But... I Love You escrita por Gisa


Capítulo 5
Capítulo 5 - Contato




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Me dediquei tanto para entrar na Mr. Ly Academy e no fim não tenho me concentrado o suficiente nos estudos. Mas não porque eu não quero. Eu não consigo.

Quando eu cheguei na sala hoje cedo as datas das avaliações bimestrais estavam marcadas na lousa. Eu entrei em pânico, pois ainda tinha diversas dúvidas sobre algumas matérias. Eu ia me dar mal.

Cinco minutos de aula se passaram e Jeane não estava na sala. Ela havia faltado, e aquilo fez eu me sentir péssima. Pedi para o professor para ir ao banheiro e aproveitei para procurá-la na secretaria, para o caso dela ter chegado atrasada. Ela não estava lá. Na volta, dei uma breve olhada no mural e vi que haveria revisão geral depois da aula. Era a minha salvação, eu precisava ficar. E foi o que eu fiz, fiquei depois da aula.

As aulas de revisão acontecem toda semana, mas a presença não é obrigatória. Como a maioria não costuma ficar, alunos de todos os anos - primeiro, segundo e terceiro - ficam na mesma sala. Estava uma bagunça só. Entrei na sala e sentei em uma carteira encostada a janela, no fundo da sala. Arrumei o meu material e esperei a aula começar. Outros alunos foram entrando. Aquele garoto que esbarrou em mim ontem também ficou para a revisão. Ele entrou e sentou um pouco atrás de mim.

Decidi que ia me esforçar ao máximo naquela aula. Sanaria todas as minhas dúvidas, anotaria tudo, até conseguir entender. Nada poderia me atrapalhar agora.

Foi quando ele entrou na sala.

Sim, Ronald.

Fiquei pasma. Se sem o Ronald na sala eu já não me concentrava, com ele eu jamais conseguiria me concentrar. Ele veio andando na direção da minha fileira de carteiras. Eu não consegui disfarçar, o encarei notavelmente. Ele veio andando na minha direção. Eu não conseguia me mover. Quando ele estava perto de mim, tirou a mão do bolso do seu blusão azul. Ele me olhou. Fiquei pálida. Mas passou reto, e cumprimentou o garoto que estava duas carteiras atrás de mim, o mesmo que havia me esbarrado. Fiquei aliviada, mas parcialmente. Ronald sentou entre o garoto e eu, ou seja, atrás de mim. Adeus, boas notas.

Como esperado, mal consegui prestar atenção na aula. De vez em quando Ronald virava de costas e conversava com o garoto, e aquilo me perturbava. Eu tentava esquecer que ele estava bem atrás de mim, olhando para a minha nuca enquanto eu mal podia vê-lo. Mas era tão impossível como prestar atenção na aula. Terminei de copiar outra parte da matéria e larguei a caneta na mesa. Mas ela rolou, rolou, caiu no chão e foi parar atrás da minha cadeira, do lado da carteira dele. Droga. Virei de lado e abaixei sem olhar para ele. Quando eu ia alcançar a caneta percebi que ele também estava abaixando para pegá-la. Faltou pouco para nossas mãos se encontrarem. Mas quando eu percebi que ele também ia pegar a caneta, acabei puxando a minha mão de volta. Meu rosto queimava de tão vermelho. Ele pegou a caneta e voltou a sentar. Eu respirei e fiz o mesmo.

– Ei, aqui. Sua caneta. - Disse ele.

– ... - Assenti com a cabeça, olhando para baixo. - ... Obrigada. - Peguei a caneta e sorri sem graça.

Claro que ele percebeu o quão nervosa eu estava. Mas isso pareceu não afetá-lo em nada. Eu virei para frente já com a respiração alterada. Incrível, não falamos nada demais. Não tinha como eu ficar daquele jeito, parecia que eu tinha corrido um quilômetro.

Cinco minutos depois o sinal bateu. Arrumei o material na mochila e saí. Ronald veio entre as pessoas até mim, e disse:

– Eu me lembro de você... Mas não consigo saber de onde.

Me senti pegando fogo de tão quente que estava o meu rosto. Começou a ficar difícil para eu andar, e eu não sabia o que dizer. "Ok, faça algo logo, só não infarte." Pensei.

– Ah... Não me lembro de você... Acho que deve estar me confundindo com outra pessoa.

– Não... Tenho certeza que já te vi antes... Onde mesmo? Não consigo lembr- Ah! Lembrei! Você estudou na mesma escola que eu há alguns anos! - Ele sorriu.

– ... Sério? Não me lembro de você... Desculpe.

– Ah, nem nos falávamos. - Ele deu de ombros. - Eu sou Ronald Jackson.

– Sou... - Qual era mesmo o meu nome? - Melody Park.

– Muito prazer.

– Igualmente. - Tentei sorrir.

Chegamos à saída. Eu estava explodindo sensações internamente, mas não podia demonstrá-las. Então disfarcei o máximo que pude.

– Bom, eu vou pra lá. - Ele apontou para o sentido direito da rua.

– Ah... Eu não...

– Então vou indo. Até mais Melody! - Ele tocou meu ombro e me beijou no rosto. Foi como um cumprimento qualquer, mas senti sua respiração no meu ouvido. Fiquei arrepiada e estática. Sem contar o nervosismo.

– ATÉ! - Eu pareci mais retardada do que o de costume. Uma mulher do outro lado da rua ouviu o meu grito e olhou, espantada. Não era pra ser assim! Eu tinha que estar calma e pelo menos conseguir fingir que ele não mexia mais comigo. Tinha que ser uma conversa normal...

Ele não pareceu espantado com o meu grito. Tive a impressão de que até esperava por isso, ou que tivesse acostumado. Pareceu até que ele provocou, que ele ansiava pelo meu ataque de nervosismo. Mas só pareceu, eu pensei isso porque estava nervosa... Eu acho.

Então ele foi para a direita e eu para a esquerda. Eu quase olhei para trás, para ver se aquilo que aconteceu era verdade mesmo. Mas resisti. Eu estava muito chocada: Ronald havia falado comigo.


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