Chuva De Novembro escrita por mybdns


Capítulo 3
Capítulo 3




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As semanas foram se passando. Rose e Emmett se comunicavam por SMS todos os dias. Rose estava dormindo, após um longo dia quando sua mãe bateu na porta:

– Rose querida. Posso entrar?

– Vai embora! - gritou

– Só um minuto amor. Por favor.

– Tudo bem, entre.

– Obrigada. – A mãe entrou acompanhada da psicóloga da família.

– Mais que diabos é isso? – Esbravejou a moça.

– Calma. Ela só quer ajudar. Te ajudar.

– Eu não preciso de ajuda! MAIS QUE INFERNO!

– Isso é estresse senhora. – Disse a psicóloga para a mãe.

– Estresse é o cacete. Vai embora daqui! Vão para o inferno vocês duas! – Ela saiu do quarto bufando, pegou o carro na garagem e dirigiu sem rumo.

A mãe e a médica ficaram perplexas. Rosalie nunca tinha se comportado desta maneira e a mãe ficou preocupada e ao mesmo tempo, morrendo de vergonha da atitude infantil da filha.

– Irina! Eu nem sei o que te dizer amiga. Eu sinto tanto... Você conhece Rose, ela nunca se comportou desta maneira.

– Não precisa se preocupar, Esme. Sua filha deve estar num momento de crise existencial. Vai passar.

– Eu acho que ela está andando com gente da periferia

– Isso não iria influenciar em seu comportamento, Esme.

– Você sabe como são estas pessoas, são um bando de selvagens.

– Isso é preconceito, amiga. Nem todas as pessoas que moram no subúrbio são criminosas. Aliás, a maioria é gente de bem, muito acolhedoras. Reveja seus conceitos.

– Não sei não....

– Bom, eu vou embora. Qualquer coisa me liga ok? – Disse Irina, dando um beijo no rosto de Esme.

– Obrigada.

Enquanto isso, Rosalie entrava numa loja de conveniência. Pegou uma cesta para colocar as compras. Pegou três latas de Heineken, duas latas de Red Bull, duas latas do salgadinho Pringles, 4 barras de chocolate ao leite e dois maços de cigarro e saiu. Entrou no carro, ligou o som do carro e colocou o CD do Nirvana e deixou tocar, bem alto enquanto dirigia. Resolveu ir até um pequeno parque aonde seu pai a levava, quando era criança. Ela e Edward adoravam aquele lugar, brincavam nos escorregadores, alimentavam os patos e depois sempre tomavam sorvete de chocolate. A mãe não podia nem sonhar que Carlisle levava as crianças naquele lugar. Ela nunca descobriu. Parou o carro e desceu. Pegou as coisas que ela havia comprado na loja de conveniência e arrumou um lugar para se sentar. Ficou observando um casal jovem com uma menininha loira, que estava toda suja de terra. Os pais da criança pareciam se divertir com a situação. Olhou para a direita e viu dois velhinhos jogando xadrez e ouvindo, num radinho à pilhas, uma música que Rose cresceu ouvindo o irmão, Edward tocar no piano, Ain’t No Way, da Aretha Franklin. Rose abriu a cerveja e o salgadinho e ficou olhando os peixes pulando na água. Neste momento, desejou mais do que tudo, voltar nos tempos em que era criança. No tempo em que ela não sabia nada da vida, onde a única coisa que ela se importava era não perder a hora para a aula de ballet, ou acordar cedo pra assistir os apaixonantes desenhos da Disney. As lágrimas começaram a rolar por seu rosto. Sua vontade era de fugir pra qualquer longe dali. Queria ter a coragem que Edward teve. E que ela nunca iria ter. Sentiu alguém sentar ao seu lado.

- Porque você está chorando? – perguntou uma voz infantil.

Rose olhou para o lado e viu uma figura de um pouco mais de um metro e vinte, sentada ao seu lado. A menina tinha cabelos ruivos bem cacheados e olhos castanhos claros bem grandes. Sua pele era clara, possuía pequenas sardas nas maçãs do rosto. Tinha uma aparência triste.

- Oi. Eu não estou chorando. – mentiu, enxugando os olhos. – caiu um cisco no meu olho.

- Não, você estava chorando. Não minta pra mim, eu não sou mais criança.

- Ah, é? E onde estão seus pais? Você está sozinha?

- Não. A mamãe está ali, com o papai. – disse, apontando para um casal que Rose conhecia.

- Jessica, Mike? – perguntou, levantando-se e indo até o casal.

Jessica e Mike estudaram com Rosalie a vida inteira. Elas duas faziam parte do time de líderes de torcida. Mike era co- capitão do time de futebol da escola. Haviam viajado pra Paris há dois anos, para se casarem e viverem por lá.

- Quando vocês chegaram? – perguntou, abraçando o casal.

- Ontem de manhã. – disse Jessica.

- Deveriam ter avisado. Eu ia buscar vocês no aeroporto.

- Imagina. O pai de Mike nos buscou.

- Você viu nossa gatinha? – perguntou Mike.

- Ela é linda. Mais, como é seu nome, bonita?

- Meu nome é Lucy.  O seu?

- Rosalie.

- A mamãe fala bastante de você.

- Eu também falo bastante nela.

- Vamos tomar um sorvete? – perguntou Mike à filha. – deixe a mamãe e Rose conversarem.

- Eba! Só se for de chocolate. – comemorou a menina.

- E ai, amiga? Como você está? – perguntou Jess, preocupada.

- Ah! Vou levando, né?

- Você não está mais com o Jake... Diga que não.

- Lógico que não! Tudo o que ele me fez passar... Me trair coma  Leah! Ela era minha amiga!

- Eu sei. Mais ela nunca foi santinha. Lembra-se de como ela se insinuava para o Jasper, namorado da Alice, sua prima?

- Lógico que eu lembro! Ainda bem que os dois se casaram e foram morar em NY.

- Eu sinto não poder ter ido neste casamento.

- Foi demais.

- Estou te achando muito triste. Conte-me o que aconteceu.

- Não é nada, é só a minha mãe.

- Por isso você estava chorando?

- É. Ela me deixa louca.

- Tem homem na jogada?

- Sim, quer dizer, não.

- Sim ou não?

- Sim. Eu conheci um cara do subúrbio. E você sabe...

- Status, status, status. Srª Hale não mudou nada não é?

- Nem um pouco.

- Bom, amiga. Agora eu tenho que ir. Fiquei de passar na casa da Angela, você sabe? Qualquer coisa, me liga. Não sofra calada, okay?

- Okay, Jess. Bom ver vocês.

- Tchau, Rose. – disse Mike.

- Tchau Rose. – disse Lucy, dando um beijo no rosto de Rosalie.

- Tchau, princesa. Até mais.

O casal entrou no belo Porsche prata que estava estacionado do outro lado da rua. Rose recolheu suas coisas e também foi embora. Acendeu um cigarro e pisou no acelerador. Chegou em casa poucos minutos depois. Não havia ninguém lá. Os pais haviam saído para jogar golfe no clube e ela deu graças por não ter que conversar com a mãe. Sentou-se no sofá e ligou a TV. Parou em um canal de documentários que passava um programa sobre casamentos exóticos e deixou lá, sem dar muita importância. Logo, desligou a TV e pegou Anjos e Demônios, do Dan Brown e começou a lê-lo, porém, Rose não estava satisfeita. Não conseguia se concentrar na história. Sentiu a barriga roncar e foi até a ampla cozinha pegar algo pra comer. Fez uma salada com tomate, alface e palmito, fritou dois filés de frango e fez um suco de laranja. Quando estava lavando a louça, escutou um barulho de carro, logo em seguida, a campainha soou. Ela tirou o avental e foi ver quem era.

- Edward! Bella! Que surpresa! – disse, abraçando o irmão e a cunhada. – e a nossa Reneesme? Como está? – disse, passando a mão na barriga de oito meses e meio.

- Ela está ótima! Chuta muito.  

- Vamos entrar! – disse, fechando a porta.

- Onde estão papai e mamãe? – perguntou Edward.

- Foram ao clube jogar golfe.

- Ah! Hoje é dia de clube. E como estão as coisas por aqui? Você chegou quando?

- Cheguei faz uma semana. As coisas estão como sempre foram, Edward. Como sempre foram...

- Isso nunca vai mudar, Rose. Ela nunca vai mudar.

- Eu sei. Mais isso sufoca. É uma preocupação com o dinheiro, com o status que me deixa louca!

- Eu sei, eu sei. Porque você acha que eu e Bella antecipamos nosso casamento?

- Mais vamos para de falar dela. E vocês? Como estão? – disse, mudando de assunto.

- Estamos bem. Você tem que ver nossa casa nova! É pequena, mas uma graça. – disse Edward.

- E o quarto da nossa garotinha! Está uma gracinha, tão fofinho. – comentou Bella.

- Qualquer hora eu aviso e vou fazer uma visita.

- E a faculdade, Rose? – perguntou Edward.

- Ah, está indo.

- Eu sei que você não gosta de Direito. Porque não abandona? Você não quer fazer Literatura?

- Quero, mas...

- Mas o quê? Rosalie, você tem que seguir sua vida, sem deixar nossos pais, digo, nossa mãe dar palpite. Você já é bem grandinha pra fazer suas escolhas!

- Você tem razão, Ed. Mais eu sinto que eu sou fraca pra lutar com ela. Entenda que eu não sou você!

- Tudo bem, faça o que achar melhor.

- Eu estou juntando dinheiro pra montar um negócio.

- Ah! É? O que?

- Uma livraria.

- Lembra-se de quando éramos crianças e falávamos que nós iríamos nos mudar pra NY e sermos sócios?

- Lógico que eu lembro! E o nosso negócio ia ser uma livraria.

- Espero que tudo dê certo, minha irmã. Eu só queria te perguntar uma coisa: você está com o Jacob, ainda?

- Não, felizmente, mandei aquele idiota ir pastar. 

- Fez muito bem, Rose. Jacob não é o tipo de homem que você merece. – disse o irmão, preocupado.

- Ele não presta. Me traiu com Jane.

- Jane? A loira que tinha um caso com o próprio tio, se não me falha a memória, seu nome era... Caius. – disse Bella, perplexa.

- Essa mesma.

- Pensei que ela havia se mudado para a Flórida.

- Ela voltou ano passado pra cidade foi quando aconteceu...

- Tudo bem, não precisa contar o resto... – disse Edward.

- Rose! Chegamos, querida. Quem está ai com você? – perguntou a mãe, lá do jardim.

- Venha ver!

- Edward! Meu filho! Quando você chegou?

- Faz umas duas horas mais ou menos.

- Oi filho! – disse o pai, dando um abraço em Edward.

- Oi pai.

- Bella! Você está linda, meu bem. E a nossa menininha? – disse Esme, passando a mão na barriga da nora.

- Está ótima, Esme. Pronta pra vir ao mundo.

- Já está chegando a hora!

- Oi Bella. Como “estamos”? – pergunta Carlisle.

- Estamos bem, Carlisle.

- Ótimo!

- Vocês já comeram? – perguntou a mãe, preocupada.

- Já. No aeroporto. – respondeu Edward.

- Comida de aeroporto? Isso não é saudável. CHARLOTTE! – chamou a empregada, que estava na área de serviço.

- Sim, senhora.

- Prepare o almoço, sim.

- Como quiser. O que a senhora quer que eu prepare?

- Hoje é por sua conta, querida. Agora vá. – disse, com arrogância.

- Com licença.

- Precisa tratá-la desse jeito? – repreendeu Rose.

- Ela tem que me obedecer, ela é a criada.

- Ela é uma pessoa, mãe.  Tenho certeza de que você não gostaria que gritassem dessa maneira com você.

- Rose, eu não estou a fim de discutir com você. Afinal, seu irmão veio nos visitar.

- Como quiser. – Rose fechou a cara e Bella a a olhou com pena. Sabia que a sogra era uma mulher difícil. Muito diferente de sua mãe. Renée era tão compreensiva, dedicada, amorosa, humilde. Cuidava tão bem dela. E principalmente, do pai, Charlie. Lembrou-se de uma vez que Rose lhe disse que queria que Renée fosse sua mãe e sentiu pena da moça.

Uma hora depois, o almoço saiu.

- Mais que demora, Charlotte! Estamos morrendo de fome! – disse Esme, com tom de desaprovação.

- Desculpe-me senhora. Eu fiz tudo o que eu pude para a refeição sair na hora. Eu sinto. Da próxima vez eu...

- Tá bom, criatura! Já entendi. Pare de dar desculpas esfarrapadas!

- Com licença. – a moça saiu com cara de choro e foi para a área de serviço.

- Você é a pessoa mais desprezível que eu já conheci. – disse Rose.

- Rosalie! O que você tem menina?

- Você poderia ser um pouco mais humana não acha?

- Rose, por favor, querida. Vamos fazer a refeição em paz. É uma hora sagrada. – o pai tentou acalmá-la.

- Eu sinto muito por isso, Edward, Bells, pai. Mais eu não entendo a falta de respeito que ela tem com os outros!

- Rosalie! Já chega! Vá para o seu quarto e reflita sobre o que você está fazendo. Ou melhor, no que você vem fazendo! – ordenou Esme, autoritária.

- Você não sabe o favor que você está me fazendo.

- VÁ AGORA, MENINA! – disse, aumentando o tom de voz.

- “ Heil, Esme.” – disse esticando a mão direita em direção à mãe, imitando como o povo alemão fazia quando Adolf Hitler iria fazer um discurso.

- Eu sinto por esta situação, Bella, Edward. Rosalie está muito difícil ultimamente. Deve ser pelo rompimento com Jake. – desculpou-se Esme, quando a menina já havia subido para seu quarto.

- Mãe. A Rose está certa.

- Está contra mim também, Edward? Pensei que fosse um pouco mais racional.

- Não. Eu só estou querendo dizer que você deveria rever seu jeito de tratar os outros.

- Okay. – bufou.

- Por favor, vamos almoçar em paz. – suplicou Carlisle.

- Como quiser querido.

Em seu quarto Rose tentava ser forte e não chorar. Mais todo o seu esforço foi em vão. Pegou o celular e dicou o número de Emmett. Caiu na caixa de mensagens.

- Oi Emmett, é a Rosalie. Sabe, eu estou precisando conversar com alguém. Na verdade, eu estou precisando conversar com você. Me liga quando puder okay? Beijos.

Esperou até a noite a ligação de Emmett, porém ela não veio. Esperou tanto, que dormiu. 


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