Murmúrio escrita por bundadopatch


Capítulo 53
— Capítulo Extra da Fanfic - Pós Finale




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Não tinha como dar errado, eu não podia me dar o luxo de afrouxar a situação. Era a vida de Nora que estava em jogo e consequentemente a minha.
O vento soprava meus cabelos na direção oposta, a luz da lua me acompanhava na pista enquanto eu acelerava . Vagalumes faziam o trabalho das estrelas terrestres em meio os campos que rodeavam a pista.
Eu comecei a cantarolar Shoot to thrill para o tempo passar mais rápido, tentativa difícil. Comecei a sentir algo estranho em minhas cicatrizes, era como estivessem salpicando com sal um corte recém- aberto, tentei ignorar o desconforto concentrando-me no refrão.
Eu estava correndo tão rápido, que o som do motor era o único em quilômetros. Uma lufada de ar me arrancou da moto, que deslizou pela pista enquanto eu era sugado para a escuridão.
- Mas que… - Eu tentei falar, mas minha garganta estava ficando cada vez mais estreita. 
Uma risada maligna preencheu o ar, gotas de suor se desprendiam da minha nuca.
- Vocês confiaram em pessoas erradas. - A voz ecoava, enquanto eu continuava minha queda que havia se iniciado do nada em rumo ao nada. - Pepper é um traidor, meus queridos.
- O que você quer, Dante? - Gritei, mas foi como se unhas rasgassem minha boca.
Ele soltou uma risada mais uma vez.
- Agora todos vocês tem um passe livre para a eternidade no inferno, graças ao nosso querido amigo Jev. - O seu tom era sarcástico, como se aplaudisse juntamente com as palavras.
Eu podia ouvir alguém arfar perto de mim, sacudi meus braços para afastar, mas não havia ninguém. Gritos agonizantes ecoavam escuridão adentro. Ouvi um baque surdo e quando me dei conta eu havia caído em algo sólido e áspero, não havia claridade mas eu podia ver sangue escorrendo de minhas mãos.
Uma silhueta esguia se ajoelhou diante de mim.
- Feliz? - Era Dante. Eu consegui distinguir o sorriso em sua voz. Flexionei a perna para golpeá-lo, mas ele já estava de pé e mirava seus chutes em minhas costelas.
- Eu não sinto, lembra? - Sorri amargamente, retirando o cabelo do rosto com as mãos ensanguentadas.
- Mas ela sente. - Ele cuspiu. A ira era perceptível em cada movimento dele, em cada respiração e palavra. 
- Deixe Nora em paz - Retruquei, a tristeza tomando conta do meu ser. - Já estou acorrentando no inferno, não precisa de mais nada.
Ele soltou mais uma gargalhada e sumiu na escuridão, o cheiro de óleo queimado tomou conta do ar. Penas.
Coloquei a cabeça entre os joelhos e deixei que as lágrimas me inundassem. Eu estava perdido, não havia mais nada, era um fracasso. O que eu tinha de mais precioso estava sozinha, Nora.
Ela estava tentando se comunicar comigo, eu sabia. Eu podia sentir em algum canto do meu ser suas súplicas pela minha presença, mas eu não podia fazer nada.
Eu estava acorrentado no inferno.


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