos, e seus pensamentos se perderam em memórias bagunçadas de seu passado.

Sam não se lembra que somente quer se tornar humana para se apaixonar por quem quisesse e não ficar amando quem o seu destino escolhesse. Ela precisa amar Fredward, mas como amá-lo? Ele nem a beijou ainda, e já quer se livrar dela. Ele mentiu para ela. Ele a descartou, e mesmo assim, ela não tem intenção alguma de descartá-lo. Ele a manipulou, e ela não percebeu. Sam chorou por ele. Por sua traição.

Ela entrou no apartamento, se livrou das suas roupas e nem se quer se importou de verificar se Fred estava em casa. Ela simplesmente tirou as roupas na cozinha, olhou a grelha com carne assada e desejou intensamente tirar a tampa, para poder comer. Sam estava faminta, e por tudo, não queria machucar nenhum humano. Afinal, logo ela se tornaria...

A conclusão desse longo dia foi boa, pois ela ficou determinada em logo se libertar de Fredward. Mas, o tempo de ser humana deve ser agora. Sam estava cansada de esperar séculos, ficar com um humano idiota, sofrer agressão e acabar matando-o. Essa situação a deixou farta, portanto não importara o que Fred vai fazer. Ela vai resistir, e no final, terá o que sempre desejou. Vai envelhecer quando respirar o oxigênio, e com o passar do tempo. Finalmente vai entender o porquê de sua mãe ter tentado tanto para se tornar humana.

Ela respirou fundo, tomou banho, trocou de roupa, e escondeu as roupas que William lhe deu. Deitou em sua cama, e tentou dormir. Algo que nesse momento, é praticamente impossível.

–-

Coral Benson está no quarto copo de suco de erva-doce com beterraba e maça. Os sapatos de saltos altos, vermelhos, fazem um barulho quase inaudível nos corredores do Shopping. Ela está com uma maquiagem mais marcante, pois substituiu o gloss nude pelo batom vermelho matte. Sua cabeça está a mil, pois está com problemas a mais hoje. O gerente da praça de alimentação precisa de uma correção verbal, há lojas que estão com dois meses de atraso no aluguel, funcionários na seção de roupas foram desrespeitosos com os clientes VIP's e para fechar com chave de ouro, o homem com quem ela tem se encontrado rompeu o possível relacionamento por um recado no facebook.

Seu copo, de vidro com detalhes vintage, está somente com gelos. Portanto ela decide fazer o que mais gosta: comer os cubos de gelo. Coral mastiga o segundo cubo de gelo, e em sua mente, tenta montar um sermão ótimo para o gerente da praça de alimentação. O homem tem sido bem desleixado com o trabalho, e ela ficou sabendo a pouco tempo que o assistente está realizando o trabalho da gerencia. Ela até pensou em promovê-lo, mas achou que o Sr. Patel poderia ter uma segunda chance.

Ela estava andando rapidamente, quando quebrou ao meio um cubo que acabou de colocar na boca. Ao virar para o lado direito, Coral sentiu o impacto de um corpo e tombou imediatamente para trás. No mesmo instante, se sentiu engasgada pelo gelo e a dor, o desespero, foi grande. Ela levou as mãos para a garganta, e olhou para a pessoa que a derrubou. Ele estava olhando-a preocupado, e os olhos de águas azuis cristalinos de Coral, começaram a lacrimejar. Porém, no mesmo instante ela pode reconhecer a pessoa. Era o homem do elevador.

Ele percebeu logo que ela engasgou, e poderia rir da cara estranha que ela estava fazendo, mas não fez. Pois ficou preocupado. Spencer a pegou por trás, e fez o que imaginou que seria certo de se fazer nesta situação. Ele encaixou enlaçou a cintura fina dela, e entrelaçou os seus dedos. Imediatamente, empurrou o corpo esbelto contra o seu e ignorou quando as nádegas dela bateu com certa força em seu membro. Ele apertou as mãos dela na barriga, e só parou quando viu que algo caiu no chão. Os pedaços do cubo de gelo. Spencer a soltou de imediato, e Coral caiu no chão.

Ela respirou fundo, e o olhou com vergonha. No segundo seguinte, os dois começaram a rir. Logo mais, ele a ajudou a levantar e ajustou os óculos de aro preto em seu rosto. Spencer sorriu pra ela, um pouco tímido e envergonhado.

– Homem do elevador. - Ela falou com um sorriso maroto.

– Bingo. - Ele concordou. - Mas, pode me chamar de Spencer.

Coral pensou um pouco, pois achou o nome realmente reconhecível. Mas, não se lembrou o porquê.

– Coral. - Ela falou simplesmente, e estendeu a mão. Spencer apertou a mão dela com confiança, e lhe ofereceu um outro sorriso largo.

– Parece que nos encontramos sempre em situações complicadas. - Coral comentou, e soltou a mão dele.

– É porque você vem sempre por aqui. - Ele disse ainda simpático.

– Desculpa.

– Mulheres tão belas como você também são capazes de se engasgar. - Ele apontou este fato, e acenou com a cabeça.

Começou a andar, mas sete passos depois ele se virou para Coral.

– Imagino como deva ser nosso terceiro encontro... - Ele falou cômico e realmente imaginou um milhão de situações que poderia encontrar naquela mulher.

–-

Já passava das cinco e meia da tarde, quando Fred saiu da casa da, temporariamente, ex-namorada. Ele se dirigiu diretamente para o lugar que havia deixado a Gumiho. Algo o incomodava, pois ele imaginou que Sam poderia estar a espera dele ainda no mesmo lugar. Ela deve ter sentido sua falta, com tanta carne e tudo o mais. Pelo menos, ele imaginou que não.

Fredward cansou muito, depois que percebeu que ela não estava perto do porto. Ele perguntou para as pessoas se haviam visto uma mulher extremamente bonita, e ninguém soube dizer. Então, ele correu todo o lugar próximo dali. Levou horas a fio, e já está a noite. Como já estava extremamente cansado, comprou carne e decidiu ir para casa. Ele pensou que ela poderia estar lá, claro se fosse inteligente o suficiente para saber o caminho de volta.

Quando abriu a porta da cobertura, e acendeu as luzes, pode vê-la deitada na cama. Ela não fez movimento algum, mas ele sabia que ela vestia um dos vestidos que ele havia lhe dado. Fred foi para a cozinha, preparou um enorme porção de carne e ainda, fez um molho para acompanhar a grande porção.

Sam pode escutar os passos dele se aproximando do lugar que ela está, então resolveu se virar para poder vê-lo. Lentamente ela virou o corpo e a cabeça, e pode vê-lo a analisar. Ela ainda estava enfurecida e magoada, mas esses sentimentos pareceram diminuir mais ainda quando seus olhos encontraram os dele.

– Desculpe ter te deixado sozinha. Eu tive que sair. - Ele falou, depois de perceber o olhar triste que ela lhe deu.

Sam ficou calada.

– Eu disse desculpe. - Ele falou como se fosse algo que as pessoas pudessem parabenizá-lo.

Sam permaneceu calada, e inexpressiva.

– Fala sério, eu me desculpo e você não diz nada. - Ele reclamo e faz uma expressão impaciente.

Ela se levanta, e se aproxima dele.

– Eu não te desculpo. - Sam diz com calma, e uma voz doce.

No mesmo instante, ele se sente injustiçado.

– Olha, eu nunca peço desculpas. - Ele a informa. - Então você deveria se sentir honrada, e dizer que aceita minhas desculpas sinceras.

Ela continua inexpressiva.

– Eu não aceito isso como desculpas. - Ela anuncia com a voz baixa.

– O que tenho que fazer pra você me desculpar? Comprar mais carne? - Ele perguntou com um tom impaciente e um pouco irônico.

Sam pensa em poucos segundos.

– Um beijo. - Ela propõe em um tom ameno.

Fred demora alguns segundos para assimilar a proposta.

– Eu não vou te beijar. - Ele fala com insegurança visível, então ela sorri.

– Me beija. - Ela fala pausadamente, e diminui a pouca distância entre eles.

Fred fica em silêncio.

– Me beija. - Ela repete e sorri. - Ou quando você fechar os olhos nesta noite eu te beijarei, e acabarei com o que começamos da outra vez... Eu mordi seu ombro, mas hoje em seus sonhos... Arrancarei um pedaço...

A voz doce e perigosa dela fez com que ele se arrepiasse no mesmo segundo. Fred sabia que aquilo foi real, pois ainda tinha a marca da mordida dela. Ele olhou nos olhos azuis de Samantha, e foi capaz de ver o quanto os intensos. Num impulso, ele pressionou os seus lábios nos dela. Ele tentou fazer o beijo evoluir, mas Sam se separou acabou com o contato nos segundos seguintes. O beijo foi curto, e tão inocente quanto as ações de Sam parecem ser por diversas vezes.

Um beijo tão puro que foi capaz de fazer o coração de Fredward Benson queimar.