But... I Love You escrita por Gisa


Capítulo 11
Capítulo 11 - Progresso


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo (atrasado), leitores!
Acho que demorei um pouquinho para postar (se bem que essa fic está em andamento desde o começo do ano passado...), mas foi porque eu fiquei sem internet :(
Mas o que importa é que o capítulo 11 está aí! Espero que gostem. Até o próximo! :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/337137/chapter/11

“Mas o que você não sabe... É que essa garota era você.”

Eu ainda não consigo acreditar que Ronald realmente me disse isso. Eu não consigo acreditar que nós passamos praticamente a tarde juntos, mesmo que pela Taty. Durante boa parte da minha vida eu senti algo tão forte por alguém, para então descobrir que esse alguém também chegou a sentir o mesmo por mim.

Mas infelizmente as coisas não são tão simples quanto aparentam ser. Vamos rever: Eu gostei de Ronald durante boa parte da minha vida. Mas durante boa parte da vida dele, ele gostou de Taty, que sempre gostou dele, mas demorou para assumir. Quando ela finalmente assumiu, o coração de Ronald estava dividido entre ela e eu. Por outro lado, eu nunca assumi. E pelo mesmo motivo de Taty. Tanto ela como eu éramos novas demais para entender o que estava acontecendo dentro de nós. Era difícil pra gente. Não sabíamos o que fazer, esperávamos por uma resposta, por uma estabilidade no coração. Nós achávamos que seria algo passageiro, mas não foi.

E agora? Bom, assim como Taty, eu continuo gostando do Ronald, que por sua vez, está dividido desde o ginasial. Se eu não estivesse no meio disso tudo, Ronald não estaria dividido e, provavelmente, já estaria com Taty. Eu interferi na ordem das coisas sem ao menos querer isso. E Taty é a mais prejudicada, porque sequer sabe da minha interferência na história. Ela não sabe que o “casal” é, na verdade, um triângulo amoroso. E não será preciso que saiba, pois eu vou solucionar isso. Eu tenho que solucionar isso.

Depois de uma noite mal dormida, fui para a escola. Acho que era para eu estar triste com essa situação tão complicada, mas só consigo pensar nas palavras de Ronald. O que ele disse, como ele disse, a maneira como ele agiu... Não tem como não ficar feliz. Acho que é até errado não ficar feliz.

Resolvi não comentar nada com Taty por enquanto. Afinal, nada mudou. Só estou mais a par dos fatos. Preciso conversar com Ronald novamente, para decidirmos o que fazer. Isso, preciso conversar com Ronald.

Logo na entrada dei de cara com Théo.

– Ei, Melody! Como vai?

– Oi! Muito bem, obrigada. E você?

– Ótimo. – Ele sorriu. Sorri de volta. – Bom... Na verdade... – Sua expressão mudou.

– O que foi, Théo? Aconteceu alguma coisa com você?

– Não, não. – Ele riu. – Comigo não. Mas estou preocupado com o Thommy.

– Thommy? – Olhei em volta. – Oh, é mesmo. Ele não está por aqui. O que aconteceu?

– Ele está bem, está estudando perto da sala. Mas acho que ele está... Acho que ele está começando... a gostar da... Taty.

– Ooooi?! – Não pude conter o espanto. - Comequié? Thomas? Gostando de alguém? E esse alguém é... A Taty?

– É, eu sei. Thomas nunca se apaixonou por ninguém. Mas... Bom, você não viu como ele agiu perto dela, ontem?

– Na discussão Biscoito vs Bolacha? Ora, ele “só expôs os fatos”. – Imitei Thomas enquanto falava, o que fez Théo rir.

– Não, não só na discussão –ele voltou a ficar sério-, ele agiu totalmente diferente enquanto esteve perto dela.

– É... – Parei pra pensar em algumas coisas que estranhei no comportamento do Thommy ontem. – É vero que ele agiu um pouco diferente ontem... Mas acho que você está exagerando, Théo. Acho que está com ciúme do seu irmão, que deu mais atenção pra Taty do que pra você. – Eu ri descaradamente.

– Eu? Com ciúmes? Dele? – Ele ri também. – Essa foi a pior, hein Mel. Olha – Ele parou de rir. - , conheço meu irmão. Acho que ele finalmente está conhecendo um sentimento novo, está se apaixonando pela primeira vez.

– E por que você está me contando isso?

– Primeiro porque achei que você também tinha reparado, e também porque quero ajudá-lo...

– Reparado no quê, criatura?

– No jeito como ele agiu!

– Grande coisa. Ele deu atenção pra ela e ficou vermelho uma ou outra vez... Você já ficou vermelho várias vezes enquanto falava comigo, fora a atenção que me dá, e nem por isso eu acho que você gosta de mim... Ou gosta? – Sorri, intimidando-o, mas só de brincadeira.

Mas quando terminei de falar, Théo estava rosa de tão vermelho, olhando fixamente pro chão e gaguejando uma resposta.

– B-Bom... É...

– Relaxa, Théo. – Eu ri mais uma vez. – Eu estou brincando. Não estou dando em cima de você, por isso não precisa me dar um fora, ok? – Sorri, com ar brincalhão. – Agora, voltando a falar do Thomas... Você o conhece melhor do que eu, então deve estar certo. Mas não sei como ajudá-lo...

– Ainda. – A vermelhidão vai sumindo de seu rosto, e ele volta o foco para o assunto. – E nem eu. Só o observe, por enquanto. Ok? E faça com que Taty venha conversar mais com a gente, esse tipo de coisa. Quando tivermos certeza, veremos o que fazer.

– Tudo bem, Senhor. Como preferir, Senhor. – Fiz continência.

Ele riu.

– Valeu, Mel.

– Disponha, Senhor. – Falei, ainda fazendo continência.

Nós rimos, e o sinal tocou. Subimos para a sala de aula, conversando e rindo. Não tem como conversar com o Théo e não rir.

Taty entrou na sala logo depois de nós, e Théo nos chamou para sentarmos perto dele. Antes de Taty dizer qualquer coisa, aceitei. Théo queria aproximá-la do Thommy, e eu entendi isso na hora. Mas ela, como não sabia de nada, deve ter achado que eu aceitei tão rápido por causa do Théo, já que me olhou com uma cara estranha. Mas deixa pra lá.

Thommy agiu normalmente. No canto da sala e com a cara enfiada nos livros, como sempre. Haviam três lugares livres perto dele. Um à sua esquerda, dois à sua frente. Olhei para o Théo e ele estava olhando para mim. Rapidamente entendi que estávamos pensando a mesma coisa. Théo sentou do lado do Thommy, e eu sentei dois lugares a sua frente. O único lugar que restou ficava entre ele e eu, e foi onde Taty sentou sem ao menos desconfiar. Quando voltei o olhar para o Théo, ele estava esfregando as palmas das mãos e imitando, silenciosamente, uma risada maléfica, perversa. Brincando comigo, claro. Não me contive, e acabei rindo. Por sorte ninguém percebeu.

Às vezes eu me impressiono com a sintonia que tenho com o Théo. Até mesmo em coisas bobas, como fazer com que a Taty sente em frente ao Thomas, pensamos igual, ao mesmo tempo, e nos entendemos só de olharmos um para o outro. E o conheço não faz nem duas semanas! Tenho que admitir que isso é intrigante.

– Olá, Taty. – Thomas interrompeu meu pensamento, levantando o olhar para Taty, como da outra vez. Théo olhou para mim imediatamente. Ele ia dizer algo, mas balancei a cabeça negativamente.

– Oi, Thommy. Tudo bem?

– Tudo ótimo. E contigo?

– Também. Você não cansa de estudar, não? – Ela sorri, doce como sempre. E bom... Ele corou um pouco. Bem pouco, mas corou.

– Acho que estudar nunca é demais. Adoro estudar, você não gosta?

– Bom... Ao menos que... Talvez se... – Ela ficou quieta por alguns segundos. – Não, eu não gosto. – E riu.

Quando ela sorriu e ele corou, tive certeza de que algo estava rolando. Pessoas apaixonadas são vulneráveis à sorrisos. Digo isso por experiência própria. Dependendo de quem vem, os sorrisos se tornam mágicos. É complexo demais para explicar. Só mesmo passando por isso para entender.

– *CAHAM* - Théo pigarreia.

– COF COF! COF COF! – Eu tusso, tão falsamente que nem deveria ter fingido.

– Ei, Melody. Engasgou? – Théo pergunta, mais falso do que a minha tosse.

– É né, é o que acontecem quando não me notam...

– Puxa... COF COF! COF COF! – Théo começa praticamente a me imitar. – Entendo, entendo. COF COF!

– Oi? Isso é pra mim? Acabei de falar com vocês! – Taty diz, confusa.

– Não, COF COF! – Théo e eu dizemos quase ao mesmo tempo.

– Ei, eu cumprimentei vocês. – Thomas olha para nós com desdém, enquanto fingimos ter a nossa crise de tosse.

– Não cumprimentou, não! – Théo diz, dessa vez visivelmente enciumado.

– Bom, oi. Agora, silêncio. A aula começou.

E todos ficam com cara de taxo, até Taty cair na risada:

– Fala sério! – E todos rimos, menos Thomas, que já estava concentrado na aula.

As horas foram passando, até o sinal para o intervalo tocar. Desci com Taty para o refeitório, e ficamos num canto, conversando. Avistei Ronald e acenei. Ele acenou de volta e veio até nós. Ele estava todo de branco, tanto a calça como o moletom que vestia. E enquanto ele andava, acho que eu quase babei. Parecia um deus grego. Pois é, não é a comparação mais perfeita do universo, mas foi o que eu imaginei quando o vi.

Ele chegou, cumprimentou Taty e disse:

– Oi, Melody... Preciso falar com você.

– Ah, claro. Taty, eu já volto, tá?

– Tudo bem. Vai lá, amiga. – Ela acenou com a cabeça, sorrindo.

Fui andando com Ronald até o outro lado do pátio. Taty ainda podia nos ver – e ela estava focada nisso -, mas pelo menos não podia nos ouvir.

– Ronald, o que vamos fazer?

– Eu já disse, quero conversar com ela. Quero ver como meu coração se comporta com as duas, para decidir o que eu vou fazer. – Ele suspirou. – Você não disse nada à ela, não é?

– Não! Ela jamais me perdoaria.

– Não sei porquê. Quando se trata de sentimentos, ninguém tem culpa de nada. Então a culpa não é sua.

– Eu sei, eu sei. Mas mesmo assim, às vezes até eu me culpo.

– Como assim? Você está dizendo que preferiria não gostar de mim? – Ele me olhou dentro dos olhos, triste.

Eu lembrei de quando ele disse que Taty não aceitava o amor que sentia por ele, e que isso era pior do que qualquer coisa.

– Não, Ronald. Eu gosto do que sinto. – Fui sincera. Mas, quando penso na Taty... Meu pensamento não permanece assim. – Gosto mesmo. – Enfatizei.

– Ah. – Ele sorriu, aliviado. – Bom, então vamos lá? Eu quero passar meu intervalo com vocês.

– Tudo bem, vamos. – Concordei.

Atravessamos novamente o pátio em direção à Taty, que continuava a nos observar. Quando ela viu que eu voltava com ele, corou imediatamente. Logo em seguida abriu um largo sorriso para mim. Chegamos nela, e comecei a puxar assunto com Ronald sobre a sala dele. Aos poucos, Taty foi intervindo no assunto, comentando uma coisa ou outra e, quando percebi, estávamos os três brigando pra tentar falar um antes do outro. Foi assim até o sinal tocar.

– Poxa... – Disse Ronald. – Preciso subir. Tenho aula de história agora, e o professor sempre chega antes dos alunos... Vocês sabem, né?

– E como. – Falamos, Taty e eu.

– Pois é... Até depois, então. Tchau! – Ronald saiu quase correndo.

– Tchau! – Acenamos.

Quando ele estava longe, Taty virou para mim e disse:

– Meu Deus, Mel! Me belisca, por favor! Ronald passou o intervalo com a gente? – Ela estava radiante, maravilhada.

– Sim, senhorita. – Pisquei para ela.

– Nossa... Ah, Melody. Estou tão feliz! – Ela me abraçou com força.

– Eu sei, eu sei, amiga. Agora vamos para a sala, né? Nosso professor também não é dos mais compreensivos.

– Certo, vamos! – Ela estava sorrindo de orelha à orelha, e saiu quase saltitando em direção à sala de aula.

Passamos o resto da aula conversando com Théo e Thommy, assim como no primeiro turno. Taty mais feliz do que de costume, e Théo... Diferente. Diferente comigo. Ele estava mais quieto, menos solto... Será que eu fiz alguma coisa?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "But... I Love You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.