Romeu e Julieta escrita por andy_1993


Capítulo 1
Capítulo 1 - Mudança




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Minhas malas já estavam todas prontas, no total eram cinco. – eu sei é muita coisa, mas não tinha como resistir, não culpe a mim e sim aos estilistas com a super criatividade que a cada dia que passa, começam a criar roupas mais bonitas, o que significa: Mais compras – seria até mais, se minha mãe naquela manhã bem cedinho não tivesse insistido pra eu dar uma “ajeitadinha” no meu agora, ex-armário, separar as roupas pequenas ou que eu não uso mais, para dar para minha tia Dominique.


Na pilha de roupas cheguei a achar inclusive algumas que ainda estavam com as etiquetas com os preços e os códigos e claro as marcas. Eu não ligava pra marcas na verdade, se a roupa fosse bonita ou fosse do estilo que eu gostasse e caso estivesse em um brechó eu compraria sem pensar, além de serem mais baratas até. Dominique me levara uma vez em um, comprei mil peças por um preço que, em uma loja de marca meus pais estariam falidos, eu ainda as usava, e muito, eram as mais bonitas que eu tinha.


As roupas com etiquetas agora dobradas no meu colo, eu nunca havia usado ou se quer lembrado que eu já tinha visto alguma delas, tinha as comprado... Na verdade eu não sabia por que eu tinha comprado, acho que foi o momento da hora. Chamou-me atenção por causa de detalhes pequenos que pude ver que naquele momento também chegou a me chamar atenção novamente. Decidi então botar algumas delas na minha mala, e outras eu as botei na cama para dar as filhas de Dominique.


Ela tinha sido minha babá e tinha morado com a minha família da minha mãe, Amélia, desde que era pequena. Foi criada por minha avó e minha mãe que a considerava como se fosse uma irmã, a qual ela nunca tivera de sangue. Dominique era mais velha que minha mãe, e era uma excelente irmã mais velha, daquelas que dá conselhos em relação aos garotos, maquiagem e tudo isso.


E sendo franca, foi ela que fez minha mãe se aproximar do meu pai.


Quando Dominique chegou aos 27 anos, se casou com um taxista chamado August, ele podia não ser rico, ou se quer bonito – Vamos reconhecer o cara tem uma pança enorme e já tem cabelo branco, ele me lembrava ao Papai Noel na verdade, ate a barba branca tinha e sim, era grande, ele dizia que esse era o charme –, mas era engraçado e gentil, tratava-a como uma princesa. Dominique era bonita, agora estava com 48 anos e ainda tinha um corpo de uma garota de 16, tinha cabelos ondulados e curtos de cor castanhos claros, a pele morena e os olhos azuis. Depois chegou às filhas. As gêmeas Abigail e Caroline, elas eram dois anos mais velhas que eu, mas eu era um pouco maior que elas por isso minhas roupas caberiam nelas perfeitamente.


Elas de vez em quando vinham fazer uma visita, a mãe delas dormia em casa, mas passa praticamente o dia inteiro na nossa casa.


Ela era minha confidente, eu podia conversar qualquer coisa com ela, pedir ajuda pra qualquer coisa, e até conselhos como minha mãe pedia, ela nunca se negaria e suas respostas sempre me surpreendiam em coisas que eu jamais teria pensado, me dava sermões quando tinha que dar, mas eu não ligava, eu gostava dos sermões dela. Eram mais razoáveis do que dos meus pais. E me batia quando tinha que me bater – Na bunda, mas mesmo assim ainda doía.


Eu estava triste de deixá-la, como poderia viver sem ela? Talvez chegando a Verona, ligasse pra ela pedindo para passar a época de julho com a gente. Sim, eu era a garota de 17 anos, de cabelos lisos e negros ate a cintura, olhos de cor verdes escuros, alta de seios médios, magra e morena do Sul da Califórnia que estava se mudando pra Itália por causa do trabalho do meu pai, Joan.


Ele era engenheiro, um dos melhores, por isso estava indo pra lá para ajudar na construção de um novo museu, ele passaria um ano naquela construção, por isso resolveu junto com minha mãe e claro sem me consultar que nos mudaríamos definitivamente pra lá, onde esperaríamos a chegada da minha irmã ou irmão novo.


Minha mãe era ginecologista e estava grávida de oito meses, e se arriscaria em viajar de avião.


Nos meus pensamentos cheguei a imaginar ela dando a luz entre os passageiros do avião, só de me pensar na hipótese ficava toda arrepiada, odiava ver sangue, me sentia enjoada por causa do cheiro.


Ela não quis fazer ultra-som pra saber o sexo do bebê, queria ganhar uma surpresa quando desse a luz.


Minha outra preocupação era minha vida social que estava prestes a desmoronar, eu era a garota mais popular do colégio. Não sou popular porque fico andando de mini saia com um telefone rosa no ouvido pro lado e pro outro, dando ordens e fazendo as pessoas se arrastarem aos meus pés como as outras. Eu era popular porque sabia como tratar bem as pessoas ao meu redor sem preconceitos. Julgamentos das outras pessoas a primeira vista eram inevitáveis, em relação a mim, não pareço uma daquelas garotas de nariz em pé, eu pelo menos achava que não. Eu tinha uma fama boa no colégio e isso estava prestes a acabar.


Eu continuaria falando com todos pelo MSN, mas não seria a mesma coisa.


Eu realmente achava que devia ter sido consultada em relação à mudança afinal meus 18 anos estão próximos a cada dia que passa. Estava a poucos passos da minha independência e tinha decidido uma coisa, quando fizesse meus 18 anos, voltaria para Califórnia, claro meus pais venderam a casa, mas não seria problema, eu moraria com Dominique, duvido se ela negasse um teto pra mim, logo eu estaria na universidade e não precisaria de mais ninguém. A única coisa a fazer era só esperava.


 


Voltei ao meu ex-quarto – Como doía dizer isso, céus! – vasculhando mais a fundo, achei mais algumas nos lugares mais obscuros do meu closet, também estavam com etiquetas.


Levantei a blusa verde jade para ver melhor, tinha babados nas mangas e era muito folgada, me lembrava muito àquelas roupas de criancinhas quando vão a festas de aniversario, pude observar pelo o estilo que fora minha mãe que havia me dado. Definitivamente minha mãe tinha um gosto mais que ruim, acho que ela ainda não notou que estamos em pleno século XI e eu já estou grandinha, vai vê, eu podia guardar pra dá para minha irmã, isso se fosse menina.


Droga, esse era meu defeito, ser curiosa até demais, sempre que lembrava que não sabia se era menino ou menina vinha um nó na garganta.


- Julieta! – Ouvi a voz de minha mãe me chamando.


- To aqui mãe! – Gritei.


Ah, outro motivo pela mudança para a Itália? Olhe para meu nome.


Familiar? É acho que todo mundo conhece essa história, e minha mãe ama loucamente Romeu e Julieta.


Eu não tenho nenhum preconceito, apenas acho que não existe alguma coisa assim, esse amor tão grande, ora... Shakespeare tinha o direito de criar seu mundo de amor e fantasias em uma história, não? Claro... Com um final trágico de pura realidade.


Na minha teoria que eu desenvolvi depois que minha mãe me obrigou a ver o filme 15 vezes, mais porque ela gostava do ator que fazia o Romeu.


Teve um final mais que feliz, depois de tanta dor agora finalmente eram felizes. – No mundo do além mais eram –. E Suas famílias finalmente se renderam a paz e se uniram. O que tem de infeliz ai?


E bem... Mas um detalhe, meu pai disse que moraríamos no centro, ou seja, perto da vila onde Julieta vivia. Isso na história. Duvido se minha mãe não me faria andar tudo aquilo a procura de mais informações.



A ouvi bater na porta do meu quarto, que estava aberta. Minha mãe estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo, seus cabelos eram de um ruivo laranjado, liso igual ao meu, usava um brilho rosa claro nos lábios finos, suas bochechas estavam vermelhas, ela usava um vestido florido, sua barriga estava gigantesca. Mesmo não apreciando muito a idéia de um novo membro na família, gostava de pegar na sua barriga e sentir o bebê chutar, e isso ele fazia muito.


- Julieta! Vamos logo, ainda temos que nos despedir de Dominique, Abigail, Caroline e August, eles estão lá embaixo já. O nosso vôo esta marcado para daqui à uma hora e meia, e você sabe como é seu pai no transito – Lento que nem uma tartaruga. Acho que a tartaruga vencia dele –


Só estava vendo aquelas roupas que você me pediu. – Falei apontando com os olhos para a cama.


Pelas contas eram vinte blusas, três calças e cinco saias.


Ela ao ver a montanha de roupa abriu os lábios, como se estivesse surpresa demais para exclamar algo do tipo: Minha nossa! Meu Deus!


Ainda se mantinha calada, por isso resolvi rir baixinho e quebrar aquele silêncio.


- Acho que Abigail e Caroline vão gostar. – Olhei pra ela dando um sorriso leve.


- Eu não tenho duvidas disso. Metade podia dá pra ela e o resto pra caridade. Ela não se importaria.


- Eu sei que não. – Comecei a me levantar – Mãe poderia chamar o papai pra me ajudar com as malas?


- Claro meu bem. – Ela saiu andando atrás de seu grande amor.


Vê-la andando parecia àquelas bonecas do The Sims quando ficam grávidas, segurei o riso até ela finalmente sair do meu campo de visão.


Botei a cabeça pra fora, para me certificar que havia decido as escadas e me pus a rir tudo o que eu tinha direito.


- Do que você ta rindo ai garota? – Perguntou Dominique parada com um dos braços encostado na porta.


- Nada de mais Dom – Era o seu apelido, ela odiava ser chamada daquele jeito, disse que parecia que estavam a chamando de alguma coisa sobre nobres. Ela não me explicou direito, mas eu entendia.


- Me chame assim de novo que eu te do um tapa na bunda! – Ameaçou.


Calei-me rapidamente.


- Quer ajuda pras malas? – Perguntou, dando uma checada nas minhas cinco malas.


Eu fiquei parada olhando pra ela... Ela era minha melhor amiga.


- Como vou conseguir viver sem você?


Ela segurou o sorriso, ela não gostava de sorrir.


Por quê? Eu não sabia também, acho que tentava esconder as covinhas que apareciam nas suas bochechas quando sorria ou ria. Ela veio se aproximando de mim passando seus braços longos em torno da minha cintura, e eu me pus e me encaixar mais no seu braço como se fosse um bebê recém nascido.


- Venha comigo Dominique, não me deixe – Falei baixinho, mas ela escutara.


- Eu não estou deixando você minha garotinha, eu sempre estarei com você em qualquer lugar que você vá. – E me apertou mais em si.


O abraço dela era tão reconfortante, eu poderia dormir ali e só acordaria depois de mil anos. Seu perfume era de jasmim, tão gostoso e relaxante.


Ela me afastou e me olhou nos olhos, passou as mãos pra nuca, e tirou seu cordão de ouro, o que minha avó tinha dado a ela quando se casou.


O pingente tinha a imagem de nossa Virgem de Guadalupe, ela passou o fio dourado por meu pescoço e o prendeu ali, deixando o pingente pendurado em meu pescoço. Eu sabia que aquilo significava muito pra ela.


Passei meus braços em volta do seu pescoço e abracei o mais forte que pude.


Ela virou o rosto e sussurrou no meu ouvido:


- Sua avó deu a mim antes de morrer para me proteger quando não estivesse mais aqui, é a única coisa que tenho dela, e garanto que me protegeu muito. Ela disse para eu dar para quem eu amasse e estivesse longe de mim.


Eu não contive o sorriso, e sei que ela também sorriu.


Queria ver suas covinhas, mas não queria solta-la.


- Dominique... Deixe-me viver com você!


Ela riu e se pôs a dizer em tom suave e calmo. Sua voz era como uma melodia acalmava e relaxava.


- Não posso te roubar da sua mãe, garota, se não ela me mata.


Permanecemos abraçadas por mais longos minutos. Eu diria que era exagero de sua parte, mas eu sabia dos ciúmes de minha mãe por mim com ela. Sabia também que as filhas de Dom também sentiam ciúmes dela comigo.


Nas brigas que tive com minha mãe, sempre usava aquilo.


“Você ama mais Dominique do que a mim!” – Era o que ela sempre usava.


Mas eu sempre ignorava. Não tinha o porquê eu discutir esses tipos de coisa.


As duas sabiam que eu as amava e isso era o que bastava.


 


Despedir-me de August, Abigail e Caroline. Entrei no carro e podia ver os olhos de Dominique ficarem vermelhos. Beijei a ponta dos meus dedos e assoprei em sua direção para que meu beijo fosse transmitido pelo vento.


Minha mãe estava no banco da frente, cantando “If I Fell” dos Beatles enquanto meu pai assoviava acompanhando-a.


Era tão estranho vê-los, eram tão esquisitos...


Comecei a rir desse pensamento e voltei aos meus, eu olhei pela janela, soltando um breve suspiro.


Olhei pra cima e fiquei observando o céu. Estava cheio de nuvens se movimentando com lentidão, o céu estava todo azul claro.


Eu não dizia adeus para o que eu via, porque eu sabia que ia voltar logo e aproveitar mais daquelas paisagens.


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Notas finais do capítulo

o/



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