Os lábios de Scott eram quentes e macios, sua boca tinha o leve gosto de chiclete de canela e agora eles procuravam pelo meu pescoço.
- Scott… - Eu o segurei. 
- Desculpe, Grey. - Ele parecia realmente sincero. - Quando se trata de você nunca sei a hora de parar.
- Vou tomar um banho. - Ignorei a sua segunda fala. - Vou me sentir melhor. Se importa?
- Claro que não. - Um sorriso perverso brotou em sua boca, a mesma que minutos antes acariciava a minha. - Se quiser ajuda…
- Estou bem. Obrigada. - Não pude deixar de rir pela ousadia de Scott. Ele me deu apoio com as duas mãos pela cintura.
Abri o armário e escolhi um shortinho jeans e uma camiseta preta, parecia até uma de Patch, só que em versão menor.
Entrei no banheiro e tranquei a porta, era estranho pensar que eu estaria ali tirando a roupa enquanto Scott estaria do outro lado. 
Tirei minha camisola pela cabeça, calcinha, sutiã… E quando já estava me preparando para entrar no chuveiro, ouvi ruídos. Pensei ser mais uma alucinação, então recolhi os produtos e entrei. Não, não era uma alucinação, era uma discussão. Sai, enrolei meu corpo que estava metade molhado na toalha e encostei o ouvido na porta.
- … já não causou problemas demais? - Ele gritava enfurecido. 
A pessoa não respondia. 
- Você acha que tudo isso faz bem a ela? - Scott continuou. - Ela chora todo dia, eu estou tentando fazer minha parte. Quero cuidar dela, quero amá-la… mas ela não tem olhos pra mim. E sabe por que?
- Por que? - As palavras foram cuspidas em alto e bom tom. Era Patch. Abafei minha boca com a toalha e soltei uma série de gritos. Eles não podiam me ouvir mesmo. Droga, mas perceberiam logo que eu não estava tomando banho e sim ouvindo a conversa.
Liguei o chuveiro e voltei a minha posição, eles ainda brigavam.
- Ela não suporta isso. Ela não suporta ser presa à um demônio como você. Você faz mal pra ela, como não vê isso? - Scott urrava, eu podia imaginar suas veias saltadas e as mãos fechadas em punhos.
- Ela me ama, Scott. - Já Patch parecia repousado. Eu podia imaginá-lo encostado em minha parede com aquele velho sorriso maldoso nos lábios. O calor percorreu meu corpo, eu queria correr e abraçá-lo, mas não podia. - Você que não vê isso. Não encoste mais nela. - Era o último decreto.
- Suma. Agora. - Scott parecia realmente sério.
Eu só pude ouvir um estrondo. Patch havia batido em Scott? Minha cabeça doía. Entrei no chuveiro tentando dissolver os gritos que ecoavam em minha mente.
Sequei o corpo e passei um pente pelo cabelo. Sai do banheiro como se nada tivesse acontecido. Eu sabia que Patch estava ali, em algum lugar. Scott se regenerava, mas não tão rápido. Ele estava com uma das mãos no nariz que já formava uma poça de sangue no chão. 
- Aimeudeus! O que houve, Scott? - Me fiz de boba.
- Fiquei tonto e bati com a cabeça. - Ele falou muito mais alto do que necessário e com isso havia confirmado minha teoria sobre a presença de Patch.
- Vou buscar gelo. - Eu dei um sorriso. - Só tentem não se matar… quero dizer tente. 
Eu esperava que ele não tivesse percebido meu deslize, Patch estava ali e eu estava feliz com isso. Algumas coisas precisamos deixar passar diante dos nossos olhos e nos comportar como se não existissem.