Always escrita por Laris Neal


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa história é baseada no último episódio da 10ª temporada de SVU, 'Zebras'. Passou ontem na UC, aqui no Brasil, portanto pode ter spoilers pra quem ainda não viu.



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Enquanto dirigia o carro pelas ruas de Nova Iorque, Olívia ia pensando em tudo o que acontecera naqueles dias, e principalmente nesse último caso. Peter era realmente um assassino, mas um esquizofrênico. Talvez se não saísse por aí matando as pessoas ela poderia sentir alguma pena dele, mas com certeza não nessas circunstâncias.

O mais engraçado ao ligar para o celular de Elliot não fora o fato de Dale atender, e sim de mencionar que, primeiro: ele disse que Elliot havia saído para comer alguma coisa com O’Halloran. Não que isso fosse impossível, mas eles estavam trabalhando duro naquele caso, Liv conhecia o parceiro que tinha, seria muito difícil ele sair para comer alguma coisa sem ter acabado o caso, ainda mais esse caso. Segundo: ele disse que eles tinham ido comer ‘Sushi’, mas ela sabia que Elliot odiava peixe cru. Ela disse que depois falaria com Ell, e desligou sem dar pistas, mas sabia que havia algo errado.

Agora as peças começavam a juntar-se em sua cabeça, como quando estavam na casa da juíza Donelly. Ela percebeu que quando mencionou que O’Halloran estava com o mosquito que morrera acidentalmente dentro do carro, para tirar o sangue de quem ele mordera, que certamente seria de quem havia matado a advogada de defesa, Dale olhou assustado, meio que perdido com a informação.

No começo não dera muita importância, pois não parecia nada sério, mas agora...

Além do mais, ela lembrava-se que quando estavam saindo com o carro, depois de pegar Peter, aconteceu àquele incidente com o gás dentro do carro da advogada dele. Depois que quebraram a janela do carro e viram que não havia mais volta, ela já estava morta, Peter disse umas duas vezes: ‘Eu avisei para ela! Eu disse que estavam tentando sabotá-la!’.

Com certeza na hora não deram importância, mas se fosse realmente ele que tivesse colocado o gás dentro do carro, ele não teria dito aquilo, ainda mais por ser esquizofrênico. Para ele todos conspiravam contra, ele não fazia joguinhos, falava o que pensava. Tanto que quando matou a primeira moça, com a máquina fotográfica, contou tudo sem se importar, pois para ele, ela estava tirando fotos dele, com fones de ouvido, fazendo parte de uma grande conspiração. Contou aos detetives que cortara a blusa dela para achar os fios e as escutas, tudo na maior inocência! Por isso, aquilo não fazia sentido.

 

Liv estacionou o carro e desceu do mesmo, tentando correr contra o tempo. Entrou no laboratório e então teve um choque: viu O’Halloran caído no chão, morto com uma mancha de sangue no peito e depois viu Elliot sentado em uma cadeira, amarrado, com uma fita isolante tapando a boca e em seu peito... Vários cortes sangrando. Ell balançou a cabeça negativamente, para ela não ir, não se aproximar. Os pensamentos iam rápidos na mente dela, ver seu parceiro daquele jeito, tão frágil... Tão, machucado...

 

- Stop! Larga a arma! Larga a arma! – Liv ouviu a voz de Dale atrás de si, levantou as mãos vagarosamente.

 

- Take easy. – ela disse, pedindo calma.

 

- Coloca a arma no chão agora! – ela virou-se vagarosamente tirando a arma da cintura e colocando-a no chão. Tinha que pensar rápido, e mais uma vez salvar a vida de Elliot.

 

“I hear... A voice say "Don't be so blind"...
It's telling me all these things...
That you would probably hide...”

 

- Não era para ser assim, você não tinha que ter vindo aqui... – Dale falava enquanto apontava a arma para Liv. Por que razão ela viera? Aquilo não tinha absolutamente nada a ver com ela! Era com ele, exclusivamente com ele!

 

Dale passou a outra mão nos cabelos, provavelmente confuso, sem saber o que fazer naquele momento.

 

- Eu vim aqui ajudar, Dale. – ele foi aproximando-se devagar ainda apontando a arma.

 

- Não! Não... Chega, eles só sabem me chamar de idiota e me subestimar, dizer que não sirvo para nada e mandar eu me calar. Cansei! – ele levantou novamente a mão que tinha afrouxado.

 

- Calma! O Peter fugiu e entrou aqui, matou o O’Halloran e amarrou o Stabler, quando ouviu você chegar ele fugiu novamente, e você os encontrou assim, então me chamou.

 

- Foi? – Dale perguntou inseguro, passando a mão pelos cabelos louros. Olhou para Liv confuso, ela sabia que ele não era um assassino, e poderia facilmente enrolá-lo.

 

- É o que nós vamos dizer á eles, quando chegarem. – Liv respondeu, sorrindo. Ela sorria como se estivesse gostando da idéia e aquela fosse a melhor maneira de resolver a situação.

 

- Mas e o seu capitão? E os seus colegas? – ele ainda estava inseguro, ao qual Liv deu uma risadinha dizendo:

 

- O Cragen? Ele come na minha mão! Fin e Munch também. Não se preocupe com eles.

 

- E ele? – Dale apontou para Elliot, que apenas assistia toda a situação, sabia que Liv torcia para que seu teatrinho desse certo, ele não poderia desapontá-la.

 

- Você não sabe o que eu passo com esse cretino todo dia no escritório! – ela levantou a voz, com um ar de desdém.

 

- Não acredito. – ele voltou a falar e Liv foi andando mais perto de Elliot, arrancando a fita isolante da boca dele.

 

- Ele só sabe reclamar e acha que meu trabalho não vale nada, bastard! – ela deu o primeiro tapa na cara de Elliot, que a olhou surpreso. Aquele tapa não fazia parte dos

planos dele, muito menos do que ele pensava que seriam os dela.

 

- Son of a bitch! – ela gritou dando outro tapa estalado na cara de seu parceiro. Elliot estava ainda mais atordoado, ele sabia que pela ardência daqueles tapas, Liv estava aproveitando para descontar sua raiva nele.

 

- Não a escute, ela está mentindo! – Elliot conseguiu dizer, enquanto tentava não falar nada por causa dos cortes que ardiam em seu peito.

 

“Am I... your one and only desire...
Am I the reason you breathe...
Or am I the reason you cry...”

 

- Mentirosa? Você não vale nada, bem feito, agora você vai aprender! – Liv desferiu outro tapa na cara dele, aquilo já estava começando a doer de verdade.

 

- Cala a boca! Calem a boca os dois! – Dale gritou chamando a atenção para si novamente, estava ficando confuso com os dois detetives.

 

- Ele é o idiota daqui, vamos embora, vamos deixá-lo aí. – ela aproximou-se novamente de Dale.

 

- Nós? – ele perguntou ainda mais confuso do que antes.

 

- Of course darling! Você não vê? Ele tem que pagar por tudo o que fez! – ela era tão boa atriz que sua cara de psicopata já estava assustando seu parceiro.

 

- Então me deixe matá-lo primeiro! – Dale apontou a arma para Elliot, fazendo Liv assustar-se e segurar na outra mão dele.

 

“Always... always... always... always... always... always...always...
I just can't live without you...”

 

- Não! – ela tentava não parecer muito ansiosa. Dale virou-se para ela e Liv continuou:

 

- Eu quero que ele veja! – ela puxou a mão dele devagar, trazendo-o mais para perto.

 

Olhou para Elliot, torcendo para que ele entendesse o que ela iria fazer. Arriscado? Muito! Mas era tudo o que ela tinha em mente.

Liv chegou mais perto e colou seus lábios no do garoto á sua frente, que vagarosamente abaixou a mão em que segurava a arma. Liv olhou de canto para Elliot e colocou as mãos devagar no rosto de Dale, uma de cada lado.

Elliot não conseguia acreditar na cena que via! Apesar de saber e entender todo o teatrinho de Liv, que, diga-se de passagem, estava muito bom, não pode conter todo o ciúme ao vê-la beijando aquele garoto. Por um segundo, ele perdeu a noção do porquê de tudo aquilo, o porquê do que ela estava fazendo.

Liv olhou novamente para ele, sem entender. Dale estava completamente entregue, por que diabo Elliot ainda não fizera nada?

Aquilo pareceu despertá-lo. Ele juntou as duas pernas e chutou a parte de trás das coxas de Dale, que tentou reagir, mas Liv foi mais rápida dando uma joelhada entre as pernas dele, depois bateu com o cotovelo em cima dele, que caiu no chão desacordado.

Ela saiu correndo chegando perto de Elliot, pegou a faca e cortou as fitas que amarravam os braços dele.

 

- Você está bem? – ela perguntou enquanto acaba de desamarrá-lo.

 

- Sim. – ele sussurrou. Ela voltou a perguntar:

 

- Tem certeza?

 

Ele balançou a cabeça afirmativamente. E levantando-se, perguntou:

 

- Como você sabia?

 

“I love you...
I hate you...
I can't get around you...
I breathe you...
I taste you...
I can't live without you...
I just can't take any more...
this life of solitude...
I guess that i'm out the door...
and now i'm done with you...”

 

- Ele disse que você e o O’Halloran foram comer sushi. Você odeia peixe cru. – ela deu uma risadinha.

 

Conhecia todos os gostos de Elliot, sabia que ele odiava peixe cru, da mesma maneira que ele sabia que ela era viciada em café, mas depois de Óregon, o chá foi sua melhor opção.

Os dois olharam Dale desmaiado ao chão e O’Halloran morto ao seu lado. Liv ligou para a polícia e chamou uma ambulância para o local o mais rápido possível.

Elliot estava cansado, por isso, encostou-se na parede do laboratório, fechando os olhos. Liv chegou mais perto olhando para os cortes.

 

- Isso está feio... Precisa cuidar disso logo. – ela colocou as mãos sobre o peitoral dele e Elliot gemeu baixinho, mas ignorou o comentário e perguntou:

 

- Aqueles tapas... Foram para valer, não é? – ele olhou diretamente nos olhos marrons dela. Liv deu uma risadinha e respondeu:

 

- Digamos que eu aproveitei e descarreguei sim, minha raiva.

 

- Damage! – ele disse brincando. – E aquele beijo?

 

- Com’on! No Dale? – agora ela deu uma risada com gosto, zombando da cara dele.

 

- Sim, ou você andou beijando mais pessoas por aí? – ele respondeu zangado.

 

- Porque, ficou com ciúmes? Elliot, você ficou realmente com ciúmes? – ela não estava acreditando que ele realmente ficara transtornado.

 

- Forget it! – ele bufou mudando de posição. Liv colocou uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e voltou a falar:

 

- Você devia me agradecer, se eu não te conhecesse tão bem, você estaria ferrado! – ela não estava mais brincando, o tom beirava mais o sério do que o engraçado.

 

- Assim como você me agradeceu depois daquele dia do caso do Guitano? – agora ela ficara furiosa, ele mexera em uma ferida antiga.

 

- Shut up Elliot! – ela gritou. – Você não tem o direito! Ouviu?

 

- Eu não tenho o direito? Sou sempre eu que tenho que te salvar!

 

- But this time was your fault! – ela gritou levantando os braços e se afastou dele.

 

- Sorry, Liv, eu não quis... – ele tentou argumentar, mas ela não deixou:

 

- Você não se importa com as pessoas que estão ao seu redor, não é? Não liga para o que elas sentem para o que elas fazem. São sempre os seus sentimentos, a sua raiva, sua dor, é sempre o maldito Stabler! Fuck you Elliot! Eu estou cansada de toda vez que eu chego perto, para te ajudar, você me culpa e me afasta!

 

“I feel... like you don't want me around...
I guess i'll pack all my things...
I guess i'll see you around...
Its all... been bottled up until now...
as I walk out your door...
all I can hear is the sound...”

 

Depois de tudo o que ela disse ele começou a refletir, sabia que havia errado. Ele sempre errava, sempre fazia tudo errado! As respirações deles estavam alteradas.

 

- E sabe o porquê eu não largo tudo e vou embora? – Ela disse aproximando-se dele. Lágrimas ameaçavam sair de seus olhos.

 

- Por quê? – ele perguntou aprofundando as íris azuis nas íris marrons.

 

“Always... always... always... always... always... always...always...
I just can't live without you...”

 

- ‘Cause I’m fucking in Love with you! Ok? I hate all this things, but it’s true!

 

Elliot paralisou conforme as palavras saiam da boca de sua parceira. No fundo, no fundo ele sabia disso, mas não pensava que fosse verdade.

 

- I’m always loving you. – mas Liv não pode acabar a frase, sentiu como se fosse uma flechada em seu ombro e caiu no chão, aos pés de Elliot, que vislumbrou aterrorizado Dale com a arma na mão, apontando para ele.

 

“I love you...
I hate you...
I can't get around you...
I breathe you...
I taste you...
I can't live without you...
I just can't take any more...
this life of solitude...
I guess that i'm out the door...
and now i'm done with you...”

 

- Agora chegou a sua vez. Bye bye. – ele levantou a arma puxando o gatilho.

 

“I left my head around your heart...
Why would you tear my world apart...

Always... always... always... always...”

 

Ouviu-se o som de um tiro e Dale caiu no chão, Elliot fora mais rápido. O tiro que Dale deu acertou a parede ao lado dele. Elliot caiu de joelhos no chão chacoalhando o corpo de Liv, desesperado para que ela estivesse viva.

 

- Sorry Liv. Por favor, fique viva, não desista! – ele colocou as mãos em cima do ferimento dela, no ombro, pressionando para que o sangue parasse de escorrer.

 

- I always Love you too... – ele sussurrou baixinho, enquanto as lágrimas escorriam de seus olhos.

 

“I see... the blood all over your hands...
does it make you feel... more like a man...
was it all... just a part of your plan...
the pistol's shakin' in my hands...
and all I hear is the sound...”

 

- Liv, por favor! Você consegue me ouvir? – ele continuava pressionando o local. Os médicos chegaram juntamente com o Cragen, Munch e Tutuola.

 

- Elliot, ela precisa ser levada para o hospital, vai ficar tudo bem. – os paramédicos colocaram-na na maca e Elliot entrou junto com ela na ambulância.

 

“I love you...
I hate you...
I can't live without you...
I breathe you...
I taste you...
I can't live without you...
I just can't take any more...
this life of solitude...
I guess that i'm out the door...
and now i'm done with you...”

 

Olívia acordou no hospital depois de algumas horas, havia passado por uma cirurgia, mas tudo dera certo. Ela olhou em volta e viu Elliot sentado ao seu lado, em uma cadeira, mas estava adormecido. Suas mãos seguravam a mão dela. Por um momento ela sorriu, suspirando. Elliot acordou e olhou para ela preocupado.

 

- Como você está?

 

- Bem. – ela sorriu de novo. Estava sem forças para falar qualquer outra coisa. Elliot abaixou a cabeça, dizendo:

 

- Me desculpe Liv, eu não queria que tudo isso tivesse acontecido! Se eu tivesse...  – ele não acabou de falar, ela interrompeu-o dizendo:

 

- Shh! Não diga nada Ell. Eu agradeço por tudo o que você fez por mim.

 

Ele sorriu para ela. Sempre estivera em uma dúvida de sentimentos, ele sabia que em um momento teria que escolher entre amá-la ou odiá-la, e dessa vez ele tomou sua decisão.

 

- Eu sempre estarei lá por você Liv. It’s a promise. – os dois sorriram entreolhando-se.

 

- I’m always... – Liv começou e Elliot terminou a frase por ela:

 

- Love you.

 

“I love you...
I hate you...
I can't live without you...
I just can't take any more...
this life of solitude...
I pick myself off the floor...
and now i'm done with you...
Always...
Always...
Always...”

 

 

 

FIM


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e review são bem vindas *-*