Conhecendo Alguém

Olhei para trás meio assustada, pensei que fosse o guarda galeria, mas não; era alguém com uma blusa preta a qual tinha um capuz que encobria o rosto dessa pessoa.

-Não pule, não faça isso moça... - eu o interrompi .

-Eu não ia pular, não sou suicida. Só queria ficar mais perto da lua; ela me acalma e me da paz.

-É você vai ter paz mesmo se escorregar e cair daí.

Eu dei risada, o desconhecido estendeu sua mão para que eu pudesse me apoiar de voltar para o lado de dentro da grade da sacada.

-Ufa!...

As risadas foram impossíveis de segurar. Mesmo não vendo o rosto dessa pessoa um sentimento de ternura brotava dentro de mim toda vez que olhava em sua direção. Sentamos no beiral com as pernas atravessadas na grade deixando os pés pendurados do lado de fora.

-Então o que faz aqui?

-A eu briguei com uma amiga. E esse lugar sempre me faz sentir ótimas coisas, então vim pra cá para espairecer um pouco. E você o que faz aqui?

- Apenas conhecendo a cidade.Falaram que aqui era um belo lugar e não muito movimentado.

-É as pessoas não apreciam muito a arte.

Ficamos ali por um bom tempo, conversando sobre diversas coisas; sentimentos, brigas coisas sobrenaturais país de origem de cada um. O sinal avisando que a galeria iria fechar tocou, nos levantamos.

-Conversamos tanto e você nem me disse seu nome.

-É e nem você. Nem tirou esse capuz.

-Não posso.

-Por quê? É tão feio assim...

-Hhahahah, não, acho que não.

Não insisti, seu rosto não importava, e sim a interessante conversa que tivemos. Fomos caminhando em direção a saída.

-Mas então não vai dizer seu nome?

-Não, assim como você não vai me mostrar seu rosto.

- E se eu mostrar meu rosto?

-Não fará diferença, sei que é uma pessoa muito especial só pela nossa conversa, então não me interessa quem é.

Ele abaixou a cabeça e soltou uma leve gargalhada. Sinceramente a curiosidade não me atormentava no momento. O silencio pairou no ar. Acenei para um táxi estava muito tarde para ir embora a pé; Ele foi levando sua mão até o capuz da blusa negra, nisso já havia adentrado o carro. Abri a janela, ele gritou enquanto o carro saia vagarosamente:

-Agora que iria te mostrar minha face - eu coloquei minha cabeça pra fora...- Como vou vê-la novamente?

O carro já se afastava bastante, percebi que o capuz havia sido tirado, mas não vi nada além de sombras.

-Deixe que o que sabes te guiar!