E quando você acha que as coisas irão permanecer as mesmas por algum tempo, elas te surpreendem. Eu nunca imaginei eu e Patch, nus, tomando banho juntos. Alguns meses atrás se alguém me contasse isso eu iria rir e pedir pela próxima piada, mas hoje mal consigo conter minha ansiedade para a próxima vez. 
Eu estava procurando tigelas nos armários da cozinha,quando Patch apareceu, aconchegando-me junto ao seu corpo. O que eu queria mesmo?
- Ainda tentando me acostumar com a ideia - Ele sussurrou ao meu ouvido. Meu corpo se arrepiou como resposta. Quando eu estava com Patch, era como se todas as terminações nervosas do meu corpo entrassem em convulsão.
- Já deveria estar acostumado, estou pensando em me mudar pra cá. - Brinquei, e o puxei mais pra perto,até parecer que eramos um só, eu queria me colar em Patch, queria que ele nunca mais desgrudasse de mim.
- Está falando sério, Anjo? - Eu podia sentir o sorriso em sua voz.
- Se você quiser… - Eu me virei, segurei seu queixo e o puxei para mais perto. Patch me levantou e me aconchegou na bancada, minhas pernas circundando sua cintura, suas mãos subiam e desciam pela minha lombar. A sensação me fez lembrar a noite em que Patch entrou e minha casa e começou a fazer tacos, a noite em que achei que ele iria me matar. 
O pensamento fez minha barriga roncar. Patch riu.
- Droga… - murmurei, dando tapinhas em meu estômago.
- Vou comprar algo… O que quer? - Patch pegou as chaves em cima da mesa e já estava vestindo uma de suas habituais camisas pretas.
- Você. - fiz beicinho.- Não estou com fome.
- Anjo… Você é terrível. - Ele beijou minha testa. - Não demoro, prometo.
A porta já havia batido, não havia mais formas de protesto. Desci da bancada e fui para o quarto, abri o guarda -roupa e peguei uma blusa.
Será que eu conseguiria ficar com o seu cheiro?
Eu havia deitado novamente, queria relembrar mais uma vez a noite anterior.
Ouvi ruídos, será que Patch já havia voltado? O barulho aumentou, ouvi a porta bater, mas não como se houvesse sido destrancada, como se houvesse sido arrombada.
- Patch? - perguntei.
Não houve resposta. Barulho de botas ecoavam até o quarto. Droga. Alguém havia entrado aqui. 
Meus músculos travaram, minha mente estava impossibilitada de trabalhar, o medo havia dominado cada centímetro do meu corpo. Eu queria gritar, mas as palavras ficaram entaladas em minha garganta.
Afinal, quem poderia ser? Eu não sabia, mas também não fazia questão de descobrir. Eu podia estar com meu corpo forte, pronto para qualquer briga, mas eu ainda era eu, a menina com medo de ser machucada,a menina que ansiava pela chegada de seu anjo da guarda.
Algumas coisas te surpreendem mas outras continuam as mesmas por um bom tempo.