-Olhe a pedra. –Andy disse.

Eu queria muito vê-la, não apenas ouvir o sussurro de sua voz em meus pensamentos. Estávamos sentadas na minha cama, o quarto estava escuro. Puxo o cordão do pescoço.

-Está brilhando.

-Alguém te aguarda. Alguém do meu mundo.

-Não. –Gemi. -Não quero voltar.

-Quer sim. Se não for, essa pedra pode até te matar. E se jogá-la fora, ela volta, não importa o que aconteça. Tem de ir.

-Mas Andy...

-Nada de “Andy”. Arrume suas coisas, vou te levar imediatamente até a floresta. Sem discussão.

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A campainha toca. Eu já sei quem é, mas não estou pronta para fazer isso.

-Fique invisível, Andy, vou atender. –Com a mão na maçaneta, suspiro e abro. –Oi Joey, Lucy não mandou meu recado?

-Mandou, claro. –Ela nunca deixava de fazer nada. –Mas vim ver como... Ave, onde você vai com essa mochila?

-Olha, Joey, precisamos conversar. –Ele entra e fecho a porta.

“É agora ou nunca. Dê logo o fora nele. “ Andy diz.

-Que é isso? Vai se mudar?

-Não, só... tirar umas férias. –A mentira perfeita. Eles acreditariam e a sra. Blackwood já me dera uma licença. –Vou voltar, prometo.

-Se era isso, você podia ter dito.

-Tem mais uma coisa, Joey. –“É agora ou nunca” Andy repetiu. –Quero...quero terminar com você. –Ah, eu nem quis olha-lo no rosto ao dizer isso.

-Eu...fiz algo de que você não gostou?

Quase sorri. Quase. Precisava ficar séria.

-Não foi você. É só que... não dá mais. Não gosto de você como antes. –Era a verdade, mesmo assim me senti meio mal por aquilo. –Tudo bem para você?

“Que pergunta mais estúpida, Avery. Você acabou de dispensar o cara.” Ouvi Andy falar.

-Bem... –Ele me exibiu um sorriso doloroso. –Apenas...tome cuidado, onde quer que vá.

-Certo Joey, até mais.

Estava tudo acabado.

-Cruel. –Andy disse, depois de ele sair. –Dispensa o cara e logo em seguida chuta ele para fora de casa.

-Andy! –Repondo indignada. –Você me disse para terminar com ele. Dê um tempo.

-Era necessário. –Deu de ombros. –Mas não precisava ter sido tão brutal. Até senti pena dele depois. –Só podia estar me zoando, mas depois fica séria de novo. –E o Guardião dele tentou me esganar. Minha garganta dói.

Engasguei.

-Sério?

-Pelo menos  –Outro dar de ombros. –até eu o mandar se ferrar e dar um bom chute nele. Você pode fazer o que quiser, não vou te influenciar tanto nessas decisões.

Ri. Só ela para fazer algo assim e ainda falar sem um pingo de vergonha na cara, sem nenhum remorso.

-Vamos?

-É uma longa distância, você vai sofrer alguns efeitos. –Avisou.

-Não importa.

Fecho os olhos, mas desta vez eles não voltam a ser abertos. Na verdade, importava sim.

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-Graças a Deus, você está bem.

Estava claro e o sol, alto. Estranho, eu poderia jurar que quando partimos era noite.

-Por quanto tempo...?

-Algumas horas. Mas o suficiente para me deixar preocupada. –Ela diz, me fazendo sorrir.

-Você se preocupa muito.

-Se você morrer, morro também. Embora se eu você continue viva, não vai viver tão bem assim. Se levante, Bela Adormecida, precisa achar a espada, não entendo seu mapa.

Logo depois de ter voltado, 4 anos atrás, fiz um mapa para que ninguém encontrasse a espada. Era simples, haviam sinais gravados nos pontos mais baixos das árvores, já cobertos por arbustos. Eles me indicavam que direção eu deveria tomar.

-Aqui. –Apontei um ponto e começo a cavar. Ah, aquilo ia demorar. Fiz um buraco imenso para esconder a espada.

-Saia daí, você é muito vagarosa. Não temos o dia todo. –Andy resmungou.

-Ei, legal. Habilidades de Guardiã, isso foi rápido.

Ela me entregou a espada, cheia de terra, mas fora isso perfeita e intacta. Tentei alguns golpes.

-Agora, o portal. –Arranquei o colar e posicionei a pedra no chão, arrisquei olhar para ela uma última vez, então a esmaguei.

Mal demorou e o portal já se abriu, espiralando em negro e vermelho, esperando. Estremeci só em pensar naquela névoa branca passando pelos meus calcanhares, fria, escondendo sabe-se lá o que embaixo dela.

-Nos vemos do outro lado, eu acho...

-Pense no lugar que quer ir! –Andy gritou, só que tarde demais.

Não ia dar para fazer aquilo, eu já estava meio dentro do buraco. Não sabia para onde ir, só sabia para onde não ir.