Dama Da Noite escrita por HanyouNee


Capítulo 23
Treino e Espadas


Notas iniciais do capítulo

Então, novamente, parabéns para mim por esse capítulo definitivamente maior que o resto que passei umas 4 horas digitando devido á minha lerdeza suprema.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/337008/chapter/23

-Malditos bonecos de palha. –Eu resmungo, os olhando ressentida, no quintal. –Espadas estúpidas.

O sol (é claro, eles tinham uma magia para criar até o céu) estava alto e fazia muito calor, eu estava suando em bicas. Embaixo das minhas mãos, pedaços do que antes era nada se tornavam espadas imperfeitas e ao meu lado, um monte de espadas inúteis. Nenhuma delas cortava os bonecos, nenhumazinha.

Não podia ao menos resmungar alto, para que Marguery, Katie e Rick não aprendessem algumas dúzias de xingamentos. Então, eu terminava uma espada, a testava nos bonecos e ela falhava, me fazendo urrar de frustração.

-Vai lá, vó! Tente de novo! –Rick dizia, me animando.

-É, vai, de novo. –Ele e as garotas formavam minha plateia de três pessoas.

A mais velha ria alto dos meus erros, mas tentei pensar se ela riria quando eu a derrubasse com minha espada de verdade. “Sendo humilhada por crianças.”

Quando comecei, Rick veio me perguntar o que eu fazia. Ele mesmo fez uma espada, meio pequena, mas ainda assim uma espada, e disse para eu usá-la. Sorri, mas pensei “Ele consegue e eu não, por quê?”.

-Obrigada, mas tenho de fazer a minha.

E continuei tentando e tentando, até o sol sair daquele falso céu e Val perguntar se eu tinha fome. Respondi com uma lista do que eu gostaria de comer. Depois, ela me apontou onde ficava o banheiro e entregou uma peça de roupas limpas. E ao fim, apaguei nem sei onde, totalmente exausta.

------------------------------------------------------------------------------------

-Avery. –Uma voz dizia. –Acorde. Hei, Avery.

-Andy? –Perguntei, sonolenta.

-Não. Sou eu, Drake. –Porque Drake tinha a voz de Andy? Que estranho... –Acorde. Levante-se. Você tem de ir treinar.

-Quero minha espada. –Bocejei.

-Faça sua espada.

-Não, vá se danar. –Resmunguei. –Boa noite.

-------------------------------------------------------------------------------

-Avery?

-Me deixe em paz, Drake.

-Não, é o Robb.

-Robb? –Pergunto.

-É. Val fez seu café da manhã, vá comer.

-Tudo bem, obrigada Robb.

Levantar é cansativo, mas vaguei em direção á cozinha. Outra vez ela lá e o pequeno Rick com suas panquecas. Ambos se pareciam muito, e ambos se pareciam com Drake.

-Oi Val.

-Oi Avery. Está acordada mesmo?

-Não, sou sonâmbula. Onde...?

-Ali. –Ela apontou o balcão, onde meu café me esperava. –Parece que não dormiu, parece cansada.

-Fiz espadas. Todas inúteis. –Cambaleei até o banco. –Humanos são assim, cansamos rápido. Seus filhos não?

-Só Katie. Ela e Robb tem seu ritmo.

-Aham. –Achei melhor comer, para aguentar outro dia cansativo e frustrante, com minha plateia de três e os estúpidos bonecos que eu não conseguia cortar.

-------------------------------------------------------------------------------------

-Viu isso, viu Rick?! Sua avó sabe das coisas, há. –Meu “neto” correu para um abraço, enquanto os bonecos se desfaziam. “Vingança!” pensei diabólica e estupidamente.

-Legal! –Ele estava feliz, mas pela primeira vez eu o via com um ar pensativo. –Como consegue fazer tantas armas diferentes, vovó? –Apontou para a pilha de espadas.

Grandes e pequenas, de vários tamanhos e cores. Eu não tinha nenhum interesse nelas, já que de nada me foram úteis, mas ele tinha.

-É só imaginar, meu pequeno Rick, e ela fica do jeito que você quiser. –Sorri.

-Imaginar? –Ele tinha um conceito de como deveria ser a espada perfeita, por isso as dele eram sempre iguais. Não usava a imaginação para pensar em coisas diferentes.

-Mais tarde, me lembre, e conto uma história para você. –Agora o pequeno sorri. –Kat, venha, vou treinar com você agora.

Acostumava a chama-los por apelidos, pequeno Rick e Kat, mas para Marguery eu não inventara nenhum ainda. Os olhos lilases da garota me fitavam com orgulho e obstinação, desaprovadores para seus irmãos, que logo passaram a gostar de mim. Ela permanecia, parecendo ou tentando parecer para si mesma, inabalável. Eu a olhava, divertindo-me.

Depois de outro magnífico jantar de Val conversando com Rick, Kat e os outros, Drake se debruçou para sussurrar em meu ouvido:

-Vocês são iguais.

-Quem? –Sussurrei de volta, por baixo do barulho do restante da família.

-Marguery e você.

Engasguei. Ela olhou para nós, séria, Drake sorriu e piscou, eu estupidamente corei, não sei por quê.

-Vou dormir. –Disse para ele. –Pequeno Rick, venha, hora da história.

Fomos para meu quarto, onde me deitei, a luz já apagada. Ele esperava.

-Não vai ler? –Perguntou.

-Sei todas as histórias. –Sorri. Eu inventaria algumas e modificaria outras. –Venha.

Quando ele se aconchegou contra mim, comecei a contar.

-Numa terra longínqua, onde um verão longo significa um inverno mais longo ainda, a neve permanecia sempre por perto e os lobos dominavam as florestas...

------------------------------------------------------------------------------------

Teria sido melhor para mim dizer que em uma semana eu já conseguia derrubar Drake quantas vezes e quando quisesse. Mas... seria mentira, e uma das grandes.

Ao fim da semana, eu vencera Kat e Marguery. Robb estava me dando trabalho. Uma semana foi o tempo que gastei para conquistar aquela garota. Uma conquista que teve por base muita irritação da parte dela. Agarrei a oportunidade e voltei a ser criança com Rick. Quando víamos aqueles olhos lilases brilharem de raiva e o rosto juvenil ficar vermelho de fúria, fugíamos aos risos.

-Voltem! –Ela grita.

Eu corria rápido, mesmo levanto o pequeno Rick. Desviava das pessoas nas ruas, ás gargalhadas, só vendo meros borrões. De vez em quando, eu perguntava á ele:

-Está vindo?

-Sim. –E para a irmã, ele dizia: -Venha nos pegar, Marguery! Você está devagar!

-Diga que ela corre mais devagar que uma velha.

-Minha avó corre mais rápido que você!! Hahaha!!

Bem, não fora exatamente isso que eu queria que ele dissesse... Viro em um beco escuro e salto para um lugar alto.

-Shh. Fique aqui. –Sussurro para Rick, enquanto esperamos ela chegar.

Os olhos estudam o beco, sem entender, o rosto vermelho pela corrida e uma respiração ofegante. Seguro em uma barra e fico de cabeça para baixo atrás dela, então ponho a mão no seu ombro.

-Bu! –O pequeno se adianta.

Ao se virar e me ver, mesmo assim ela se assusta e grita. Seguro-a antes que ela caia.

-Rick! Você estragou tudo. –Digo.

-Vocês... Eu... –Tenta se recuperar do breve choque. Tenta voltar a ficar séria. –Como pode... ser tão infantil? –Me pergunta.

Desço e ajudo o pequeno Rick a fazer o mesmo. Então a olho divertidamente. Ela estava prestes a se irritar de novo, mas antes que tivesse chance a surpreendo com um abraço.

-Ser criança é bom. Aproveite isso. –Respondo-lhe com suavidade.

Sinto algo puxando minha blusa. É Rick.

-Hum, vovó, está me deixando de fora.

Peguei a mãozinha dele e a de Marguery também. Sorri.

-Vamos para casa.

Foi desse jeito que conquistei a garota, uma boa dose de irritação e um abraço. E quando voltamos, todos estavam quase mortos de preocupação...

-Kat, veja. Encontrei essa loirinha por aí, ela é uma boa garota.

Naquela “noite”, passei por Drake no corredor e sussurrei:

-Você estava certo. –Admiti.

Mesmo com aquilo tudo, não foi o que mais me surpreendeu no dia. O que me deixou mais surpresa foi que quando abracei a loirinha, ela retribui, e pude notar que ela fizera o máximo para evitar as lágrimas.

As coisas entre nós duas certamente começariam a melhorar.

----------------------------------------------------------------------------

A semana se esgotara e eu finalmente tinha dois “dias” de descanso.

-Há, descanso. –A loirinha riu quase no instante em que eu proferi as palavras. –Gabe está vindo para cá. Se quiser descansar, proponho que corra o mais rápido possível até a parte sul da Muralha.

Tive de reconhecer que ela estava certa. Se eu soubesse, teria fugido mesmo.

-Tio Gabe! –O pequeno Rick diz, quando o cara abre a porta.

Ele tinha os olhos divertidos de Drake, só que verdes e vivos. Podia mais ser o irmão de Robb, moreno, só que de cabelos pretos. Apenas estendi a mão. Ele me estendeu um sorriso.

“Cacetada. Devia fugir antes de vê-lo ou antes que ele me visse?”. O início fora bom, menos a constrangedora parte em que ele e Drake trocaram olhares questionadores ao meu respeito. Depois, só depois que comecei a entender o aviso de Marguery.

Foi durante o almoço. Eu ainda não entendia porque eles comiam sem necessidade, mas devia ser porque Val fazia uma comida dos deuses. O cara falava, falava, falava tanto que quando terminei chamei o pequeno Rick, Kat e a loirinha e fugimos todos o mais depressa que aguentamos para o lugar mais distante possível da casa.

-Vamos por aqui, falta pouco. –Marguery quem nos conduzia, andando a frente como a pequena líder do pequeno grupo.

-Para onde estamos indo? –Perguntei.

-A casa de Devon.

“Não era o nome de um dos irmãos do Drake?”. Minha pergunta foi respondida quando a porta se abriu e eu soube na hora que aquele era o pai de Jay. “Só espero que não tenha vício em lutas tambem”.

-Ah, vejam s[o, é Marguery-Tormenta e seus irmãos. –Tambem descobri que ele era muito simpático. –Gabe está em casa?

-É. –Ela respondeu, insatisfeita com tal fato.

-Podem entrar, E essa senhorita é... –Ficou confuso, me olhando.

-A vovó! –Pequeno Rick respondeu. –Entre também vó. A casa do vô Devon é legal.

O cara ficou ainda mais confuso do que já estava antes. Quando passei por ele, disse:

-Meu nome é Avery. –Esclareci, com um sussurro. –E não sou avó deles.

E o dia seguiu bem tranquilo. Mas no fim, tive de ceder á curiosidade e perguntar o porquê de Marguery-Tormenta. Ela não ficou muito feliz com isso.

-Deixava um belo rastro de destruição atrás de si quando era mais nova. –Devon riu. –Não é?

----------------------------------------------------------------------------------

-Então, podemos voltar agora?

-Não, Gabe vai dormir lá. –A loirinha respondeu. –Ficaremos aqui.

-Mas Marguery, seus pais não...

-Sabem onde estamos e amanhã vão vir nos procurar. –Ela disse, concentrando metade da atenção nos irmãos. –Mas já estaremos em outro lugar.

Obviamente ela não suportava o próprio tio... e nem eu. Aquele cara devia deixar qualquer um louco, ele era um poço sem fundo de enganação. Quando você o via, suspirava, quando o ouvia...

“Se ao menos houvesse um jeito de fazer com que ele ficasse calado... Bem, há, mas...” Dou um tapa em minha testa. Não devo ficar pensando naquele tipo de coisa, tenho de treinar e só isso.

-Joga pôquer? –Devon perguntou, me livrando daqueles pensamentos.

-Não. –Era mentira.

-Quer aprender? Eu e os outros jogaremos hoje.

-Claro, porque não? Vocês apostam?

-Não, mas se quiser, podemos. Devem estar chegando. –Ele sorri.

-Ótimo, adoro apostas.

Ele com aquele maldito sorriso sedutor não me enganaria. Aprendi mais que rápido a roubar nos jogos de cartas com meu velho pai.

------------------------------------------------------------------------------------

-Impossível! –Steffon diz, batendo com o punho na mesa, que rachou um pouco. –Devon, seu maldito ordinário! Disse que ela não sabia jogar.

-Olhe para mim! Tambem estou perdendo! –O outro exclama, aflito.

-Ela está roubando! Peter e eu já perdemos tudo! –Ben protestou.

Me olharam enfurecidos. Ah, os quatro irmãozinhos de Drake perdendo seriamente no pôquer para uma reles humana. Que deplorável.

-Provem. –Dou de ombros, rindo.

Claro, não tinham como fazer isso, fui ensinada bem. Eu apostei minhas lembranças humanas mais profundas. Eles apostaram suas próprias espadas... e perderam. Agora eram minhas. Mais cedo, eu os prevenira:

-Perde a espada, perde a honra.

Sabia bem, eu tinha certeza, de que eles as apostariam e perderiam. Só precisavam serem postos á prova e fiz isso. Agora eu inventava meu próprio meio de convocar as espadas, magia simples fazia aquilo. E após aprender, me despedi.

-Agora, se me permitem, vou descansar. Afinal, sou humana. -Naquele lugar, o que eu havia feito era crueldade. Mas nada importava para mim.

Eles poderiam passar esta noite ou todas as noites da eternidade tentando descobrir como os venci. Que passassem, humilhar e envergonhar seres mais poderosos que eu fora uma ótima experiência.

-Devolva nossas espadas! –O Peter/Nick disse, quase berrando.

-Shh, vai acordar as crianças. –Murmuro, indo dormir. –Façam outras, é fácil para vocês.

Permiti que uma risadinha bem má escapasse, para deixá-los ainda mais furiosos. Agora, eu ganharia a de Drake e conquistaria o direito de lhe pedir qualquer coisa que quisesse. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, minna, tenho um aviso não muito agradável. Encurtando, eu ficarei sem notebook durante as férias e isso quer dizer nada de capítulos, por isso eu quis me esforçar mais nesse. Demorarei um bom bocado de tempo até voltar para casa então... Até o semestre que vem, minna!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dama Da Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.